FRANCISCO DE ASSIS GUEDES RECEBE MOÇÃO DE APLAUSOS: AA 45 ANOS

O radialista Francisco de Assis Guedes, 78 anos recebeu da Câmara Municipal de Vereadores-Areia Paraíba, Moção de Aplausos. A homenagem foi justificada devido o aposentado da antiga Fundação Sesp ter completado 45 anos de Alcoolicos Anônimos e se um dos fundadores do Grupo Rumo Certo.

A entrega da Moção aconteceu durante sessão desta quinta-feira, 08 de fevereiro, em reconhecimento a todo trabalho prestado. O proponente da Moção de Aplauso, o vereador Claudio Gomes, destacou: “Os grupos de AA, em Areia e região salvam vidas e proporcionam saúde mental e física a centenas de cidadãos. Assis Guedes é um dessas pessoas que se dedicam ao máximo e vem a cada dia evitando o primeiro gole de bebidas alcoólicas”.

A Moção de Aplausos é um instrumento de reconhecimento e estímulo a pessoas ou instituições que contribuem, seja de forma profissional ou voluntária, como forma de reconhecer e homenagear este trabalho, valorizando suas ações e a diferença que elas fazem no desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade


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NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NÃO EXISTE VOTO EM TRÂNSITO

As Eleições Municipais de 2024 acontecem no dia 6 de outubro, em primeiro turno. Eventual segundo turno ocorrerá no último domingo do mês, dia 27, nas cidades com mais de 200 mil eleitores em que a candidata ou o candidato mais votado à Prefeitura não tenha atingido a maioria absoluta, isto é, metade mais um dos votos válidos (excluídos brancos e nulos). Como não há a possibilidade de voto em trânsito nas eleições municipais, apenas em pleitos gerais, quem não estiver no domicílio eleitoral (lugar onde mora ou tem vínculos) e não puder votar deverá justificar a ausência.

Cerca de 156 milhões de eleitoras e eleitores estão aptos a comparecer às urnas para eleger candidatas e candidatos aos cargos de prefeito e vice-prefeito, bem como vereadoras e vereadores, que atuarão nas casas legislativas dos municípios do país. Portanto, se a cidadã ou o cidadão não puder comparecer ao local de votação, deverá apresentar a justificativa, preferencialmente, pelo aplicativo e-Título. 

Justificativa-No dia da eleição, além do app da Justiça Eleitoral (JE), a justificativa poderá ser feita por meio do formulário de Requerimento de Justificativa Eleitoral (formato PDF). Ele deverá ser apresentado preenchido nas mesas receptoras de votos ou de justificativas instaladas para essa finalidade nos locais divulgados pelos Tribunais Regionais Eleitorais e pelos cartórios eleitorais (consulta a zonas eleitorais). 

Caso não apresente a justificativa no dia da votação, a eleitora ou o eleitor poderá justificar a ausência até 60 dias após cada turno. Além do e-Título, é possível realizar o procedimento pelo Sistema Justifica, disponível no Portal do TSE.

Outra opção é preencher o formulário de Requerimento de Justificativa Eleitoral (pós-eleição), que pode ser encontrado também na página oficial do TSE, e entregá-lo em qualquer cartório eleitoral ou enviá-lo via postal à autoridade judiciária da zona eleitoral responsável pelo título. Cabe destacar que esse requerimento é diferente daquele preenchido no dia da eleição.

Caso a justificativa seja aceita, haverá o registro no histórico do título eleitoral. Se a justificativa for indeferida, a pessoa precisará quitar o débito. O histórico de justificativas eleitorais, contendo os respectivos pleitos em que a eleitora ou o eleitor esteve ausente, poderá ser consultado no aplicativo e-Título.

Cada turno é uma eleição-Vale destacar que a Justiça Eleitoral considera cada turno como uma eleição, por isso, é possível faltar ao primeiro turno e votar no segundo ou vice-versa. Para tanto, basta estar em situação regular com a JE. A consulta deve ser feita no Autoatendimento Eleitoral. 

A pessoa com título da Zona Eleitoral do Exterior (ZZ) que esteja fora de seu domicílio eleitoral na data de eleição municipal não precisa realizar justificativa eleitoral, uma vez que somente é obrigatório esse procedimento em eleições presidenciais. 

