PADRE CÍCERO E OS CONSELHOS PARA AGRICULTURA SUSTETÁVEL

Considerado por muitos como o santo padroeiro do povo nordestino, o Padre Cícero Romão Batista (1844 – 1934) é uma das figuras mais lendárias do Nordeste. Fundador do Juazeiro do Norte cidade no sul Ceará, Padre Cícero foi deputado federal, prefeito e vice-governador do estado, porém sua fama de santo milagroso é o que mais marca na história desse religioso muito homenageado na famosa Romaria de Finados, que reúne milhares de devotos todos os anos.

No entanto, para quem decide investigar mais profundamente a história de Padre Cícero, outras revelações surpreendem, como os preceitos e lições deixadas pelo líder religioso, relacionadas à preservação da Caatinga e o jeito de viver no sertão. São onze recomendações de ordem ambiental que certamente estão bem atuais para os tempos de discussões sobre os problemas climáticos e de devastação de ecossistemas que afetam este bioma e sua biodiversidade.

O professor Vasconcelos Sobrinhos, um dos maiores pesquisadores da Caatinga, muito contribuiu com a divulgação desses preceitos do padre Cícero ao longo dos anos. Assim como Sobrinho, Daniel Walker, professor da Universidade do Cariri, tem publicado em livros e artigos comentados, essas sábias palavras proferidas pelo “santo dos nordestinos” 

“Numa observação um tanto apurada dos ‘Preceitos do Padre Cícero”, observa-se no geral, uma lógica relacionada aos conteúdos da proposta de Convivência com o Semiárido, que sugere não somente uma prática produtiva adaptada à realidade climática, como também um manejo ecológico dos solos, das águas, das plantas e de toda a natureza desse ambiente aparentemente frágil, mas com condições de proporcionar uma vida digna para o povo da região.

Os “Preceitos do Padre Cícero” se encaixam perfeitamente nas linhas gerais do Projeto Recaatingamento, executado pelo Irpaa com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, principalmente nas orientações sobre práticas produtivas, recuperação da Caatinga, conservação dos recursos naturais e de toda a biodiversidade deste rico bioma. São “Preceitos do Padre Cícero”:

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau;

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem;

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza;

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta;

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gato melhorando e o povo terá sempre o que comer;

11. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só. (Fonte IRPAA)

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PRECEITOS ECOLÓGICOS DO PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO

No Cariri, há mais de cem anos, quando ninguém falava em Ecologia, o Padre Cícero – como extraordinário homem de vanguarda que foi – se antecipava e ensinava preceitos ecológicos aos romeiros.

Eram coisas simples, mas que surtiam um grande efeito. Essa iniciativa hoje largamente disseminada no Nordeste, foi elogiada por muitas autoridades, como, por exemplo, Dr. Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente, o qual, em artigo publicado no jornal O Globo (19.01.94) disse que Padre Cícero “pregou em pleno sertão nordestino a palavra que hoje a consciência ambiental a duras penas começa a inscrever na nossa visão de mundo. Muito antes de que se realizasse a I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, ele teve essa percepção aguda de algo que constitui antes de tudo um interesse legítimo, identificado por quem está  próximo da realidade”.

Padre Cícero deu, portanto, o primeiro passo… há mais de cem anos! Foi, na verdade, um pioneiro da ecologia no Cariri. Pode-se dizer que ele prestou uma importante contribuição para alicerçar a Educação Ambiental no Nordeste.

Os preceitos ecológicos que aqui estão transcritos não foram transmitidos exatamente assim pelo Padre Cícero. É sabido que ele se dirigia diariamente aos romeiros que se postavam à janela da sua casa para ouvir conselhos e que muitos conselhos também eram dados através de cartas. Coube ao falecido ecologista, engenheiro agrônomo J. Vasconcelos Sobrinho, a iniciativa de ordenar os conselhos de Padre Cícero na forma de decálogo ecológico como hoje eles são conhecidos e divulgados.

PRECEITOS ECOLÓGICOS DE PADRE CÍCERO

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau.

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga.

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem.

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá o que comer. Mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Fonte: Blog do Padre Cícero – Daniel Walker-morreu em 2019, foi professor jornalista, historiador 



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MEMÓRIA: 150 ANOS DA CHEGADA DO PADRE CÍCERO A JUAZEIRO DO NORTE

O dia 11 de abril de 1872, uma quinta-feira, exatamente 150 anos atrás, chegava para fixar residência definitivamente no povoado do Joaseiro o sacerdote Pe. Cícero Romão Batista. Ele veio da cidade do Crato na companhia de sua mãe, Joaquina Vicência Romana (Dona Quinô), suas irmãs Angélica Romana Batista e Maria Angélica Batista (Mariquinha) e a senhora Tereza Maria de Jesus (Terezinha ou Teresa do Padre). A primeira casa que foi morar localizava-se na Rua do Arame, depois chamada Rua Grande e, atualmente, Rua Pe. Cícero, número 130. A vila do Joaseiro continha aproximadamente 32 casas e um pequeno contingente populacional nesta camada do interior cearense. 

