UNIVASF INSCREVE PARA O CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTERDISCIPLINAR

Estão abertas as inscrições para o 1º Congresso Internacional de Educação Ambiental Interdisciplinar (I Cineai). O evento será realizado entre os dias 22 e 25 de novembro na Universidade Federal do Vale do São Francisco ( Univasf) e contará com palestras, exposições científicas e artísticas, minicursos, apresentações artísticas, mesas redondas, oficinas, lançamento de livros, visitas técnicas e mais de 30 grupos de trabalho.

As inscrições podem ser realizadas pelo site do evento até 20 de novembro e, presencialmente, no dia do evento. Os valores variam de acordo com a formação do participante e data da inscrição. Já os artigos devem ser submetidos até 30 de setembro.

A primeira edição do Cineai é uma iniciativa do Programa Escola Verde (PEV) e o Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental Interdisciplinar da (Univasf). O evento será realizado no Complexo Multieventos, no campus Juazeiro, na Bahia, em conjunto com o VI Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Interdisciplinar (Cobeai) e o IX Workshop de Educação Ambiental Interdisciplinar (WEAI).

A programação completa e outras informações estão disponíveis no site https://cineai.escolaverde.org/

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VII ENCONTRO DOS EX-ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL/ESCOLA DE PETROLINA ACONTECE EM MARÇO

Vai acontecer no dia 11 de março , o VII Encontro dos ex-Alunos do Colégio Estadual/Escola de Petrolina. Este ano o evento acontece na Chácara Bom Pastor, localizado na Estrada da Tapera, a partir das 10hs. 

Detalhe: O Colégio Estadual/Escola de Petrolina foi e continua sendo na memória dos ex-alunos uma referência na formação e transformação educacional de todos que lá estudaram. Exemplo, o cantor e compositor Aldy Carvalho e Humberto Barbosa e Maciel Melo, uma das maiores expressões da música brasileira. Portanto o colégio foi um celeiro de talentos e colocou outros grandes profissionais.

A programação consta de Missa de Ação de Graças que será realizada às 9hs na Igreja da Matriz. Entre as atrações deste ano estão Orlando e seus Teclados, Pedro Duarte e Linguagem Musical.

O ex-aluno e um dos organizadores do encontro, o gestor imobiliário Aldizio Barbosa, diz que são esperados "todos aqueles que participaram do bom tempo de estudantes". 

"São amigos que moram em São Paulo, Salvador, Natal, Recife, Curitiba enfim de todos os lugares desse Brasil. O mais importante é confraternizar e marcar já o próximo encontro, sempre para relembrar nossas boas histórias", diz Aldizio.

Outras informações e contatos 87 999294789.

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AUMENTO DE 40% CNPQ PUBLICA REAJUSTE DE VALORES DE BOLSAS DE PESQUISA

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) publicou, no Diário Oficial da União, desta quinta-feira (23/2), a tabela de reajustes referentes aos valores das bolsas de formação e pesquisa. A portaria, assinada pelo presidente do CNPq, Ricardo Galvão, concretiza a atualização de 40% de aumento na remuneração para acadêmicos remunerados pelo conselho científico.

Esse reajuste havia sido anunciado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na semana passada. O valor das bolsas estava congelado desde 2013. Segundo a portaria, as remunerações do CNPq atualizadas passaram a valer desde 1º de fevereiro deste ano.

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LIBERAÇÕES DE AGROTÓXICOS BATEM RECORDE EM 2022

O número de aprovações de produtos de base biológica para o controle de pragas e de doenças na agricultura vem crescendo no país. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2022, foram finalizadas as análises de 157 pedidos de comercialização de defensivos desse tipo, representando um aumento de 70% em relação a 2021. Segundo a agência, o crescimento pode ser considerado um marco.

A análise desses produtos é realizada de forma prioritária, sendo que o tempo médio para a conclusão das avaliações é de quatro meses. A série histórica, referente aos pedidos analisados e aprovados pela agência demonstra uma mudança de comportamento do mercado quanto à adoção dessas práticas no combate às pragas agrícolas.

