PRIMEIRA EDIÇÃO DA TRAVESSIA DAS SEREIAS ACONTECE NO DOMINGO (12)

As mulheres vão ocupar as águas do Rio São Francisco neste domingo (12), com a 'Travessia das Sereias'. O evento, que conta com apoio da Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte), é uma realização do grupo 'Sereias do Rio' para celebrar o Dia Internacional da Mulher, exaltando a união e a força das nadadoras do Rio São Francisco.

A largada está prevista para às 7h30, do Condomínio Colina do Rio. Um percurso de 2,5 km até o quiosque da Arca Sport, na Orla 2 do município. O evento disponibilizará medalha de participação para as competidoras que completarem a prova e troféus distribuídos por categoria.

O Secretário de Cultura, Turismo e Esportes, Sérgio Fernandes, falou sobre o apoio à competição. "Enquanto gestão municipal, nosso papel é fomentar atividades que incentivem a prática esportiva, porque esporte é saúde. Além disso, esse tipo de iniciativa também contribui para reforçar a vocação para os esportes aquáticos", disse o gestor.


 



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LIVRO REVISITA A CENA MUSICAL DE ZÉ DA FLAUTA

Músico, compositor e produtor cultural, Zé da Flauta também é um bom contador de histórias. Tempos psicodélicos e outros tempos, a ser lançado pela Cepe Editora, comprova tal habilidade. No livro, ele conduz o leitor a fatos importantes da música pernambucana ocorridos nos últimos 50 anos. 

Alguns dos momentos já mereceram dissertações e teses, mas o autor faz o resgate com diferencial de quem participou ativamente deles, de maneira leve e, às vezes, com uma pitada de humor. O lançamento será no dia 10 de março, às 19 horas, na loja Passa Disco, Espinheiro.

Em 300 páginas, os relatos do autor reúnem dados autobiográficos e da história política e cultural recente. O ponto de partida do livro, o primeiro do músico, são os efervescentes anos 1960, estendendo-se até a década passada. Entre os destaques, os anos 1970, período em que Zé da Flauta se junta a nomes como Lailson de Holanda (1952-2021) e Paulo Rafael (1955-2021) - com os quais fundou a banda Phetus -, Lula Côrtes (1949-2011), Zé Ramalho, Flaviola (1952-2021), Alceu Valença e a bandas, a exemplo de Ave Sangria, no Udigrudi pernambucano. Este, um movimento influenciado pela psicodelia do festival Woodstock, realizado em 1969 nos Estados Unidos.

O livro é resultado de cerca de uma década de anotações. "A ideia estava na minha cabeça há muito tempo. Então, abri uma pasta no computador e fui anotando o que gostaria de escrever", revela. A escrita se deu em curto tempo: dois meses. Zé da Flauta detalha que escreveu todos os textos entre outubro e novembro de 2020, em plena pandemia da covid-19, e com o propósito de mostrar o lado de alguém que viveu o movimento cultural pernambucano.

Zé da flauta lembra que existem muitas, e boas, teses acadêmicas sobre o movimento psicodélico nordestino. Os estudos, enfatiza, são focadas "em múltiplos ângulos, entre eles os culturais, históricos e sociológicos", mas que ele, o autor, sentia falta "de algo que pode concorrer para jogar um pouco mais de luz sobre essa 'agitação artística' ocorrida na década de 1970, que, de tão espontânea, não teve nem manifesto".

Assim, ao abordar os fatos, o autor traz detalhes dos fatos vividos por ele e desconhecidos do público, a exemplo do que se passou no I Parto da Música Livre do Nordeste, festival que reuniu bandas de rock e Luiz Gonzaga no Teatro de Santa Isabel, no Recife, e atraiu a imprensa local e nacional. O evento prometia muito, diz Zé da Flauta. "Seria uma noite de experimentalismo e rebeldia, mas não se limitava a isso. Tinha também o objetivo de aproximar ainda mais a nova cena musical do Recife com o regionalismo". Em meio aos gritos, performances e visuais excêntricos, no entanto, o Rei do Baião deixou o teatro de fininho.