 Que ensinamentos podemos aprender desse fato histórico da vida do Pe. Cícero e do Juazeiro?

 Em primeiro lugar, Pe. Cícero é um homem de decisão. A escolha em morar no lugar pequeno e inexpressivo na cena política e geográfica do Ceará representou um sinal de desprendimento e humildade. Ele foi motivado por um sonho no qual Jesus lhe apresentou um bando de camponeses miseráveis, famintos e desvalidos, vindos dos confins dos sertões, e fixando o olhar, exclamou: “E, você Cícero, toma conte deles”. O Pe. Cícero levou a sério o sonho e tomou consciência da sua missão de acolher e amar esse povo. 

 “Se acordou na certeza de que o Senhor, 

Lhe botava para ser nesse caminho,

o padrinho do povo sem padrinho

 e o pastor das ovelhas sem pastor” (Poema de Geraldo Amâncio).

 Outro importante aspecto dessa história é que o Pe. Cícero não veio sozinho, mas trouxe consigo a mãe viúva, as irmãs órfãs e uma senhora que vivia com a sua família. Esse gesto revelou o cuidado, o amor e o senso de responsabilidade com sua família. 

 A atitude de estabelecer morada no pequeno povoado significou abandonar o desejo de ser missionário na China ou mesmo o projeto de ser professor no seminário da prainha em Fortaleza. O início do apostolado do Padre Cícero no lugarejo marcado por rodas de samba, consumo de álcool e prostituição consistiu no trabalho árduo, firme e forte atuação moralizadora de fazer as pessoas abandonarem os antigos vícios e pecados, e ficarem próximos a religião cristã. Com os ensinamentos e conselhos do Pe. Cícero, Juazeiro reencontrou o caminho da concórdia, da paz e da ordem, pautando a vila pela oração e pelo trabalho. 

O vilarejo começa a receber centenas de pessoas, tornando-se o lugar mais populoso dos sertões. Há uma multiplicação de famílias que, provenientes de outros estados nordestinos, vieram residir no povoado, desenvolvendo as atividades do comércio, da agricultura e do artesanato. A casa do padre era o abrigo dos pobres necessitados que ali vinham em busca de alimento, ajuda financeira e trabalho para fixar morada em Juazeiro. Este crescimento da população, aliado à produção de bens e à criação do comércio artesanal, estimulado pelo Padre Cícero, transformou a cidade num lugar de atração econômica de muitos que recorriam a Juazeiro, alimentando a esperança de encontrar a redenção e sustentabilidade de suas vidas. Além do mais, os admiradores e devotos do padrinho Cícero atribuíam  e reconheciam esse território como sagrado, projetando o sonho e desejo da salvação eterna. 

 A memória dos 150 anos da chegada do Pe. Cícero no Juazeiro é momento de gratidão e reconhecimento da sua generosidade, dos seus ensinamentos e das  suas virtudes de compaixão, ternura, paciência, dedicação e amor aos pobres. Ele colocou suas mãos no Juazeiro e hoje colhemos bons frutos.  Que o nosso padrinho Cícero seja inspiração e referência para nós reconstruirmos esse lugar de fé e trabalho nos dias atuais, na promoção da cultura de paz, na defesa da justiça social, na vivência da solidariedade e no respeito a dignidade da natureza e de todo ser humano. 

 OBRIGADO MEU PADRINHO CÍCERO! 

José Carlos dos Santos, professor de Filosofia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

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TORNAR PADRE CÍCERO UM SANTO DO POVO É UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA

A continuidade do processo de beatificação de Padre Cícero, anunciada pelo Bispo da Diocese de Crato, em 2022 continua sendo motivo de alegria aos romeiros devotos do “Padim Ciço”, nome com o qual se tornou conhecido. 

Para o professor de filosofia da Universidade Regional do Cariri (Urca) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE), José Carlos dos Santos, a decisão é um ato de justiça e verdade em relação ao Padre Cícero.

“Nós estamos praticando a justiça na história. Padre Cícero no seu tempo foi injustiçado, perseguido, os romeiros também foram e hoje estão tendo um ato de justiça e de verdade em relação ao Padre Cícero, seus afilhados e seus devotos”, afirmou José Carlos em entrevista ao BLOG NEY VITAL.

Na definição do professor, o agora servo de Deus Padre Cícero foi "perseguido e injustiçado pela Igreja", mas sempre se manteve fiel a ela. "Esse reconhecimento chega em um momento muito importante da nossa história", afirma. A partir de agora, a Diocese de Crato pedirá à Santa Sé a abertura de um inquérito para seguir com o processo de beatificação do fundador de Juazeiro do Norte.

