QUATRO EM CADA DEZ ALUNOS BRASILEIROS DO QUARTO ANO NÃO DOMINAM A LEITURA

Quase 40% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (EF) não dominam habilidades básicas de leitura, ou seja, apresentam dificuldades em recuperar e reproduzir parte da informação declarada no texto.

Os dados são do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) de 2021. Ele foi realizado em 65 países e regiões do mundo pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável por avaliar habilidades de leitura dos estudantes matriculados no 4º ano de escolarização. Os técnicos entendem que nessa fase da trajetória escolar, o aluno, normalmente, já aprendeu a ler e essa leitura é um instrumento para novos aprendizados.

Enquanto, no Brasil, 38% dos estudantes não dominam a leitura, em outros 21 países esse percentual não passa de 5%. Dentre eles, Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%).

O relatório mostra ainda que cerca de 24% dos alunos brasileiros dominam apenas as habilidades básicas de leitura. Somente 13% dos avaliados no país podem ser considerados proficientes em compreensão da leitura no 4º ano de escolarização, pois alcançaram nível alto ou avançado desta habilidade.

O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas, em 57 países e oito regiões classificadas como “padrões de referência”, como localidades do Canadá, dos Emirados Árabes (Abu Dhabi e Dubai) e Moscou, na Rússia.

A pontuação média alcançada pelos estudantes brasileiros (419 pontos) está no nível mais baixo da escala pedagógica de proficiência, com quatro níveis. De acordo com relatório do PIRLS 2021, o desempenho dos estudantes brasileiros na leitura “é significativamente inferior a outros 58 países, de total de 65 países e regiões de referência participantes”.

O Brasil teve desempenho semelhante ao dos estudantes do Kosovo (421) e Irã (413), e superior somente aos desempenhos da Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África e do Sul (288). No outro extremo, no nível Avançado, com os melhores resultados, estão: Singapura (587 pontos); Irlanda (577 pontos) e Hong Kong (573).

A edição de 2021 contou com participação do Brasil pela primeira vez. Ao todo, 187 escolas brasileiras participaram das avaliações, com 248 turmas de 4º ano do ensino fundamental e 4.941 estudantes, distribuídos em 143 municípios de 24 estados.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins, destacou a importância de o país integrar uma pesquisa educacional comparativa. “É um marco o Brasil participar do PIRLS, essa avaliação de leitura, porque é importante o Brasil se comparar com o mundo para a gente ver de fato se a aprendizagem, o ensino que a gente está fazendo aqui, está bem na perspectiva internacional”.

Desigualdades educacionais-O PIRLS 2021 mostrou que o Brasil, além de se destacar negativamente pelo baixo desempenho na qualidade da leitura, também apresenta desigualdades no sistema educacional associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor.

No Brasil, o levantamento internacional de 2021 apontou que as meninas se sobressaem no desempenho em compreensão leitora com um resultado médio de 431 pontos, significativamente superior ao resultado médio dos meninos (408 pontos). Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos apresentaram desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e indígenas têm uma estimativa pontual média de 399 pontos.

PANDEMIA-Em relação ao Brasil, o PIRLS declarou que a pandemia de covid-19 impactou na aplicação dos testes no país, uma vez que a maioria das escolas operavam em regime remoto ou híbrido com o presencial, o que reduziu a participação das unidades de ensino e dos alunos.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela logística da aplicação da avaliação internacional no Brasil, ressaltou o contexto dessa avaliação, ocorrida durante a pandemia.

Já o diretor do Iede, Ernesto Martins, discorda e argumenta que os resultados ruins são anteriores à pandemia. “É uma pena a gente não ter aderido ao PIRLS antes da pandemia. Seria bom a gente entender melhor qual foi o efeito da pandemia e o que é efeito de uma etapa que já não funcionava tão bem antes da pandemia. Acho difícil imaginar que o resultado ruim do Brasil se deve só à pandemia, porque o Brasil está muito atrás dos países desenvolvidos”.

Desafios-O PIRLS recomendou intervenção do governo brasileiro por meio de políticas públicas ainda na etapa educacional avaliada pelo PIRLS, mas também pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do 2º e 5º ano para evitar a repetição do baixo desempenho dos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental ao longo de sua trajetória educacional.