"É claro que ele (Luiz Gonzaga) estava bem assessorado. Ou seja, pessoas que o acompanhavam entraram no teatro para verificar o clima predominante e devem ter dito a ele algo do tipo: a previsão é de muitos raios e trovões", descreve. No meio da "tempestade", completa o autor, Flaviola - poeta, cantor, compositor recifense e um dos principais nomes da cena musical psicodélica local - fez uma performance explicitamente homossexual, o que rendeu ao artista um convite para, no dia seguinte, dar umas explicações à Polícia Federal. Vivia-se a ditadura militar (1964-1985).

A experiência de Zé da Flauta como músico inclui trabalhos com o Quinteto Violado e Alceu Valença. Ao integrar o Quinteto, fez shows com Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Anastácia, a Banda de Pífanos de Caruaru, Jackson do Pandeiro, entre outros. "Eram encontros maravilhosos. Eu estava conhecendo pessoalmente e tocando com artistas dos quais há vários anos eu comprava os discos e admirava bastante", acrescenta.

No livro, Zé da Flauta resgata sua participação nas gravações dos discos Coração Bobo, Cinco Sentidos e Cavalo de Pau de Alceu Valença, bem como em turnês internacionais e festivais, como Rock in Rio (1985). "Eu não só tocava flauta, também compunha e colaborava nos arranjos. Foi no disco Cinco Sentidos que gravei minha primeira parceria com Alceu", diz. A música era Fé na perua. Depois vieram Escorregando no pífano e Rajada de vento.

Produção cultural-Sobre a condição de produtor, o autor detalha no livro experiências que contribuíram para alavancar a carreira de Lenine e do alagoano Carlos Moura, compositor e intérprete de Minha Sereia, e bandas como Cascabulho e Querosene Jacaré. Entre as produções de caráter único, cita uma em que o grupo Hanagorik, da cidade de Surubim e com visibilidade internacional, dá uma roupagem de rock a gravações de Alceu Valença.

Outras produções singulares, datadas de 1981, foram os quatro LPs dos forrozeiros Toinho de Alagoas, Zé Orlando, Heleno dos Oito Baixos e Duda da Passira. Dois dos quatro discos, os de Toinho e Zé Orlando, foram lançados, mas pouco sucesso fizeram. Por anos, os dois discos lançados ficaram esquecidos nas prateleiras da gravadora Vison (RJ), sendo descobertos pelo norte-americano Gerald Seligman, consultor musical das gravadoras Rounder Records, dos Estados Unidos, e Globstyle, da Inglaterra.

 Seligman gostou do que ouviu e também das fitas de Heleno e Duda e juntou tudo no CD Brazil Forró, que rendeu a indicação como finalista ao Grammy, na categoria Tradicional Folk. O primeiro lugar não veio, mas o reconhecimento mundial ao trabalho de José Vasconcelos de Oliveira, nome de batismo de Zé da Flauta, sim.

Serviço: Lançamento do livro Tempos psicodélicos e outros tempos

Quando: 10 de março, sexta-feira

Horário: 19h

Onde: Loja Passa Disco

Endereço: R. da Hora, 345 - Espinheiro - Galeria Hora Center

 Entrada franca

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POETA FALÇÃO LANÇA SEGUNDA EDIÇÃO DO LIVRO POEMAS ABRANGENTES

Eu sou um livro profundo 
Sou poemas abrangentes 
Sou do tamanho do mundo 
Com histórias diferentes 
Tenho dezenas de rostos 
Para diferentes gostos
Sou poemas popular 
Simplesmente sertanejo 
O que sinto e o que vejo
Quero lhes presentear.

Poemas Abrangentes. Este é o título do livro do poeta Falcão em sua segunda edição. O livro reúne temas sobre a humanidade, entre eles, sertão, Luiz Gonzaga, injustiça social, cidadania. O livro são ideias em forma de poemas. E está a venda no Parque Asa Branca, em Exu, Pernambuco.

O poeta Falcão também inovou ao montar, através de um fusca, a itinerante ideia de divulgar o cordel pelas ruas de Exu, Pernambuco e região da Chapada do Araripe.  Em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, Antônio Givaldo Taveira dos Santos é conhecido pelo nome de Poeta Falcão.