A jornada eclesiástica de Padre Cícero começou em 1865, quando o jovem Cícero deixou Cajazeiras, localizada na então Paraíba do Norte, para ingressar no Seminário da Prainha, instituição de ensino criada para a formação dos novos padres que havia sido inaugurada no ano anterior.No seminário, Padre Cícero estudou por cinco anos os cursos de filosofia e teologia. Foi ordenado presbítero em 30 de novembro de 1870 na Catedral velha de Fortaleza pelo primeiro Bispo da Diocese do Ceará, Dom Luís Antônio dos Santos. De acordo com registros históricos, Padre Cícero estava entre os alunos mais capacitados, o que lhe possibilitou lecionar na instituição. 

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MAURICIO MENEZES PRESTA HOMENAGEM A HOMEM MULTICOLORIDO: ZIRALDO

Maurício Menezes: Homem multicolorido De traço sereno e certo  -Aquele tio sabido Que a gente quer sempre perto!!

Ziraldo nasceu sereno num ano bem conturbado: 1932.

A política fervilhava em revoluções pelo Brasil, naquela década de pólvora.

O tempo passou -talvez  numa Maria Fumaça Mineira.

Muito tempo depois (2012), em uma das nossas viagens de férias por esse belo país, fiz questão de passar por Caratinga MG - berço do multi-artista gigante Ziraldo.

Minha Eloá - a sempre amada Menina Maluquinha - tinha 5 anos. Tiramos fotos ao lado das estátuas que homenageiam o mestre. 

O escritor imenso já estava há tempos na rota de minha admiração: um tanto pelo artista excepcional que era, e mais ainda pelo Brasileiro exemplar, defensor ferrenho da nossa sempre atacada Democracia.

Maluquinho, Pasquim, Pererê, Slogans, Revista Bundas, Logomarcas, prisões, família, empenho político.....

Mestre Zira fez seu nome!!

Leitor (tentando ser) atento como pelejo ainda, passei certa vez numa banca Literária, centro de Petrolina, e lá estava uma bela Revista, com destaque da letra P na capa: PALAVRA.

Comprei - juntando os parcos recursos dos bolsos. 

O ano era 1999.

Ainda no ônibus coletivo, comecei folhear a bela e robusta publicação - apresentada em tamanho maior do que as tradicionais revistas semanais.

Foi um deslumbre para mim: Cultura, entrevistas, arte, informação, colocações visuais...

Ziraldo foi seu fundador.

PALAVRA circulou por 14 meses: abril/1999 a agosto/2000. 

Viveu pouco,  como tantas e boas publicações neste país.

Ainda hoje guardo com carinho alguns exemplares dela - inclusive o último, com Oscar Niemeyer na capa. Uma bela entrevista com o Arquiteto gênio, amigo de abraço e posição política do gênio cartunista.

Viva sempre as pessoas grandiosas que dedicaram a vida em beneplácito do bem comum.

Viva hoje e sempre as pessoas que semearam a liberdade, e fizeram desse amor um bem inalienável - um traço marcante de suas vidas.

Viva Ziraldo!

Maurício Menezes.

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CRIADOR DO MENINO MALUQUINHO, ZIRALDO MORRE AOS 91 ANOS



O escritor Ziraldo morreu neste sábado (6) aos 91 anos. A morte foi confirmada pela família do desenhista. Em nota oficial divulgada pela família, ele morreu de causas naturais, no apartamento onde morava, no bairro da Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, por volta das 14h30h. Ele tinha três filhos.

Aclamado pelo trabalho literário infantil, Ziraldo recebeu diferentes premiações, como o "Nobel" Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, da imprensa livre da América Latina, ambos em 1969. Levou ainda o Prêmio Jabuti de Literatura, em 1980, com O Menino Maluquinho, e novamente em 2012, com Os Meninos do Espaço.

Exposição leva visitantes ao mundo mágico do quadrinista e escritor Ziraldo. Na foto o escritor Ziraldo. Foto: Mundo Zira/Divulgação

Ziraldo Alves Pinto, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 1932. Aos 7 anos de idade, em 1939, Ziraldo apresentou seu primeiro desenho no jornal Folha de Minas. Em 1949, muda-se para o Rio de Janeiro, onde fez carreira.

Apesar da formação em Direito, pela Universidade Federal de Minas Gerais,  construiu uma carreira importante como desenhista, escritor, apresentador e jornalista. Na década de 1950, trabalhou em uma coluna de humor no jornal Folha da Manhã, atual Folha de São Paulo. Depois iria para a revista O Cruzeiro e para o Jornal do Brasil.

Na década de 1960, publicou a primeira revista em quadrinhos de sucesso, a Turma do Pererê, que seria cancelada pouco tempo depois do golpe militar de 1964. Voltaria ainda em edições pela Abril e Editora Primor nas décadas seguintes.

