MARCHA PELA VIDA DAS MULHERES E PELA AGROECOLOGIA ACONTECE NO DIA 16 DE MARÇO

No próximo dia 16, agricultoras que atuam no Polo da Borborema e em outras regiões da Paraíba e do Nordeste, vão às ruas para protestar contra os danos da presença de parques eólicos e usinas solares nos territórios rurais em que vivem. A 14ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que será realizada no Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, denuncia a contradição na produção industrial da energia renovável, que apesar de ser tida como limpa, empobrece e adoece as famílias rurais e, ainda, as expulsa do campo.

Com capacidade de atrair milhares de agricultoras dos 13 municípios que o Polo atua, além de mulheres de outros territórios do Semiárido paraibano e estados vizinhos, a Marcha é um grande palco no qual se problematizam assuntos importantes para o bem-estar das famílias camponesas, especialmente, as mulheres. A expectativa da Coordenação de Mulheres do Polo da Borborema, organizadora da Marcha, é que o ato reúna cerca de cinco mil mulheres. Quase a população total do município que, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021, é de 5,8 mil pessoas. A marcha deste ano repete o lema de 2022: Borborema Agroecológica não é lugar de parques eólicos.

Um dos motivos que influenciou a manutenção do tema foi o aumento da presença, no território, das empresas que exploram os ventos e o sol; e, além da produção, as linhas de transmissão de energia que irão recortar o território. Há relatos de que os representantes passaram em Remígio, Esperança, Solânea, Algodão de Jandaíra, Arara, Casserengue, Montadas, Lagoa Seca, São Sebastião de Lagoa de Roça, entre outros municípios. Nos últimos meses, é bem comum ouvir relatos de que comunidades, famílias e sindicatos que foram visitados.

À primeira vista, a chegada dos parques eólicos e usinas solares na região trouxe às pessoas que vivem nesses territórios a ideia de progresso, tanto, que com a chegada desses empreendimentos, dona Erivanda (nome  fictício) sentiu vontade de arrendar um espaço de sua propriedade de 10ha para a instalação de alguma torre. Mas, mudou de ideia quando teve conhecimento dos problemas que esses gigantes aerogeradores causam para as famílias e comunidades rurais.

“Foi na Marcha que soube do ‘destruimento’ que causam. Deus me defenda que eu não quero isso. Essa energia dá muitos problemas”, enfatizou a agricultora de 54 anos que mora em Montadas, município que vai sediar a 14ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, no dia 16 desse mês.

Maria Anunciada Flor, agricultora e liderança do município de Queimadas, que está na coordenação da Marcha, conta que a chegada dos parques de energia eólica no território tem sido um grande motivo de preocupação para as mulheres agricultoras da região, que podem ser impactadas com mudanças drásticas, já que em suas propriedades há as  histórias de vida a partir da criação dos filhos e ensinamentos para valorizar a terra e a agricultura.

“As mulheres produzem alimentos para sobrevivência da família, criam os animais, comercializam seus produtos, participam das ações nas comunidades e tudo isso deixa de existir a partir da assinatura de um contrato que a empresa traz,  junto com falsas promessas, sem mostrar a realidade negativa na vida das famílias. Um contrato que geralmente a agricultora não tem nem direito de saber o que tem escrito e que se renova automaticamente com o tempo. Além disso, quando a agricultora se torna uma arrendatária,  acaba por perder os direitos que tem como produtora rural, como o de se aposentar, de requerer salário maternidade, auxílio-doença ou acessar qualquer outra política pública como agricultora. E isso prejudica todos os demais membros da família”, resume.

O movimento conta com o protagonismo de jovens engajados na causa e que se preocupam com os recursos deixados para as próximas gerações | Foto: AS-PTA

A líder sindical também pontua os mais diversos danos à saúde dos moradores do território causados pela presença dos aerogeradores, desde problemas relacionados à depressão a danos auditivos ocasionados pelo barulho dos aerogeradores que funcionam dia e noite. Os animais criados nas propriedades também acabam estressados pelo mesmo motivo, e as paredes das casas e cisternas ficam rachadas por causa da vibração das torres eólicas.