O diretor do Iede elegeu prioridades ao governo brasileiro na gestão da educação para diminuir a distância para o desempenho de nações desenvolvidas. “Precisamos de um sistema de ensino que dê muito suporte aos estudantes, acompanhe de perto, entendendo o contexto das crianças. Além de criar o hábito de leitura desde cedo. Porque esse estudante pode não ter o hábito de ser leitor fora do ambiente escolar, até por questões de família”. Ele acrescentou ser necessário trabalhar em políticas estruturantes, como formação de professores, para garantir uma melhora.

Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de vagas de tempo integral em escolas do ensino fundamental. O governo federal planeja também o lançamento de um novo Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e realiza uma pesquisa nacional com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter.

Avaliações nacionais e internacionais-O diretor do Iede, Ernesto Martins, comparou a avaliação internacional do PIRLS às avaliações nacionais gerenciadas pelo Inep: o Saeb e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, de acordo com ele, avaliam apenas alguns domínios da educação básica brasileira.

“Temos uma preocupação em relação ao Saeb ser pouco exigente. Se você comparar o Saeb com o PIRLS, por exemplo, não vê no Saeb textos tão longos como existem no PIRLS. Então, tem uma questão de complexidade diferente das avaliações”.

Para Martins, a solução passa por aumentar o nível de exigência das avaliações nacionais. “Acho que o Saeb e Ideb trouxeram uma grande contribuição para a gente fazer um monitoramento maior das aprendizagens. Ajudou as escolas a garantirem habilidades básicas que antes não estavam sendo garantidas, mas a gente precisa puxar a barra da avaliação [para cima]. Porque tem uma avaliação externa dizendo que o Brasil está muito mal nos anos iniciais. E, ao mesmo tempo, há uma avaliação nacional que diz que os alunos vão muito bem. Tem um problema com a nossa régua”, conclui.

Em resposta, o Inep destacou o rigor técnico das avaliações nacionais e internacionais sob responsabilidade do instituto vinculado ao Ministério da Educação (MEC). “[As avaliações] têm características próprias, mas todas são realizadas com o rigor técnico necessário para garantir a fidedignidade da medida. O que se deve observar é que, de fato, o Saeb e o PIRLS avaliam públicos diferentes com metodologias diferentes. Mas não se verifica contradição entre os resultados. As informações são complementares e ajudam a entender melhor o cenário educacional, a fim de planejar intervenções mais eficientes para sanar as lacunas de aprendizagem identificadas”.

O Inep detalhou que os resultados da última edição do Saeb, em 2021, mostram que, no 2º ano do ensino fundamental, 33,6% dos estudantes ainda leem apenas palavras isoladas. E, no 5º ano, 28,4% dos estudantes localizam informações explícitas em textos narrativos curtos, informativos e anúncios, e interpretam linguagem verbal e não verbal em tirinhas de ilustrações quadrinhos, mas, de fato, ainda não compreendem o sentido de palavras e expressões, por exemplo.

PIRLS-O PIRLS é realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas que se dedicam à realização de diferentes estudos e pesquisas educacionais comparativas.

A avaliação das habilidades de leitura pelo PIRLS está dividida em dois eixos. A experiência literária, com textos com função estética e lúdica. E a leitura de textos informativos que têm o objetivo de comunicar e esclarecer sobre um determinado tema. As provas aplicadas no fim de 2021 e início de 2022 foram nos formatos digital e em papel, conforme a localidade do mundo. No Brasil, o modelo adotado pelo Inep foi no papel. (AGENCIA BRASIL)

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PARTEIRAS EXALTAM ANCESTRALIDADE E BUSCAM RECONHECIMENTO

Ela era uma criança de nove anos e lágrimas nos olhos quando aparou um recém-nascido em suas mãos negras e pequenas pela primeira vez. Era uma noite chuvosa quando sua mãe entrou em trabalho de parto. O pai saiu para buscar a parteira, dona Bina, mas não chegaram a tempo de ver a criança nascer.

Hoje, Floriceia Carvalho das Neves, ou simplesmente Flor, tem 65 anos, 47 afilhados e centenas de crianças que ajudou a trazer ao mundo na comunidade quilombola da Ilha de Maré, região insular de Salvador sem ligação rodoviária com continente.

Parteira de profissão, Flor faz parte de uma legião de trabalhadoras que, mesmo encaradas como líderes em suas comunidades, batalham por mais visibilidade da porta para fora. Para isso, atuam para difundir o parto normal e incentivar mulheres grávidas a terem seus bebês seguindo as tradições ancestrais.

