PRIMEIRA EDIÇÃO DA EXPOCARIRI SERÁ REALIZADA ENTRE OS DIAS 6 A 8 DE DEZEMBRO EM BARBALHA

O município de Barbalha, no Cariri cearense, recebe de 6 a 8 de dezembro de 2024 a primeira edição da ExpoCariri, feira agropecuária promovida pelo Sistema Faec/Senar e Embrapa Algodão, em parceria com Sebrae, Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e Governo do Ceará. 

O evento, que reunirá representantes de 25 municípios da região sul do Estado, será realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, na Rodovia Otávio Sabino Dantas (Corredor dos Sabinos), em Barbalha.

No sábado (7) pela manhã, será realizada a Inauguração da Sede Regional do Sistema Faec/Senar no Cariri, e logo depois terá início o Encontro de Produtores Rurais, durante o qual serão apresentadas as ações do Sistema Faec/Senar e será feito o lançamento do projeto “Algodão do Ceará”, variedade de algodão de fibra longa que está sendo desenvolvida no local pela Embrapa. A ideia, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, é revitalizar a cotonicultura no Estado, com um produto de alto valor agregado.

Na sexta-feira (6), a Faec promove o Encontro de Mulheres do Agro do Cariri e o Encontro de Jovens do Agro Cearense – edição Cariri, com palestras sobre o protagonismo feminino no campo, liderança e empreendedorismo no agronegócio, dentre outros assuntos.

A ExpoCariri será realizada em um ambiente de 10 hectares de área irrigada e plantada e contará com a participação de mais de 40 empresas expositoras. Nos três dias de evento, é esperado um público de 3 mil pessoas, entre produtores rurais, técnicos, pesquisadores, empresários e interessados em geral.

A programação inclui palestras técnicas de seis unidades da Embrapa (Algodão, Mandioca e Fruticultura, Semiárido, Cerrados, Milho e Sorgo) além da participação de Instituições de Ensino como UFCA, IFCE, Fatec e de empresas do setor. O público-alvo são pequenos, médios e grandes produtores rurais, além de técnicos e alunos.

A ExpoCariri é promovida pela Faec, Embrapa, Federação das Indústrias (Fiec), Sebrae, e Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). O evento visa fortalecer a agricultura local, incentivar a adoção de novas tecnologias e fomentar o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário no Cariri.

PROGRAMAÇÃO:
Sexta-feira, 6 de dezembro
-Encontro Mulheres do Agro:
9h00: Abertura e Posse da Comissão Estadual das Mulheres do Agro da Faec
9h30: Palestra “Propósitos que Transformam Negócios”
10h20: Palestra “A Força Feminina e o seu Protagonismo no Agro Nordestino”
11h00: Palestra “Elas são Força e Voz do Agro no Cariri Cearense”

-Encontro de Jovens do Agro:
14h00: Abertura
14h30: Palestra “Liderança Empreendedora no Agronegócio: Desafios e Oportunidades”.
15h30: Palestra “Arranjos produtivos Locais: Um Celeiro de Novas Lideranças”
16h30: Palestra “Jovens Liderando o Agro: Caso de Sucesso em Santana do Cariri”.
17h30: Encerramento

Sábado, 7 de dezembro
-Encontro de Produtores Rurais do Cariri:
9h00: Credenciamento.
10h00 às 13h00: Apresentação das ações do Sistema Faec/Senar na região do Cariri.; Lançamento do plantio de algodão; Pronunciamento das autoridades presentes.
13h00: Churrasco de Fogo de Chão.

SERVIÇO
Data: 6 e 7 de dezembro
Hora: a partir das 9 horas
Local: Campo Experimental da Embrapa Algodão. Avenida José Bernardino Leite, 4000. Km 4, Buriti, Corredor dos Sabinos. Barbalha-CE.

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IVAN GREG LANÇA MÚSICA SANTO RIO

O majestoso rio São Francisco acaba de ganhar uma nova expressão musical com o lançamento de "Santo Rio". A música, que homenageia a maior riqueza do sertão e celebra a conexão entre as águas do rio e o povo nordestino, traz a assinatura dos compositores Camila Yasmine e Gean Ramos Pankararu e ganha vida com a interpretação do músico Ivan Greg

Com uma combinação única de xaxado, sanfona, zabumba, triângulo e violão, "Santo Rio" ecoa pelos corações sertanejos como uma reza, transportando quem ouve para as margens do São Francisco e para o cotidiano do sertão.