O poeta teve a idéia de lançar o Cordel no Fusca e a  proposta ganhou popularidade e hoje o cordelista é convidado para participar de palestras, oficinas em outras cidades.

Nascido no dia 21 de abril de 1969, no sítio lagoa do meio Exu Pernambuco, o poeta é casado com Maria de Jesus Soares taveira, com a qual tem uma filha,  Sarah Taveira Soares. "Iniciei a minha trajetória poética aos dez anos de idade. Desde pequeno ouvia as poesias de Patativa do Assaré, nos rádios de pilha, minha mãe era leitora de cordéis. Atualmente sou autor de quase trinta cordéis e três livros de poesia popular brasileira", afirma o poeta. 

Ele conta que ainda em 2019 teve a ideia de criar o Projeto Cordel no Fusca, para servir de atração turística  no Museu do Gonzagão, o qual comercializa cordéis.  "No futuro pretendo adesivar no fusca com figuras de literatura de cordel, e  fotos do Luiz gonzaga e Patativa do Assaré, com cores da bandeira de Pernambuco.

Nas redes sociais, Poeta Falcão recebe centenas de incentivos e comentários. "O projeto incentiva as crianças, jovens e adultos, a adquirir a prática da Leitura da literatura de cordel, para isso preciso angariar fundos para ampliar o projeto. Preciso de patrocinadores", finaliza o Poeta Falcão.

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SARAH LEANDRO ENCANTA ARTES DE MARÇO 2023 COM HOMENAGEM AO NORDESTE

"A música é uma harmonia agradável pela honra de Deus e os deleites permissíveis da alma". “A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia". "Música é a linguagem de Deus. Nós músicos estamos o mais perto que os homens podem estar de Deus. Nós damos a luz aos filhos de Deus. Contamos suas preces. Isso é o que os músicos são".

As frases acima são de Bethoveen e Sebastian Bach e traduzem a expressão da cantora Sarah Leandro ao interpretar a Música Brasileira. A cantora participou do Festival  Artes de Março 2023, que acontece entre 3 e 31 de março com exposições de arte, programação infantil e shows em Teresina.  

Musicalmente são as águas de Março com a temática em homenagem ao Nordeste Brasileiro, exaltando a música, fotografia, dança e a arte da região. 

Durante todo o mês a programação tem Sara Leandro, Mestre Ambrósio, João Claudio Moreno, As Severinas, Petrúcio Amorim e muito mais, farão shows com exaltação à cultura nordestina. Além disso, a Orquestra Sinfônica de Teresina também marcará presença. 

O evento conta também com apresentações infantis, grupos de danças, exposição imersiva de xilogravura, próximo a entrada 6, exposição do Mestre Expedito na Galeria de Arte, exposição tradicional de arte santeira, fotografias, artes plásticas e caricatura.

Sarah Leandro logo cedo em terna idade já cantava em palcos ao lado de nomes como Elba Ramalho. Participou do grupo Zeremita, um projeto de música alternativa criado no cariri cearense, que lhe levou ao Festival de Inverno de Garanhuns. É uma das participantes da festa do Gonzagão, em Exu. Sarah Leandro concluiu canto popular no conservatório pernambucano de música, desenvolvendo seus projetos influenciada também pela bossa nova, jazz e forró tendo o expoente máximo seus pais, Flávio Leandro e Cissa.

Confira a programação completa Teresina Shopping:

Apresentação Musical: 19h30

06/03 - Sarah Leandro

08/03 - As Severinas 

13/03 - Mestre Ambrósio

15/03 - Climério & Clodo

20/03 - Orquestra Sinfônica de Teresina

22/03 - As Fulô Cantam O Nordeste

27/03 - Petrúcio Amorim

29/03 - João Cláudio Moreno

Apresentação de Dança: 19h30

07/03 - Grupo de Xaxado Cabras de Lampião (Serra Talhada - PB) 

14/03 - Fantasia Nordestina - Le Ballet

21/03 - O Som do Sertão - FELC (Uiraúna - PB) 

28/03 - Meu  Nordeste em verso e Prosa - Le Ballet

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SEMINÁRIO APRESENTA RESULTADOS DE PROJETOS EM COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA EM SAÚDE

Quinze iniciativas de comunicação popular e comunitária em saúde de todo o Brasil serão apresentadas no seminário A Pandemia e o Território: resultados dos projetos, que será realizado em formato virtual, no próximo dia 16 de março, com transmissão ao vivo pelo canal da Fiocruz Brasília no YouTube. 

