MUDANÇAS CLIMÁTICAS AUMENTARAM A INTENSIDADE DAS CHUVAS, DIZEM PESQUISADORES

As mudanças climáticas causadas pelas ações humanas contribuíram para intensificar a força das chuvas que afetaram alguns estados do Nordeste e especialmente Pernambuco entre o fim de maio e o começo de junho e deixaram 130 mortos no Estado, além de dezenas de milhares de desabrigados e desalojados. E, caso o aquecimento global não estivesse em curso, sem o atual aumento de 1,2º C em relação aos níveis pré-industriais, os temporais teriam sido um quinto menos intensos.

As conclusões são de estudo do World Weather Attribution, divulgado nessa terça-feira (5). A pesquisa reuniu cientistas do Brasil, Reino Unido, Holanda, França e Estados Unidos. A entidade investiga a relação das mudanças climáticas com os eventos extremos observados no planeta, como o caso das chuvas torrenciais que devastaram Pernambuco. 

As análises que ratificaram a influência da atividade humana no aumento da intensidade da chuva no Estado partiram de modelos climáticos simuladores do evento meteorológico em dois cenários: sem a emissão de gases do efeito estufa e com o aumento da temperatura do planeta em cerca de 1,2º C - próximo, inclusive, ao limiar de 1,5º C apontado como ponto irreversível do aquecimento global. 

O estudo selecionou 75 estações pluviométricas da região com dados consistentes desde a década de 1970. As análises incluíram a quantidade de chuva que caiu em intervalos de sete e 15 dias. “Concluímos que as mudanças climáticas causadas pelo homem são, pelo menos em parte, responsáveis pelos aumentos observados na probabilidade e intensidade de eventos de chuva intensa notados em maio de 2022”, diz trecho da conclusão do estudo.

Os resultados ainda são consistentes com as projeções futuras de chuvas fortes no Nordeste e, por tabela, sugerem que as tendências continuarão a aumentar caso as concentrações de gases do efeito estufa continuem em progressão. “Devido às mudanças climáticas, outros fatores, como o aumento do nível do mar e as marés mais altas, podem aumentar a vulnerabilidade às chuvas fortes, levando a mais inundações urbanas no Recife, por exemplo”, cita outra parte da conclusão do estudo.

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TRIBUTO A LAMPIÃO SERÁ REALIZADO ENTRE OS DIAS 27 A 31 EM SERRA TALHADA

Serra Talhada vai relembrar as datas de nascimento e de morte de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, com muita música, poesia, teatro, dança, fotografia, literatura, artesanato e gastronomia. O Tributo a Virgolino - A celebração do Cangaço, evento promovido pela Fundação Cabras de Lampião, vai ser realizado entre os próximos dias 27 e 31 de julho na Estação do Forró e no Museu do Cangaço da cidade, de forma gratuita, para munícipes e turistas que queiram celebrar a história do Rei do Cangaço.

Na programação está a encenação ao ar livre do espetáculo teatral O Massacre de Angico - A Morte de Lampião, escrito por Anildomá Willans de Souza e dirigido por Izaltino Caetano. No elenco, atores da região, que vão mostrar o talento dos artistas sertanejos, e também de outras localidades do estado. Ao todo, mais de 80 atores e figurantes vão entrar no palco.

O evento, que é realizado anualmente desde 1994, reunirá grupos musicais, folclóricos, violeiros repentistas, cantores, poetas e pesquisadores do cangaço, para expressar a cultura de raiz. Haverá uma integração entre as mais diversas linguagens artísticas  demonstrando a força da cultura popular. "Comemorar seus mitos, festejar datas, celebrar fatos, é comum aos povos que têm cultura e que valorizam a sua história", comentou Cleonice Maria, uma das responsáveis pelo Tributo a Virgulino.

"A realização do Tributo a Virgolino - A Celebração do Cangaço, integrando diversas linguagens culturais, na terra onde Lampião nasceu, é de majestosa autenticidade, de um valor simbólico imensurável, e que poucos eventos possuem", explicou também Anildomá Willans de Souza, um dos organizadores da grande festa.