O lançamento da faixa e do clipe acontecerá no próximo sábado, 30 de novembro, em todas as principais plataformas de streaming. Já o videoclipe, gravado em locações que exaltam a beleza e a essência do Velho Chico, terá uma estreia especial no evento Fuá do Poeta realizado no Zé Matuto, em Petrolina, a partir das 22h .

Mais do que uma canção, "Santo Rio" é um hino ao Velho Chico e a tudo o que ele representa: vida, cultura e resistência. Acompanhe o lançamento e mergulhe nesta poesia.

Serviço:

O que: Lançamento da música e clipe "Santo Rio"
Onde: Zé Matuto, Petrolina
Quando: Sábado, 30 de novembro, às 22h
Disponível em: Principais plataformas de streaming 

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Jornalista | Assessora de Comunicação | Social Media
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I EXPOCARIRI SERÁ REALIZADA EM DEZEMBRO, EM BARBALHA-CEARÁ

Entre os dias 6 a 8 de dezembro vai acontecer a Expocariri, no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha/Ceará. 

O evento é uma realização da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) realiza nos dias 6, 7 e 8 de dezembro, a I ExpoCariri, a Feira da Agropecuária da região Sul do estado do Ceará, em parceria com a Federação das Indústrias (Fiec), o Sebrae-CE,Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa Algodão-Barbalha Ceará.

A ExpoCariri vai acontecer no Campo Experimental da Embrapa Algodão, Corredor dos Sabinos, na cidade de Barbalha e pretende reunir produtores rurais e agroindustriais de todo o Nordeste.

No dia da abertura da I ExpoCariri, será inaugurada o escritório de representação da Faec/Senar, em Barbalha.

A programação técnica prevê palestras sobre o cultivo de sorgo, o sistema de confinamento consorciado para ruminantes, a macaúba como fonte de renda, o amendoim como opção para abertura, renovação e rotação, as perspectivas para o algodão no Ceará, a maximização da produtividade do milho, e a nova biotecnologia de controle da lagarta do cartucho do milho.

A programação da ExpoCariri incluirá eventos sociais, como o Encontro de Mulheres do Agro do Cariri, o Encontro de Jovens do Agro Cearense, além do já tradicional Encontro de Produtores Rurais.


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ATOR MARCOS PALMEIRA VISITA EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA

O produtor orgânico, Marcos Palmeira viaja pelo Brasil em busca de experiências de sucesso e casos de trabalho que resultam em qualidade de vida. Dessa vez, o destaque é Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga. Marcos Palmeira gravou nesta quarta-feira (6), sobre o combate a desertificação na região do semiárido, programa que será exibido na TV Futura, o  “Manual de Sobrevivência para o século 21.

O ator foi conhecer a Associação de Agricultores Familiares da Serra dos Paus Doias, localizada na Chapada do Araripe e que tem a missão de produzir preservando a vida no Semiárido gerando renda, emprego e sustentabilidade. Este ano, a Associação Agrodoia recebu o Premio Vasconcelos Sobrinho 2024, devido a dedicação ao Sistema Agroflorestal com meio ambiente, agricultura e Escola Sustentável.

"Impressionado. É um trabalho diferenciado, merece ser valorizado. Estou emocionado e feliz em conhecer o trabalho deles. Valorizam as plantas medicinais, oleos essenciais, focam o trabalho em conhecimento ancestral e tudo compartilhado com outras famílias", disse Marcos Palmeira.

Ano passado o BLOG NEY VITAL destacou a reportagem Agrofloresta: Mestrandos em Extensão Rural-Universidade Federal do Vale do São Francisco visitam Serra dos Paus Doias, em Exu (PE). 

Marcos Palmeira e Equipe conheceram a Agrodóia um Território de restauração e regeneração, referência de prática no Brasil e exterior. A agrofloresta criada e manejada por Maria Silvanete e Vilmar Lermen, suas filhas, Fernanda e Débora, e filhos, Jeferson e Pedro, se apresenta como um manto verde germinado na paisagem do semiárido, onde abundam centenas de cultivares, plantas medicinais, árvores, abelhas e outros seres que ali habitam, convivem e transformam o ambiente em busca de um bem viver.

