ALEMBERG QUINDINS PARTICIPA DO PROGRAMA NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA NESTE DOMINGO (30)

Domingo, 30 de julho no Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, apresentado às 8hs, NA RÁDIO CIDADE FM 95.7, o ouvinte terá a oportunidade de escutar novamente a entrevista, a prosa do Café Cultural com Alemberg Quindins. 

Você vai saber o motivo do Estado de Espírito do vento/cariri que sopra com saudade do Mar. Patativa do Assaré. Luiz Gonzaga e Padre Cícero, arqueologia e gestão cultural são temas da conversa.

Alemberg diz que a Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura. O Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. Você vai entender a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo.

O Memorial do Homem Kariri teve sua origem a partir das pesquisas de mitologia e etnomusicologia dos pesquisadores, músicos e produtores culturais: Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde. 

Atualmente, a Casa Grande se consolida como ponto de memória da ancestralidade, da mitologia e da arqueologia do cariri cearense, utilizando-se da arte como ferramenta capaz de proporcionar uma imersão mais consciente destes assuntos.

Francisco Alemberg de Souza Lima, o Alemberg Quindins, é um dos criadores da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri em 1992 com o intuito de valorizar a história do povo da região, o Vale do Cariri, e ser um centro de memória.

Em conversa com o BLOG NEY VITAL e que no dia 30 de julho, será retransmitido no programa NAS ASAS DA ASA BRANCA-VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS, na Rádio FM 95.7, Alemberg explica que a Chapada do Araripe é uma confluência de quatro Estados: Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba.

"Um resumo do Nordeste. A Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado você tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, por exemplo; de outro, do lado de cá, temos Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura".

Ainda de acordo com Alemberg a Chapada do Araripe é um platô central. "Aqui, era o único lugar onde Lampião se ajoelhava e deixava as armas na porta. Território sagrado. Portanto, o Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural do Ceará por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. É onde você entende a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo. Nosso manancial é esse: a cultura. A maioria dos mestres da cultura popular estão aqui. E, da forma como acontece em solo caririense, essa reunião de tanta coisa, não vamos encontrar em nenhum outro lugar do Estado".

A Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, é uma instituição sem fins lucrativos, de utilidade pública federal. O local se tornou espaço de vivência em gestão cultural para crianças e jovens do sertão e tem como objetivos constantes no seu estatuto, pesquisar, preservar, coletar, juntar em acervo, comunicar, exibir, para fins científicos, de estudo e recreação, a cultura material e imaterial do Homem Kariri e de seu ambiente".

"Nós resgatamos a cultura local nas áreas de arqueologia, mitologia, artes e comunicação", conta Alemberg. Os alunos mantêm um canal de TV, de rádio, uma editora de gibis e um museu que conta com um rico acervo de 2.600 HQs e 1.600 títulos de clássicos do cinema. A ideia é desenvolver a capacidade de liderança das crianças a partir dos laboratórios de produção.

Arte, cultura, música e TV. Essas são apenas algumas das atividades oferecidas pela Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, Cariri do Ceará Francisco Alemberg Quindins, músico e educador social da ONG que forma cidadãos e os transformam em protagonistas da própria história neste período de isolamento social tem participado de lives, transmissões ao vivo que tem contribuindo ainda mais para a divulgação do trabalho desenvolvido com as crianças.

No próximo mês de dezembro a Fundação vai completar 30 anos, o espaço guarda algumas artes indígenas dos primeiros habitantes da região; possui uma rádio; dispõe de uma editora de gibis, com um acervo com mais de 3 mil títulos; tem ainda um teatro; e uma banda de lata, que encanta quem visita a fundação.

Para registrar tanta coisa boa, a fundação conta com um canal virtual, a TV Casa Grande, cujo objetivo é dar voz, mostrar a arte dos moradores da região e documentar a cultura local.

O sucesso da fundação rendeu a ela o título de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e muita visibilidade para cidade de Nova Olinda, que recebe, por ano, mais de 50 mil visitantes.

Alemberg Quindins é investigador do CEAACP, Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio da Universidade de Coimbra e, por inerência, Membro do Conselho Científico desta unidade de investigação. que é avaliada e financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) do Ministério da Ciência e Ensino Superior de Portugal.