Toda a programação é gratuita. O incentivo é do Funcultura/ Fundarpe/Secretaria de Cultura/Governo de Pernambuco, com o apoio da Prefeitura de Serra Talhada/Fundação Cultural de Serra Talhada. A produção é da Fundação Cultural Cabras de Lampião e da Agência Cultural de Produção e Criação.

A programação completa está disponível nos sites: www.museudocangaco.com.br e www.cultura.serratalhada.pe.gov.br e no Instagram do Museu do Cangaço @museudocangacost.

LAMPIÃO - Virgolino Ferreira da Silva, que entrou para a história com a alcunha de Lampião, nasceu no dia 7 de julho de 1897, e morreu no dia 28 de julho de 1938 ao lado de sua companheira Maria Bonita. O mais famoso casal de cangaceiros, que dividiu a história do sertão brasileiro em antes e depois da passagem deles pela terra, até hoje são amados e odiados. 

"Lampião é um marco na história do Nordeste. Para uns, herói; para outros, bandido. A verdade é que qualquer brasileiro tem uma opinião a respeito do famoso cangaceiro pernambucano. Sua história se confunde com a própria história do nordeste brasileiro", comentou Anildomá.

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MULHERES DE CURAÇÁ PROMOVEM EMPODERAMENTO E GERAM RENDA ATRAVÉS DE PRODUÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR

Agregar valor aos produtos, aproveitar as potencialidades da localidade para gerar renda e fortalecer a identificação com o modo de vida tradicional de uma comunidade de Fundo de Pasto. É dessa forma que agricultora/es de Esfomeado, em Curaçá, estão se organizando para garantir a melhoria da renda e também somar na luta pela defesa e a identificação da população com o seu território.

A Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado (Amafe), atua desde setembro de 2013 para estimular a participação feminina nos espaços comunitários e gerar renda. Com a construção de uma unidade de beneficiamento, a entidade reforçou a missão junto às famílias agricultoras. 

“O objetivo principal é o empoderamento da mulher. Dar visibilidade, dar espaço de vez e de voz, trazer a mulher para as discussões sociopolíticas da comunidade. Esse foi o primeiro intuito da associação. Pós a fundação da entidade, a gente começa a pensar em agregar uma renda para essas mulheres e assim foi a ideia da agroindústria. A gente inicia com o beneficiamento do biscoito de sequilho e os derivados da mandioca, por também entender que a mandioca é um elemento que nós não temos na comunidade, mas temos em comunidades vizinhas e a ideia era justamente da unidade entre as comunidades, dessa geração de renda local, da troca de experiências”, afirma Cristiane Ribeiro, presidenta da Amafe.

Com a unidade de beneficiamento, a Amafe consegue auxiliar a/os agricultora/es no escoamento da produção. Atualmente, são feitos por mês, aproximadamente, 50 quilos de biscoito, 20 litros de licor e 150 potes de geleia.

 “A gente hoje está trazendo um diferencial, não só geleias das frutas da Caatinga, mas também geleias do quintal das agricultoras e dos agricultores. A gente faz geleias de tomate, de cebola, de pimentão; que são ingredientes que são possíveis de serem plantados em hortas comunitárias ou individuais. E aí você ter essa renda, não só quem está no beneficiamento da unidade, mas também quem está lá no seu quintal produtivo ter pra onde vender o seu produto”, explica Cristiane.

DONA ODETE: Os rótulos dos produtos beneficiados estampam o nome “Dona Odete”, que é uma mulher da comunidade de Esfomeado que serve de inspiração para as demais quando o assunto é participação ativa na sociedade, união e independência. 