“A marcha tem um papel de extrema importância que é de as famílias trazerem o conhecimento de tudo que é nocivo em relação a esses empreendimentos. Ocupamos todos os espaços de comunicação para mostrar a realidade com base em estudos reais. Desde 2018 colhemos depoimentos das famílias que foram prejudicadas e fizemos intercâmbios para ver de perto o problema. Nós queremos energia renovada sim, mas que seja uma energia descentralizada, onde todos possam ter acesso e  que não seja uma energia que venha prejudicar o meio ambiente e nem as pessoas”, ressalta.

PROTAGONISMO JUVENIL-A juventude dos territórios do Polo da Borborema também vem em um forte movimento pela causa. As articulações por parte dos jovens vem mobilizando as comunidades por meio de panfletos entregues porta a porta,  programas de rádios e diálogos com as pessoas. Além disso, audiências públicas com os jovens,  encontros municipais e regionais, visitas e intercâmbios entre os municípios estão sendo realizados para abrir mais espaço ao debate.

Aline Belarmino, da Comissão Executiva de Juventude do Polo da Borborema, que vive na Cidade Agroecológica de Remígio, explica que a ideia é conhecer lugares e desafios para expandir a discussão. “A gente não quer essa forma de energia chegando no nosso território. Daqui a alguns anos nós, enquanto jovens, não vamos ter direito ao nosso acesso à terra. Se assinarem esses contratos, como vamos no futuro ter o nosso nosso local de plantar, de colher, de criar e viver?”

Para a jovem liderança, que já participa da marcha desde as edições iniciais, quando ainda era criança,  o manifesto é um momento emocionante. Isso por que para ela, é um ato de liberdade e de expressar a luta por todas as mulheres agricultoras. “É um momento em que a gente se reconhecer uma na outra. Tanto aquelas que sofrem as violências quanto aquelas que já morreram lutando como nós. Um momento de expressão, de liberdade, de luta, de lágrimas de alegria, de tristeza, mas também uma lágrima de vitória por conseguir movimentar tantas mulheres para denunciar as formas de violência e opressão da sociedade”.

MARCHA-A 4ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia se realiza em uma data especial, na qual se celebra o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Segundo Adriana Galvão, assessora técnica da AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, a coincidência das datas foi proposital para explicitar uma grande contradição. Afinal de contas, a energia gerada a partir do vento e do sol é limpa mesmo?

“A solução que está sendo construída é meramente baseada numa relação de mercado. Se propõe a troca de uma matriz energética, com base nos combustíveis fósseis, por outra, baseada na energia renovável, sem entender o desequilíbrio socioambiental que afeta as populações dos lugares onde estão sendo instalados os parques eólicos e as usinas solares”, argumenta.

Roselita Vitor, liderança sindical e uma das coordenadoras políticas do Polo da Borborema – um fórum que reúne 13 sindicatos rurais – destaca o desafio que tem sido expor essa contradição.  “Um número muito pequeno de pessoas conhece os impactos negativos provocados pelo modelo industrial de produção de energia nos territórios. Aqui, na Borborema, há cerca de 19 mil famílias agricultoras. As cidades vivem a partir da renda rural. O que vai significar a chegada desses parques, inclusive, na economia dos municípios?”, questiona.

Além disso, a liderança sindical pontua que a forma como essas empresas chegam nos territórios de todo o Semiárido é estarrecedora. E no Polo da Borborema não é diferente. Os direitos das famílias vêm sendo violados e essa abordagem sendo feita em cada unidade familiar de forma individualizada e, sozinhas, elas não têm força social para resistir. Sem falar que não recebem as informações adequadas sobre os riscos. “O que significa falar com um agricultor de 60 anos, que não sabe ler, sobre uma renda fixa até o final da vida?.”

No entanto, toda essa mobilização para enfrentar as indústrias que querem se instalar nos territórios não significa que as mulheres agricultoras são contra a energia renovável. “Nós não queremos esse modelo privatizado, que fica nas mãos de grandes empresas, que concentram as riquezas geradas com a produção da energia. Nesse modelo, o agricultor, a mulher do campo e a juventude ficam apenas com os prejuízos. Queremos que cada família agricultora possa ter placas solares em suas casas para gerar a energia necessária para o seu uso”, sustenta Adailma Ezequiel, uma jovem liderança sindical do território.

