PESQUISA SOBRE ABELHAS DA CEMAFAUNA-UNIVASF GANHA DESTAQUE EM SEMINÁRIO

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna-Univasf) marcou presença no XVI Seminário de Pesquisa e XVII Encontro de Iniciação Científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizado entre os dias 14 e 16 de outubro de 2025, em Brasília (DF). O evento reuniu pesquisadores, bolsistas e gestores ambientais de todo o país em torno do tema “Ciência, Tecnologia e Conhecimento Tradicional na Gestão da Biodiversidade”, valorizando o papel da pesquisa científica aplicada à conservação.

Representando o Cemafauna, vinculado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), participaram a pesquisadora Aline Andrade e os bolsistas Mariana Barroso Cruz e Ludwig Lima Nunes, orientados por ela no âmbito da parceria entre ICMBio e Cemafauna-Univasf. Os trabalhos apresentados abordam estudos voltados à ecologia da conservação, comportamento e sustentabilidade das abelhas nativas, com foco nas Unidades de Conservação da Ararinha-azul e do Boqueirão da Onça, ambas localizadas no estado da Bahia. Os dois estudos integram o esforço científico em compreender os efeitos das modificações humanas sobre as populações de abelhas, consideradas espécies-chave na manutenção da biodiversidade. As pesquisas revelam como as mudanças no uso do solo, a perda de vegetação e a pressão antrópica interferem nas redes de interação entre abelhas e plantas nativas, impactando diretamente os ecossistemas da Caatinga. 

O trabalho da bolsista Mariana Barroso Cruz, intitulado “Interações entre populações de abelhas e espécies vegetais de interesse para a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) em áreas com diferentes níveis de pressão antrópica nas Unidades de Conservação da Ararinha Azul”, já havia sido premiado no Simpósio Nacional de Meliponicultura e voltou a ser reconhecido no evento do ICMBio, destaque na categoria de mérito e qualidade científica. Já o bolsista Ludwig Lima Nunes apresentou o estudo “Efeitos de perturbações antrópicas em comunidades de abelhas no Parque Nacional Boqueirão da Onça”, que monitora a composição, riqueza e diversidade das abelhas em áreas conservadas e sob diferentes graus de pressão humana. O trabalho destaca a importância das áreas protegidas para a manutenção da diversidade biológica e para o equilíbrio das relações ecológicas na Caatinga.

Para a pesquisadora Aline Andrade, orientadora dos bolsistas e integrante da equipe técnica-científica do Cemafauna, a participação no evento representa um marco no fortalecimento da parceria entre as instituições e na visibilidade das pesquisas desenvolvidas no semiárido. “Ver nossos estudantes apresentando resultados tão consistentes é motivo de orgulho e esperança. Cada dado coletado, cada observação de campo, ajuda a compreender melhor o papel das abelhas na manutenção da vida na Caatinga. E quando esses resultados são reconhecidos nacionalmente, reforçam a importância da ciência que nasce no sertão e contribui para decisões concretas de conservação”, destacou Aline Andrade.

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LIVRO O REINO DO BAIÃO PERSONAGENS, OBRA E O NORDESTE SERÁ LANÇADO NA SEXTA-FEIRA (24)

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB), lançará, na sexta-feira (24), às 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, o livro “O Reino do Baião: personagens, obra e o Nordeste”, do jornalista cultural Xico Nóbrega. A obra é publicada em parceria com a RG Editora e com o patrocínio do selo UNIMED Cultural. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.

Para escrever o livro, o autor, que também é colaborador da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da UEPB, realizou uma pesquisa meticulosa e apaixonada sobre Luiz Gonzaga, o imortal Rei do Baião, figura central da cultura musical brasileira e ícone da identidade nordestina. Com escrita acessível e certeira, Xico Nóbrega, conhecido como uma das maiores autoridades no estudo da cultura musical popular, oferece aos leitores uma imersão na trajetória artística e pessoal de Gonzaga.

“O Reino do Baião” se destaca pelo aprofundado levantamento bibliográfico do artista, seguindo por temas que percorrem as diversas facetas da carreira de Luiz Gonzaga: como solista da sanfona, suas homenagens à família por meio da música, a relação com outros compositores, bem como curiosidades sobre clássicos, como “Asa Branca”, “Baião Paraíba” e “A Triste Partida”.