Os projetos em tela foram selecionados em uma chamada pública promovida entre setembro e outubro do ano passado pela Fiocruz em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com financiamento do governo do Canadá – foram destinados R$ 45 mil para cada projeto. 

As propostas contempladas pela chamada – três de cada região do país – vêm sendo desenvolvidas por organizações da sociedade civil com o objetivo de reforçar a capacidade de resposta dos territórios frente às crises sanitárias e suas consequências sociais, a partir da estruturação e consolidação de estratégias de comunicação em saúde. 

Dentre as iniciativas, destacam-se a atuação de rádios comunitárias, a formação de multiplicadores e planos de ação nas mídias sociais, entre outras que serão apresentadas no seminário, que ocorre das 9h às 17h. 

O objetivo do evento é não só divulgar os resultados alcançados pelas organizações, como também fomentar o debate sobre as diferentes estratégias e metodologias utilizadas para atingir e mobilizar as comunidades na promoção da saúde.

 “A expectativa é que essas experiências possam ser levadas para outros territórios, estimulando novas iniciativas no campo da comunicação comunitária em saúde e fortalecendo a participação social, que é um dos princípios do SUS”, explica o jornalista Wagner Vasconcelos, coordenador da Assessoria de Comunicação (Ascom) da Fiocruz Brasília, que esteve à frente da chamada pública que selecionou as 15 iniciativas. Além da seleção das propostas, o trabalho envolveu o acompanhamento e monitoramento dos projetos, por meio do contato permanente entre as organizações e assessores sociotécnicos, que contribuíram para a gestão e execução das ações, em um processo contínuo de troca de conhecimentos e aprendizado mútuo. “E esse processo está sendo avaliado e estudado cientificamente, também como parte do nosso trabalho”, adianta Wagner.

As trocas foram uma marca registrada ao longo do desenvolvimento dos projetos apoiados pela chamada pública. De dezembro a fevereiro, a Fiocruz e as organizações estiveram juntas em sete oficinas que trataram de temas transversais às diferentes iniciativas, como produção audiovisual com smartphone, comunicação visual, mídias sociais, podcast, fake news, vacinas e comunicação de risco. As oficinas contaram com especialistas convidados, mas, em especial, com o compartilhamento das experiências e saberes dos coletivos. 

“Além de enriquecer o trabalho, essas trocas intensificaram as relações e a conexão entre todos os envolvidos, resultando no início da constituição de uma rede potente em comunicação em saúde”, afirma Wagner. “Essa rede sinaliza também que, embora os projetos estejam chegando ao fim, vamos continuar trabalhando para que seu legado permaneça”, completa.

Outra característica marcante dos projetos é a diversidade, com iniciativas que envolvem povos de terreiro, ciganos, indígenas, negros, imigrantes venezuelanos e moradores de favelas, entre outras populações. A estimativa é que as ações tenham beneficiado mais de 50 mil pessoas, direta ou indiretamente. Essas diferentes faces do trabalho serão mostradas em um vídeo que sintetiza o trabalho dos coletivos e que será lançado no dia 16 de março, durante o seminário. Confira a seguir a programação completa do evento:

Seminário: A Pandemia e o Território: resultados dos projetos

9h às 9h15: Mesa de abertura

Wagner Vasconcelos (coordenador geral da chamada pública)  

Fabiana Damásio (diretora da Fiocruz Brasília)  

Socorro Gross (representante da OPAS no Brasil)   

9h15 às 9h30: Lançamento do vídeo da chamada pública

9h30 às 10h40: 1ª roda de experiências 

Associação Comunitária do Sítio Belo Horizonte

Instituto Conviva / Rede de Migração Unidos no Brasil

Cooperativa de Trabalho Catarse

Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) 

Debate 10h40 às 10h50: Intervalo cultural  

10h50 às 11h50: 2ª roda de experiências  

Rede de Notícias da Amazônia (RNA)

Centro de Estudos Ironides Rodrigues (CEABIR)