Por que em Montadas dessa vez? Montadas fica numa região da Borborema Agroecológica que faz fronteira com municípios onde as empresas já têm licenças emitidas pelo Estado para instalar os parques industriais. Isso acontece em Pocinhos, por exemplo, endereço de oito parques eólicos do Complexo Serra da Borborema, da empresa EDP Renováveis, além de três usinas fotovoltaicas nos nomes das empresas Sices Brasil SA e Arigo Solar Energia SPE Ltda.

“Montadas é um município estratégico para reafirmarmos a nossa luta, uma vez que as terra dos agricultores e agricultoras estão sendo ameaçadas pela instalação dos parques eólicos e usinas solares”, comenta a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Montadas, Jaílma Flávia Fernandes.

A Marcha se concentrará na Praça Josefa Tavares, no Centro de Montadas, às 8h, e depois fará um percurso de 1,5 quilômetro até voltar para o lugar de partida. A presença da cirandeira Lia de Itamaracá está confirmada para animar as participantes com voz  e a percussão que marca as batidas da ciranda.

POLO BORBOREMA: O Polo da Borborema é um coletivo de sindicatos rurais de 13 municípios do Território da Borborema. Ele defende e põe em prática um projeto político de fortalecimento da agricultura familiar por meio da convivência com o Semiárido e da agroecologia. A ação do Polo mobiliza mais de nove mil famílias e envolve desde o agricultor e a agricultoras até os filhos, dos jovens às crianças

Serviço

O que: Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia

Onde: Montadas (PB)

Quando: 16 de março – Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas

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DEMIS SANTANA: AO MESTRE COM CARINHO

Nesta segunda-feira, 13/03/2023, via na TV, um dos últimos episódios da novela: Mar do Sertão, 18 horas, quando me deparei com as cenas em que a filha professora(que já havia alfabetizado várias pessoas), do personagem Timbó, toma coragem para alfabetizar o pai e a mãe.

As cenas obviamente me afogaram em lágrimas, porque meu pensamento num zas-trás, relembrou que uma jovem artista pop, havia levantado uma polêmica ao afirmar que: "quem não tem o que fazer, vai ser professor(a), e que um professor(a), trabalha um mês inteiro para ganhar 5 mil reais, e ela por meia hora de show, recebia 70 mil reais".

Relembrei que na sexta-feira dia 10/03/2023, depois de dar aulas nos turnos da manhã, tarde e noite, tomei umas tantas brejas. Havia marcado com minha irmã no sabado, para que junto com o namorado dela, passasse em casa para me dar uma carona para o sítio da família.
Acordei numa ressaca gigantesca e só queria dormir.

Num determinado momento, sentado no banco de trás do automóvel, estaciona ao lado, um outro carro que busina insistente. Não reconhecemos o motorista, mas ele desceu o vidro e disse: É o professor?

Desci do veículo, e surpreso, ví correndo em minha direção um ex-aluno de 10 ou 11 anos de idade. Trata-se de Pablo, que fora meu aluno da 4 e 5 série do fundamental II, em anos consecutivos. Pablo correu ao meu encontro e me deu um abraço bem apertado que durou um bom tempo. Agradeci, perguntei pelos colegas de turma. Nós despedimos, agradeci ao pai do aluno, e retornei para o banco traseiro do carro, sem consegui dormir durante o trajeto. Depois de um tempo de silencio, minha irmã que foi minha professora no curso de pedagogia na UNEB, disse: "É mano, este é o capital que colhemos e aculmulamos no desempenho da nossa profissão".

Ficamos os três emocionados.
Hoje, segunda-feira, 13/03/2023, após a novela das 18 horas, fui à padaria, próxima ao Banco do Brasil de Curaçá sede, e a moça que despachava no balcão dos pães, me indagou: "O senhor lembra que foi meu professor a cerca de 20 anos atrás? Eu fico muito cansada depois do trabalho, mas quando lembro de suas aulas e de outros/ outras, professores/ professoras, tenho vontade de retomar os estudos".