Figuram, ainda, capítulos dedicados à relação de Gonzaga com a Jovem Guarda e à representação dos estados nordestinos em sua obra, além da sua incursão em outros gêneros musicais. A narrativa articula a análise musical, social e histórica, amparada por referências à discografia de Gonzaga, com datas, locais de gravação e selos fonográficos, o que torna o livro uma obra de referência para pesquisadores, estudantes e admiradores da música brasileira, sendo útil, também, para o público mais jovem, que conhece pouco sobre a dimensão artística e humana de Luiz Gonzaga.

Outras informações, pelo telefone (83) 3315-3381 ou por e-mail eduepb@setor.uepb.edu.br.

(Texto: Giuliana Rodrigues-UEPB)

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FESTIVAL DE MÚSICA GERALDO AZEVENDO ACONTECE EM PETROLINA

Teve início nessa quinta-feira (16) o Festival de Música Geraldo Azevedo, realizado pela Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria Executiva de Cultura. O evento, que homenageia o artista petrolinense reconhecido nacionalmente, contou com apresentações de artistas locais e de outros lugares do Brasil e um show de cantores da região. A primeira noite reuniu o público que acompanhou e torceu pelas apresentações com entusiasmo. 

Subiram ao palco da Concha Acústica 10 cantores que soltaram a voz para defender suas músicas autorais e inéditas, trazendo originalidade e identidade à primeira noite do festival. Na plateia, o clima era de celebração e valorização da cultura local. "É muito bonito ver a nossa cidade reconhecendo um artista tão importante como Geraldo Azevedo. A programação está linda, já é o segundo ano que venho prestigiar", comentou a professora Morgana Lima. Já o estudante Lucas Ferreira ressalta a importância do festival. "O palco está incrível, tudo organizado. Esse tipo de evento é uma iniciativa de apresentar novos talentos e valorizar ainda mais a cultura da nossa cidade", informa. 

Nesta sexta-feira (17), o festival segue com a segunda etapa da programação, mais 10 candidatos irão se apresentar para o júri, somando no total 20 apresentações, apenas 10 músicas serão selecionadas para serem cantadas na final, que acontece no sábado (18).

Ainda nesta sexta-feira, o público poderá curtir a apresentação da Camerata 21 de Setembro com o 'Rock in Concert,' que contará com apresentações dos cantores Temir Santos, Rafael Waladares e Ingrid Torres. (Texto: Jhulyenne Souza - Assessora de Comunicação da Secretaria Executiva de Cultura) 

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II FESTIVAL DE CINEMA DO NORDESTE BRASILEIRO ACONTECE ENTRE OS DIAS 20 A 25 OUTUBRO

A cidade de Areia, Paraíba, Patrimônio Nacional da Cultura, será palco do 2º Festival de Cinema do Nordeste Brasileiro, que acontecerá dos dias 20 a 25 de outubro de 2025. O evento celebra a produção cinematográfica independente do Nordeste e é uma oportunidade única para viver o cinema regional e conhecer um destino rico em história, cultura e beleza natural.

Acesse o link www.fecine.com.br para saber mais.

O 2º FECINE é uma produção da inCinerado Filmes (@incineradofilmes), realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (@minc), operacionalizado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura (@secultpb). E conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Areia (@prefeituradeareia).

Veja abaixo os filmes selecionados para o 2º FECINE:

Curtas – metragens:

Extinção (direção: Eriko Renan e Maycon Carvalho – PB)

Boi Brinquedo (direção: Mestre Martonio Holanda – CE)

Navio (direção: Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real – RN)

Guia (direção: Tarcísio Ferreira – AL)

A nave que nunca pousa (direção: Ellen Morais – PB)

O som da pele (direção: Marcos Santos – PE)

Babalu é carne forte (direção: Xulia Doxágui – PE)

Lá em cima não há céu (direção: Yan Araújo e Óscar Araújo – PB)

Estou adaptado a uma cidade não adaptável (direção: Raquel Cardozo – RN)

O Carnaval é de Pelé (direção: Daniele Leite e Lucas Santos – PE)

Facção (direção: Henrique Corrêa – PE)

