PAPA FRANCISCO ALERTA PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O MUNDO ESTÁ DESMORONANDO

As reações contra o aquecimento global são insuficientes "enquanto o mundo que nos acolhe está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura", alertou o papa Francisco em um novo texto publicado nesta quarta-feira (4) e com o título "Laudate Deum".

Oito anos depois de sua encíclica sobre ecologia "Laudato Si", e poucas semanas antes do início de uma nova rodada de negociações climáticas da ONU (COP28), em Dubai, o papa argentino alertou sobre as "pessoas que tentaram zombar dessa constatação" e pediu uma transição energética "vinculante" que possa ser "monitorada".

Laudato Si’ é uma encíclica do Papa Francisco publicada em maio de 2015. Ela trata do cuidado com o meio ambiente e com todas as pessoas, bem como de questões mais amplas da relação entre Deus, os seres humanos e a Terra. O subtítulo da encíclica, “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, reforça esses temas-chave.

Uma encíclica é uma carta pública do Papa que desenvolve a doutrina católica sobre um tópico, muitas vezes à luz de eventos atuais. A Laudato Si’ é dirigida a “toda pessoa que habita este planeta”. (LS 3) Por isso, é oferecida como parte de um diálogo contínuo dentro da Igreja Católica e entre católicos e o mundo.

O que significa Laudato Si’? O título de uma encíclica é normalmente tirado das primeiras palavras do documento. Ou seja: as encíclicas não recebem um título tópico, mas são nomeadas por sua expressão de abertura, muitas vezes sugestiva do tema principal da obra.

As primeiras palavras da Laudato Si’ são italianas e traduzidas como “louvado sejas”. São uma citação do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, que abre a encíclica, no qual o santo louva a Deus meditando sobre a bondade do sol, do vento, da terra, da água e de outras forças naturais.

A escolha dessa passagem para iniciar a Laudato Si’ é um lembrete de como as pessoas de fé devem não apenas respeitar a Terra, mas também louvar e honrar a Deus por meio de seu envolvimento com a criação.

O BLOG NEY VITAL destaca o  “Capítulo Cinco: Algumas Linhas de Orientação e Ação” aplica o conceito de ecologia integral à vida política. Pede acordos internacionais para proteger o meio ambiente e ajudar os países de baixa renda, novas políticas nacionais e locais, tomadas de decisão inclusivas e transparentes e uma economia ordenada para o bem de todos.

Por fim, o “Capítulo Seis: Educação e Espiritualidade Ecológicas” conclui a encíclica com aplicações à vida pessoal. Recomenda um estilo de vida focado menos no consumismo e mais em valores atemporais e duradouros. Propõe educação ambiental, alegria no ambiente de cada um, amor cívico, recepção dos sacramentos e uma “conversão ecológica” na qual o encontro com Jesus leva a uma comunhão mais profunda com Deus, com as outras pessoas e com o mundo natural.

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LIVRO DO POETA, CANTOR COMPOSITOR ALDY CARVALHO É LANÇADO EM SÃO PAULO

O poeta e cantador, compositor e violonista  petrolinense Aldy Carvalho , realizou no último  sábado, 23 de setembro de 2023, o lançamento nacional de sua mais nova obra literária "O Cavaleiro das Léguas", um romance em versos.

Mais de 200 pessoas estiveram presentes no lançamento, no espaço cultural da Editora Nova Alexandria  em São Paulo e foram brindadas com pocket show poético  musical com as participações do poeta cordelista *João Gomes de Sá* , da cantora *Marisa Serrano* e do jovem violoncelista *Jorge Lucas* . 

Até  o final do ano o poeta deverá autografar  o livro em sua terra natal e região. Em novembro, a obra será lançada na Flip- Feira Literária de Paraty (RJ)

Com "O Cavaleiro das Léguas", Aldy estabelece um rigor literário-magistral em sua multifacetada obra que passeia por diversas linguagens para além da música e literatura. Nesta obra,  o autor  atravessa os horizontes  do cordel, do conto maravilhoso, da fábula, da crônica e do romance na condição da criatividade aberta ao endossar sua verve criativa conectada com a intertextualidade.