As parteiras tradicionais deram mais um passo nesta direção no dia  (5), quando inaugurada a Casa da Parteira de Taperoá, cidade de 21 mil habitantes do Baixo-Sul da Bahia.

Além de servir às parteiras da região, a casa será sede da Rede Nacional de Parteiras e Povos Originários e da Rede Internacional Escola de Saberes, Cultura e Tradição Ancestral. As entidades têm como foco a capacitação e a troca de experiências entre as parteiras tradicionais, além do atendimento a mulheres grávidas antes, durante e depois do parto.

"A mulher grávida tem que se empoderar para que, na hora do parto, quem conduza esse trabalho seja ela. Nós ajudamos, orientamos, mas quem faz o parto é a mulher", diz Suely dos Santos Carvalho, 72, fundadora das redes de parteiras e que já ajudou a trazer ao mundo mais de 5.000 crianças.

Militante do movimento sanitarista que resultou na criação do SUS (Sistema Único de Saúde), Suely é bisneta, neta, filha e mãe de parteiras tradicionais. Em 1991, ela fundou em Olinda (PE) o Cais do Parto, ONG que se tornou referência na formação de parteiras e no apoio a mulheres grávidas.

O embrião da entidade foi a criação, em 1989, da "roda de casais grávidos", espaço onde pais e mães recebem aconselhamento e se prepararam para o momento da chegada do bebê. A experiência se espalhou por outras redes de parteiras e segue viva até os dias de hoje.

A Casa da Parteira de Taperoá dará prosseguimento a este trabalho de incentivo ao parto normal, indo na contramão à tendência de avanço dos partos cesáreos entre as mulheres brasileiras.

O Brasil possui a segunda maior taxa de cesáreas no mundo, só perdendo para a República Dominicana, conforme pesquisa publicada em 2018 pela revista Lancet. Dos partos feitos no SUS (Sistema Único de Saúde), 40% ocorrem por meio de cirurgias. Na rede privada, o índice chega a 84%.

O procedimento cirúrgico, contudo, só deveria ser realizado em caso de necessidade, segundo diretriz da OMS (Organização Mundial da Saúde).

No Brasil, além de se tornar mais comum, as cesáreas passaram a ser incentivadas. Em São Paulo, por exemplo, o governo sancionou em 2019 um projeto de lei da então deputada Janaína Paschoal que garante à mulher a opção pela cesárea no SUS, mesmo sem indicação clínica. A decisão ocorreu a despeito de parecer técnico contrário da Defensoria Pública do Estado.

É neste cenário que muitas mulheres têm caminhado na direção contrária, buscando uma reconexão com as culturas ancestrais. Foi o caso da médica Camila Goes, 38, que que há oito anos vive em Taperoá.

Mãe de três filhos, Camila teve o seu mais velho há dez anos em um parto cesáreo, mas optou por dar à luz aos dois mais novos com o apoio de parteiras tradicionais. A experiência foi um impulso para que ela mergulhasse nesse universo e também se tornasse uma parteira, seguindo o legado de sua bisavó.

"Comecei a formação de parteira e, no meio, começaram a aparecer mulheres grávidas. Logo nasceu o primeiro bebê em minha casa, e depois viram vários outros", lembra Camila, que comanda as rodas de casais grávidos em cidades e assentamentos da região.

Ela destaca que o parto tradicional segue uma abordagem que vai além do corpo, tratando também do lado emocional e espiritual das mulheres grávidas. Daí a sua diferença em relação aos movimentos mais recentes pelo parto humanizado, majoritariamente formado por profissionais de saúde.

"A parteira tradicional sempre existiu, ela nasce com a humanidade. É um conhecimento milenar e que é muito parecido em diferentes culturas. E quando a medicina surgiu, ela não aprendeu com as parteiras porque era uma medicina branca e de homens", afirma.

O trabalho das parteiras tradicionais vai muito além do momento do parto. Em áreas rurais ou isoladas, elas se tornam uma espécie de líder das comunidades, atuando no acolhimento, aconselhamento e até mediação de conflitos familiares. São conhecidas como comadres de pais e mães e como madrinhas dos filhos nascidos pelas suas mãos.

Também há uma conexão do parto com a religiosidade, a despeito de a rede das parteiras não seguir nenhuma religião justamente para acolher mulheres grávidas de diferentes credos. Em geral, os trabalhos podem incluir banhos de ervas, benzimentos, patuás, a depender da cultura da comunidade.