Há vários anos a Fundação Casa Grande é parceira do CEAACP e Alemberg Quindins era colaborador. Agora, transitou em estatuto, o que acontece por reconhecido mérito e por categoria universitária dado o seu Doutoramento Honoris Causa, passando a integrar o grupo de pesquisa em Arqueologia Cidadã e Inclusiva do Centro.


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AGRICULTURA FAMILIAR É OITAVA MAIOR PRODUTORA DE ALIMENTOS DO MUNDO

Se todos os agricultores familiares do Brasil formassem um país, seria o oitavo maior produtor de alimentos do mundo. O dado está no Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023, divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O documento tem o objetivo de mostrar a participação da agricultura familiar no total da produção agrícola brasileira. Os números são baseados em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A divulgação do anuário acontece na semana em que se comemora o Dia Internacional da Agricultura Familiar, dia 25 de julho, uma data criada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU).

O anuário da Contag aponta que a agricultura familiar brasileira é a principal responsável pelo abastecimento do mercado interno, com produtos saudáveis e manejo sustentável dos recursos ambientais.

As propriedades de agricultura familiar somam 3,9 milhões no país, representando 77% de todos os estabelecimentos agrícolas. Já em área ocupada, são 23% do total, o equivalente a 80,8 milhões de hectares. Para se ter uma ideia, isso é quase toda a área do estado do Mato Grosso.

Essas propriedades são responsáveis por 23% do valor bruto da produção agropecuária do país e por 67% das ocupações no campo. São 10,1 milhões de trabalhadores na atividade. Desses, 46,6% estão no Nordeste. Em seguida aparecem o Sudeste (16,5%), Sul (16%), Norte (15,4%) e Centro-Oeste (5,5%).

Na agricultura familiar, tanto a produção de alimentos quanto a gestão da propriedade ficam, predominantemente, a cargo da família.

O presidente da Contag, Aristides Santos, defende que conhecer os números da agricultura familiar é uma forma de desenvolver a atividade. “Além de conhecer e mostrar a importância estratégica do segmento a toda sociedade, reunir esses dados em um anuário também visa contribuir com o debate sobre o papel da agricultura familiar para o desenvolvimento do país. E a busca por valorização e reconhecimentos dos sujeitos que a compõem e suas entidades representativas”, disse.

Além da produção de alimentos em si, outra contribuição das propriedades familiares é funcionar com um “motor” para a economia. De acordo com a Contag, a agricultura familiar responde por 40% da renda da população economicamente ativa de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes, que representam 68% do total do país. Ou seja, faz o dinheiro circular nas pequenas cidades do campo, gerando um efeito multiplicador de emprego e mais renda.

Incentivo-No dia 28 de junho, o governo lançou o Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024, com R$ 71,6 bilhões destinados ao crédito rural no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O valor é 34% superior ao anunciado na safra passada e o maior da série histórica.

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PROFESSOR JORGE GALEGO LANÇA LIVRO CACHAÇA CAUSOS E ACASOS

O livro “Cachaça – Causos e Acasos” foi lançada no mês passado na Câmara de Vereadores de Uauá - BA, nordeste baiano. Uma obra literária escrita pelo empreendedor, “jornalista” e “professor” Jorge Galego. A publicação em parceria com a Editora Ases da Literatura está disponível em vários sites parceiros (Amazon, Um Livro, Estante Virtual, Extra, Shoptime e outros).

O autor afirma está muito feliz por realizar mais este sonho, pois publicou a grande reportagem “Cachaça – Ardente Sabor de uma Cultura” (2014) e o livro de poesias “Bêbado de Amor” (2016). “Esta obra agora, além de belíssima, com uma capa e diagramação de qualidade impressionante, ela une poesia à prosa. É uma sequência de um trabalho de cerca de uma década de lapidação e reflexões”, enfatiza o autor.

É um livro de causos “cachaçais” com narrativas apresentando vários contextos da vida sociocultural do município fictício de Pirajá, norte da Bahia, Brasil. Acontecimentos envolvendo diversos tipos de cachaceiros e cachaceiras. Destaque para os causos “Ah, se o umbuzeiro falasse!” , “O conselho da santa ao cachaceiro Coló” e as histórias dos capítulos: “Cachaceiras  arretadas”,  “Cachaceiros homo machos” e “Cachaceiras homo fêmeas”. Cada história mais impressionante do que a outra, onde prosa e poesia unem-se para melhor demonstrar a vida na imaginária cidade do semiárido brasileiro.