Maria Silvanete Lermen é educadora popular, orientadora em saúde comunitária, benzedeira de mãos postas, orientadora de portais ancestrais, agroflorestora, praticante e pesquisadora das vivências dos povos. Vilmar Lermen é agricultor agroflorestal, possui mestrado em extensão rural na Univasf. 

A comunicadora da Agrodóia e do Espaço Maiêutica, Fernanda Lermen, ressaltou que @manualdesobrivivencia, Marcos Palmeira veio para Exu para falar de agrofloresta, como maneira de combater a desertificação e assim "conhecer a experiência de duas famílias da Agrodóia, a família Lermen e família Cavalcanti.

"O objetivo é enfrentar o processo das mudanças climáticas que estão ocasionando sérios problemas ambientais, por exemplo a desertificação.  A agrofloresta é um caminho para o combate a este problema que afeta várias regiões no mundo atualmente", explica Fernanda Lermen.

A desertificação tem avançado na Caatinga por causa de mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo todo. Nos últimos 36 anos, o Bioma Caatinga, que só existe no Brasil, já perdeu 40% da área de rios e lagoas e 10% da vegetação nativa, segundo um levantamento da rede Mapbiomas.

Em Pernambuco, por exemplo, 123 dos 184 municípios estão correndo o risco de desertificação, segundo um estudo do qual participou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Iêdo Bezerra Sá.

A caatinga ocupa um décimo do território nacional, quase todo no Nordeste. O seu nome vem do Tupi e significa "Mata Branca", que é a aparência da vegetação durante a seca.

Ao longo de quase 25 anos vivendo e trabalhando na zona rural de Juazeiro (Bahia), a agricultora Ana Lucia da Silva, 41 anos, viu a paisagem e o clima do lugar mudarem. Ela conta que já não consegue mais plantar mandioca e mamona, por exemplo, assim como faziam seus pais e avós. "Está cada vez mais quente. As chuvas diminuíram, e, quando vem, é por um curto período. Depois, só no outro ano. A gente sai para trabalhar porque é obrigado. Vai na roça aguentando o calor, solzão na cabeça, não é fácil, não".

Ana Lucia é uma das moradoras da primeira região árida do Brasil, identificada por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em cinco municípios do nordeste da Bahia: Rodelas, Juazeiro, Abaré, Chorrochó e Macururé e que ocupam uma área de 5,7 mil km².

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SERROTE AGUDO

Quando eu conheci Rafael ele já havia abandonado a adolescência. Era um jovem longilíneo, bonito, pele crestada pelo sol do sertão e cabelos cheios e rasantes. Saiu do Cariri ainda novinho, para estudar no Colégio Salesiano e depois ser advogado. A verdade é que o rapaz desejava mesmo ser historiador. Por isso sentia necessidade de se embrenhar nos fatos históricos exatamente como adentrava na caatinga. Amava ler “Sagarana”, “Grande Sertão Veredas”, “Quinze”, “Menino de Engenho”, “Capitães de Areia ”além de outras obras sobre a mesma temática.

Eu sempre exagerei na tentativa de olhar bem no fundo nos olhos do outro. Talvez acreditasse que só assim eu poderia sentir e capturar a alma. Logo concluí que meu desejo era só delírio. O rapaz jamais permitiria. Ele costumava virar o globo ocular para direita e para a esquerda. Outras vezes baixava a cabeça ou espreitava o infinito. Parecia comunicar que o ser humano era uma figura invasiva e pecaminosa. Aos poucos, o que era hábito se converteu em minha obsessão. Impudente, certa vez campeei uma lágrima em seus olhos. Ela poderia revelar sofrimento, amor, alegria, tristeza, raiva, medo, afeto, vergonha, admiração ou até culpa.

Nada aconteceu. Para minha surpresa, o rapaz comentou com certa alheação que era um homem despojado de medo. Desconfiei dessa mentira, apenas pelos olhos irrequietos e fugidios. Numa das raras oportunidades de conversa, indaguei se ele pensava em casar. Disse-me que o pai, um fazendeiro abastado, lhe havia destinado uma virgem bonita de seios abundantes destinados a alimentar os futuros rebentos. Mas logo mudou de assunto e nunca mais conversou sobre o tema.