Transferência de local de votação e domicílio eleitoral-Aquelas pessoas que precisam transferir o título de eleitor para um novo domicílio eleitoral (não confundir com troca de local de votação) podem fazer a solicitação pelo Autoatendimento Eleitoral, acessando a página do TSE, até 8 de maio de 2024, pois no dia seguinte o cadastro eleitoral será fechado. A legislação determina que nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência seja recebido dentro dos 150 dias anteriores à data da eleição (artigo 91 da Lei das Eleições – Lei nº 9.504/1997).

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MÚSICA NESSA ESTRADA DA VIDA COMPLETA 40 ANOS E GANHA CLIPE

O caminho que liga Exu, Pernambuco, Terra de Luiz Gonzaga ao Crato, Ceará, lugar onde nasceu Padre Cícero é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé, território das forças dos ancestrais, trabalho e dons. As paisagens agem e ardem em eco, em harmonia, ritmo e melodia. Quais mãos trabalharam na confecção desse origami?

Nesta planície sem fim de cores e sons nasceu, Valdi Geraldo Teixeira, o Neguinho do Forró, morador de Exu. Nesta quarta-feira, 31 de janeiro, o poeta completa 58 anos de nascimento. Com apenas 17 anos Valdi Geraldo em parceria com José Aparecido, conhecido por Mauro Sanfoneiros, compuseram a música Nessa Estrada da Vida, um sucesso que completa este ano 40 anos.

Sempre é bom lembrar: o grande balaio musical de Luiz Gonzaga tem um exuense. A cada viagem que fazia pela região Nordeste Luiz Gonzaga “descobria”, encontrava um compositor. Em Caruaru: Onildo Almeida. Rio Grande do Norte o Janduhy Finizola. Paraíba, José Marcolino, Antonio Barros. Em Pesqueira, Nelson Valença. Campina Grande, Rosil Cavalcanti. Arcoverde João Silva. No Rio de Janeiro encontrou o parceiro Humberto Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. José Clementino, em Varzea Alegre. Zé Dantas, em Pernambuco, para citar alguns destes poetas parceiros que deram à Luz a obra e vida do Rei do Baião.

E pertinho dele, ali na curva da Chapada do Araripe, em Exu, na sua terra, Valdi Geraldo, o Neguinho do Forró. Músico, compositor de quem Luiz Gonzaga gravou a música “Nessa Estrada da Vida” em 1984 no disco (LP), Danado de Bom. Neguinho do Forró é um desses talentosos compositores que contribui com o reinado de Luiz Gonzaga.

A música Nessa Estrada da Vida é uma das composições mais regravadas na música brasileira. A história conta que ao ouvir a música Luiz Gonzaga teve paixão de primeira. Tarimbado, o Lua, sabia quando estava diante de uma riqueza musical, viu que melodia, ritmo e harmonia são frutos do seu Reinado. Gravou.

Hoje “Nessa Estrada da Vida” é uma das músicas mais interpretadas no cancioneiro brasileiro. Recebeu regravações de Dominguinhos, Jorge de Altinho, Waldonis, fiéis seguidores e discípulos do Rei do Baião.

Detalhe: o disco “Danado de bom” vendeu mais de um Milhão de cópias, contou com a participação de Elba Ramalho na faixa “Sanfoninha choradeira” (João Silva) e Luiz Gonzaga ganha o Disco de Ouro considerado no mundo musical um dos mais belos trabalhos de um artista brasileiro.

Com a morte de Luiz Gonzaga, em agosto de 1989, foi também em Valdi Geraldo que o Gonzaguinha, o poeta da resistência, que por centenas de vezes caminhou nas estradas, visitando lugares e construindo sonhos no pé da serra do Araripe pensando em concretizar o projeto do Parque Asa Branca, Museu Gonzagão.

Valdi Geraldo Teixeira mora em Exu. É aposentado do Ministério da Saúde e continua compondo. Em 2012, Neguinho do Forró, lançou um CD, Alegria e Beleza do Sertão, uma das composições mais belas da música brasileira, que se junta a larva criativa do poeta. Valdi Geraldo cultiva a simplicidade, ou seja, sabe tratar o povo, que tanto Luiz Gonzaga pedia para não esquecer, e valorizar o seu pedaço de terra se fazendo universal.

Neste ano de 2024, ele retornou ao estúdio. Desta vez gravou a música Nessa Estrada da Vida, com a participação do jovem Marcos, 19 anos, sanfoneiro e estudante de Musica na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa. Marcos é neto de José Aparecido, Mauro sanfoneiro que acompanhou Luiz Gonzaga durante vários anos. Participa da gravação o filho de Valdi Teixeira, o também músico Valdi Jr.