Deixa (direção: Mariana Jaspe – BA)

Mundinho (direção: Lúcio Lima  – BA)

Longas-metragens:

A Cigana (direção: Thiago Furtado – PI)

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BIOMA CAATINGA, FLORESTA QUE ALIMENTA E CURA

Parque Nacional do Vale do Catimbau, semiárido pernambucano. Patrimônio natural e cultural do Brasil, conhecido por abrigar um dos mais importantes conjuntos de sítios arqueológicos do País. Em meio ao bioma Caatinga, o local chama a atenção por suas formações rochosas imponentes e pela paisagem exuberante. Foi lá que uma grande tenda listrada foi montada para receber o encerramento da Caatinga Climate Week, neste último domingo (4), após uma verdadeira imersão em experiências exitosas de convivência com o Semiárido durante três dias de evento.

A seguir, relatos de nomes importantes do cenário climático do Brasil e do Semiárido Nordestino que revelam as identidades da Caatinga, bioma estratégico para o debate climático global, que compreende nove estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, norte de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), ocupa mais de 10% do território nacional e se estende por cerca de 862.818 km², abrigando aproximadamente 28 milhões de pessoas.

A poucas semanas da COP 30, em Belém, uma expedição envolvendo jornalistas, pesquisadores e representantes de organizações internacionais percorreu cerca de 400 km no Semiárido pernambucano, de 1º a 4 de outubro, para ampliar a visibilidade dos potenciais e das demandas da Caatinga e amplificar as vozes dos seus povos.

Para Edel Moraes, secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), “é muito importante dizermos que o Brasil é formado por vários biomas, e que entre eles está um que é exclusivamente brasileiro e que nos ensina muito sobre adaptação, resiliência e enfrentamento”. Ela ainda ressalta que o Semiárido brasileiro é um território com forte presença de povos e comunidades tradicionais e chama a atenção para os saberes ancestrais, o protagonismo das mulheres e as tecnologias sociais, que hoje estão no cardápio mundial de combate à fome, na pauta climática.

“Vemos aqui um povo de soluções.” Glória Batista, da Coordenação Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), lembra que a chegada das cisternas promoveu e segue promovendo uma virada na história do Semiárido brasileiro, com impactos principalmente na soberania e na segurança alimentar das famílias da região.

Ela reforça que a convivência com o Semiárido é entendida também sob a perspectiva de cuidar dos bens comuns e dos seus povos. “Isso faz com que o Semiárido passe a ser diferente daquele estereótipo de terra rachada, gado morto, vida inóspita, lugar sem futuro”. E, para além das tecnologias sociais, como cisternas, bancos de sementes e reúso e reaproveitamento de água – todas encontradas durante as experiências visitadas na Caatinga Climate Week -, é fundamental o processo de mobilização por meio de associações, cooperativas e formação e capacitação técnica, além da experimentação e da valorização do saber local. “A gente precisa trazer o bioma Caatinga e o seu povo para a centralidade do clima”, frisa.

Esta é uma foto externa em plano médio que captura uma mulher jovem com longos cabelos escuros e cacheados em um ambiente rural ou semiárido. Ela está em pé sobre o chão de areia clara, vestindo uma camiseta branca estampada e calças jeans azuis, e segura um pote de vidro transparente cheio de grãos ou sementes de cor clara na altura do peito, olhando para ele ou para o lado. Em primeiro plano, no canto esquerdo, há um arbusto com folhagem e pequenas flores roxas e laranjas. O fundo é composto por uma paisagem de vegetação esparsa e pequenos arbustos verdes, com algumas estruturas simples, circulares e de telhado baixo visíveis, possivelmente tendas ou abrigos, no meio do terreno arenoso. Acima, o céu é azul e aberto, pontilhado por nuvens brancas e fofas

Durante quatro dias, foram visitadas diversas experiências de convivência com o Semiárido | Foto: Andréia Vitório

Potência modelo para o mundo

Aldrin Martin Pérez Marín, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), coordenador do Observatório da Caatinga e Desertificação e correspondente científico do Brasil junto à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), é enfático ao dizer que o Semiárido não é problema, pelo contrário: “é solução viva para o Brasil e para o mundo”.