No caminho de volta para casa, percebi uma conexão nisso tudo, e só então decidi escrever este longo texto, que intitulei de: "Ao Mestre com carinho".
DEMIS SANTANA
13/03/2023
Curaçá-BA.
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VII ENCONTRO DOS EX-ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL/ESCOLA DE PETROLINA FOI REALIZADO COM SUCESSO E MUITA EMOÇÃO

Foi realizado no último sábado, dia 11 de março , o VII Encontro dos ex-Alunos do Colégio Estadual/Escola de Petrolina. Este ano o evento aconteceu na Chacara Bom Pastor, localizado na Estrada da Tapera. 

Detalhe: O Colégio Estadual/Escola de Petrolina foi e continua sendo na memória dos ex-alunos uma referência na formação e transformação educacional de todos que lá estudaram. Exemplo, o cantor e compositor Aldy Carvalho e Humberto Barbosa e Maciel Melo, uma das maiores expressões da música brasileira. Portanto o colégio foi um celeiro de talentos e colocou outros grandes profissionais.

A programação contou com uma Missa de Ação de Graças que foi realizada na Igreja da Matriz. O encontro foi marcado pelos shows de Orlando e seus Teclados, Pedro Duarte e Linguagem Musical.

O ex-aluno e um dos organizadores do encontro, o gestor imobiliário Aldizio Barbosa, avaliou o evento mais uma vez como um grande sucesso e momentos de muitas emoções de "todos aqueles que participaram do bom tempo de estudantes". 

"São amigos que moram em São Paulo, Salvador, Natal, Recife, Curitiba enfim de todos os lugares desse Brasil. O mais importante é confraternizar e marcar já o próximo encontro, sempre para relembrar nossas boas histórias. Agora é pensar e planejar 2024", disse Aldizio.

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VEREADOR PROPÕE TÍTULO DE CIDADANIA EXUENSE PARA O CANTOR WALDONYS

Na sessão ordinária na plenária Luiz Gonzaga no último dia 08 de março, o vereador Júnior Pinto apresentou um projeto de indicação para o cantor e compositor Waldonys, sugerindo que ele receba o título de Cidadão de Exu. Durante sua apresentação, o vereador destacou a importância de reconhecer o talento e a contribuição cultural de Waldowys para a cidade de Exu.

A proposta foi recebida com entusiasmo pelos demais vereadores presentes, que demonstraram apoio ao vereador. Ao final da votação, o projeto de indicação foi aprovado por unanimidade.

Waldonys é um nome reconhecido na música popular brasileira, tendo lançado diversos álbuns e participado de projetos importantes ao longo de sua carreira. Sua relação com a cidade de Exu, localizada no interior de Pernambuco, é muito próxima, tendo sido homenageado em outras ocasiões pela comunidade local.

Com a aprovação do projeto de indicação, Waldonys poderá receber oficialmente o título de exuense, uma honraria que reconhece sua contribuição para a cultura e a história da cidade.

HISTÓRICO: Waldonys nasceu em Fortaleza em 1972, começou a tocar acordeon ainda criança. Suas referências musicais foram construídas bebendo na fonte dos menestréis da sanfona no Nordeste, Dominguinhos e Luiz Gonzaga, seu padrinho de profissão.

Conhecido no meio musical e entre familiares e amigos como um amante da música e também da arte de voar, Waldonys cruza os céus em arrojadas manobras acrobáticas a bordo do seu avião e em seus saltos de paraquedas, no qual já contabiliza mais de 3 mil saltos, fazendo assim da atividade aeronáutica uma arte. Hoje, há shows conjugados: um nos céus; outro nos palcos.

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ANTÔNIO BARROS COMPLETA 93 ANOS DE NASCIMENTO NESTE SÁBADO (11)

O cantor e compositor paraibano Antônio Barros completa neste sábado (11) de março 93 anos de idade. Ao lado de Cecéu, companheira dele na vida e na música, a dupla compôs vários sucessos que ganharam o mundo nas vozes de Elba Ramalho, Fagner, Luiz Gonzaga, Gilbero Gil, Ney Matogrosso, entre outros artistas. Foram mais de 700 músicas.

No ano de 2019 tive a suprema alegria/emoção de compartilhar por algumas horas da presença de Antonio Barros, Ceceu e Mayra, a filha do casal. Antonio Barros que eu não conhecia pessoalmente, mas que foi responsável e isto falei para ele, foi alicerce e contribuiu para que eu fosse hoje pesquisador, jornalista que sou atualmente. Imaginei o menino lá da Paraiba que ouvia o ídolo no pé do Rádio.