Não se sabe ao certo quantos homens e mulheres trabalham auxiliando partos de forma tradicional no Brasil. O último levantamento foi realizado em 1993 e contabilizou cerca de 60 mil parteiras e parteiros, sendo a maioria em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

Depois de 30 anos, a tendência é que este número seja menor, já que grande parte das parteiras identificadas na época eram mulheres idosas e, nas últimas décadas, se tornou menos comum que o ofício de parteira passe de mãe para filha nas comunidades tradicionais.

Por outro lado, as parteiras estão mais organizadas e trabalham por uma melhor interlocução com os governos federal, estaduais e municipais.

Em 2011, o governo federal incluiu o trabalho das parteiras tradicionais como elemento de saúde comunitária o lançamento da Rede Cegonha. O programa foi retomado neste ano no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também revogou portarias vistas como incentivo a cesarianas.

A capacitação está entre as principais demandas das profissionais, que mesmo com o aprendizado de gerações buscam por mais conhecimento para auxiliar os partos normais.

"Temos parteiras que não sabem anatomia humana. São mulheres que passam 20, 30 anos tocando o corpo de mulheres e não sabem o que tem lá dentro. É preciso ensinar usando a linguagem delas", explica Suely Carvalho, que comanda cursos com parteiras tradicionais.

Outra demanda é apoio logístico para os partos que demandem atendimento médico, sobretudo em áreas isoladas. Também há um projeto para realização de um novo censo das parteiras.

A quilombola Floriceia Carvalho, que já chegou a fazer parto dentro de um barco na Baía de Todos-os-Santos, hoje ajuda a formar novas gerações de parteiras. E celebra o ofício milenar: "Confio em Deus, em Nossa Senhora do Parto e recebo o maior carinho a criança. É muito lindo ver uma criança nascer."

FONTE: (JOÃO PEDRO PITOMBO | FOLHAPRESS)

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UFCA RECEBE ACERVO DO POETA PEDRO BANDEIRA DOADO PELA FAMÍLIA

O curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) realizou na última terça-feira, dia 9 de maio de 2023, uma cerimônia para recepção de acervo doado pela família do poeta paraibano, radicado no Cariri, Pedro Bandeira. A cerimônia, realizada no Miniauditório Bárbara de Alencar, campus Juazeiro do Norte, contou com a presença do reitor, Ricardo Ness, e com a de outras autoridades universitárias e municipais.

“Príncipe dos poetas populares”, Pedro Bandeira foi repentista, cantador de viola, filósofo, teólogo, escritor, radialista e apresentador de TV – elogiado publicamente por grandes nomes nacionais, como Câmara Cascudo, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. Nascido em São José de Piranhas, na Paraíba, Pedro recebeu, em 2018, o título de Tesouro Vivo do Estado do Ceará, pela obra robusta, escrita desde criança, com incontáveis músicas e versos. Apresentou-se por todo o Brasil e também no exterior, recebendo diversos prêmios, diplomas, homenagens e comendas. 

 “Não é um arquivo só de Pedro Bandeira, é um arquivo da poesia, do repente de viola de todo o Brasil”, relatou Íria Bandeira, filha do poeta. Ela complementa afirmando que seu pai era reconhecido entre os poetas por tê-los ensinado a vender seus trabalhos. Além de Íria, outros dois membros da família de Pedro se fizeram presentes durante o evento: sua filha, Analica, e seu neto, Pedro Ian.  Antes e após a doação, os cantadores Jonas Bezerra e Chico Alves apresentaram canções autorais e cantaram repentes, ao som de violas. 

 No total, a UFCA recebeu, até o dia da cerimônia, 9 caixas, contendo cordéis, quadros com fotografias, livros, discos e troféus de Pedro Bandeira. Todas as doações, que são de diferentes épocas e fases da vida do artista, passarão por tratamento de higienização e por ações de preservação preventiva.  

Ao contar sobre a vida do pai, Íria Bandeira emocionou-se em diversos momentos e relembrou manias de Pedro, como a de dormir com diversos livros e cadernos embaixo de sua rede: “Às vezes, ele acordava de madrugada com algum verso em mente e já o transcrevia. Ele só dormia de rede. Se vocês quiserem essa rede, a gente doa essa rede também”, brincou Íria. Apesar da brincadeira, a família se colocou à disposição da Universidade para doar ainda mais itens, futuramente. 