O crescimento no uso de produtos biológicos — menos danosos ao meio ambiente — ocorre em meio ao debate sobre o avanço na liberação de agrotóxicos nos últimos quatro anos, durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo dados oficiais, na gestão do ex-presidente, entre 2019 e 2022, foram liberados 2.182 agrotóxicos, o maior número de registros para uma gestão presidencial desde 2003. Bolsonaro bateu outros dois recordes de liberação, sendo 98 de agrotóxicos inéditos e 366 de produtos biológicos.

Somente no ano passado, dos 652 agrotóxicos liberados, 43 eram inéditos, o que também foi um recorde na série histórica, sendo que oito foram para as indústrias e 35 para uso dos agricultores. Dentre os 35 produtos liberados aos produtores, 22 foram considerados "muito perigosos ao meio ambiente" pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Ricardo Carmona, professor da Faculdade de Agronomia na Universidade de Brasília (UnB), afirma que mais de 90% dos novos produtos registrados já estão no mercado com outro nome comercial. "O registro de novos desses produtos aumenta a competitividade e diminui o monopólio de grandes empresas, reduzindo o custo ao agricultor e, conseqüentemente, ao consumidor final, ganhando a sociedade como um todo", explica.

Para Thiago Ávila, socioambientalista e coordenador de pesquisa e de ações regenerativas do Instituto Bem Viver, os dados são alarmantes, pois quase a metade dos produtos liberados são proibidos em países europeus, e a maioria é considerada pelo Ibama como "muito perigosos ao meio ambiente".

"A política antiecológica do governo Bolsonaro foi uma verdadeira tragédia, que nós, ambientalistas, qualificamos como ecocídio, e que ainda trará graves consequências para a natureza e o povo brasileiro", afirma.

Ambientalistas advertem que a variedade de agrotóxicos usados no cultivo de alimentos no Brasil pode ter efeito danoso para as exportações, porque muitos produtos não são aceitos em determinadas regiões. A Comissão Europeia, por exemplo, adotou em 2 de fevereiro, regras que reduzem os limites permitidos para a presença em alimentos de dois agrotóxicos que provocam a redução de colônias de abelhas. A decisão também vale para produtos importados.

O uso de neonicotinóides é proibido na União Europeia desde 2018. Agora, o bloco vai proibir também a presença dos pesticidas em alimentos e ração animal importados. A nova norma passa a valer a partir de 2026 e permite um período de adequação aos países fornecedores.

Apesar de não permitir o uso em seu território, a UE continua produzindo os pesticidas para exportação. O Brasil, que tem o uso do agrotóxico liberado, é um dos principais compradores dos neonicotinóides europeus, segundo registros da Agência Europeia das Substâncias Químicas.

O aval para um novo agrotóxico no país passa por três órgãos reguladores: a Anvisa, que avalia os riscos à saúde, o Ibama, que analisa os perigos ambientais, e o Ministério da Agricultura, que analisa se ele é eficaz para matar pragas e doenças no campo. É a pasta que formaliza o registro, desde que o produto tenha sido aprovado por todos os órgãos.

Segundo o professor Carmona, mais de 20% dos novos produtos registrados (agrotóxicos) são produtos biológicos, com baixíssimo impacto ambiental e na saúde humana. "O Brasil é um dos principais países no que tange ao controle biológico de pragas agrícolas, o que é extremamente sustentável", explica.

Em contraponto segundo a tabela da Coordenação Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA), dos 35 novos produtos liberados para os produtores, a Anvisa classificou cinco como produto de perigo moderado para o ser humano, enquanto Ibama classificou 22 como muito perigoso ao meio ambiente. Pela classificação dos novos produtos o Ibama tende a reprovar mais os produtos do que a Anvisa.

Para Jorge Machado, pesquisador da Fiocruz-DF e médico sanitarista, "o Brasil usa agrotóxicos de maneira exagerada e descontrolada". "A população é prejudicada de várias formas: diretamente, pelas intoxicações decorrentes de acidentes que ocorrem em toda aplicação de agrotóxicos, pois existe sempre uma parte que não atinge o alvo do veneno; e indiretamente, pela perda da biodiversidade e da possibilidade de outras formas de uso agrícola no entorno das monoculturas extensivas", conclui.

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REGIÃO DO RIO GRANDE DO SUL É AFETADA EM 400 MUNICIPIOS DEVIDO A FALTA DE CHUVAS

Uma comitiva de ministros do governo federal desembarca nesta quinta-feira (23) no Rio Grande do Sul, onde vão visitar a cidade de Hulha Negra, na fronteira com o Uruguai. 