Vivi 50 anos e o destino me proporcionou este encontro em Petrolina e Juazeiro, nas margens do Rio São Francisco.  Na maioria do tempo o ouvi. O brilho das palavras e lembranças faladas cantadas de um Toinho que conviveu e deu vida a centenas de músicas interpretadas por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Trio Mossoró, Dominguinhos, Ney Matogrosso e quase todas as estrelas da música brasileira.

As músicas de Antonio Barros embalou meu tempo menino adolescente através das ondas do Rádio. Adulto me fez pensar sobre o Nordeste e a importância de sua história. Eu ouvi certa vez um locutor dizendo que a música era  autoria de Antonio Barros. Logo fiquei a imaginar de onde viria tamanha grandeza humana para falar dos mistérios mais escondidos do ser humano, das paixões, desencontros, esperanças de uma chuva que está para chegar.

Hoje compreendi com a trajetória do tempo. Antonio Barros é um sopro de Deus, Poder Superior feito de Luz que deu de presente a este pedaço de terra, um Poeta. Poeta cidadão do mundo Antonio Barros.

Lembro que meu amigo Aderaldo Luciano numa carta endereçada ao cantador Beto Brito, relatou a certeza e vai colocar isso em um livro, "que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel".

É por isto que todo dia às 18horas digo em prece: Antonio és um Sopro de Deus...Agradeço por tua existência e a cada letra, ritmo, melodia, harmonia que você alimentou por este Brasil afora. És alegria das Noites de São João, São Pedro e Santo Antonio. És luz. Antonio Barros fogueira luz acesa da grandeza da música que encanta almas e alimentas os seres humanos de Paz.

Ao olhar essa fotografia veio-me uma saudade e uma emoção desmedida. Lembrei-me de toda minha infância e adolescência, quando ainda respirávamos um pouco de inocência diante da vida. Minha geração e todos do meu ciclo vivemos norteados musicalmente pelos lançamentos das músicas de Antonio Barros e Cecéu. A primeira vez que ouvi É Lá, É Cá, É No Balanço Do Mar fiquei balançado. 

Os dois plantaram em mim o gosto pela música, apontaram-me o caminho da constância, a busca pela disciplina, o caminhar para a frente. Nesses tempos novos de tão pouca criatividade e de tão extensas caricaturas, o casal 1000 permanece intacto em sua excelência. Plantaram no Brasil os doces bordões: lembrem-se de Ney Matogrosso cantando Homem Com H. E foi assim a cada ano, a cada São João, a cada "assustado". 

Devemos muito aos dois e como agradeço ter vivido sob seu som, sob sua genialidade. Na fotografia estão abraçados e abraçando a seguidora, filha e ótima cantora Mayra Barros que gentilmente cedeu-me a oportunidade de escrever minha pequena homenagem. Serei eternamente grato. (*Fonte: Professor doutor em Literatura Aderaldo Luciano)

ANTONIO BARROS E CECEU-ANTONIO BARROS E CECEU: Quando Antonio Barros e Cecéu se encontraram em 1971, desde então formaram uma parceria no trabalho musical e no amor. Passaram a compor juntos e se tornaram um casal de sucesso. Levantando a bandeira de uma forte expressão artística no companheirismo do dia a dia, essa dupla se transformou num paradigma da cultura popular brasileira, pois nesse decorrer são cerca de novecentas músicas gravadas pela maioria dos intérpretes brasileiros, alcançando popularidade até no exterior, onde também suas músicas foram gravadas na Itália, Espanha, Portugal e Israel.

Homem Com H, Por Debaixo Dos Panos, Bate Coração, como também as famosas Procurando Tu, Casamento Da Maria, Sou O Estopim, Amor Com Café, Forró Do Poeirão, Forró Do Xenhenhém, Óia Eu Aqui De Novo; são algumas das canções que fazem parte do acervo de músicas autorais dessa dupla e gravadas por expressivos nomes da MPB como Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Dominguinhos, Gilberto Gil, Alcione, Ivete Sangalo, Fagner, Gal Costa, MPB-4 e os saudosos Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês.