Para ele, o que o Semiárido brasileiro pode oferecer ao mundo é um método, não uma receita. O método, segundo o pesquisador, tem três pilares universais: armazenar recursos (água, sementes, forragem), reduzir perdas (de solo, nutrientes, biodiversidade) e fortalecer a organização social. Esse tripé, assegura, funciona em qualquer deserto, do Sahel africano ao sertão mexicano.

“O que é específico nosso é a Caatinga, a maior floresta seca tropical do Planeta, megadiversa e com 72% do carbono guardado no solo; é a força de redes como ASA, AS-PTA, CETRA, IRPAA, PATAC; é a capilaridade de políticas como o PAA e o PNAE; é a chuva concentrada em poucos meses, que ensinou o povo a colher cada gota como se fosse ouro”, conclui.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são programas governamentais de compras públicas de alimentos produzidos por agricultores familiares no Brasil.

“Essa floresta Caatinga é uma floresta que alimenta e que cura”. A fala é de Elisa Pankararu, atual coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), durante o encerramento da Climate Week.

“O bioma Caatinga é único no Planeta. Deveria ser patrimônio cultural da biodiversidade, ser extremamente valorizado. No entanto, historicamente e culturalmente, construiu-se uma imagem negativa do nosso bioma, com preconceito e discriminação. Esse imaginário está na literatura, na arte, no cinema. Somos vistos como um povo feio, mas não somos. Somos de beleza e de cultura. Quero dizer que a Caatinga é um bioma de resistência, de beleza, mas também de conflitos. Somos de enfrentamento”, destaca, alertando para a presença de grandes empreendimentos e seus impactos na região.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, publicado pelo Map Biomas, em 2024, sinalizou que a Caatinga foi o terceiro bioma mais desmatado no País, com uma perda de 14% de área (174.511ha). Frente a esse contexto, chamam atenção os dados de pesquisas do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e do Observatório da Caatinga e Desertificação (OCA), que revelaram o alto potencial do bioma para capturar e armazenar carbono da atmosfera.

Cientistas demonstram que as florestas do Semiárido brasileiro podem retirar até sete toneladas de CO₂ por hectare por ano, consolidando-se como o bioma brasileiro mais eficiente no sequestro de carbono. Mesmo as regiões mais áridas da Caatinga são capazes de absorver entre 1,5 e três toneladas anuais de gás carbônico. TEXTO jornalista Andréia Vitório

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MINISTRO LUIZ ROBERTO BARROSO SE DESPEDE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira a aposentadoria do Supremo Tribunal Federal. O discurso de despedida é uma aula para a vida. 

Confira:

Excelentíssimo Senhor Presidente, querido amigo, prezados colegas:

Por doze anos e pouco mais de três meses ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos dois anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da Justiça, da Constituição e da Democracia.

A vida me proporcionou a bênção de poder servir ao país, retribuindo o muito que recebi, sem ter qualquer interesse que não fosse fazer o que é certo, justo e legítimo para termos um país maior e melhor.

Ao longo desse período, enfrentei e superei, com discrição, dificuldades e perdas pessoais. Nada disso me afastou da missão que havia assumido perante o país e minha consciência de dar o melhor de mim na prestação da justiça.

Na presidência do Tribunal e do Conselho Nacional de Justiça, percorri o país, literalmente, do Oiapoque ao Chuí, em contato com os magistrados e os cidadãos, procurando aproximar o Judiciário do povo. Conversei com todos: indígenas e produtores rurais; patrões e empregados; situação e oposição. Não discriminei ninguém. Conheci mais profundamente o país, na sua pluralidade e diversidade, e vi aumentar o meu amor por essa terra e sua gente.

Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos. Mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo. Com mais espiritualidade, literatura e poesia.

Como todos nós sabemos, os sacrifícios e os ônus da nossa função acabam se transferindo aos nossos familiares e às pessoas queridas, que sequer têm qualquer responsabilidade pela nossa atuação.

Gostaria de me despedir com uma breve reflexão sobre a vida, sobre o Brasil e sobre o Supremo Tribunal Federal.

Apesar da agressividade e da intolerância que ainda se vê aqui e acolá, reafirmo a minha fé nas pessoas, no bem, na boa-fé, na boa-vontade, no respeito ao próximo e na gentileza, sempre que possível. Fora desta bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade.