Valdi Geraldo está marcado para a eternidade e o Brasil poderia ainda em Vida ser mais grato pela trajetória desse cantor e compositor. Caruaru, Pernambuco, através do pesquisador Luiz Ferreira já soube valorizar o artista e ele, em 2014, recebeu o título troféu Orgulho de Caruaru, através do Espaço Cultural Asa Branca do Agreste.

Luiz Gonzaga é citado por todos os compositores como um mestre na arte de sanfonizar as canções. Sanfonizar é um termo criado pelo próprio Luiz Gonzaga. O pesquisador José Teles, afirma que a maioria dos seus parceiros de Luiz Gonzaga não escondem que cederam parceria para o Rei do Baião, porém, geralmente, suavizam a revelação com um argumento: ninguém interpretaria a composição igual a ele. Ou ressaltam o talento de Gonzagão para “sanfonizar” as composições – ou seja, como usava seus dons de arranjador para enriquecê-las.

Nessa Estrada da Vida segue o poeta e compositor Valdi Geraldo, o Neguinho do Forró. Poeta dos bons que caminham na Luz da Chapada do Araripe.
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PESQUISA AVALIA IMPACTOS ECONÔMICOS PARA AGRICULTORES QUE POSSUEM BARRAGEM NO SEMIÁRIDO

Estudo conduzido pela Embrapa Solos (RJ) avaliou os impactos econômicos para agricultores que possuem uma barragem subterrânea instalada em suas propriedades no Semiárido brasileiro. Levando em conta o período de 18 anos analisado, entre 2006 e 2023, foi verificado um incremento anual médio de 375 Kg na produção, que gerou uma renda excedente de R$ 7.361,10 para os adotantes da tecnologia social em relação aos agricultores que não a possuem em suas terras.  

Já o estudo de avaliação de impactos econômicos, sociais, ambientais e institucionais da barragem subterrânea realizado pela Embrapa há muitos anos, e cujos resultados são apresentados anualmente no seu Balanço Social, apontou que a relação dos Benefícios e Custos (B/C) em 2023 foi de 2,27, o que significa que cada R$ 1,00 investido pela Empresa nessa tecnologia social gerou um retorno R$ 2,27 para a sociedade.

A barragem subterrânea tem reconhecido sucesso no Semiárido brasileiro, ao permitir a conversão de áreas secas e inaptas à atividade agrícola em solos de produção rural agropecuária para agricultores familiares. Atualmente existem cerca de 3.050 barragens subterrâneas construídas no Semiárido nordestino, e o público-alvo dessa tecnologia tem em geral propriedades de pequeno porte.

De acordo com Veramilles Aparecida Fae, analista da Embrapa Solos e uma das autoras dos estudos, os impactos econômicos das barragens subterrâneas foram avaliados sob dois itens: o de incremento de produtividade e o de expansão de produção. “A produtividade calculada no estudo de viabilidade econômica levou em consideração um cenário de chuvas regulares, e a quantidade média do excedente de produção do adotante da tecnologia foi obtido por meio de dados históricos da avaliação econômica das barragens subterrâneas, realizada anualmente pela equipe da Embrapa, entre os anos de 2006 e 2023”, explica a economista. 

Ela acrescenta que o preço médio da produção por quilograma estimado foi calculado a partir de pesquisas realizadas em mercados locais, verificando-se o comportamento de 78 itens de consumo possivelmente produzidos pelos agricultores. “O estudo resultou na estimativa de R$ 19,65 por quilograma, que multiplicados pela produção anual excedente, de 375 Kg, resulta num benefício ou incremento anual médio de renda no valor de R$ 7.361,10 para quem possui uma barragem subterrânea em sua propriedade”, ressalta Fae.

O método de tratamento dos dados da análise constituiu em avaliar o valor do investimento realizado na obra de construção da barragem subterrânea e o tempo necessário para recuperar esse investimento, utilizando parâmetros de rentabilidade, em dois cenários diferentes. No primeiro caso, com um valor inicial gasto pela família agricultora de R$ 20 mil, com subsídios governamentais e de ONGs, e no segundo caso com o valor inicial investido na obra de R$ 27 mil, para quem não contou com nenhum subsídio. 