Cristiane Ribeiro destaca que Dona Odete “Foi a primeira ativista, a primeira empreendedora social da comunidade. Ela começa trazendo ainda nos anos 70 o associativismo, ela já trazia essa ideia de unidade, já promovia os aspectos sociopolíticos e veio fazendo um trabalho muito bacana dentro do processo social, da busca de direitos, na luta por igualdade, por políticas públicas. Foi uma forma que encontramos de manter viva essa trajetória bacana de uma mulher, que lá nos anos 70, dentro da invisibilidade maior da mulher e, ainda, diante do processo do machismo, ela era uma dona de casa , tinha filhos e mesmo assim ela saia do discurso pra fazer a prática”.

A vice-presidente da Amafe, Cíntia Graciela dos Santos, afirma com orgulho que a inspiração e o legado da Dona Odete vão ser levados sempre adiante, através da atuação das mulheres. 

“Estamos sempre propagando: somos mulheres, podemos mais, podemos estar onde queremos estar! Por mais Odetes, vamos levar a nossa história, a nossa raiz. Eu, mais uma Odete, junto com essas Odetes aqui, queremos mais e não vamos parar. Não vamos parar em momento algum! Vamos trazer mais, vamos ousar mais e vamos sair mais. Em qualquer espaço a gente vai estar. Sempre, vocês aí nas estradas da vida, vão saber: as Odetes passaram, porque a ousadia a gente traz no Sangue!”, expressa orgulhosa Cíntia Graciela.

O trabalho da associação já envolve diversos moradores das comunidades no território, seja na produção das matérias-primas ou no beneficiamento e comercialização. O plano é aumentar o alcance das atividades.

 “A gente começa a perceber horizontes. É possível que mais mulheres venham para o projeto, é possível a gente conseguir atingir mais mulheres. Hoje estamos com 15 mulheres na entidade, formalizadas, mas nós temos de forma indireta um contingente de mais de 30 mulheres. E famílias, a gente tem em torno de 50” destaca Cristiane.

Os produtos da Amafe podem ser encontrados em lojas ou feiras de agricultura familiar da região, inclusive no Armazém da Caatinga, loja da agricultura familiar inaugurada recentemente na orla de Juazeiro-BA.

FONTE: Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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MISSA VAQUEIRO DE SERRITA: PREÇOS EXORBITANTES REPERCUTEM NAS REDES SOCIAIS

Luiz Gonzaga, Rei do Baião, um dos idealizadores da Missa do Vaqueiro de Serrita, Pernambuco, em meados de 1975 já declarava "desgosto com os rumos da programação e exploração mercantilista, visão comercial que estavam invadindo as tradições da missa, fundada também pelo Padre João Cancio e o poeta cantador Pedro Bandeira".

A música  "A morte do vaqueiro", interpretada por Luiz Gonzaga é uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó. Os preços exorbintantes vão contra o sentimento de Luiz Gonzaga e Padre João Cancio. Em vida, padre João Câncio e Luiz Gonzaga denunciaram e usaram a voz contra a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos. 

Neste ano de 2022, a edição 52 anos da Missa do Vaqueiro de Serrita "vivência mais um capítulo dessa vez os preços exorbitantes que serão cobrados no estacionamento do Parque Estadual do Vaqueiro Padre João Câncio".

Nas redes sociais os preços das diárias que vão custar entre R$ 60,00 e R$ 250,00 ganharam repercussão e reclamações. Durante a realização da festa que acontece entre os dias 20 e 24 de julho para se ter uma idéia 4 diárias para estacionar ônibus vai custar R$ 1.000,00.

No início do mês de junho, o jornalista Jamildo Melo, já havia informado que prestes a realizar sua edição de 2022, a Missa do Vaqueiro se tornou um campo de disputas. Isso porque, para este ano, a Prefeitura de Serrita quer 'tomar o evento' para si, gerando atritos com a Fundação Padre João Câncio.

Neste ano, realiza-se a 52° da Missa do Vaqueiro de Serrita, marcando o retorno da tradicional cerimônia após um hiato de dois anos, causado pela pandemia de covid-19 no Brasil. Trata-se de um dos eventos mais tradicionais do Sertão.