A região é uma das mais castigadas pela estiagem que afeta 400 municípios no estado pela terceira safra consecutiva. Em entrevista à Agência Brasil nesta terça-feira (21), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse que dos municípios atingidos, 28 já apresentaram o seu plano de prioridades. Para atender a esses municípios foram disponibilizados R$ 6,4 milhões. 

Os recursos estão sendo utilizados para liberação de carros pipas e a compra de cestas básicas.

As maiores perdas afetam as culturas de soja e milho, ambas fundamentais para a economia do município. Também há comprometimento da produção de mel e prejuízos na pecuária de leite. Os impactos atingem pelo menos 1,2 mil propriedades rurais, sendo que mais de 800 são pequenos e estão em assentamentos.

Segundo o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o prejuízo estimado é de quase R$ 5 milhões na pecuária de leite e de corte. Somados os danos nas lavouras, o impacto econômico ultrapassa R$ 38 milhões. Ainda segundo a Emater, somente na soja, as perdas já alcançam 40% na produção de Hulha Negra.

A expectativa é de que, durante a viagem, sejam anunciadas medidas de auxílio aos atingidos pela seca, entre elas, uma linha de crédito emergencial para pequenos e médios produtores. No início de fevereiro, uma comitiva gaúcha esteve em Brasília em busca de ajuda para o estado.

Além do ministro da Integração e do Desenvolvimento Social, também devem integrar a comitiva ao Rio Grande do Sul os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, além do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edgar Pretto.

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DIA DE SAO JOSÉ, 19 DE MARÇO: ESPERANÇA DE CHUVAS NO SERTÃO

O Dia de São José, celebrado a cada 19 de março, presta homenagem ao padroeiro do Ceará e carrega um significado especial para o sertanejo. Trata-se de um importante marco simbólico e de um dia carregado de tradição e expectativa. A crença popular indica que, se chover até o Dia de São José, o ano será de bom “inverno”, com chuva garantindo a safra e a mesa farta. A fé no santo padroeiro se soma à esperança do agricultor, do vaqueiro, do homem do campo.

Confirmando a sabedoria popular, a ciência relaciona o 19 de março, feriado em todo o Estado, à proximidade da passagem do equinócio – o momento em que o sol, em órbita aparente vista da Terra, cruza o chamado equador celeste e incide com maior intensidade sobre as regiões localizadas próximas da linha do equador. No hemisfério sul do planeta, o equinócio de outono acontece no mês de março.

A cultura tradicional popular espelha essa temática em um sem-número de manifestações, como o cordel, o repente, a música. Como a canção “Sinal de Inverno”, do cantor e compositor cearense Eudes Fraga, cuja letra destaca: “Esperei meu amor, esperei com muita fé, que nem um agricultor no Dia de São José / Espera pela chuva, esperei ela voltar, esperei meu amor, até a chuva chegar /

Chuva é sinal de inverno no Dia de São José / me dê um sinal, meu amor, se você ainda me quer”.

Patativa do Assaré, cearense aclamado um dos maiores poetas de todos os tempos, em todo o mundo, também percorreu as paragens simbólicas do Dia de São José, no clássico “A Triste Partida”: “Sem chuva na terra descamba janeiro, depois fevereiro e o mesmo verão / Meu Deus, meu Deus / Entonce o nortista, pensando consigo, diz “Isso é castigo, não chove mais não” / Ai, ai, ai, ai / Apela pra março, que é o mês preferido do santo querido, Sinhô São José / Meu Deus, meu Deus / Mas nada de chuva, tá tudo sem jeito, lhe foge do peito o resto da fé”.

O saudoso, Professor universitário e um dos mais respeitados pesquisadores nacionais da cultura popular tradicional, Gilmar de Carvalho, na sua obra apontava que artistas como os cearenses Francorli e José Lourenço retrataram São José em xilogravuras. 