Como observa o educador e ensaísta Ely Verissimo na apresentação da obra, a narrativa de Aldy  é uma "alegoria ética , metáfora tanto da unidade e do equilíbrio  do individuo, reconectado  com sua energia psíquica feminina, quanto do equilíbrio do mundo, reconectando à Justiça" .

"O Cavaleiro das Léguas", ainda segundo  Ely,  combate  as formas arcaicas de vida, do modo que "as virtudes cavalheirescas já não  se contam mais em batalhas  e torneios  contra outro oponente, mas, no combate  de vida  ou morte contra o reducionismo que a vida  cotidiana engendra, rebaixando o ser  em face aos seus descréditos  tanto no amor  quanto nos valores  mais elevados da espécie humana".

Ao longo de 35 páginas, a narrativa – que dá cena a um cavaleiro e uma donzela que travam  um duelo verbal – a obra ganha o auxílio luxuoso das ilustrações de Rafael Limaverde, artista visual, xilogravurista e grafiteiro paraense radicado em Fortaleza,CE.  Cada traço, traduz com perfeição a força dos versos que se constroem nas entrelinhas do romance. 

O Cavaleiro das Léguas transita por um diálogo plural, fazendo a ponte entre o imaginário medieval a desembocar como um rio caudaloso nas entranhas do Nordeste, lugar recorrente  de fala do cantador Aldy Carvalho. Em vários momentos da narrativa do belissimo poema o leitor vai perceber instantes de filosofia nos diálogos de seus personagens: "A vida é feita em pedaços/Aos poucos vamos colando/ A recolagem nos dói/ E dá trabalho ir montando/ Em busca  da completude/ É que seguimos tentado.

Para o historiador, poeta e folclorista Marco Haurélio  "O Cavaleiro das Léguas" é  um poema ao mesmo tempo lírico  e épico,  com suas evocações  de batalhas travadas, incontáveis,  até  o momento do encontro em que, seguindo as regras do Amor Cortês, Cavaleiro e Donzela travarão um duelo verbal, na verdade, a última  e mais difícil  prova para o herói  que veio de longe."

 Na última página do livro o leitor ainda pode apreciar a partitura  musical de "O Cavaleiro das Léguas", pois o trecho final e apoteótico desse romance já  havia sido musicado por Aldy em canção  emocionante contida no cd "Cantos d'Algibeira" com participação da cantora maranhense  Zélia  Grajaú interpretando a donzela.

Há  ainda um QR Code que o levará a ouvir a música.

O livro e outras obras do autor pode ser adquirido em: https://editoranovaalexandria.com.br/

Ou direto com o autor: pazinko@gmail.com

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GOVERNO FEDERAL REATIVA PROJETO CONTRA DESERTIFICAÇÃO DO SEMIÁRIDO

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciou nesta semana a retomada do projeto Redeser para conter a expansão da desertificação no Semiárido, iniciativa que tinha ficado paralisada nos últimos quatro anos.

O programa consiste basicamente em incentivos para produtores rurais e proprietários de terra investirem em sistemas agroflorestais, que mesclam a ocupação do solo com vegetação nativa e culturas agrícolas comerciais.

A reativação do projeto foi anunciada na sexta pelo biólogo e educado Alexandre Pires, ex-candidato a deputado pelo PSOL, que assumiu a diretoria do departamento de combate à desertificação do MMA em março.

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"A principal missão do projeto Redeser é combater e reverter os processos de desertificação, por meio da gestão integrada de paisagem, manejo florestal sustentável da Caatinga, sistemas agroflorestais e trabalho com apicultura junto a agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais", afirmou Pires.

Em comunicado, o MMA afirmou que o projeto terá investimento de R$ 19 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), uma verba que deve ser aplicada antes de 2026.

Os primeiros projetos contemplados são em Uauá (BA), um dos 14 municípios em quatro territórios considerados essenciais do bioma. Os outros são nas regiões do Seridó (PB/RN), Araripe (CE), Xingó (AL) e Sertão do São Francisco (BA).

"Atualmente no Brasil existem cerca de 1,3 milhão de km² de áreas suscetíveis à desertificação, num território que ocupa os nove estados da região Nordeste, mais o norte de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo, envolvendo 1.500 municípios e uma população de 38 milhões de pessoas",  afirmou o próprio biólogo em vídeo divulgado anteriormente pelo MMA.