Emocionado, Ricardo Ness comentou sobre a importância do acervo doado pela família de Pedro e de outros acervos já incorporados à Universidade. Conforme o reitor, a ideia é que a UFCA crie um Museu para expor todos os itens recebidos, mas, para isso, a instituição precisa de um espaço adequado, o que ainda não se materializou na Universidade. 

Também presente na cerimônia, a professora do curso de Biblioteconomia da UFCA, Francisca Pereira dos Santos, conhecida como Fanka Santos, reforçou a necessidade de se criar um espaço para exposição de itens já mantidos pelo Laboratório de Ciência da Informação e Memória (Lacim), responsável pela guarda do acervo doado pela família de Pedro Bandeira: “A gente precisa de estantes”, frisou a docente, provocando risos na plateia. Professora Fanka (de pé), da UFCA, durante doação de acervo de Pedro Bandeira à Universidade. Foto: Paulo Rossi – Dcom/UFCA Laboratório de Ciência da Informação e Memória O Laboratório de Ciência da Informação e Memória, vinculado ao curso de Biblioteconomia da UFCA, surgiu em 2009 como um espaço tanto de memória quanto de práticas de ensino e pesquisa para o curso. 

 Vice-Coordenadora do curso de Biblioteconomia e tutora do Lacim, a professora da UFCA Vitória Gomes afirma que a doação do acervo de Pedro Bandeira não só é importante para o curso de Biblioteconomia, como também é “importante para a cultura brasileira” como um todo: “Ele [o acervo] é um patrimônio que nós temos e que agora a UFCA tem a missão de salvaguardar e proteger”, finaliza.

Em breve, o acervo de Pedro Bandeira estará disponível para consulta pela comunidade acadêmica da UFCA e também por parte dos públicos externos. Para ter acesso às obras e aos itens sob a guarda do Lacim/UFCA, basta agendar uma visita, pelo perfil do Laboratório no Instagram ou pelo e-mail lacim.ccsa@ufca.edu.br.  Serviço Curso de Biblioteconomia – UFCA Laboratório de Ciência da Informação e Memória lacim.ccsa@ufca.edu.br

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POLICIA FEDERAL CUMPRE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO NA USINA NUCLEAR ANGRA 1

A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (11) na Usina Nuclear Angra 1, em Angra dos Reis (RJ).

Segundo a PF, a medida judicial está relacionada aos dois inquéritos policiais que investigam o vazamento de água contaminada com resíduos nucleares ocorrido em 16 de setembro de 2022.

Na ocasião, a Eletronuclear deixou de avisar a autoridades responsáveis sobre um vazamento de material radioativo no mar da Baía de Itaorna.

As investigações apuram supostas condutas omissas na comunicação dos eventos na usina e possíveis crimes ambientais.

Procurada pelo g1, a Eletronuclear disse que "o incidente foi encerrado, suas causas estão sanadas e não existem áreas impróprias nem risco de agravamento da situação". Afirmou também que "nenhuma norma foi infringida pela empresa, que sempre atuou com total comprometimento e respeito ao meio ambiente". Veja na íntegra:

"A Eletronuclear confirma a presença da Polícia Federal (PF) na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, na manhã desta quinta-feira (11). A ação faz parte das investigações sobre o incidente na usina Angra 1, ocorrido em setembro do ano passado.

É importante ressaltar que todas as informações e detalhes solicitados continuarão sendo fornecidos às autoridades, reforçando o compromisso da empresa com a segurança e bem-estar de todos.

A empresa reitera que o incidente foi encerrado, suas causas estão sanadas e não existem áreas impróprias nem risco de agravamento da situação. Além disso, o evento não ocasionou nenhum tipo de prejuízo às pessoas ou ao meio ambiente, conclusão referendada pelos próprios órgãos licenciadores (Ibama e Cnen). Nenhuma norma foi infringida pela empresa, que sempre atuou com total comprometimento e respeito ao meio ambiente.

Nesse sentido, a Eletronuclear permanecerá à disposição dos órgãos competentes para todos os esclarecimentos necessários sobre o incidente. "

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JORNALISTA CHICO JOSÉ PARTICIPA PALESTRA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em comemoração ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), realizará uma aula aberta sobre os desafios da profissão, com o jornalista cratense Francisco José. 