“O Ceará escolheu São José como padroeiro ou foi o carpinteiro, marido de Maria, pai de Jesus, que veio para nos dar lições de habilidade, paciência e resignação?”, questionava. “Nosso padroeiro tem a nossa cara. Que outro santo teria tantas afinidades com nosso jeito de ser? São Francisco, talvez, não o de Assis, mas o dos sertões de Canindé”, grafou, no texto que faz menção a cearenses como o carpinteiro Carlos, de Amontada, e o “santeiro” Zumbi, de Juazeiro do Norte: “Os dois reverenciam José, por meio do trabalho. As mãos ágeis do mestre carpinteiro ou do santeiro mergulham em um tempo ancestral e cortam a madeira, material vivo, que se deixa domar e assume as formas do trabalho e da fé”.

O pesquisador ressaltava ainda que São José também é padroeiro de outros municípios cearenses, como Aquiraz, Catarina, Granja, Maracanaú, Missão Velha, Potengi, Salitre e Ubajara. “Difícil encontrar um templo, dos mais soberbos aos mais humildes, onde não esteja representada sua figura de homem sereno, o lírio aberto, e a veste. Outra versão o coloca de botas e nos remete, imediatamente, ao barroco, com sua explosão de ouro, volutas e panejamentos. Mas o São José de verdade é o da simplicidade do corte, da economia dos detalhes, o do santeiro sertanejo. Este é o padroeiro e orago de um Ceará que nunca precisou tanto dele como agora. Que chova!!!”.

A devoção a São José e a esperança de um ano de boa colheita ganham reforço anualmente com os encontros dos chamados “profetas da chuva”, sertanejos experientes, conhecidos no Interior do Estado pela interpretação dos sinais da natureza, com diferentes leituras sobre possíveis indícios de um “inverno” bom ou de um ano de seca.

O município de Quixadá, a 168 km de Fortaleza, costuma sediar um encontro de mais de 30 “profetas”, a cada começo de ano, para debate sobre a probabilidade de uma boa quadra chuvosa, a partir de sinais dados pela vegetação do sertão ou por animais como passarinhos, abelhas e formigas. Os agricultores escutam atentamente a fala dos profetas, que vêm de municípios de diferentes regiões do Estado.

As novenas, orações, simpatias, os pedidos de trabalho, fartura e chuva fazem parte do imaginário sertanejo, reforçado pela devoção a São José. O santo homenageado no Estado é também padroeiro do município de Aquiraz, a primeira capital cearense, onde fica a segunda mais antiga igreja do Ceará, a Matriz de São José de Ribamar, erguida no início do século XIX.

O equipamento cultural abriga um conjunto de objetos religiosos advindos dos vários municípios e paróquias cearenses. Esse acervo é constituído por uma diversidade de imagens de santos e de anjos, objetos das procissões religiosas, parâmetros litúrgicos, missais etc, totalizando cerca de 1.400 peças, muitas de notório valor artístico e cultural, que remetem ao barroco colonial cearense.

O Museu Sacro São José de Ribamar, localizado na Praça Cônego Araripe, município de Aquiraz, está aberto à visitação, com entrada franca, de terça a sábado, das 8h às 22h.

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UM CENTENÁRIO NOBRE PARA ANA DAS CARRANCAS - A DAMA DO BARRO

Dezoito de fevereiro de 2023. Uma  data especial para a história do artesanato de Pernambuco. Um capitulo gigante e nobre  da vida real, da vida de lutas e glórias de Ana Leopoldina dos Santos. Para Petrolina, Pernambuco e Brasil, Ana das Carrancas. É chegado o centenário da mulher icônica no horizonte da arte popular.  É falar aqui da mulher artesã e sobre a trajetória de uma  sertaneja, negra, guerreira e abençoada pela imensidão de sua fé. Ana batizada como artesã pelas águas mansas e perenes do Velho Chico. Ana devota de Nossa Senhora, e claro, de São Francisco.

Ana que bebeu da água do rio Velho Chico pela primeira vez ao lado do marido José Vicente – aquele homem que completava suas forças na arte de fazer carrancas para o mundo. Aquele homem que cego de nascença falava, cantava e ajuda a moldar suas peças com o tato das mãos e pés. O  coração falava por tudo e por amor sem tamanho, tipo aquele amor maior do mundo.