Numa manhã qualquer, tentei conhecer os projetos do rapaz. Mas ele repetiu, circunspecto, que “o futuro é como uma pipa, quanto mais soltamos a linha mais distante ele vai ficando”. Num dia chuvoso de agosto, dividimos o espaço de uma biblioteca. Ganhei coragem e indaguei: Você já percebeu que seus olhos estão sempre voejando sem pouso certo? Poucas vezes eles ficam paralisados. Sem afastar os olhos do infinito ele responde: “por vezes é preciso lançar os olhos para bem longe. Só assim é possível enxergar o que está bem perto”.

Descobri, com o tempo, que o jovem não desejava ser advogado. Afinal, jamais acreditou na justiça, exceto na de Deus. Certa vez ele falava das viagens feitas na companhia de vaqueiros da sua fazenda. Mal começava o dia, o grupo tangia o rebanho ao som do berrante. Para ele o vaqueiro era sempre um herói que adentra ou se embrenha na mata para capturar e trazer de volta a rês brava ou arredia. Eu escutava tudo de esguelha, como se estivesse no sereno nos bailes da minha adolescência. Por isso ele jamais desconfiou do meu empenho.

Acredito que qualquer narrativa configura a verdadeira história daquele que expõe ou escreve. Eis a minha que se revela em dois atos conectados. Reinicia com a chegada de um judeu francês de nome Marcolino, proprietário da fazenda “Serrote Agudo” localizada no Cariri.

No passado, havia festa de gado e vaquejada reunindo a população local. Hoje ela é um assentamento ou quase museu. Zé Marcolino Alves, autor paraibano que morreu em 1987, vítima de um desastre na Caraíba, Pernambuco, passou pelas terras do fazendeiro em seu cavalo e sentiu o coração apressado e cheio de dor e arrepio. Naquele instante uma canção triste germinou da agonia e aflição do compositor.

Não era o aboio, era o “Serrote Agudo” que assim principiava: “em viagem incontinente, vendo a sua solidão, saí pensando na mente, eu vou fazer um estudo pra lhe contar amiúde, quem já foi Serrote Agudo...foi um reino encantado... onde o touro em manada borrava cavando o chão, fazendo revolução na época do trovoada, dando berros enraivado por achar-se enciumado... Um major rijo, porém animado, fazia festa de gado onde o vaqueiro afamado campeava todo dia. Hoje, sem major sem nada só se vê porta fechada...não reina mais alegria”.

O “Dicionário Musical Brasileiro”, de Mário de Andrade (1982), introduz o verbo masculino aboiar despojado de estrófica.. O aboio permite as vocalizações ou palavras interjectivas: “boi êh boi”... Diferente é a música triste de Zé Marcolino.

O belo e o trágico trazem de volta a figura de Rafael sete décadas depois. Na minha frente percebo a imagem de um duplo: um corpo que não era mais o imaginário de outrora; um corpo antes desejado e que já não configurava algo possível. Eis a história da velhice como algo travento e desconfortável. O belo rapaz de outrora ainda era magro e delgado, embora a espinha dorsal já estivesse curvada e os ombros revelassem certo desalinho ou desconcerto. 

Os cabelos estavam muito ralos e infinitamente brancos e sem corte. Percebi pequenos sinais de pele na coloração de rebuçado queimado. Estavam em todos os espaços da sua carne enrugada. Pareciam numerar os anos de vida. Logo identifiquei o seu olhar hirto ou meio acuado repetindo os velhos tempos. Mas juro que havia uma transformação inesperada: já não existia linha suficiente para soltar a pipa. O futuro era agora o presente.

Novamente escutei a canção de Zé Marcolino na voz do grande Luís Gonzaga. E tudo sucedeu num breve instante: Rafael escutou Gonzaga e chorou alto e forte. Mesmo sem mostrar os olhos, disse muito alto: “Pai, mãe, vocês se foram, todos estão indo, e eu?