O evento, gratuito e presencial, ocorrerá no dia 11 de maio, às 19h, no auditório do campus Juazeiro do Norte. Na ocasião também haverá o lançamento da sétima edição da Semana de Jornalismo do Cariri. 

Chico José ganhou destaque nacional com as reportagens especiais para o programa Globo Repórter

Na aula, além da explanação de Chico José, os participantes poderão compreender como ocorre, na prática, uma coletiva de imprensa. A entrevista coletiva será conduzida pelos estudantes que atualmente compõem a equipe da Agência Cariri, formada por estudantes do Laboratório de Assessoria de Imprensa, sob a supervisão do professor do curso de Jornalismo da UFCA, Edwin Carvalho. 

Os jornalistas profissionais e o público em geral também poderão fazer perguntas ao convidado. Francisco José  Primeiro jornalista nordestino a apresentar o Jornal Nacional, Chico José trabalhou durante 46 anos na TV Globo, atuando por mais de três décadas como repórter especial no Globo Repórter. Fez cobertura de quatro Copas do Mundo, duas Olimpíadas e foi enviado especial da Guerra das Malvinas.  

O jornalista conta no seu currículo, além de diversas reportagens, com uma indicação ao Emmy, o mais importante prêmio da televisão mundial. Projeto Aulas Abertas O evento faz parte do projeto Aulas Abertas, criado em 2021, pela Agência Cariri.

A programação alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, data instituída pela Organização das Nações Unidas, incluirá, além da aula, o lançamento da sétima edição da Semana de Jornalismo do Cariri, que ocorrerá entre os dias 2 e 6 de outubro. 

Na oportunidade, o tema do evento também será divulgado.  Haverá ainda o lançamento da nona edição da Revista Caracteres, produzida pelos estudantes do Laboratório de Jornalismo Impresso do curso de Jornalismo da UFCA. Serviço Agência Cariri (Agência de notícias do curso de Jornalismo da UFCA) agenciacariri.iisca@ufca.edu.br

Fonte: https://ufca.edu.br

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RITA LEE, RAINHA DO ROCK BRASILEIRO, MORRE AOS 75 ANOS

Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.

A família da cantora divulgou um comunicado nas redes sociais dela: "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou". O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h às 17h.

Rita ajudou a incorporar a revolução do rock à explosão criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverência.

Sempre moderna, Rita foi referência de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de carreira. O título de “rainha do rock brasileiro” veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona” - preferia “padroeira da liberdade”.

Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs. 

Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Os Mutantes-Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966.O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. 

Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck e outros.

O trio acompanhou Gilberto Gil em “Domingo no parque” no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em “É proibido proibir” no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo em 1968, dois marcos da tropicália.

Os Mutantes também participaram do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravação fundamental do movimento. 

Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela dos Mutantes. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

A carreira pós-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que tinha a música “Agora só falta você”.

A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop-rock com grande sucesso.

Um dos álbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo título do ano seguinte, ela segue na direção mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança perfume” e “Baila comigo”. 

Ela era uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 80. Entre os álbuns de destaque estiveram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio. 

Entre 1991 ela começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos. 

Em 1996, ela caiu da varanda do seu sítio, sob efeito de remédios, e quebrou o recôndito maxilar. Rita começou a tentar largar o álcool e as drogas, mas disse ao “Fantástico” que só conseguiu fazer isso em janeiro de 2006. 

Em 2001, RIta Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.

Em 2012, ela anunciou que deixaria de fazer shows por causa da fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, ela escreveu no Twitter. 

Em 28 de janeiro daquele ano, no Festival de Verão de Sergipe, ela fez o show anunciado como último da carreira, quando ela discutiu com um policial. Ela foi acusada de desacato à autoridade, levada à delegacia e liberada em seguida. 

Rita Lee realmente nunca mais fez uma turnê. Mas ainda fez um show no Distrito Federal no fim de 2012, em que abaixou a calça para o público, e cantou no aniversário de São Paulo em 2013, ovacionada pelo público de sua cidade.

Seu último álbum de canções inéditas em estúdio saiu em abril de 2012. “Reza” era, então, seu primeiro trabalho de inéditas em nove anos. A faixa-título foi a música de trabalho, definida por ela como “reza de proteção de invejas, raivas e pragas”.

Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo.

Em 2016, ela lançou “Rita Lee: uma autobiografia”. Uma das revelações do livro foi que ela foi abusada sexualmente aos seis anos de idade por um técnico que foi consertar uma máquina de costura de sua mãe em casa.