Mas e o que dizer tanto  da menina Ana  ou Aninha para os país e irmãos que certo dia numa seca braba fugiram da região do Araripe para o Piauí com a missão de escapar da escassez de água e comida.  E depois de léguas andadas sob sol à pino, aportam no também árido Piauí. E ai começa toda uma saga. Experiências em feiras populares vendendo utensílios domésticos de barro por algum tempo. Tempo depois, resolveram migrar para Petrolina. E lá no cenário e elenco familiar esta Ana já mulher.  Negra, humilde, sem grandes estudos. Ana Leopoldina, a cidadã  que fez da arte sua universidade. A mãe que criou as filhas com seu brilhante fazer artístico. 

Ana das Carrancas  foi catedrática no maior sentido de lidar com a fama e com seu trabalho que já percorreu parte do Brasil e exterior, sem ao menos saber ou dar margem para esse negócio de holofotes.

Ana que foi debatida nas escolas, que foi tema de artigos e dissertações em universidade. E tudo isso por causa de sua arte ímpar, ora plural. Suas carrancas expostas em tantas feiras de arte como a anual e internacional Fennearte (no Recife)  que até hoje lhe garante espaço de destaque pelas mãos das filhas Ângela Lima e Maria da Cruz, artistas que  dão continuidade com maestria ao legado da matriarca inclusive com novas linguagens sem deixar escapar os traços das tradicionais  carrancas de barro. Aliás, carrancas que já foram ovacionadas no suntuoso ateliê de Brennand.

Sem esconder a versatilidade e inspiração que dominava com maestria quando espalhava o barro nas mãos, lembrou que apenas sob encomenda fazia peças diferentes. Católica fervorosa como ela sempre foi, certa vez moldou duas imagens de Jesus Cristo. Lembrou que foi a primeira e única vez que fez uma arte sacra e chorou quando viu aquela "coisa linda" de Deus.

E o que dizer de sua paixão fulminante, tipo amor à primeira vista por Zé Vicente. Seu marido, companheiro, amigo e confidente. "Não tem explicação foi coisa de Deus quando mandou ele pra entrar na minha vida. Um salvou o outro", disse certa em uma entrevista para um jornal. Ana das Carrancas não economizava bons adjetivos para falar da dedicação que o companheiro lhe tinha na vida e na arte e com quem sempre conversava sobre todas as coisas, de casa e do mundo.

A ceramista não dourava sua fama. Nunca deu bolas para coisa de celebridade na arte. Recebia em seu espaço - Centro de Arte - estudantes, turistas, pesquisadores e autoridades políticas, além de visitas ilustres da arte.  Até ai seu  nome já estava consolidado par além da imprensa e catálogos de arte. Com o passar dos anos, seu nome foi abrindo novos caminhos e conquistas e não parou mais. Foi contenplada com o título de cidadã de Petrolina décadas depois, Patrimônio vivo de Pernambuco e chegou a Brasília para receber a comenda de Ordem ao Mérito Cultural ao lado de um grande elenco de artistas de diversas linguagens. Emocionada, não escondeu o choro. Ana já teve sua vida contada no perfil biográfico A Dama do Barro. A relação de amor e arte com o marido povoa as páginas digitais  de um Ebook infanto juvenil "O amor e a Arte de Ana e José". Cada homenagem é pouco, mas voloriza e eterniza a imensidão da obra artística dela.

Ana das Carrancas, ex-louceira que virou arte de grife partiu para a eternidade em 2008 por conta de consecutivos problemas de saúde.  José Vicente da mesma forma  em 2014. Os dois já se encontraram na eternidade . E o casal eternizou sua trajetória pelas quatro mãos de afeto e arte. De dois seres humanos iluminados. Pelo amor e fé que deram frutos que se multiplicam na grandeza dos olhos expressivos de Ana. E os olhos do coração de José. Já que chegamos a 18 de fevereiro de 2023, é chegado o momento de festejar o centenário de nascimento de Ana das Carrancas. 

E digo que há várias formas de festejar: Uma delas é jamais esquecer seu nome e  sua arte navegando para além do São Francisco. Ana/José tem os nomes carimbados em música, poesia e crônica. Até em novela das 9h suas carrancas brilharam em parte do cenário. E assim a história prossegue.  Viva Ana, Viva José Vicente!  

 * Emanuel Andrade é jornalista, professor universitário e pesquisador, autor do livro A Dama do Barro

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