Ziraldo se destacou por usar a arte como forma de resistência à ditadura militar. Ele fundou e dirigiu o famoso periódico O Pasquim, que fez oposição ao regime. O trabalho incomodaria os militares, a ponto de ele ter sido preso logo depois da promulgação do AI-5, documento pelo qual foi intensificada a censura e a repressão do governo aos opositores. Foi considerado um "elemento perigoso" pelo regime militar.

O desenhista continuaria atuante politicamente, sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e depois ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Também declararia apoio a candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) em eleições presidenciais.

Sua mais conhecida criação, o Menino Maluquinho, nasceu nos anos 1980 e foi inspirado no filho do escritor. O personagem deu origem ao livro infantil campeão de vendas e ao filme de grande sucesso nos cinemas do país. O livro foi traduzido para o inglês, espanhol, basco, alemão e o italiano e teve adaptações para o cinema, teatro e televisão. Outros livros de destaque foram Flicts (1969) e O Bichinho da Maçã (1982).

Com tantos personagens marcantes de histórias infantis, Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, instalado no bairro da Lagoa, zona sul do Rio, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.

Na TV Brasil, os 26 episódios do programa Um Menino muito Maluquinho foram apresentados ao longo de 2006. O cartunista e escritor ainda apresentou o ABC do Ziraldo durante cinco temporadas. Foram 189 episódios onde o tema era sempre incentivar jovens e crianças ao hábito da leitura.

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MARIANA AYDAR E MESTRINHO COMPARTILHAM ÁLBUM DEDICADO AO FORRÓ

Com uma amizade que dura há dez anos, que começou nos últimos momentos de vida de Dominguinhos, a cantora e compositora Mariana Aydar e o sanfoneiro Mestrinho lançaram, nas plataformas de música, o primeiro álbum da parceria,  “Mariana e Mestrinho”, produzido por Tó Brandileone (5 a Seco), reunindo um repertório completamente inédito e clássicos do forró.

O repertório buscou equilíbrio entre reverenciar a história do forró pé de serra e criar novos clássicos, ou seja, trazer canções inéditas que pudessem animar futuras pistas de dança. Mais do que isso, Mariana quis colaborar com a amplificação de um discurso feminino no forró, um ambiente predominantemente machista.

Era preciso, portanto, gravar novas canções que trouxessem a mulher para o centro da narrativa, como personagem principal, e não mais como coadjuvante da narrativa masculina. Nessa intenção, compôs “Boy Lixo” (Mariana Aydar/ Fernando Procópio/ Tinho Brito) e ganhou “Alavantu Anahiê” (Isabela Moraes/ PC Silva). Essa última, traz as vozes de Isabela Moraes e de Juliana Linhares, que se juntam a Mariana em participações especiais.
 
Zeca Baleiro enviou a lírica “Dádiva”, escrita especialmente para este álbum. E o próprio Mestrinho escreveu “Eu Vou”. Quem divide os vocais com Mariana e Mestrinho em “Até o Fim” (Mestrinho) é Gilberto Gil, outro nome fundamental para a quebra de fronteiras entre o forró e toda a música brasileira.

Do repertório clássico do forró, Mariana e Mestrinho reagravam “O Filho do Dono”, sucesso de Petrúcio Maia de viés político, social e ambiental. Uma pérola mais conhecida na cena forrozeira do que em outros ambientes. E a romântica “Ninguém Segura o Nosso Amor” (João Silva/ Iranilson), gravada por Mestre Zinho nos anos 1990.

Um dado pessoal: João Silva já foi padrasto de Mestrinho e também é autor de “Preciso do seu Sorriso” (João Silva/ Enok Virgulino), que entra no álbum como uma das homenagens a Dominguinhos. As outras regravações do repertório do mestre que uniu musicalmente Mariana Aydar e Mestrinho são “Te Faço um Cafuné” (Zezum), gravada por Dominguinhos no álbum “Isso Aqui Tá Bom Demais” (1985), e “Cheguei pra Ficar” (Dominguinhos/ Anastácia), pequena obra-prima lançada pelo autor no cultuado LP “Domingo Menino Dominguinhos” (1976).

Mestrinho toca acordeon em todas as faixas de “Mariana e Mestrinho”. Completam o time de músicos do álbum os craques Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão). Multi-instrumentista, o produtor musical Tó Brandileone tocou violões, guitarras, baixos, sintetizadores e percussões por todo o álbum.

Assim como foi em “Cheguei Pra Ficar”, primeiro single lançado, todas as faixas ganharam um visualizer com muita dança. Eles estão disponíveis nas páginas oficiais do Youtube de Mariana Aydar e Mestrinho. (Fonte; Folha Pernambuco)



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