O ministério disse que o projeto tem apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e tem planos de expansão.

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AUTOR DO LIVRO O REI DO BAIÃO E A PRINCESA DO CARIRI É O ENTREVISTADO DO PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA NESTE DOMINGO


O pesquisador e escritor Rafael Lima, autor do livro "O Rei do Baião e a Princesa do Cariri, será o entrevistado no Programa Nas Asas da Asa Branca, Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, apresentado pelo jornalista Ney Vital.

O quadro Café Cultural recebe o escritor Rafael Lima, neste domingo (01) de outubro, a partir das 8hs. O acesso é através do link Rádio Cidade FM 95.7 Juazeiro Bahia.

O livro de Rafael Lima traz a revelação do "amor e a dedicação, olhar e paixão que Luiz Gonzaga tinha pelo Crato Ceará, terra onde nasceu o Padim Ciço". 

Rafael conta por exemplo que em  1953, Luís Gonzaga abrilhantou a Festa do Centenário do Crato, cariri cearense,  realizou show na Feira de Amostra, instalada na Praça da Sé, trazido pela Rádio Araripe, sob o comando de Wilson Machado. Em 1974, tornou-se cidadão cratense, título outorgado pela Câmara Municipal, em solenidade realizada no auditório do Sesi.

Em 1975, Luiz Gonzaga levou o Coral da Sociedade Cultural Artística do Crato (SCAC) para cantar a Quinta Missa do Vaqueiro, criada por ele, padre João Câncio e Pedro Bandeira, em Lajes, Município de Serrita, localizado no Estado de Pernambuco, em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó. Luiz Gonzaga sempre valorizou a cultura e a arte cratense. O Crato foi o seu ponto de apoio nos grandes eventos promovidos por ele na região.

O Rei do Baião participou também da inauguração da Rádio Araripe, juntamente com seu pai, Januário, e seu irmão, Zé Gonzaga, bem como da Rádio Educadora do Cariri e do Gaibu Avenida. Foi sempre uma das maiores atrações artísticas da Exposição do Crato, além de seu grande divulgador. A música "Eu Vou Pro Crato", interpretada por ele, ainda hoje emociona os cratenses de todas as gerações.

"O livro de Rafael Lima é um importante instrumento de conhecimento para as novas gerações que valorizam a vida e obra de Luiz Gonzaga", destaca o jornalista Ney Vital.


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MORRE MESTRE AZUL, INTEGRANTE DA BANDA DE PIFE CABAÇAL DOS IRMÃOS ANICETO

A Associação Cultural Irmãos Aniceto (Acia) informou nas redes sociais, na manhã desta quinta-feira (28), o falecimento de Mestre Azul. A causa da morte não divulgada.

Segundo relatado por integrantes da Associação, ele participaria de uma apresentação na manhã desta quinta. Pela demora em chegar ao ponto de encontro dos demais membros da banda, parte do grupo foi até a casa dele. Ao chegar, encontraram Mestre Azul sem vida.

"É com o mais profundo pesar que noticiamos o falecimento, agora pela manhã, do Mestre Azul, como era conhecido José Vicente da Silva, integrante da banda cabaçal dos irmãos Aniceto".  ASSOCIAÇÃO CULTURAL IRMÃOS ANICETO

As informações sobre velório e enterro ainda devem ser divulgadas durante o dia. "Por momento, todo corpo diretor da Associação Cultural dos Irmãos Aniceto (Acia) está envolto nos trâmites e comunicará sobre a cerimônia de velório e enterro".

Sons, ritmos e tradição: a arte da Banda de Pife dos Irmãos Aniceto-A HISTÓRIA: O criador da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda-Ceará, o educador e pesquisador Alemberg Quindins costuma dizer que o Ceará é um Estado de Espírito do vento/cariri que sopra com saudade do Mar. Patativa do Assaré. Luiz Gonzaga e Padre Cícero, arqueologia e gestão cultural são fontes de vida.

Alemberg diz que a Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura. O Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura.

No Crato, Ceará, a Banda de Pife dos Irmãos Aniceto há 208 anos é uma das mais importantes formações da cultura tradicional popular no Ceará e no Brasil. Fundada em 10 de maio de 1835. A Bande de Pife dos Irmãos Anicetos continua a manter e transmitir a singular manifestação cultural que herdou de seus antepassados, revelada nas sonoridades e nos processos de construção de instrumentos musicais com origem no sertão cearense do século XIX.