Os especialistas da Embrapa apontam que em todos cenários analisados, a Taxa Interna de Retorno (TIR) foi maior que o índice oficial de inflação do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que demonstra a viabilidade econômica do empreendimento, garantindo o retorno econômico do valor investido a partir do terceiro ano, no caso dos agricultores que contam com subsídios, e no quarto ano, para aqueles que arcam com todos os custos da obra.

“Nos aspectos econômicos, considerando os índices de avaliação de que dispomos, podemos afirmar que a tecnologia se mostra atrativa e viável, apresentando resultados positivos em todos os índices levantados”, afirma o analista Igor Rosa Dias de Jesus, supervisor do Setor de Gestão da Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Solos, responsável pelos estudos de avaliação de impactos da barragem subterrânea.

Ele explica que a cadeia produtiva das regiões mais áridas do Semiárido nordestino está fortemente ancorada na agricultura e na pecuária para consumo humano e animal e venda do excedente em feiras agroecológicas municipais. “O grande impacto proporcionado pela barragem subterrânea é a habilitação para o cultivo de áreas que antes de sua instalação não estavam disponíveis. Essa disponibilização das terras ao longo de quase todo o ano apresenta impactos significativos nas localidades em que essas barragens são instaladas”, acrescenta.

A disponibilidade da água melhora também a qualidade dos solos e promove recuperação de áreas do Semiárido que sofreram degradação, já que evita que os nutrientes se percam por meio dos processos de erosão e de lixiviação. Há ainda a valorização dos terrenos nos quais as barragens subterrâneas estão instaladas, como aponta o estudo de avaliação de impactos da tecnologia.

O cultivo nas barragens subterrâneas avaliadas pelo estudo conduzido pela Embrapa Solos e parceiros destina-se basicamente ao consumo próprio, constando da produção de milho, feijão-comum, feijão de corda e fava, macaxeira, batata-doce, cenoura, inhame, alface, cebolinha, beterraba, coentro, alho, repolho, couve, quiabo, tomate, chicória, pimentão, abóbora, chuchu, melancia, melão, acerola, goiaba, manga, mamão, abacaxi, maracujá, graviola, caju, coco e cana-de-açúcar, além de capim e palma forrageira, que são armazenados em silagem para alimentação animal.

Com a tecnologia em pleno funcionamento, cada família possui entre seis e oito cabeças de gado, geralmente duas delas produzindo leite. As galinhas e perus são em torno de 10 e 15 cabeças, porcos ou ovelhas de 5 a 10. “Em época de chuvas, a média tende a aumentar, fazendo com que haja comercialização do excedente, como a venda de derivados de ovos e leite. Alguns agricultores chegaram a contabilizar até 30 cabeças de gado e 50 aves. O plantel de criação se altera de acordo com a intensidade da estiagem. Em cenários mais secos, estima-se uma redução de 60% a 70% em relação a períodos mais chuvosos. Há casos de agricultores que possuem apiários e outros produzem e comercializam sementes crioulas de melancia, feijão e outros grãos de cultivos regionais”, acrescenta Igor de Jesus. Confira reportagem na integra site Embrapa

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MST INTENSIFICA EM 2024 PLANO NACIONAL DE PLANTAR ÁRVORES

Em 2020, como resposta à crise climática mundial, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou o plano nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis e um grande desafio: plantar 100 milhões de árvores nativas e frutíferas em dez anos, em assentamentos e áreas próximas por todo o país, em todos os biomas.

O movimento acaba de completar 40 anos (em 22/1) e celebra o plantio de mais de 25 milhões de árvores em quatro anos – sendo 15 milhões só em 2023 -, recuperando 15 mil hectares de terra, em seis biomas brasileiros, numa área equivalente a 22 mil campos de futebol.

Só no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, foram recuperados mil hectares. No Paraná, foram semeadas quatro toneladas de juçara. No Mato Grosso, as áreas degradadas recuperadas estão localizadas no Parque da Chapada dos Guimarães. E, no Pará, mil hectares foram regenerados por meio de viveiros, SAFs (Sistemas AgroFlorestais) implementados em assentamentos, escolas do campo e escolas de agroecologia.

Ventos da mudança -Camilo Santana, do coletivo nacional do Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, contou que, em 2023, o MST se empenhou na qualidade das ações do plano, deixando o campo mais simbólico e místico do plantio e focando em ações de impacto.

“Compreendemos que é fundamental a construção e massificação do plantio de árvores como estratégia de adaptação às mudanças climáticas em curso, a síntese plantar árvores e produzir alimentos saudáveis, materializada na agroecologia se apresenta como alternativa possível e viável para o enfrentamento da crise ambiental, se tratando da produção agrícola. E nossa base social tem entendido isso cada vez mais”, declarou.