Reitero: a integridade, a civilidade e a empatia vêm antes da ideologia e das escolhas políticas. O radicalismo é inimigo da verdade. A gente na vida deve ter cuidado para não se apaixonar pelas próprias razões.

Apesar das dificuldades que ainda não superamos, como a pobreza e a desigualdade, reafirmo a minha fé no Brasil, o país mais lindo do mundo, da Amazônia ao Pampa, do Cerrado à Mata Atlântica, das praias e montanhas às quedas d’água.

Parodiando Pablo Neruda, mil vezes tivera que nascer e eu queria nascer aqui. Mil vezes tivera que morrer e eu queria morrer aqui. Aqui vivem meus filhos amados e gente querida que a vida voltou a me trazer.

Todos nós julgamos causas difíceis, complexas, com interesses múltiplos. E cada um procura fazer o melhor. De minha parte, ao longo desses anos, diante das questões mais delicadas, eu as estudei, refleti e me convenci de qual era a coisa certa a fazer. E fiz.

Não carrego nenhum arrependimento nem nunca tive medo de nada. Não falo isso por pretensão ou arrogância, mas por minha crença mais profunda: a de que o Universo protege as pessoas que se movem por bons propósitos.

Reafirmo, por fim, minha crença na educação, inclusive e sobretudo na educação pública para quem precisa. Eu nasci em Vassouras, uma adorável cidade do interior, numa família simples e sem parentes importantes.

Estudei o primário e o ginásio em escolas públicas e me formei em Direito em uma maravilhosa universidade pública, que é a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Devo quase tudo aos meus professores e à educação que recebi. E hoje sou convidado pelas principais universidades do mundo. Falo isso, também aqui, não por pretensão ou arrogância, mas por gratidão. O Brasil me deu tudo o que eu tenho, muito além do que sonhei quando tudo começou.

Ao longo dos anos, aprendi a conviver e a admirar os colegas com os quais compartilhei a aventura de fazer justiça nesse país formidável, mas complexo. Cada um, com sua individualidade e características pessoais, contribui para a defesa da Constituição, com o pluralismo próprio das sociedades abertas.

Ministro Gilmar Mendes, a vida nos afastou e nos aproximou. Fico feliz que tenha sido assim e sou grato por sua parceria valiosa ao longo da minha gestão e por sua defesa firme do Tribunal nos momentos difíceis.

Ministra Cármen Lúcia, sua integridade pessoal e compromissos com o Brasil irradiam uma luz que ilumina este Tribunal e inspira pessoas pelo país afora. Levo Vossa Excelência no coração para sempre.

Ministro Dias Toffoli, sua capacidade de gestão e sensibilidade fizeram enorme diferença para o Tribunal, em decisões como a ampliação do plenário virtual e o inquérito que permitiu desbaratar o extremismo antidemocrático no país.

Ministro Luiz Fux, somos amigos desde quando eu estava nos bancos escolares. Você foi o celebrante do meu casamento feliz e estar ao seu lado aqui no Tribunal todos esses anos foi motivo de alegria e orgulho para mim.

Ministro Alexandre de Moraes, eu e todos nós somos testemunhas da sua dedicação ao trabalho, ao país e à causa da proteção das instituições e somos solidários com os preços pessoais elevados que está tendo de pagar e que um dia a história haverá de reconhecer e reparar.

Ministro Kassio Nunes Marques, virá missão importante no seu caminho, que será a presidência do TSE. Desejo-lhe toda sorte. E continuaremos a compartilhar as aflições rubro-negras e o gosto pela arte e pela música brasileira.

Ministro André Mendonça, renovo aqui meu carinho e admiração por sua integridade, fidelidade aos próprios valores e a seriedade com que lida com os grandes problemas nacionais. Sinto alegria quando concordamos e respeito quando divergimos. A amizade não tem coloração política.

Ministro Cristiano Zanin, sua fidalguia, discrição e imensa competência desfizeram todos os prognósticos maliciosos e revelaram um juiz vocacionado, justo e brilhante. Sou muito feliz por havermos nos tornado amigos.