Esses artistas consagrados que fazem parte da realidade e da história da música, conseguiram romper a regionalidade sem perder o sotaque. Na capital paulista, onde residiram uma longa temporada desde 1995, o casal apresenta seus shows com classe e charme através de seus inúmeros sucessos. Pelo Nordeste nas festas juninas a dupla consegue fazer o seu público cantar cada música de seu repertório completamente autoral. “A história e a música de Antonio Barros e Cecéu se mantém sempre em atividade. Exemplo disso é encontrar regravações e releituras de nossas músicas feitas por uma nova geração de artistas, não somente de artistas regionais, mas muitas vezes de artistas pops e DJs de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que constantemente estão cultivando a nossa obra.” (Disse Antonio Barros)

ANTÔNIO BARROS nasceu em 11 de Março de 1930 na pequena cidade de Queimadas na Paraíba. Filho de Severino Barros da Silva e Luiza Rodrigues da Silva, estudou no Grupo Escolar José Tavares e a maior parte de sua infância foi vivenciada na zona rural. Quando sobrava tempo para brincar, costumava pegar uma lata vazia de 20 litros, colocava a cabeça dentro, batia do lado de fora com as duas mãos, fazendo ritmo, enquanto cantava para ouvir sua própria voz com efeito reverberado.

Aos dezenove anos de idade foi trabalhar como músico tocando pandeiro na rádio Caturité em Campina Grande-PB. Aos vinte anos, mais ou menos, foi para Recife-PE e na rádio Tamandaré deu continuidade ao seu trabalho como músico pandeirista. Foi nessa mesma época que escreveu sua primeira música e conheceu Jackson do Pandeiro, o qual se tornou um grande amigo do artista, apoiando-o na vida profissional.

A partir daí começou a gravar suas primeiras canções profissionalmente com Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda e Zito Borborema. Logo depois foi para o Rio de Janeiro e desenvolveu ainda mais seu ambiente no meio musical, onde passou a gravar também com Luiz Gonzaga, Marinês, Trio Nordestino e tantos outros.

Estando em Recife em meados da década de 50, Antonio Barros acompanhando o sucesso do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, compôs ESTRELA DE OURO, e num dos shows do artista na cidade, Antonio Barros foi se apresentar a ele, e lhe mostrar a música, de tema conveniente ao momento da carreira de Luiz Gonzaga. Pois conta: “Reinado e coroa, tudo isso o baião me deu. Estrela de ouro no meu chapéu, roupa de couro e gibão. Como um milagre caído do Céu, fizeram-me Rei do Baião…”

Quando Luiz Gonzaga começou a se consagrar ainda mais, dessa vez, gravando xaxado, fazendo emergir das escondidas manifestações populares dos cangaceiros a dança que contagiou o Brasil no final dos anos 50, a maioria dos artistas passaram agravar o ritmo xaxado.

Luiz Gonzaga já não era mais o único com a novidade. Foi então que Antônio Barros, compôs a música ÓIAEU AQUI DE NOVO, também de tema coerente com o que se passava em sua carreira, pois a letra diz “…Eu vou mostrar pra esses cabras que eu ainda dou no couro. Isso é um desaforo que eu não posso levar. Óia eu aqui de novo- cantando.  Óia eu aqui denovo- dançando.  Óia eu aqui de novo- mostrando, como se deve xaxar.” Essa foi gravada pelo Rei do Baião no disco intitulado pelo mesmo nome da música gravado em 1967. Regravada por Gilberto Gil, o texto poético dessa obra também foi alvo de uma das questões do Enem em linguística.

MARY MACIEL RIBEIRO “Cecéu”-Nasceu em 02 de Abril de 1950 na cidade de Campina Grande, na Paraíba. Filha de Severino Lourenço Ribeiro e Maria Maciel Ribeiro, estudou no colégio São Vicente de Paulo, bem próximo de sua casa no bairro do Catolé. Costumava ir à escola cantarolando várias músicas que gostava de ouvir no rádio às tardes enquanto trabalhava na mercearia de secos e molhados de seu pai.