E o MST quer se aprofundar mais no estudo da crise ambiental com o intuito de potencializar suas lutas e massificar o plantio em todo o país. Afinal, ainda há um grande desafio pela frente: faltam ¾ do plano para concretizar em seis anos apenas.

E Santana explica: “As projeções apontam para a necessidade de avançar na vinculação da questão ambiental com a necessidade da Reforma Agrária Popular”- são 40 anos de luta! –, “enquanto saída para a referida crise”.

Ele destaca, ainda, que o desafio do MST é “seguir massificando ações que projetam a perspectiva ambiental popular” para toda a sociedade brasileira, de forma a possibilitar a alteração da correlação de forças na luta ambiental vinculada à luta pela terra”. (Fonte Conexão Planeta Foto: MST/divulgação

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VALORIZAÇÃO DA CULTURA E PATRIMÔNIO AMBIENTAL É TEMA DE ENCONTRO NA UFC

O reitor da Universidade Federal do Ceará, Prof. Custódio Almeida, reuniu-se, na última quinta-feira (18), no Gabinete da Reitoria, com o produtor cultural, gestor e idealizador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, para discutir sobre projetos relacionados à Chapada do Araripe e um possível convênio com a UFC para apoiar essas iniciativas. Também participou do encontro a Professora Andrea Pinheiro, do Instituto UFC Virtual. 

O marco geográfico, que engloba áreas do Ceará, de Pernambuco e do Piauí, está em via de ser indicado este ano como a candidatura do Brasil para Patrimônio Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). A confirmar tal reconhecimento na próxima reunião anual na sede da entidade, em Paris (França), a chapada se somará a outros 23 destinos nacionais de 17 Estados brasileiros que possuem essa chancela internacional. 

Atual gerente de Cultura do Sistema Social do Comércio (SESC Ceará), Alemberg Quindins recebeu da UFC em 2017 o título de Notório Saber em Cultura Popular. Segundo ele, há três anos vem sendo preparado um dossiê, em colaboração com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Ministério da Cultura, para embasar a candidatura da Chapada do Araripe perante a UNESCO como uma paisagem mista, no conjunto de seus aspectos naturais e culturais.     

Em pesquisas realizadas em Nova Olinda e em todo o Cariri cearense desde a década de 1980, Alemberg e sua equipe têm encontrado pinturas rupestres e sítios arqueológicos do povo indígena Kariri de cerca de 2.500 anos de história. Por meio de um trabalho de educação patrimonial e de arqueologia social inclusiva, os pesquisadores vêm enfatizando a importância de se promover um turismo sustentável e com responsabilidade socioambiental na região. “A preocupação maior é que as pessoas no território sejam os maiores beneficiados. O que adianta encontrar uma dessas maravilhas do mundo e aquilo ali ficar dentro de um museu que não dialoga com a comunidade?”, indagou.  

Há dez anos, a Professora Andrea Pinheiro leva grupos de estudantes da UFC para visitar Nova Olinda e realizar oficinas de formação com crianças e jovens atendidos pela Fundação Casa Grande, que possui uma estação de rádio, estúdios de música e de audiovisual e um teatro. Em todas essas viagens, alunos e professores da Universidade se hospedam em pousadas domiciliares e se alimentam em cafés e restaurantes de pequenos empreendedores, na perspectiva do turismo comunitário e da imersão na cultural regional. “É toda uma rede que fortalece a economia local. Os alunos da UFC se formam nesse contato com a região, com os saberes populares em diálogo com a formação acadêmica”, explicou Andrea.

Outro tema abordado na reunião contemplou o patrimônio imaterial e o reconhecimento da academia por meio de títulos honoríficos para mestres e mestras da cultura cearense, enaltecendo os saberes e fazeres tradicionais. Custódio Almeida aprovou essa ideia, e reforçou a necessidade de difundir o trabalho desses personagens, convidando-os para aulas, conferências e eventos de graduação e pós-graduação. “O interesse é imenso, e casa com o projeto da nossa administração para que ela seja marcada pela imersão e pelo atravessamento cultural, de cultura popular, de cultura artística e de cultura científica”, avaliou o reitor. 