Jorge Galego te convida para participar do encontro de lançamento. “Será um momento cultural inesquecível, sem contar à aula que darei junto com os convidados presentes. Para mim uma pessoa a mais disposta a compreender os usos culturais da cachaça pelo povo brasileiro já vale a pena o esforço destes anos de batalha “cachaçal” em meio a tantos riscos e consequências. Contudo, não há como negar a presença das representações culturais da cachaça na música, religiosidade, humor e letras ou versos vivenciados de norte a sul do Brasil, em especial no semiárido da Bahia”, conclui Jorge Galego.

Mais informações pelo telefone (74) 99972-0187, e-mail: jorgeboibravo@hotmail.com ou Instagram @jorgegalegoemprosa.

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BODOCÓ E A SONORIDADE DA CULTURA BRASILEIRA GONZAGUEANA

Cada arte emociona o ser humano de maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

Visitei Bodocó, Pernambuco e abracei amigos/irmaos. O homem que pesquisa é um lutador. Desbravador. Deve vestir a roupa do destemor e despir os pés para adentrar os caminhos, sentindo o chão que pisa...há anos eu precisava sentir a poeira dos caminhos de Bodocó. 

Bodocó. Desde menino a palavra Bodocó zumbe nos meus ouvidos. Na cidade, o sentimento invadia meus pensamentos, alma de menino cantador/jornalista: "Nas quebradas caem as folhas fazendo a decoração. Chora o vento quando passa nas galhas do aveloz. Chora o sapo sem lagoa todos em uma só voz. Chora toda a natureza na esperança, na incerteza de Jesus olhar pra nós...Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó. Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó"... 

Na companhia do amigo Flávio Leandro/Cissa/Emanuel, Jurandy da Feira, Miguel Alves Filho...Dorinha, no Rancho Febo, tive a felicidade de apreciar a sonoridade da palavra Bodocó...no violão o poeta cantador Flávio Leandro ecoa Chuva: "O choro do céu é pureza imenso escoar de beleza nas terras do meu Bodocó/em tom de verde realeza envia um rio de certeza para o sertanejo tão só"...

Neste mês de Julho é aniversário do poeta Miguel Alves Filho.

A cidade é mencionada na canção "Coroné Antônio Bento", que integra o primeiro LP de Tim Maia, de 1970. A música conta a história do casamento da filha de um "coronel", que dispensa o sanfoneiro e chama um músico do Rio de Janeiro para animar a festa. A canção é de autoria de Luis Wanderley e João do Vale.

A cidade também consta na música Pau de Arara (Guio de Moraes)..."Quando eu vim do sertão, seu moço, do meu Bodocó, a malota era um saco e o cadeado era um nó, só trazia a coragem e a cara, viajando num pau de arara, eu penei, mas aqui cheguei".

E uma das mais belas ja citadas aqui: Nos Cafundó de Bodocó, de Jurandy da Feira.  "Nas caatingas do meu chão se esconde a sorte cega/Não se vê e nem se pega por acaso ou precisão/ Mas eu sei que ela existe pois foi velha companheira do famoso Lampião".

Na musica Respeita Januário, Luiz Gonzaga solta a voz também usando a sonoridade da palavra Bodocó...

Também ouvi atentamente o relato de Flávio Leandro quando mostrava uma análise, diálogo/pesquisa, a gênese de nossas raízes. Flávio aproxima nossos ancestrais ao termo, a cultura árabe. Lembrei que Elomar, em sua cantiga O Violeiro, canta “Deus fez os homens e os bichos tudo fôrro...”. De forria para fôrro, de fôrro para forró, celebração da liberdade, da quebra do jugo e dos grilhões. 

E  aqui registro, o magistral Emanuel, o Manu, advogado, filho de Flávio/Cissa, na batida do Pandeiro. Ritmo e talento. Sorriso e simplicidade do tamanho do mundo chamado Bodocó

Miguel Filho me levou a caminhar na história de Bodocó. Pedra Claranã. Capela São Vicente de Paulo e histórias que envolvem Bodocó e a família de Luiz Gonzaga.