Ministro Flávio Dino, sua cultura, brilhantismo e senso de humor fazem a vida de todos nós mais leve e agradável. Tem sido um privilégio compartilhar da sua amizade ao longo de todas essas décadas. Vou continuar a ouvi-lo com interesse, ainda que lá de fora.

Ministro Edson Fachin, parto seguro de que o Tribunal está sendo conduzido pelo que há de melhor no país em termos de honestidade de propósitos, de idealismo e de competência.

Estendo meu carinho e estima ao Procurador-Geral Paulo Gonet Branco, aos meus assessores, na pessoa da Aline Osorio, e a todos os servidores da Casa, na pessoa da nossa Assessora de Plenário, Carmen Lilian Oliveira de Souza.

Registro, ainda, meu especial apreço pela imprensa, aqui representada por competentes setoristas. Nesses tempos de desinformação e de perda da importância da verdade, nunca precisamos tanto da imprensa profissional, que se move pela ética e pela técnica jornalística, que checa as notícias e distingue fato de opinião. Mentir precisa voltar a ser errado de novo.

Por fim, sou grato à presidente Dilma Rousseff, que me nomeou para o cargo da forma mais republicana possível, sem pedir, sem insinuar, sem cobrar. E ao presidente Lula, por sua firme defesa do Tribunal quando esteve sob ataque.

Com altivez, mas sem bravatas, cumprimos com honra nosso dever e nosso destino. A história nos dará o crédito devido e merecido.

Deixo o Tribunal com o coração apertado, mas com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão de sua vida.

Não foram tempos banais, mas não carrego comigo nenhuma tristeza, nenhuma mágoa ou ressentimento. Começaria tudo outra vez, se preciso fosse.

Sigo achando que a afetividade é uma das energias mais poderosas do universo. Por isso, fico feliz por deixar aqui amigos queridos e boas lembranças, bem como renovo minha confiança de que o Supremo Tribunal Federal continuará a ser o guardião da Constituição e um dos protagonistas na preservação da estabilidade institucional do país e da democracia.

Esta é a última sessão plenária de que participo. Decisão longamente amadurecida, que nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual.

Há cerca de dois anos, comuniquei ao Presidente da República essa possível intenção. Fico no Tribunal mais alguns dias da próxima semana para devolver dois ou três pedidos de vista e encerrar as pendências.

Ao apresentar meu pedido de aposentadoria, após mais de quarenta anos de serviço público, transmito a Vossa Excelência e a todos os colegas a expressão do meu afeto profundo e sincero, com os melhores votos de sucesso continuado e boas realizações.

Assim seja, amém.


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DIA DO NORDESTINO CELEBRA CULTURA E BIODIVERSIDADE DA CAATINGA

Nesta quarta-feira, 8 de outubro, é o Dia do Nordestino, criado por uma lei municipal, do estado de São Paulo. A data é uma homenagem ao poeta, compositor e cantor cearense Patativa do Assaré que morreu em 2002, aos 93 anos. Nascido Antônio Gonçalves da Silva, em 1909, foi mais tarde que o poeta adotou o nome Patativa, que compara a beleza de sua poesia ao canto da ave nordestina. 

No Dia do Nordestino, o Viva Maria saúda a Caatinga, que, assim como o Cerrado, é um dos biomas mais ameaçados pela devastação!

Márcia Vanuza da Silva, professora do Departamento de Bioquímica do Centro de Biociência da UFPE — a Universidade Federal de Pernambuco —, fala sobre a preservação, a diversidade cultural nordestina e também sobre as mulheres extrativistas do coco do licuri.

Dia 8 de outubro: dia dos donos das melhores gírias, do sotaque mais lindo e do povo mais alegre e arretado que existe. Oxente, minha gente! O Viva Maria é Nordeste, e esta data marca o Dia do Povo Nordestino!

Mas, acima de tudo, hoje também é dia de “recaatingar”. E, para traduzir o que significa esse termo nordestino, nesta edição vamos ouvir Márcia Vanuza da Silva, professora do Departamento de Bioquímica do Centro de Biociência da UFPE — a Universidade Federal de Pernambuco —, que fala sobre a preservação da Caatinga, da diversidade cultural nordestina e das mulheres extrativistas do coco do licuri, ou ouricuri, considerado o ouro da Caatinga!


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