Mas a disputa pela 'paternidade' do evento vem causando dor de cabeça e incertezas. O prefeito de Serrita, Aleudo Benedito (MDB-PE), colocou sob a alçada da gestão municipal a programação do evento, tradicionalmente mantido e realizado pela Fundação Padre João Câncio.

"Um flagrante desrespeito àqueles que historicamente procuraram manter a lealdade aos princípios da boa informação sobre o evento", classificou Helena Câncio.

Helena Cancio considerou um "absurdo essa situação". De acordo com ela a Missa do Vaqueiro é uma festa popular. "Com as crises que vivemos isso beira a falta de bom senso".

O BLOG NEY VITAL também tentou contato com a Prefeitura de Serrita, mas os telefonemas não foram respondidos. O espaço segue aberto, caso a gestão municipal decida se pronunciar.

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LIVRO A MULHER NA CANÇÃO DESTACA COMPOSITORAS QUE ATUARAM NA ÉPOCA DE OURO DO RÁDIO NO BRASIL

Quem conhece Lina Pesce, Dilú Mello ou Bidú Reis? Elas são compositoras que fizeram sucesso em suas épocas e depois desapareceram na história da música brasileira. Madalena Cantarella Pesce (1913-1995) foi uma compositora e pianista paulistana, admirada pela imprensa brasileira e considerada talento excepcional por Villa-Lobos, autora de 200 composições, entre músicas instrumentais e letras, incluindo Bem-Te-Vi Atrevido, que alcançou oito países. 

Maria de Lourdes Argollo Oliver (1913-2000), com mais de 100 composições, fez sucesso como cantora, instrumentista e compositora a partir das inúmeras rádios em que atuou e das várias regiões e cantos remotos que visitou, dentro e fora do Brasil, arrastando multidões e alçando voos na televisão, onde comandou um programa só seu. 

Já Edila Luísa Reis (1920-2011) foi cantora, compositora, instrumentista – tocava piano, violão e gaita –, radioatriz, poetisa, escritora, autora de 93 canções, como letrista e melodista, com uma voz que ganhou destaque como solista nos muitos grupos vocais de que participou, além de ser a “queridinha” da Rádio Nacional, onde trabalhou por 30 anos.

Essas e outras histórias de cantoras e compositoras estão no livro A Mulher na Canção – A Composição Feminina na Era do Rádio, da pesquisadora, cantora e compositora Denise Mello, que foi lançado no dia 30 passado no Centro Maria Antonia da USP. Publicada pela Machine Editora, a obra tem título emprestado da famosa valsa de Zica Bergami – também retratada no livro –, imortalizada na voz de Inezita Barroso. 

No total são 18 compositoras, poucas delas reconhecidas ainda hoje, como Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e, nas palavras de Denise, “a primeira musicista com grande reconhecimento como compositora, que ganhou prestígio também como instrumentista, fato bastante raro na história da nossa música”, e Dolores Duran, que morreu no auge de sua carreira, aos 29 anos, “quando se destacava com suas composições, gravadas por inúmeros intérpretes – poucas por ela mesma –, cantora versátil, interpretando em sete idiomas e que até hoje tem seu lugar garantido na história musical e alguns sucessos que se perpetuaram”.

Segundo Denise, as três primeiras mulheres que abrem a obra foram selecionadas como representantes do início da composição feminina no Brasil: Tia Ciata (1854-1924), Maria Firmina dos Reis (1822-1917) e Chiquinha Gonzaga (1847-1935). As outras 15 mulheres tiveram atuação na “época de ouro” do rádio, obtendo grande prestígio em vida.

 “As compositoras do rádio foram divididas em três grupos, levando em consideração as datas de suas primeiras composições registradas por fonogramas ou anunciadas pela mídia”, explica Denise. O primeiro grupo é de compositoras que iniciaram suas composições nas décadas de 20 e 30: Carolina Cardoso de Menezes, Lina Pesce, Laura Suarez, Marília Batista e Dilú Mello; o segundo grupo compôs a partir da década de 40: Aylce Chaves, Linda Rodrigues, Carmen Costa e Stellinha Egg; e o terceiro grupo agrega compositoras a partir da década de 50: Bidú Reis, Dora Lopes, Almira Castilho, Zica Bergami, Dolores Duran e Maysa.