Miguel Filho é o típico sertanejo. Humildade franciscana. Compositor da safra das palavras de qualidade.  Miguel é compositor parceiro de Flávio Leandro, nas músicas Utopia Sertaneja, uma das mais belas da literatura brasileira; e de Fuxico. Miguel tem músicas gravadas também com o Quinteto Violado, Pedras de Atiradeira e Experiências.

E assim a sonoridade Bodocó ganhou ainda mais beleza e sentido. Compreendi que existem palavras que são portas/janelas servem para revelar mundos e situações. Bodocó és encantamento de um sol e lua do mês de julho. 

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DOMINGUINHOS: HÁ DEZ ANOS NÃO SE OUVE MAIS O SOM DA SANFONA SENTIDA

Com a rapidez de um trem da Great Western, o tempo passou e, no próximo domingo (23), faremos memória à passagem do músico, cantor e compositor José Domingos de Moraes, o Dominguinhos. O artista, que morreu aos 72 anos, lutou por mais de seis anos contra um câncer de pulmão, mas não resistiu às complicações infecciosas e cardíacas.

Nascido em Garanhuns, no Agreste pernambucano, Dominguinhos conheceu Luiz Gonzaga ainda criança e, aos 13 anos, quando já estava no Rio de Janeiro, recebeu do Rei do Baião sua primeira sanfona, a mesmo que o consagrou, três anos mais tarde, como herdeiro de sua obra.

Quando a notícia da morte de Dominguinhos estampou os principais noticiários do país, naquela penúltima terça-feira do mês de julho de 2023, um clima de suspense pairou no ar. O sanfoneiro que, assumidamente, era um verdadeiro adorador de sua terra natal, inclusive isso ficou registrado em gravações de entrevistas concedidas às rádios pernambucanas, tinha o desejo de ser sepultado em Garanhuns.  A decisão da ex-companheira Guadalupe e sua filha Liv Moraes contrariou o desejo explícito, programando o sepultamento do cantor em um cemitério privado da capital pernambucana.

Menos de um mês depois da morte de Dominguinhos, o filho mais velho do sanfoneiro, Mauro Moraes, moveu uma ação na Justiça pedindo que o corpo do músico fosse transferido para Garanhuns. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) autorizou a transferência do corpo à cidade natal do artista. A decisão foi da juíza Andréa Duarte Gomes, atendendo ao pedido do filho do músico, Mauro José de Moraes, in memorian. A sentença saiu numa quinta-feira, 29 de agosto, mas foi divulgada somente na sexta (30).

Finalmente, em 26 de setembro do mesmo ano, os restos mortais do saudoso “Nenem”, como era apelidado por sua mãe, foram sepultados no Cemitério São Miguel, em Garanhuns. Sob forte comoção e aplausos de familiares e amigos, Dominguinhos pode, enfim, ter sua última morada definitiva.

No ano de 2002, Dominguinhos foi o vencedor do Grammy Latino com o CD Chegando de Mansinho. Em 2008, foi o grande homenageado da 19ª edição do Prêmio da Música Brasileira, antigo Prêmio Sharp, numa noite de pura reverência concedida por outros artistas nacionalmente consagrados como Gilberto Gil, Genival Lacerda, Jorge de Altinho, Flávio José, Elba Ramalho, Vanessa da Mata, Nana Caymmi e outros tantos.  Ao longo da carreira, fez parcerias de sucesso com músicos como Gilberto Gil, Chico Buarque, Anastácia e Djavan.Com sua maior parceira musical, Anastácia, compôs grandes sucessos como Tenho sede, Eu só quero um xodó, Contrato de separação, Sanfona sentida, Toque pife e Triunfo.

E como se nem imaginássemos, o tempo passou e há dez anos que não ouvimos mais o som de sua sanfona, à qual Dominguinhos sempre teve extrema dedicação. Uma característica que poucos conhecem dele, um excelente instrumentista, que, por muitas vezes, declarou ter muito mais apreço em tocar, produzir arranjos e compor as melodias de inúmeras canções do que até mesmo cantar. Além disso, era um grande apreciador de valsas e passava horas com sua sanfona a tocar, apreciando o ritmo.

Para nós, fãs e apreciadores de sua obra, nos resta a memória extremamente viva do que foi e o que é Dominguinhos para a música popular brasileira. Que possamos perpetuar seu legado fazendo com que as gerações futuras ouçam, consumam e reflitam em toda a obra do mestre Dominguinhos. Que os artistas mais contemporâneos possam beber na fonte que é José Domingos e deem continuidade. Viva Dominguinhos, viva a sua obra!