Associação Nacional de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU)

Debate  

Almoço  

14h às 14h10: Reabertura cultural 

14h10 às 15h20: 3ª roda de experiências  

Associação Cultural Nação de Oxalá / Grupo De Leão

Ação de Mulheres pela Equidade (AME) 

Cooperativa EITA / Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Associação Experimental de Mídia Comunitária Bem TV 

Debate

 15h20 às 15h30: Intervalo cultural  

15h30 às 16h40: 4ª roda de experiências  

Movimento de Defesa dos Direitos dos Moradores de Favelas de Santo André (MDDF)

Instituto Cultural Filhos de Aruanda

Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge 

Coletivo de Comunicação Popular Tapajós de Fato (TdF) 

Debate  

16h40 às 17h: Encerramento

Assista ao Seminário em: youtube.com/fiocruzbrasiliaoficial

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PRÓXIMO REAJUSTE PARA BOLSISTAS JÁ ESTÁ NO RADAR, DIZ PRESIDENTE DA CAPES

“Nossa função é casar oportunidade com talento”. É essa a visão da presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Mercedes Bustamante, para a gestão à frente da instituição.

 Nomeada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, em janeiro, a professora da Universidade de Brasília (UnB) tem a missão de executar a aposta do governo para melhorar o cenário da educação e pesquisa brasileira.

A primeira providência foi conceder o reajuste das bolsas dos pesquisadores, que não ocorria há 10 anos. Mas o ministério da Educação não pretende ficar apenas nesse gesto. Bustamante explica que o governo trabalha para implementar um planejamento no reajuste e na concessão dos incentivos financeiros a pesquisadores.

Na última quinta-feira, Camilo Santana anunciou mais 5,3 mil bolsas. Em 2022, o governo concedeu 84,3 mil bolsas; Com o anúncio do ministro, passarão a ser 89,6 mil benefícios. Segundo Bustamante, o governo está dando mostra de que “a ciência é o caminho” e a “educação a ferramenta” para o desenvolvimento. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O que permitiu o reajuste das bolsas e o aumento da oferta do benefício?

O primeiro ato que tive a oportunidade de assinar, como presidente da Capes, foi o reajuste das bolsas. É uma demanda antiga, são 10 anos sem reajuste. Isso só foi possível porque a gente conseguiu esse acréscimo no orçamento, por meio da PEC da Transição. Foi importante que a educação tenha sido considerada neste momento.

Existe um plano a curto, médio, longo prazo de aumentar o valor das bolsas?

A gente tem o teto do orçamento da Capes. Se não fosse a PEC da transição, não chegaríamos nem em dezembro. Obviamente, a gente não quer ficar outros 10 anos sem reajuste. Temos que ter um planejamento orçamentário para os próximos anos, para poder trazer reajustes com maior frequência. Daqui a pouco, começamos a discussão do orçamento de 2024. Mas temos demandas da comunidade. Não é só a bolsa. Tem, por exemplo, a discussão de como a gente estende a previdência social para os bolsistas, que isso conte como tempo de trabalho. Mas o próximo reajuste já está no radar. Temos que ter previsão de quando a poderemos implementar um novo reajuste.

Além das diretrizes do MEC, a Capes tem um critério interno para a concessão de bolsas. Como funciona?

A Capes tem um sistema de concessão de bolsas acoplada à avaliação de cursos de pós-graduação. Cursos que foram bem avaliados recebem incrementos no número de bolsas. É um estímulo à melhoria da qualidade dos processos de formação. Adicionalmente, esse modelo tem como variável importante o Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios.

Seria uma forma de a instituição de ensino contribuir com estados e municípios?

Nem precisa ir muito longe, é só olhar aqui, a capital federal. Se você tem um contingente de bolsistas, onde eles vão utilizar esses recursos? Onde eles vivem. A bolsa serve para pagar aluguel, transporte, alimentação, usar serviços dentro da cidade. Então, é um recurso que rapidamente volta para a economia local. Quando você também coloca uma instituição em um município menor, ela vai contribuir de uma forma geral para a melhoria da qualidade dos recursos humanos, porque a universidade federal acaba sendo um polo cultural, de formação extramuros, porque um outro aspecto importante da formação é a extensão. Então, você é capaz de atuar dentro desses municípios, dentro das escolas, mas fora também, em outros espaços formativos e isso repercute. É um contágio positivo.