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MATA ATLÂNTICA: CINCO SÉCULOS DE EXPLORAÇÃO

Cinco séculos de exploração, destruição e ocupação da Mata Atlântica deixaram cicatrizes profundas no bioma que originalmente cobria a costa brasileira. Com menos de um quinto da sua extensão original, a Mata Atlântica e toda sua biodiversidade foram empurrados para a berlinda. Um novo levantamento revela que 82% das espécies de árvores exclusivas do bioma estão sob algum risco de ameaça de desaparecer para sempre.

O estudo mapeia as quase 5 mil espécies de árvores que ocorrem no bioma e usa os critérios da União Internacional de Proteção da Natureza (IUCN) para criar uma “Lista Vermelha” das árvores ameaçadas da Mata Atlântica. O termômetro do risco da extinção começa em Pouco Preocupante e Quase Ameaçada, e é considerada ameaçada a partir de Vulnerável, até Em Perigo e Criticamente Em Perigo – o estágio mais crítico antes da espécie ser considerada extinta.

De acordo com o levantamento, das 4.950 espécies de árvores que ocorrem no bioma, dois terços foram classificadas em algum nível de ameaça. Entre as espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas na Mata Atlântica, o risco da extinção é proporcionalmente maior, com 2.025 espécies ameaçadas – o equivalente a 82% do total.

Entre as endêmicas ameaçadas, mais da metade (52%) estão Em Perigo de extinção. Outras 19% são consideradas Vulneráveis, e 11% estão Criticamente Em Perigo. No outro lado da balança, 17% das espécies estão em situação Pouco Preocupante e 1% Quase Ameaçada.

Outras 13 espécies endêmicas foram consideradas possivelmente extintas. Em contrapartida, cinco espécies que eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo.

“A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da IUCN. Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, destaca Renato Lima, professor da Universidade de São Paulo (USP) que liderou o estudo, publicado na Science na quinta-feira da semana passada (11) em conjunto com outros dez pesquisadores.

O emblemático pau-brasil (Paubrasilia echinata), por exemplo, endêmico da Mata Atlântica, foi classificado como Criticamente Em Perigo, com um declínio populacional de 84% nas últimas três gerações. 

Outras espécies populares como a araucária (Araucaria angustifolia), o palmito-juçara (Euterpe edulis) e a erva-mate (Ilex paraguariensis) tiveram uma queda de pelo menos 50% nas suas populações silvestres e são classificadas como Em Perigo. 

Para realizar o levantamento, os pesquisadores automatizaram as avaliações de conservação para quase 5 mil espécies, feito com base em mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais de toda a Mata Atlântica reunidos numa única base de dados, o que permitiu entender como o número de árvores foi reduzido ao longo do tempo. A análise incluiu ainda informações sobre a história de vida das espécies, usos comerciais e longas séries temporais de perda de habitat. 

Um dos grandes destaques do estudo é que esse fluxo de trabalho desenvolvido pelos pesquisadores pode ser replicado em outros levantamentos e em larga escala.

A abordagem usada no estudo será utilizada de forma sistematizada a partir de 2024 pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) – órgão do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pela elaboração da a Lista Vermelha Oficial da Flora do Brasil – para avaliar as cerca de 12.000 espécies de plantas que ocorrem apenas no Brasil e que ainda não tiveram o seu grau de ameaça avaliado oficialmente.

A maioria das avaliações de risco de extinção atualmente disponíveis na IUCN se baseia apenas na distribuição geográfica das espécies, mas o declínio no número de árvores adultas causado pelo desmatamento é a principal causa de ameaça das espécies, principalmente em áreas altamente alteradas como a Mata Atlântica. De acordo com os pesquisadores, utilizar vários critérios da IUCN na avaliação reduz a chance de subestimar o nível de ameaça das espécies.

“Se tivéssemos usado menos critérios da IUCN nas avaliações de risco de extinção das espécies, o que geralmente tem sido feito até então, nós teríamos detectado seis vezes menos espécies ameaçadas. Em especial, o uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, completa o professor da USP.

Através da avaliação dos pesquisadores, cerca de 3% das espécies que eram classificadas nas categorias de Pouco Preocupante ou Quase Ameaçada devido as suas extensas áreas de ocorrência para Criticamente Em Perigo, por terem tido reduções populacionais superiores a 80%. 

O trabalho dos pesquisadores também olhou pros principais maciços de floresta tropical do mundo e projetou qual seria o impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global. “As projeções indicam que entre 35-50% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento”, alerta Hans ter Steege, do Naturalis Biodiversity Center, da Holanda, um dos autores do artigo. (O eco jornalismo ambiental)

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