*Charles Andrade-Jornalista e pesquisador musical

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SILVERIO PESSOA SOLICITA EXONERAÇÃO DO CARGO DE SECRETÁRIO DE CULTURA DE PERNAMBUCO

Silvério Pessoa não está mais à frente da Secretaria de Cultura do Estado. Em comunicado divulgado à imprensa nesta quinta-feira (20),  o ex-gestor da pasta afirmou que se despede do cargo "com o sentimento de dever cumprido e a certeza de ter dado voz a quem muitas vezes está à margem do processo".

Em entrevista exclusiva concedida à Folha de Pernambuco no início da atual gestão do Governo do Estado, Silvério afirmou ter recebido com surpresa a Secretaria. "Foi um mix de surpresa e de desafio, mas ao mesmo tempo de muita leveza", comentou, à época.

Sete meses após assumir a pasta na Cultura, Silvério deixa o cargo exatamente na véspera do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG 2023), com início nesta sexta-feira (21) na cidade agrestina.

Em nota a governadora Raquel Lyra, agradeceu pelos serviços prestados por Silvério, enquanto esteve à frente da Secretaria de Cultura de Pernambuco:

“Agradeço a Silvério pela dedicação à frente da Secretaria de Cultura e por todo o trabalho de escuta e    execução de ações estruturadoras para o setor, incentivando diversas linguagens e expressões culturais e valorizando os nossos artistas”.

Confira a carta assinada por Silvério à governadora Raquel Lyra, entregando o cargo na secretaria:

Governadora Raquel Lyra,Hoje as minhas primeiras palavras são de despedida e gratidão.

Agradeço a confiança pelo convite para o honrado cargo de secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, posição que com dedicação ocupei nos últimos meses. Como em todos os ciclos da vida, no entanto, chegou o momento de encerrar essa jornada: sem dúvidas, tempo de aprender, tempo de semear as bases de uma política cultural mais múltipla e democrática no nosso Estado.

Despeço-me do cargo com o sentimento de dever cumprido e a certeza de ter dado voz a quem muitas vezes está à margem do processo, valorizando nossos artistas e suas mais variadas expressões e linguagens inseridas também nas culturas das periferias em todo o Estado.

Estruturar e fomentar a política cultural de um Estado tão rico e diverso como Pernambuco não é tarefa simples, mas tenho a convicção que contribui com o processo. Nesse período, trazer à tona o debate sobre a pedagogia da cultura e a multiculturalidade e riqueza da cultura periférica, através do “Fala, Periferia”, que lançamos em abril, são exemplos de ações estruturadoras que por certo renderão bons frutos.

Implantamos com a Secretaria de Educação o projeto de alfabetização dos mestres e mestras da Zona da Mata e promovemos muitas escutas através do “Secult de Andada”, percorrendo quase 1.500 km visitando e me reunindo com aqueles que têm dificuldades em obter acesso ou qualquer tipo de apoio.

Estruturamos a execução da Lei Paulo Gustavo e fomos o primeiro estado do Nordeste e um dos primeiros estados do Brasil a ter o plano de ação aprovado e os recursos liberados.

O olhar para as diferenças e particularidades de cada linguagem esteve presente no nosso cotidiano, refletindo a construção das ações de uma política cultural forte e pulsante, marcada pela valorização dos artistas pernambucanos.

Premissas que também marcam a organização do 31º Festival de Inverno de Garanhuns, que se inicia nesta sexta-feira (21), com a presença dos nossos talentos, acompanhados de tantos outros nomes da cena artística e cultural do nosso país.

Decidi dedicar meu tempo agora para minha carreira e, também para a docência, pois como artista e professor sinto falta dos palcos e da sala de aula.

Agradeço ao time da Secretaria, que esteve junto comigo nesta jornada, desejando muito sucesso e novas conquistas para os que seguem na missão de mudar Pernambuco.

Por fim, agora como artista e pernambucano, seguirei na torcida e sempre à disposição, em outros palcos, em defesa da nossa cultura.

Silvério Pessoa.