 DAYSE DE VASCONCELOS MAYER-é doutora em Ciência Jurídico Políticas


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Jornalismo, Morte e Imaginário: Desafios na Cobertura de Temas Sensíveis na Era Digital

O ser humano é produto de uma complexa cadeia de elementos que o formam, constituído não apenas por carbono, mas também por hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros componentes que moldam nossa biologia. Contudo, é essencial reconhecer que não somos apenas matéria física; somos movidos pelo social, pelo cultural e pelo imponderável, imersos em teias de significados que dão sentido à nossa existência, desde a origem até a finitude.

Nos tempos atuais, em que as tecnologias digitais ganham cada vez mais destaque e a exposição às telas parece exigir de todos nós mais evidência e rapidez em tudo que fazemos, a discussão sobre a morte surge de forma necessária e substancial. Historicamente, o Código de Ética do Jornalismo recomendava cautela ao noticiar casos de assassinato, suicídio e estupro, por serem considerados temas sensíveis, cuja divulgação, segundo a sociologia, poderia estimular novos casos. Esse discurso estava atrelado a um contexto sociocultural e histórico em que as tecnologias digitais e a exposição às telas ainda não tinham a relevância atual e não faziam parte do cotidiano como fazem hoje, quando carregamos o mundo digital na palma das mãos.

Mas, o que mudou? Vivemos em uma sociedade da imagem, onde as narrativas visuais desempenham um papel central na construção e interpretação da realidade. Esse conceito remete à crescente importância das imagens, especialmente no contexto das mídias digitais, que moldam percepções e comportamentos. Nesse cenário, o contexto sociocultural transforma-se constantemente. Hoje, diante de tantas situações e anomias sociais, é claro que o jornalismo não é apenas um meio de divulgar informações; ele se constitui como um produtor de sentidos. Por isso, é essencial que o profissional da área tenha um senso crítico e estético sobre o mundo ao seu redor e um papel pedagógico diante dele. Isso inclui falar sobre esses acontecimentos, em vez de escondê-los sob o tapete de uma retórica distorcida.

Nessa perspectiva, é fundamental compreender que a morte também possui uma dimensão imagética. Na Antropologia do Imaginário, a morte é um dos grandes arquétipos que estruturam o imaginário humano, sendo representada de diferentes formas nas diversas culturas e momentos históricos. Essas imagens da morte, carregadas de simbolismos, não apenas refletem o medo ou a aceitação do fim, mas também revelam nossa busca por sentido e transcendência. Portanto, quando o jornalismo aborda a morte, ele está lidando não apenas com fatos, mas com as profundas construções simbólicas que ela carrega, capazes de influenciar nossas percepções e atitudes.

Ao noticiar temas como suicídio e outras pautas consideradas sensíveis, é preciso ter clareza sobre como essas imagens estão sendo construídas, favorecendo o diálogo com diversas áreas do conhecimento e compreendendo que o mundo mudou. Evitar falar sobre esses assuntos, que são reais e presentes no seio da sociedade, não os fará desaparecer; ao contrário, pode perpetuar o silêncio e a incompreensão em torno deles. Precisamos abordar essas questões de forma coerente e pedagógica, despertando a empatia e estimulando a construção de políticas públicas efetivas para lidar com esses cenários.

Claro que o cuidado e a prudência ao noticiar e como noticiar esses fatos devem estar sempre presentes, de modo a evitar o sensacionalismo e a desinformação. No entanto, excluí-los dos noticiários, blogs e diversos sites não se encaixa mais nos tempos de hoje, em que a produção de conteúdo e a informação estão ao alcance de todos. O jornalismo deve ir além da simples informação, exercendo uma função social que passa por despertar a reflexão e promover o entendimento crítico. 

Nilton Sobreira Leal Professor de Jornalismo em Multimeios – UNEB – pesquisador da Antropologia do Imaginário e doutorando em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental 

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O ADEUS AO CINEASTA VLADIMIR CARVALHO

O cineasta Vladimir Carvalho será velado nesta sexta-feira (25) no Cine Brasília, das 9h30 às 13h30. O enterro será no Cemitério Campo da Esperança, às 14h30, na área destinada ao sepultamento dos pioneiros da capital federal.