“Mariêta ta, Mariêta ta, Mariêta ta, entalada com cajá…”, essa era uma das músicas que gostava de cantar, nem sabia que era uma composição de Antonio Barros que mais tarde viria a ser seu companheiro na vida e na profissão. Nem mesmo sabia que viria seguira carreira musical. No entanto Cecéu já produzia textos poéticos desde a adolescência.

Durante toda sua infância apreciou a arte musical, acompanhava as notícias e as canções de seus artistas favoritos como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Demônios da Garôa, entre outros. Assim, influenciada pelo romantismo dominante dessa época, juntamente com Antonio Barros, vieram a compor ora juntos, ora separados, e foi que começou sua carreira profissional ao lado do parceiro musical e marido Antonio Barros.

Todo esse romantismo gerou o grande hit Bate Coração, até hoje uma das músicas mais solicitadas e usadas em campanhas publicitárias. Vieram em seguida Amor Com Café, Forró do Xenhenhém também gravadas pela Elba e Alcione e pela própria Cecéu.

Desabafo é também umas das canções de muita repercussão desde 1982 para públicos de todos os gostos, tendo sido regravada em ritmo eletrônico pelo artista brasiliense Fiakra, https://www.youtube.com/watch?v=gncoEj5kRLs , clipe lançado com milhares de visualizações.

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NEGO DÁGUA O FILME COMEÇA A SER GRAVADO NESTE DOMINGO (11)

O que provoca mais curiosidade que uma história contada às margens do Velho Chico? Um rio reconhecido como Integração Nacional, que esconde segredos e mistérios. É nesta esfera surpreendente que o esperado 'Nego D'água o Filme' ganha vida.

Bebela, Maria Izabel Pontes Muniz, foi a historiadora escolhida especialmente para abrir as gravações do filme, realizadas na tarde deste sábado (11/03).

O longa-metragem é criado e dirigido por Flávio Henrique Fonseca com direção geral do consagrado cineasta Roque Araújo, produzido também pela Macambira Entretenimento, Com direção de arte e imagens por Luciano Peixinho (Sertão Mídia) e equipe do Instituto Roque Araújo. 

Diferentemente do que se pode esperar, o longa abre espaço para que as pessoas da terra contem as suas histórias e levem ao país inteiro as cores e encantos que o Sertão oferece. 

EQUIPE-O filme conta com a participação de técnicos da Bahia, atores de Salvador-Ba, mas 90% do elenco, trilha sonora e técnica geral é composta por ribeirinhos da Região do Vale do São Francisco.  

SINOPSE DO FILME-A trama conta a história de Marta, uma menina romântica ribeirinha que nasce em um bairro de Juazeiro e vive uma história de Amor, mistérios, lendas e medos. Marta é uma pessoa que vive entre moradores e pescadores no Angari, uma comunidade rica de crendices, folclores e superstições. Ainda menina ela se apaixona pela lenda do Nego D’água e na adolescência sonha em se entregar a este romance, que para muitos é pura lenda, Mas para Maria Doida, uma Idosa desacreditada por viver no passado a mesma história da menina e que realiza no presente os seus desejos do passado, uma realidade indiscutível. O Rio São Francisco serve de fundo para ilustração desta história trazendo as manifestações culturais da cidade. 

O filme também aborda ao longo do enredo, temas como: Preservação das águas doces, matas ciliares, habitação, saneamento básico e problemas sociais, mas o foco é a história  de Marta e a sua paixão pela lenda do Nego D’Água, personagem do lendário ribeirinho que segundo historiadores vive nas águas do rio assustando pescadores e lavadeiras. (Texto Pablo Luan)

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A CAATINGA EM PÉ E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS É TEMA DO III SEMINÁRIO NA BAHIA

"A Caatinga em Pé e as mudanças climáticas", este foi o tema do III Seminário Estadual de Recaatingamento realizado nos dias 9 e 10 de março em Juazeiro. O evento reuniu agricultores e agricultoras de 35 comunidades do Território Sertão do São Francisco (TSSF), discutindo questões como trajetória, perspectivas e desafios do Recaatingamento.

O evento teve como objetivo promover o diálogo e a troca de conhecimentos entre as comunidades e instituições envolvidas com a conservação e preservação do único bioma totalmente brasileiro, a Caatinga, contribuindo para a construção de uma agricultura mais sustentável e consciente.