A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto se destaca na história cultural do Ceará, especialmente da região do Cariri, onde constitui uma herança ancestral da cultura brasileira. A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto representa uma reverência profunda às raízes culturais nordestinas.

A Banda Cabaçal dos irmãos Aniceto já se apresentou duas vezes na França, em Portugal e na Espanha. No ano de 2007 a Banda recebeu a Medalha Ordem do Mérito Cultural (OMC), do Ministério da Cultura, na época entregue pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Siva e o então Ministro da Cultura Gilberto Gil

A Banda dos Irmãos Aniceto surgiu em 10 de maio de 1835, tendo como idealizador José Lourenço da Silva (pai do Mestre Antônio). Na capa dos discos, é usada a denominação “cabaçal” que decorre do fato que antigamente os tambores eram confeccionados de pele de bode estirada sobre cabaças. Outra versão diz que o nome vem um ritual dos índios Kariris, em que tocavam pifanos e queimavam Jurema-preta nas cabaças,

Os irmãos Aniceto lançaram quatro registros fonográficos: o primeiro em 1978, patrocinado pelo Ministério da Educação e Cultura; o segundo em 1999, produzido pela Cariri Discos em parceria com a Equatorial Produções; o terceiro em 2004, intitulado “Forró no Cariri”, e o quarto em 2013, intitulado “Sou Tronco, Sou Raiz”. Também lançaram um DVD, gravado em 2008, no Theatro José de Alencar, registrando a histórica apresentação da Banda Cabaçal em conjunto com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho.

Originária dos pés de serra e da periferia do Crato, a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto já alcançou considerável projeção regional, nacional e européia, inclusive brilhando ao lado de Hermeto Pascoal e do Quinteto Violado. Em 1998, participou de uma temporada de um mês e quatro dias no espetáculo “Ciranda dos Homens, Carnaval dos Animais”, do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, no Teatro do Sesc Pompéia, em São Paulo.

A mais popular banda cabaçal cearense também participou de filmes e documentários para TV. Exemplo o documentário Raiz Ancestral revela que a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto apresenta os incríveis e performáticos músicos da família. Gerações de uma mesma família mantém a arte de tocar, dançar e representar o Cariri em uma manifestação autêntica, única e original.

Neste ano de 2023 a Banda continua em nova geração de músicos tocadores mostrando como preserva a cultura através de composições inspiradas no trabalho da roça e na observação do cotidiano da vida do sertão. As performances contam com instrumentos de sopro e percussão, como pífanos, zabumba, caixa e pratos de metal, representando toda a originalidade e chamando a atenção universalmente em todos os cantos do planeta.

A MISSÃO da Banda de Pife dos Irmãos Aniceto é de ampliar e transmitir com amor e espírito comunitário seus saberes ancestrais reinventando o Cariri, inspirando novos filhos, sobrinhos e netos que fazem a família Aniceto e a todo mundo que toca e é tocado pela cultura brasileira dos sons e ritmos do pife. 

A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto – que já atravessou dois séculos – segue com seus ensinamentos na jornada do tempo da natureza e da cultura.

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EDITAIS DA LEI PAULO GUSTAVA SÃO DESAFIOS PARA O MINISTÉRIO DA CULTURA

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou nesta quarta-feira (27), o esforço da pasta em expandir o fomento cultural para além dos grandes polos. “Temos que desregionalizar. A visão da cultura é a nacionalização do fomento, para que, também, as outras regiões possam atender aquela produção artística local, aquele grupo de cultura, ali onde está a nossa identidade de manifestação cultural do Brasil”, disse em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, do Canal Gov.

Na entrevista, a ministra falou sobre iniciativas como a elaboração do Plano Nacional da Lei Aldir Blanc, de irrigação do fomento à indústria criativa em todas as cidades, e sobre os mecanismos criados para um maior controle da aplicação de recursos da Lei Rouanet, mas ressaltou, no entanto, que o maior desafio enfrentado atualmente pela pasta é para que as prefeituras lancem os editais da Lei Paulo Gustavo, embora 98% dos municípios tenham aderido ao Sistema Nacional de Cultura por meio do envio dos planos de cultura.