No livro, um sucesso de vendas, ela também falou com sinceridade sobre episódios da carreira, como quando foi expulsa dos Mutantes em 1972, e da vida pessoal, como a luta contra o alcoolismo.

Além da autobiografia, Rita Lee tem uma longa trajetória como escritora. A série “Dr. Alex” é de 1983, mas foi relançada em 2019 e 2020 e tem foco na luta pela causa animal e ambiental da cantora. Em março de 2023, ela anunciou "Outra Autobiografia", que está em pré-venda.

Ela também escreveu “Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz” na literatura infantil. “FavoRita”, “Dropz”, “Storynhas” e “Rita Lírica” são outros livros escritos pela cantora.

Na TV, Rita participou das novelas “Top Model”, “Malu Mulher”, “Vamp” e “Celebridade” em participações especiais.

Diagnóstico de câncer-Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão. Ela seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia.

Quatro meses depois, ela lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.

Em abril de 2022, seu filho Beto Lee escreveu que ela estava curada do câncer.

Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

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MANOEL GERALDO: UM TOCADOR AUTÊNTICO DE SANFONA DOS 8 AOS 120 BAIXOS

“A verdadeira sanfona é aquele instrumento menor, de oito baixos, onde abrindo o fole é uma nota e fechando é outra, ensinada de pai para filho, conhecido no interior do nordeste como pé-de-bode ou concertina, e no sul como gaita-ponto”. (Oswaldinho do Acordeon)

A definição acima é compreendida pelo sanfoneiro Manuel Geraldo, pai do músico percussionista Paulo Henrique (PH Lucas). A familia perdeu recentemente seu Pedro Rodrigues, que viveu 101 anos. A partida de seu Pedro representa que o mundo da sanfona de 8 baixos fica cada vez mais sem ícones que possam ensinar aos mais jovens e manter a tradição da cultura de tocar 8 Baixos.

Com a morte de seu Pedro, Manuel Geraldo, mantem a puxada da sanfona de 8 baixos. Manuel Geraldo é um dos poucos sanfoneiros que toca sanfona de 8 baixos e também a de 120 baixos.

Na atualidade são poucos os sanfoneiros de 8 Baixos que continuam mantendo a sonoridade considerada uma arte. O músico e neto PH Lucas, disse que o avô "era pura alegria e amante da música e da sanfona de 8 Baixos",

Manuel Geraldo, e considerado um dos mais talentosos da região, toca sanfona de 8 e de 120 baixos, um dos poucos sanfoneiros que possui este conhecimento.

"Meu pai, Pedro Rodrigues partiu. Cumpriu a missão na terra. Deixou uma história de determinação", disse Manuel Geraldo.

"Quem sabe tocar sanfona de oito baixos hoje está ficando velho, morrendo. É preciso renovar, buscar novos talentos, para a tradição não morrer". Essa é preocupação do sanfoneiro paraibano Luizinho Calixto, que há mais de 20 anos inicia crianças no instrumento, famoso nas mãos de Januário, pai de Luiz Gonzaga. O músico desenvolveu uma didática para facilitar o ensino, que carece de professores em todo o Nordeste. Em 2012, ano do centenários de Luiz Gonzaga, Luizinho Calixto realizou uma oficina para alunos de Exu Pernambuco que receberam o certificado de que aprenderam os primeiros passos na "pé de bode".

A sanfona de oito baixos é dividida em baixo, fole e teclado com 21 teclas. Cada tecla faz um som diferente quando o fole abre e fecha, ou seja, são 42 sons ao todo. As teclas do baixo têm que ser tocadas na hora certa, em harmonia com as do teclado. "A sanfona de oito baixos veio da Europa com uma afinação diatônica. Quando chegou aqui no Nordeste, alguém transportou, não se sabe o porquê nem baseado em quê, a afinação para o dó-ré, que é única no mundo todo", explicou Luizinho Calixto.

Esta falta de informação sobre a sanfona de oito baixos foi um desafio que o músico teve que vencer para poder elaborar a oficina de iniciação. "Diziam que só tocava quem tinha dom ou um parente na família para ensinar. Mas criei um sistema onde cada tecla é um número. Se a tecla está pintada de vermelho, é para fechar. De azul, para abrir. Assim, os meninos olham e pronto, já saem praticando sozinhos", disse. 

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