Em nota, a Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde Vladimir foi docente por mais de duas décadas, afirmou que ele “é admirado por sua generosidade, conhecimento e dedicação ao ensino.” Essas virtudes são unanimidades entre cineastas, ex-alunos e amigos ouvidos pela Agência Brasil.

“Ele tinha um séquito de alunos. Até gente que não teve aula com ele o admirava. Era uma admiração por osmose, passada por outras pessoas”, lembra Bruno de Castro que trabalhou na UnB com intermédio de Vladimir.

“Um dia eu comentei com ele que queria tentar trabalhar um pouco em uma universidade. O Vladimir, na hora, foi atrás das pessoas para abrir caminho. ”Bruno de Castro trabalhou na UnB por cerca de oito anos por intermédio de Vladimir. “Foi fantástico, fizemos a UnB-TV.  Ele deu muita força”, recorda-se. “Vladimir não poupava esforço para ajudar a fazer coisas interessantes.”

Expert em documentários-Castro teve oportunidade de produzir um making off da produção do documentário “Barra 68” (2000) e ver Vladimir Carvalho atuando como diretor. “O Vladimir vinha de uma escola de documentaristas, que tinha o Eduardo Coutinho [1933-2014] como grande referência. Eles tinham um modelo de trabalho. Era um negócio assim: muito de sentar e conversar com o entrevistado até arrancar o que precisava. Sabiam exatamente o que queriam”, compara.

A admiração pelo trabalho de Vladimir Carvalho fez com que o cineasta Marcio de Andrade produzisse o documentário “Quando a coisa vira outra” (2022) sobre Vladimir e seu irmão, também cineasta, Walter Carvalho. “O meu desejo de trabalhar com ele se transformou num documentário a seu respeito e à sua trajetória”, conta Andrade.

O documentário foi bem acolhido por Vladimir. “A reação dele foi uma grande alegria. A gente fica tenso, né? Afinal, ele era um expert de documentários, né? Sabia fazer como ninguém. E foi ótima a proximidade com ele. Desde sempre o Vladimir foi uma referência pra gente.”

A gentileza de Vladimir Carvalho também é lembrada pela atriz e diretora Catarina Accioly que postou em suas redes sociais imagens de uma conversa com Vladimir logo após a exibição do seu documentário “Rodas Gigante” no Festival de Brasília de 2023.

“Ele fez uma baita declaração ao filme, sabe? Foi muito especial. Tinha acabado a sessão e eu estava super emocionada. Recebi estímulos de ‘ter acertado” de ‘que aquilo era documentário’. Quanto maior o artista, mais generoso é”, declara Catarina.

Aprendiz curioso-A servidora pública aposentada Mercês Parente foi aluna orientada por  Vladimir no início dos anos 1970 na UnB. Ao longo do tempo tornou-se amiga e compartilha profunda admiração pelo cineasta. “Ele tinha uma visão analítica de mundo. Fazia umas correlações incríveis. Mas sempre se portou como um aprendiz”, afirma.

“A faísca impressionante é a curiosidade. Quanto mais velho, mais ficava curioso e atento”, concorda o cineasta Marcus Ligocki que produziu o último documentário de Vladimir Carvalho “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011).

“Conectar com a emoção de vida e brilho nos olhos foi fundamental para mim. Aprendi muito com ele sobre paixão, narrativa e método de filmar. Ele estava 100% imerso na produção dos filmes. Pesquisando e arquivando informação para os próximos filmes. Havia cinema correndo nas veias dele. Nunca foi um prestador de serviço do audiovisual, filmou seus pensamentos e suas emoções em relação ao mundo e em relação a Brasília.”

Pablo Gonçalo Martins, professor de audiovisual da UnB, também percebia em Vladimir Carvalho “paixão por tudo que cercava sua vida.” O acadêmico conheceu Vladimir em uma sessão de cinema de um filme do diretor Roberto Rossellini [1906-1977], do neorrealismo italiano, uma das influências do cineasta brasileiro.

Martins se recorda de um punhal de cangaceiro que Vladimir mostrou, guardado entre as suas coleções que também incluíam filmes, máquinas fotográficas, câmeras, equipamentos de produção cinematográfica - uma parte da memória do cinema brasileiro que o cineasta doou à Universidade de Brasília. (Agencia Brasil)

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