“Como esse tipo de fomento estava parado, nós temos conversado com gestores, em alguns lugares com mais dificuldade. Alguns estados já lançaram e nós estamos com esse diálogo aberto, buscando prover o que for preciso para que cada cidade lance os seus editais”, explicou a ministra.

A ministra também lembrou que a Lei Paulo Gustavo é um mecanismo de socorro à cultura em situações de emergência, como a que o Rio Grande do Sul enfrenta atualmente por causa das fortes chuvas na região, mas destacou que o Ministério da Cultura tem promovido debates para que sejam criados novos mecanismos específicos para socorro aos trabalhadores da cultura.

Relações bilaterais-Sobre a participação na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a ministra falou sobre as reuniões com lideranças culturais, como a subsecretária de Diplomacia Pública e Negócios Públicos dos Estados Unidos da América, Elizabeth Allen, em que tratou sobre os 200 anos das relações entre Brasil e Estados Unidos, que será comemorado em 2024.

Segundo a ministra Margareth Menezes, as representações internacionais voltadas à cultura têm mostrado interesse em ampliar o intercâmbio entre os países, em especial em áreas como a reparação racial, realização de festivais e ações de sustentabilidade da cultura.

A literatura brasileira, de acordo com Margareth Menezes, também despertou o interesse da ministra alemã da Cultura e Mídia, Claudia Roth. Para a ministra o interesse de tantos países na cultura brasileira significa uma retomada dessas relações e como nossa cultura é importante para o mundo.

Novo PAC-Margareth Menezes falou ainda da importância do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ter entrado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo a ministra, serão investidos R$ 700 milhões para a reconstrução de patrimônios históricos e culturais em todo o Brasil. “Um povo sem memória é um povo sem história”, destacou.

Amazônia - A ministra disse que a Região Norte é a que menos recebeu historicamente o fomento para cultura. Por isso, o Ministério da Cultura atua com o objetivo de corrigir a aplicação desse tipo de investimento no país. Segundo Margareth Menezes, este ano foram investidos R$ 26 milhões na Região Norte. “Foi o maior acontecimento da história do fomento da Lei Rouanet”.

A realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), em Belém, é para a ministra uma oportunidade de reestruturação e desenvolvimento da indústria criativa na Amazônia. Por isso, a pasta realizará a terceira edição do Minc BR, uma espécie de feira de negócios para o setor, na cidade, durante o evento, em 2025. “O último que aconteceu no Brasil teve uma geração de R$ 50 milhões em negócios”. (Agencia Brasil)

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APRENDIZAGEM NO COCO DE RODA CONSIDERA EXPERIMENTAÇÃO, RESPEITO E FLEXIBILIDADE MELÓDICA

Um dos primeiros meios de transmissão de saberes se deu a partir da oralidade, como ato de preservar histórias, tradições e estruturar uma memória coletiva. O canto e a dança também representam importantes papéis na transmissão de conhecimento. Na dissertação de mestrado de Gustavo Rosas, "Análise dos Processos Formativos e Aprendizagem do Coco de Roda da Mestre Ana Lúcia do Bairro do Amaro Branco de Olinda", o pesquisador identificou possibilidades informais de transmissões do ensino de música, como a imitação do aprendiz em relação a quem ensina. 

A pesquisa elenca o tripé experimentação, respeito e flexibilidade melódica como partes fundamentais das trocas entre a mestra, seu coco e os participantes. O trabalho, defendido em 2022 no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi orientado pelo professor Carlos Sandroni.

O coco é uma expressão cultural de canto-dança típico da Região Nordeste do País, que pode ser brincado facilmente em épocas festivas, como São João e Carnaval. A origem exata ainda é um fator de divisão entre os pesquisadores, que concordam apenas sobre a forte influência dos povos originários e da população de negros escravizados trazidos do continente africano, além de um toque de influência das vestes portuguesas. O resultado desse convívio foi um estilo musical que se tornou típico em áreas do litoral do Nordeste, geralmente brincado com ou sem sapatos, guiado por um mestre tocador, que pode ou não utilizar instrumentos musicais para conduzir o coco de roda.