Como estão as avaliações dos cursos?

Uma das áreas centrais da Capes é a avaliação dos programas de pós-graduação. A gente teve uma melhoria nas notas dos cursos nesse último processo de avaliação. Esse reconhecimento parte da construção sólida que a Capes conseguiu fazer ao longo do tempo e está ancorada nesse processo de avaliação. O sistema nacional de pós-graduação é um caso de sucesso. Não significa que ele tenha que ser imutável, mas mostra que a gente conseguiu fazer muita coisa a partir de um elenco de ações indutoras, do fomento, de um programa de bolsas consistente e de programas de avaliação.

À parte a remuneração das bolsas, o que precisa melhorar?

Nossa perspectiva é não olhar mais para trás. Eu quero chegar lá em 2100 com que cara? Nossa função é chegar em 2030, mas para chegar em 2100, eu preciso preparar para 2030. Se você olhar o mapa da distribuição dos programas, a gente vê que a gente precisa interiorizar ainda muito mais. Será que é expandir o sistema, criando novos cursos, ou fazendo redes? Eu venho da área experimental. A gente monta o experimento, colhe os dados. Não deu o que a gente queria, a gente volta para a prancheta, vê onde se pode melhorar e retoma o experimento. A ciência evolui assim.

Houve um crescimento dos cotistas e de mulheres, mas o desafio ainda é manter esses alunos. Como fazer isso?

É visível o impacto positivo das ações afirmativas. As universidades se diversificaram, o que eu achei excelente. A gente traz outras visões, outras formas de ver um problema e traduzir isso em soluções. Mas a gente precisa ter uma ação de indução na pós-graduação. Muitas universidades implementaram individualmente suas ações afirmativas. A gente está fazendo esse levantamento para entender como isso funciona, se a gente transforma isso em um política geral da Capes.

Há outras abordagens para fortalecer as ações afirmativas?

A gente entende também que o processo de inclusão dos grupos sub representados é a importância de eles verem um líder. É muito mais fácil para uma menina querer entrar na carreira científica se ela consegue identificar mulheres pesquisadoras. Se há uma menina preta, que ela consiga ver que há mulheres pretas pesquisadoras que são referências. Esse papel do modelo é muito importante.

A senhora esteve na Capes como diretora em 2016. O que mudou de lá para cá?

Quando recebi o convite para vir para a Capes, eu sabia o desafio, porque conhecia o histórico de turbulência, das trocas constantes de ministros… Tem um desafio de recuperar essa credibilidade, o diálogo, a transparência. Mas me deu muita tranquilidade saber que a Capes tem um conjunto de servidores de carreira muito comprometidos. O serviço público brasileiro, também muito agredido ao longo dos anos, mostrou o papel importante de fazer uma transição de gestão e manter minimamente alguns processos. A diferença principal que eu vejo é que temos um passivo para recuperar. Em 2016, a Capes vinha de um momento de crescimento. Hoje, há processo de retomada.

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REVISTA KURUMA´TÁ, ESPAÇO DE CULTURAS E AFESTOS DESTACA DUAS VOZES FEMININAS DE AREIA-PARAÍBA

Kuruma’tá é uma espaço de culturas e afetos compartilhados. Ideia de Aderaldo Luciano e Toinho Castro, nascida e alimentada por muita conversa ali no Largo da Carioca, apreciando os passantes e frequentadores da banca do Olivar. É peixe que nada na prosa e na poesia, nos sons das falas e instrumentos, nas artes e olhares, nas histórias. São muitas vozes e muitos parceiros. Amigos, estranhos solidários, curiosos e aventureiros que passam por aqui, conosco, a cantar.

Essa semana a REVISTA destacou que "nossa amiga e parceira Tays Melo trazendo pra gente os talentos de Sonia Souza e Bianca Cruz. São vozes femininas de Areia, cidade do brejo paraibano.

Deixo agora a palavra com Tays, que nos apresenta essas duas talentosas areienses!