É o que ressalta a agricultora, Maria Neves, da comunidade Caiçara em Juazeiro. "Hoje, a gente tem a nossa área de Caatinga preservada (...) cuidando bem da nossa natureza, só vai fazer bem pra gente. Sem a nossa natureza não conseguimos viver, cuidando da natureza estamos cuidando da nossa vida".

Durante o Seminário, os pesquisadores e pesquisadoras apresentaram suas experiências relacionadas ao tema do evento, como a pesquisa de doutorado em Ecologia Humana conduzida por Roseane Rocha, que tem como objetivo compreender se o trabalho desenvolvido pelo Irpaa com o projeto Recaatingamento contribui para o fortalecimento das identidades caatingueiras. Assim, os agricultores e agricultoras, tiveram a oportunidade de relacionar os resultados dessas pesquisas com suas próprias experiências na conservação do bioma.

Ao longo do evento, foram apresentados os resultados das ações de Recaatingamento em várias comunidades da região, destacando-se a valorização da Caatinga em Pé, com base nas experiências de diferentes comunidades do Semiárido.

Maria Silvani dos Santos, da fazenda Sariema, distrito de Pinhões, em Juazeiro, contou que recentemente encontrou três pés de mandacaru no seu quintal, que fica próximo à área de Recaatingamento, algo que há muitos anos, a agricultora não via na região. Dessa forma, ela afirma que "Recaatingamento é vida, dentro da área e nos entornos também".

"Essas experiências do Recaatingamento, em outras regiões, trazem uma perspectiva de que essas comunidades também passem a desenvolver ações, assim como outras experiências sejam desenvolvidas aqui", pontuou a colaboradora do Irpaa, Adriana Nascimento, destacando a importância da troca de conhecimentos entre comunidades.

Além disso, houve um debate sobre estratégias para a conservação da Caatinga, abordando as práticas de construção e implementação de planos de manejo sustentável com base nas experiências do Irpaa e da Embrapa, na perspectiva da Convivência com o Semiárido. Durante as apresentações foram expostos dados referentes a cercamento, planos de manejo, ações hidroambientais, defensores da Caatinga e metas ambientais.

Além de pensar nas estratégias, é preciso refletir sobre os desafios, como aponta a agricultora Antonieta de Jesus, do Território de Fundo de Pasto Maparium, no município de Mirangaba-BA, que afirmou que as comunidades enfrentam muitos obstáculos para manter a Caatinga de pé. "O Recaatingamento pra gente é novo. Então, entre os desafios, além de grilagem e eólicas têm também a conscientização do povo que o território, o Fundo de Pasto, é nosso e precisa ser preservado".

A última atividade do Seminário consistiu na divisão dos participantes em grupos para discutir o Plano de Manejo Sustentável e o Recaatingamento, com o desafio de aplicar e efetivar os planos nas comunidades, incluindo dificuldades, avanços e ajustes necessários para cada realidade. Os grupos fizeram apresentações coletivas durante a plenária.

Os participantes enfatizaram ainda a importância de ativar e fortalecer os conselhos governamentais e formar parcerias para criar ações permanentes que abrangem várias áreas, incluindo educação, meio ambiente, saúde e agricultura. Eles também solicitaram a criação de uma agenda comunitária para o Dia Nacional da Caatinga, com ações para conscientização e preservação desse bioma.

A coordenadora administrativa do Irpaa, Nívea Rocha, destacou a importância do apoio do Governo da Bahia e ressaltou que o Seminário de Recaatingamento aborda temas urgentes em sua essência, como o cuidado com o meio ambiente, a defesa dos territórios e o tamanho da terra apropriada. "É esperado que o compromisso do Governo do Estado resulte em ainda mais políticas públicas para que o Recaatingamento possa ser estendido a outras áreas, aumentando o acesso à água, fortalecendo a segurança alimentar e garantindo a regularização fundiária. Todo esse conjunto de ações irá potencializar e fortalecer ainda mais a nossa Caatinga e as iniciativas de Recaatingamento", ressalta Nívea.

O III Seminário Estadual de Recaatingamento realizado pelo Irpaa tem apoio do Pró-Semiárido, projeto do Governo do Estado da Bahia realizado através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com recursos de Acordo de Empréstimo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

(Fonte - Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa)

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