BOSSA NOVA: Formada em Psicologia pela USP em 1989, Denise Mello trabalhou como psicóloga durante 13 anos e, deixando a profissão, passou a se dedicar à gravação de jingles e locuções publicitárias. Foi assim que se tornou professora de canto popular e musicalização infantil, violonista, cantora e compositora. 

O processo de pesquisa do livro, conta, começou no curso de pós-graduação em Canção Popular, que concluiu em 2017 na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. Na época ela tinha reunido cerca de 30 compositoras brasileiras, que foram divididas por épocas e principais gêneros musicais, do final do século 19 até a bossa nova. Depois da conclusão do curso, ela continuou a pesquisa por conta própria. Com a pandemia de covid-19, o projeto ganhou lives no Instagram e podcasts – Denise fez um podcast piloto sobre Tia Ciata e outros, sobre Alaíde Costa e Chiquinha Gonzaga, já estão prontos –, além de gravações compartilhadas na plataforma Youtube, entre elas dois discos inéditos das compositoras Dilú Mello e Zica Bergami, “obtidos através de contatos preciosos”, como lembra a pesquisadora. 

“Formei uma banda exclusivamente com instrumentistas mulheres para gravar um CD com algumas de suas canções – a maioria com um único registro e pouco conhecidas pelo público”, revela. Além disso, Denise faz palestras musicadas e já adianta que está planejando um show só de composições das mulheres destacadas no livro.

Foi só em 2020, ainda durante a pandemia, que Denise resolveu escrever o livro. Para isso, ela se aprofundou na pesquisa de jornais e revistas da época, utilizando principalmente os recursos da Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional. No final daquele ano, seu projeto A Mulher na Canção ganhou subsídios do Programa de Ação Cultural de São Paulo (Proac).

Para o livro, Denise fez um recorte temporal, reunindo três compositoras do século 19 e a maioria da época do rádio. “Elas eram compositoras cantoras, como Marília Batista e Dilú Mello, e compositoras instrumentistas, como as pianistas Lina Pesce e Carolina Cardoso de Menezes”, relata, acrescentando que muitas delas foram esquecidas ao longo da história. Mesmo aquelas que continuaram a fazer sucesso, diz a pesquisadora, não poderiam ficar fora do livro, caso de Dolores Duran, que Denise considera uma compositora “incrível”, que precisou enfrentar preconceitos como mulher musicista e negra. 

“É um livro escrito por uma cantora pensando principalmente na canção”, destaca. “O mais importante para mim é, além de trazer a história delas, fazer com que as pessoas conheçam as canções. É por isso que no livro eu coloco links para a escuta e trechos de letras”, destaca. Dado o grande número de compositoras, a pesquisadora não se propõe a analisar as letras e as melodias, embora não tenha resistido a fazer algumas observações sobre elas. 

Outro dado relevante é o momento histórico vivido pelas compositoras. “Elas enfrentaram com coragem muitas dificuldades para superar o machismo e o preconceito de ser mulher ao apresentarem seus pensamentos e produções. Carmen Costa e Dolores Duran, por exemplo, tiveram que enfrentar o racismo; Dora Lopes e Linda Rodrigues, a homofobia”, conta Denise. Ela dá como exemplo um trecho de uma música de Marília Batista, datada de 1943, que diz: “A mulher tem razão, ninguém vai proibir/É justo que ela queira dar um giro por aí”. 

“Ela fala da necessidade de se respeitar a mulher, da liberdade da mulher, coisa que ela não tinha porque naquela época era totalmente submissa ao marido”, diz Denise, lembrando a Constituição de 1937, que estabelecia que a mulher, para abrir uma conta bancária, precisava da permissão do marido. “De certa forma, o livro traz essa trajetória do feminino e de como a mulher lidou musicalmente com essa sociedade patriarcal.”