Areia é uma pequena cidade do brejo paraibano onde mistérios percorrem como água da chuva, as fendas de seu calçamento torto, erodido e alisado pelo tempo.  A superfície de cada paralelepípedo brilha com os raios do sol logo no começo do dia. Não importa o quanto se emende as frestas das portas dos casarões antigos, tentando empatar os mistérios areienses de escaparem à luz do sol. Eles orientam fuga e nas fugas ouvimos sussurros, vozes altas ou até mesmo gritos de mulher. Debaixo das  árvores  nas estradas dos engenhos  ou nas ruelas estreitas da urbes as silhuetas entregam as insurgentes.

Sonia Souza é mulher negra, mãe solo, nascida no campo, na luta, independente, e mostra em seu texto apenas um grão de sua essência ao lembrar sua construção sensível em episódios de sua infância e adolescência.

Bianca Cruz é estudante, uma das melhores alunas de sua turma. Ela ama ler, já pensou em fugir, em escapar de mundos que a sufocam por ambicionar amor. Escrever e cruzar planetas, atravessar outras vidas, através de sua poesia que amor, medo e rebeldia que se derramam e inundam onde quer que ela vá.

Estas mulheres areienses experimentaram os doces, os caldos, a rapadura e o fel, que somente Areia pode oferecer à letra de dos poetas. 

— Tays Melo-Poeta e escritora

Sítio Velho-por Sonia Souza

Sobre o lugar onde nasci e me criei ou fui criada, as primeiras lembranças são do barro e da lama. O capim molhado e a casa da minha avó que sempre tinha fumaça saindo pela chaminé, e um cheiro gostoso de café. Corríamos pelos terreiros, pois brincadeira não faltava, e vez enquanto uma busca nas jaqueiras, cajueiros, laranjeiras, mangueiras e tantas outras árvores frutíferas. Meia dúzia de cachorros magros nos seguia.

O tempo foi passando rápido e a chaminé da minha avó já não fumaçava. Éramos adolescentes em busca de novas aventuras e entretenimentos, como dançar sobre as folhas de eucaliptos nas latadas improvisadas, logo depois dos ritos religiosos como as entregas do cruzeiro de São João, da Queimação de Flores no mês maio, em homenagem a nossa Senhora.

Passei anos longe, mas voltei. Agora, tem muito mais casas. Já não são as mesmas. Alguns partiram para sempre. A alegria agora é mais contida.

Das melhores farras, lembro das farinhadas madrugadas a dentro, muita fofoca, risadas. Café e milho assado pra o lanche, beiju feito debaixo da farinha.

As manhãs de sábado eram movimentadas nessas estradas, o colorido de pessoas que iam rumo à feira na cidade, a pé ou nos burros que levavam o fruto do trabalho nos roçados. Eram tempos difíceis, mas ninguém desanimava. Eram longas as caminhadas a pé e o intervalo entre uma refeição e outra.

Pela vizinhança havia majestosos engenhos, onde era certo ganhar umas rapaduras e caldo de cana. De tudo isso, hoje só restam as boas lembranças e algumas taperas. Os burrinhos foram substituídos por carros e motos, e quanto aos roçados e farinhadas, foram igualmente esquecidos. Assim também aconteceu com os forrós em latada, cheirando a eucalipto. Estas coisas todas parecem não ter mais graça. Depois da tecnologia chegar por aqui, um celular com internet parece ter superado todo e qualquer outro tipo de interação social. Os costumes são outros. Apenas o barro e a lama são os mesmos.

Poesia-Por Bianca Cruz

Mais uma vez quero arrancar meu coração

Com minhas mãos

Quebrar meu externo

Com meus dedos

Expurgar de minhas artérias este órgão imprestável

Para quê serve o coração, afinal,

Senão para errar em decisão?

E se quebrar em centenas de pedaços

Que terei de recolher contra minha vontade.

Remontá-lo do início ao fim

Só para que erre de novo.

Levando a este ciclo sem fim.

Meu coração não tem pena de mim.

Por que então deveria ter pena dele?

Vou destruí-lo sem dó nem piedade.

Só espero não entrar no meu caminho

Durante o extermínio

Talvez seja ele que esteja tentando exterminar a mim

Manipulando-me em afins

de se redimir por seus erros

que não passam de meus erros.



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