Para Rosas, "o coco é uma cultura que abrange vivências; é tocar, dançar, tem relação com a literatura. No caso de Ana Lúcia, as músicas são sobre o romantismo, a natureza, algo do dia a dia", elementos que podem ser apresentados no improviso ou serem produzidos anteriormente. Os encontros musicais promovidos no bairro do Amaro Branco, em Olinda, no Grande Recife, também promovem uma integração entre as gerações da família da mestra e a vizinhança, que costumam participar dos encontros e ensaios de coco.

O coco também tem um forte impacto no âmbito familiar, uma vez que "nasceu em uma família de pescadores e de trabalhadores rurais. Na geração de Ana Lúcia se fez presente também o trabalho de mulheres lavadeiras [para complementar a renda]. A atual geração já consegue sobreviver com algum recurso do coco, bem mais reconhecido que nas gerações anteriores", explica Rosas. 

Visando compreender a linguagem típica do processo de ensino-aprendizagem do coco de roda da mestra, Rosas utiliza, entre outras metodologias, a pesquisa etnográfica, como observador-participante. "Ana Lúcia é a forma viva de transmissão desta cultura, o que ajuda o pesquisador a se aprofundar, vivendo a experiência. Durante quase três anos, estudei o fenômeno e participei do processo formativo, ensaios, apresentações e na gravação de um CD", detalha.

O estudo compreende também que o ensino pode ser transmitido fora de um ambiente formal de música e permite uma flexibilidade entre o cantador e os brincantes. "Não posso falar do coco individualizando a melodia, letra, dança. Tudo está unido e se expressa corporalmente", pontua o pesquisador, já que entre os elementos percebidos na prática da mestra há o uso da imitação para conduzir as danças e o ritmo da música. Mas ele adverte que "não é só na repetição que a gente aprende coco. Ele tem a ver com a cultura que a gente está inserido" e com essa relação de experimentação entre o ritmo e a melodia. 

Embora a religiosidade não tenha sido o foco da análise no coco da mestra Ana Lúcia, o pesquisador destaca que tal aspecto chega a influenciar o ritmo, mas não é algo explícito para a coquista. A impressão que se destaca na observação-participante é a de que, por conta das vivências religiosas pessoais da mestra, seu coco recebe influências católicas.

CD – Ao longo do estudo, o pesquisador ainda produziu um CD como forma de registrar a personalidade e a forma do coco de roda da mestra Ana Lúcia, marcado pelo uso do corpo que direciona o uso dos instrumentos. Durante a observação do pesquisador, ele destaca que o território da dança e da transmissão da mestra promove saberes culturais, morais e experiências geracionais. Principalmente porque a mestra compartilha com ele as inspirações por trás de suas produções musicais.

Diante da flexibilidade melódica, constatada como componente do processo de aprendizagem da mestra, foi possível incorporar outros instrumentos ao coco. "Teve um segundo momento em que nós gravamos guitarras e samples eletrônicos junto com Ana Lúcia, possibilitando o surgimento que batizamos de 'cocotrônico'", explica Rosas. O intuito principal do álbum foi captar o processo formativo de aprendizagem enquanto ele era apresentado.

HISTÓRICO – O coco de roda faz parte da vida da mestra Ana Lúcia desde a  infância, quando participava de shows com o seu pai. Subiu ao palco para cantar aos três anos de idade. Daí em diante, nesse processo de participação, ela aprendeu e passou a transmitir o canto-dança como forma de divulgar a cultura popular e preservar a tradição. Em um ambiente dominado por homens, a mestra conquistou seu espaço preservando uma geração de canto-dança enquanto aprimorava sua própria técnica. Com percurso dinâmico, vívido e envolvente, ela mantém acesa a tradição.  

A coquista reside no bairro do Amaro Branco, sítio histórico de Olinda, que reúne importantes figuras culturais da cidade. Seu método de ensino envolve apresentar o coco de roda para as gerações da família, vizinhança e outros brincantes, com passos ritmados e uma melodia marcante. A mestra recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2020; a titulação de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade de Pernambuco (UPE) em parceria com a Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco, em 2021; e o título de Mestre Griô da Tradição Oral. Este último se refere à incorporação de saberes do coco de roda da mestra, que vem de uma tradição familiar de conquistas e que é celebrado por toda uma comunidade. 

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