Denise lembra que, em cem anos de rádio no Brasil – ele chegou ao País oficialmente em 7 de setembro de 1922 –, a história da música ficou marcada pela existência de compositores. “A notícia que se tem nos livros e no meio acadêmico é que nós só tivemos cantoras, as ‘rainhas do rádio’, e não compositoras. Mas nós tivemos muitas, inclusive as ‘rainhas do rádio’ também compunham, como Ângela Maria”, informa. “Como disse recentemente a ministra Cármen Lúcia (do Tribunal Superior Eleitoral), as mulheres não eram silenciosas, mas foram silenciadas. Eu falo muito disso no livro.

 A mulher, sim, tinha voz através das suas composições, da instrumentação e do canto, mas era uma voz que não tinha uma repercussão tão grande como a do homem, porque era uma época em que a mulher não podia se expor. Muitas das compositoras usaram pseudônimos porque não ‘pegava bem’ ser compositora e dizer o que pensava”, analisa. 

“O livro fala dessas vozes todas, que ficaram silenciadas, mas que não foram silenciosas”, afirma. Para Denise, o projeto A Mulher na Canção vai além da recuperação da trajetória de compositoras eclipsadas. Ele traz à tona a voz de mulheres protagonistas que ainda estão marginalizadas na história do Brasil.

A Mulher na Canção: A Composição Feminina na Era do Rádio, de Denise Mello, com ilustrações de Luisa Mello (Machine Editora, 520 páginas, R$ 60,00). 

FONTE: Jornal da USP Texto: Claudia Costa

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BIENAL DO LIVRO DE SÃO PAULO TEM ESPAÇO DEDICADO À CULTURA NORDESTINA. CANTADOR PETROLINENSE ALDY CARVALHO LANÇA CD E LIVRO

A 26ª Bienal Internacional do Livro, que começa neste sábado (2) e vai até o dia 10 de julho, no Expo Center Norte, em São Paulo, terá uma área dedicada à cultura nordestina. O Espaço Cordel e Repente, organizado pela editora cearense Imeph, propõe uma programação que inclui lançamento de livros, exposição artística e apresentações de cantadores, repentistas e cantores.

O poeta cantador Aldy Carvalho, pernambucano de Petrolina, é um dos participantes, ele lança o cd Tempo de Menino e o livro infantil A preá e a cobra., no Espaço Cordel e Repente. Radicando em São Paulo, Aldy Carvalho mantém as origens sertanejas em seu trabalho. “É uma questão identitária, de afirmação que carrego com orgulho”, afirma o artista.

BIENAL: O homenageado do estande este ano será o poeta Rogaciano Leite (1920-1969), reconhecido pela valorização da cultura dos violeiros e repentistas.

A abertura do espaço será com o relançamento do livro Carne e Alma, lançado em 1950. A quinta edição da obra foi organizada pela filha do escritor, Helena Roraima Leite. O livro é dividido em três partes: Poemas Sertanejos, Versos a Esmo e Lianas Amazônicas e uma parte adicional de impressões da crítica e agradecimentos. “É o livro carro-chefe, obra-prima, é o mais conhecido dele no Brasil”, explica Helena. A edição especial tem ilustrações do artista plástico Maurício Negro.

“As primeiras composições dele foram em 1937, quando tinha 16 anos. A partir daí, ele já declamava nas casas culturais, nos teatros, trazendo para o público aristocrático, o público culto, a cantoria do repente, que geralmente ficava nas fazendas. Ele intelectualiza a poesia popular, leva ao teatro, leva toda essa riqueza da poesia do repente para lá. Ele foi um marco”, diz Helena, que é pesquisadora da obra do pai e prepara outro livro sobre a obra dele, Coração Sertanejo.