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RIO SÃO FRANCISCO ESTÁ SENDO INVADIDO POR ESPÉCIES DE PEIXES QUE NÃO SÃO NATIVOS DO VELHO CHICO, ALERTA PESQUISADOR

O rio São Francisco está sendo invadido por espécies de peixes que não são nativos do Velho Chico. Isto está sendo constatado principalmente no baixo curso do rio. Segundo o professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e coordenador da Expedição Científica do Baixo São Francisco, Emerson Soares, os tucunarés, apaiaris e tilápias, que são ciclídeos, se adaptaram muito bem à região. 

“Além de serem prolíficos, com grande voracidade, e predadores, tem a questão do aumento da salinidade, devido a retenção de água para geração de energia elétrica e irrigação. Também há as espécies costeiras que adentram nas águas interiores que competem com os organismos nativos de água doce por alimento. Estas são desfavorecidas pela mudança de qualidade de água. Dentre as espécies de peixes costeiras que adentram no continente, citamos camurupim, robalos, tainhas, baiacus e xaréus, por exemplo”, explicou.

Soares acrescentou que o novo perigo são espécies exóticas oriundas da Ásia, trazidas por aquicultores para cultivos intensivos na região e, que por algum problema como enchentes ou rompimento de tanques escavados com fuga de espaços confinados, acabam indo parar no rio, tais como o panga ou o camarão da Malásia.

Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, o Comitê vê estes estudos com grande preocupação. “Essas espécies invasoras trazem enormes prejuízos, a exemplo do tucunaré, que é da região Norte do país, e que aqui já se encontra há muito tempo. Existem outras espécies que também estão sendo citadas, como o panga. Entretanto, a nossa maior preocupação é com relação ao mexilhão dourado que pode trazer enormes prejuízos econômicos, socioambientais e para a população ribeirinha. Iremos cobrar das autoridades competentes um plano de ação e monitoramento que seja efetivo para o combate ao mexilhão dourado aqui na região do Baixo São Francisco e em toda a extensão da bacia”.

O pesquisador da UFAL complementa que as espécies invasoras podem causar desequilíbrio ecológico, com o aumento da predação de espécies nativas, bem como vão competir por alimento e por espaço com organismos locais, e que podem transmitir parasitoses e enfermidades à população. “O mexilhão dourado é outra espécie perigosa, que se alastra e ocupa o ambiente rapidamente e traz problemas para bombas e estações de abastecimento dos municípios, o que acarreta em um aumento dos custos de tratamento da água”, pontuou Emerson Soares.

É importante ressaltar que medidas importantes precisam ser tomadas para minimizar o dano ao rio São Francisco, e o professor da UFAL citou que o aumento da fiscalização, uma legislação mais rígida contra espécies exóticas, ordenamento da atividade aquícola (medidas de controle e de prevenção de fugas de peixes de piscicultura), a promoção de ações para captura e retirada destas espécies da região, como pesca e extração das espécies exóticas do ambiente, promoção de políticas de incentivo ao uso destas espécies na cadeia produtiva, tais como produção de farinha de peixe, uso de casca do mexilhão para fabricar tijolos e cobogós na construção civil, uso destes organismos como biofertilizantes, produção de adubos, a produção de silagem, a promoção de torneios de pesca controlada e esportiva com vistas a soltar as espécies nativas e capturar peixes exóticos, são bons exemplos para a busca da diminuição das espécies invasoras na região do Baixo São Francisco.

A Expedição Científica, por exemplo, tem trazido muitas informações sobre estas espécies, já que tem monitorado o aparecimento delas e correlacionou com as mudanças da qualidade de água e no ambiente. Também tem estudado de que forma esses organismos vêm aparecendo na região e como têm se proliferado.

Pescador há mais de 30 anos, Rodrigo Vieira, de Neópolis (SE), relatou que algumas espécies invasoras estão prejudicando bastante o trabalho dos ribeirinhos, pescadores e outros moradores da região do Baixo São Francisco que indiretamente sobrevivem do que ele oferece. 

“Quando entramos no rio para pescar temos grandes prejuízos porque, inclusive, aparecem siris que danificam as redes, mexilhões que acabam atrapalhando o trabalho de todos os profissionais. Porém, o tucunaré que é considerado uma espécie invasora pelos cientistas e demais pesquisadores acabou trazendo benefícios para nós, pois é fácil de pescar, bem como é vendável, circula bem economicamente”, finalizou. (CHBSF)

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