Escritor, violeiro e repentista, Rogaciano nasceu em 1920, na Fazenda Cacimba Nova, em São José do Egito, hoje Itapetim, em Pernambuco. “Não há momento mais oportuno para fazer essa homenagem à obra dele. Para ter dimensão, Rogaciano Leite tem um poema gravado na Praça Vermelha em Moscou chamado Os Trabalhadores, que é um poema em homenagem a todos os trabalhadores do mundo. O que ele gostava mesmo era da cultura popular, era de cantar o sertão”, afirma Lucinda Marques, curadora do espaço.

O Espaço Cordel e Repente, com 300 metros quadrados, receberá ainda outras editoras nordestinas. “Vamos dar oportunidade a editoras, autores e poetas antigos e iniciantes para se apresentarem e mostrarem suas obras na maior Bienal da América Latina. Além disso, São Paulo é a capital mais nordestina fora do Nordeste”, destaca a curadora. O evento tem espaço total de 65 mil metros quadrados e reúne 185 expositores.

A programação dedicada à literatura do Nordeste terá também a presença de Francine Maria, cantora cearense de 14 anos, que diz sonha levar a cultura nordestina para todo o Brasil. Francine é uma das concorrentes ao programa The Voice Kids Brasil, da TV Globo.

Ao longo dos dez dias de bienal, a programação do estande inclui ainda declamação de cordel e contação de histórias, com Cleusa Santo; pocket show com o Grupo Cordel Cantante e os poetas Luciano Braga e Edi Maria, além de show com a cantora Kelly Rosa. "É uma programação que atende desde a criança até a terceira idade, porque vai ter os contadores de histórias, declamadores de verso, poesia e música”, destaca Lucinda Marques.

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PETROLINA E JUAZEIRO GANHAM UM NOVO CONCEITO NA PROGRAMAÇÃO DE RÁDIO COM INOVAÇÃO E VANGUARDA

O rádio passa por uma profunda transformação diante do avanço do áudio digital. Apesar das mudanças sofridas, ele preserva um conjunto de características que o torna capaz de absorver e explorar uma série de inovações. Essa é a principal avaliação de especialistas que apostam na programação das emissoras de Rádio.

O publicitário Washington Olivetto, no início deste ano declarou que o Rádio possui a capacidade singular de lidar com a instantaneidade e a imaginação do público se comparado aos demais meios de comunicação.

 "O rádio continua vanguarda por ter duas características imbatíveis: a instantaneidade e a capacidade de mexer com a imaginação das pessoas. Esse tipo de imaginação o rádio sempre vai ter. E isso bem produzido tem tudo para ser cada vez mais sucesso, seja para os anunciantes que apostaram nisso, seja para as agências que precisam de prestígio para trabalho criativo".

Essa visão é compartilhada pelo radialista e publicitário Carlos Britto. Este mês, numa visão empreendedora o comunicar lançou a PLENA FM 87.9 e assim Juazeiro e Petrolina, ganharam a possibilidade de uma frequência com muita música contemporânea e flashback.

De acordo com Carlos Britto, a nova frequência vem focando no público adulto, em uma proposta diferenciada. "É a Primeira Rádio adulta com objetivo de oferecer uma alternativa na programação com música de verdade para que a vida seja plena". 

A proposta para quem quiser ficar sempre sintonizado pode instalar aplicativos para IOS e Android, além de também ouvir acessando o Blog Carlos Britto.

O consumo de conteúdo via rádio continua em crescimento no Brasil. Para se ter uma ideia, o estudo Inside Radio 2021 da Kantar IBOPE Media, mostrou que 80% da população ainda ouve rádio. Isso também mostra que, com o seu admirável poder e capacidade de reinvenção, o rádio vem conquistando o seu espaço também na internet.

O jornalista Ney Vital, especialista em Ensino de Comunicação Social, avaliou muito positiva a programação da PLENA FM 87.9

 "Vivemos um momento de era digital e Carlos Britto mais uma vez vem com o olhar para o futuro, novas tendências, a ousadia, modernização e inovação para o setor de comunicação", disse Vital, que também é apresentador do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos, veiculado na Rádio Cidade FM 95.7 e Rádio Cidade Am 870.


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