MACIEL MELO. ÉS CANTADOR. CABOCLO SONHADOR. ISTO VALE UM ABRAÇO COMPANHEIRO

"Sou um caboclo sonhador/ Meu senhor, viu?/ Não queira mudar meu verso/ Se é assim não tem conversa/ Meu regresso para o brejo/ Diminui a minha reza...Mergulhado nos becos do meu passado/ Perdido na imensidão desse lugar/ ao lembrar-me das bravuras de Neném/ perguntar-me a todo instante por Baía/ Mega e Quinha, como vão? tá tudo bem?/ Meu canto é tanto quanto canta o sabiá"...

É São João e a fogueira da cultura mais brasileira continua sempre acessa em nossos corações...O BLOG NEY VITAL acompanhou na noite, 24 de junho a apresentação do cantor e compositor Maciel Melo. O Show pode ser traduzido: espetáculo vestido da luz do sol. É a verdadeira poesia brasileira, universal do Bioma Caatinga. Ilumina a alma e o corpo. Maciel Melo faz dançar e transforma o cidadão através dos versos, ritmo e melodia.

Maciel Melo é Caboclo Sonhador. É poeira e estrada. É um dos mais expressivos herdeiros do legado poético-musical de Luiz Gonzaga. Citou isto com a força da palavra e voz forte. Foi aplaudido no Parque Ana das Carrancas em Petrolina.

Maciel Melo sempre acreditou na vocação universalista e atemporal do forró (que não é apenas um ritmo, mas uma espécie de balaio musical que abriga o baião, o xote, o coco e outros ritmos). 

E foi por isto que vi, eu juro que vi, o sorriso de Luiz Gonzaga e a caricia de Domiguinhos na sanfona mais brasileira comentando com Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês, João do Vale e os Irmãos Batistas: Isto Vale um Abraço.

Lembrei que o jornalista Gilson Oliveira, na Revista O Continente, disse que  Maciel Melo é "Antenado com as novidades no campo da música, na esfera regional, nacional e internacional, e o seu cancioneiro, a sua obra tem, no entanto, como marca principal o “cheiro de bode”.

Essa ligação artístico-umbilical está bem presente em Caboclo Sonhador, música um clássico da música brasileira.  Caboclo Sonhador é um grande sucesso nas vozes de Flávio José e de Fagner – expressa em seus versos uma mistura de plataforma artística e profissão de fé baseada nos valores culturais, sociais e históricos do mundo de origem do autor.

 “Sou um caboclo sonhador,/ Meu senhor, viu?/ Não queira mudar meu verso./ Se é assim não tem conversa/ E meu regresso para o brejo/ Diminui a minha reza./ Um coração tão sertanejo/ Vejam como anda plangente o meu olhar/ Mergulhado nos becos do meu passado/ Perdido na imensidão desse lugar”.

Nascido em 26 de maio de 1962, em Iguaraci, Maciel Melo, cresceu “ouvindo os cantadores de folhetos nas feiras”, na noite de ontem 24, Dia de São João, não fez apenas um show, ele fez um grande encontro, na Feira da Música Brasileira. Encantou mais uma vez o público.

E foi por isto, que eu vi, juro que vi, o seu pai, o saudoso Heleno Louro, encantado da natureza, conhecido como Mestre Louro, barbeiro e pedreiro, consertador de foles de oito baixos e sanfoneiro dizer: Isto Vale um Abraço meu Filho Companheiro...A história conta que ainda criança, Maciel Melo costumava acompanhá-lo nas festas para as quais era contratado para animar.

No final da apresentação fui nas margens do Rio São Francisco e em prece na solidão das águas rezei pensando na Fé de Dona Lourdes, a mãe também Cabocla Sonhadora, que tem sua parcela de influência na musicalidade de Maciel Melo. 

"São dezoito horas e mais uma Oração...Oh Maria Lourdes da Labuta/ Em Sumé foste doce, amarga e bela/ Paraíba foi tua passarela/ Pernambuco te trouxe a sedução/ O destino entregou tua missão/ Onze filhos a ti foi destinado/ E a lei que constitui o teu reinado"...

Já não sabia de estava acordado ou dormindo, se estava agora nas margens do Rio Pajeu...e eu vi, juro que vi, com um espírito de repentista escutei a  voz do poeta e escritor Virgilio Siqueira dizer: “Pra todo canto que olho,/ vejo um verso se bulindo”, na poesia de Patativa do Assaré.

“Quebrei no dente/ Um taco da literatura/ Tô na história, tô e sei/ Que sou motivo pra falar”.

É Maciel Melo, um trabalhador da música. Colecionador de prêmios, presente em trilhas sonoras de filmes e telenovelas, Maciel Melo é coração e arte brasileira. 

*Ney Vital-Jornalista. Apresentador e produtor do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos. Todos os domingos 8hs Rádio FM 95.7 e Rádio Cidade AM 870

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GILBERTO GIL COMPLETA 80 ANOS: PRIMEIRA INFLUÊNCIA MUSICAL FOI OUVINDO LUIZ GONZAGA

“Tenho consciência de que sou filha de um orixá vivo”. A frase dita por Preta Gil em recente entrevista à revista Veja dimensiona o legado do aniversariante deste domingo, 26. Embaixador da ONU, imortal da Academia Brasileira de Letras, ex-ministro e um dos artistas mais importantes da música brasileira, Gilberto Gil celebra seus 80 anos de vida cercado por homenagens e em plena atividade.

Nascido em Salvador, em 1942, Gil passou parte da infância em Ituaçu, no interior da Bahia. Foi lá onde o desejo de ser músico brotou no coração do menino que ouvia atentamente os sons dos sanfoneiros locais, das procissões pelas ruas da cidade e da música de Luiz Gonzaga tocada no rádio.

Uma frase do artista, registrada em seu site oficial, explica o início de sua relação com a música: “Eu soube que a música era minha linguagem, mesmo. Que a música ia me levar a conhecer o mundo, ia me levar a outras terras. Por que eu achava que tinha a música da terra e a música do céu”.

 A sanfona foi o primeiro instrumento dominado por Gil, ainda na infância. Mais tarde, já vivendo em Salvador, recebendo a influência de Dorival Caymmi e também da bossa nova, descobriu o violão e, em seguida, a guitarra elétrica. Na Universidade Federal da Bahia, em 1963, conheceu Caetano Veloso, seu grande parceiro musical. Ao lado dele e de nomes como Tom Zé e Gal Costa, encabeçou o movimento cultural batizado de Tropicália.

Foi também nos anos 1960 que o baiano lançou seu primeiro LP, “Louvação”. Com canções como “Procissão”, “Roda” e “Viramundo”, o disco trazia os elementos regionais que tanto influenciaram o músico. Muitos outros sucessos viriam a seguir. No banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), Gil tem 784 músicas e 2.529 gravações registradas.

MÚSICA MAIS TOCADA: Segundo o levantamento feito pelo Ecad, a canção mais executada de Gil nos últimos 10 anos é “Vamos Fugir (Give Me Your Love)”, seguida por “Aquele Abraço”, “A Novidade”, “Não Chore Mais” e “Palco”. Já a composição com mais gravações é “Lamento Sertanejo”, parceria com o pernambucano Dominguinhos. Outra curiosidade apontada pelo escritório é que a palavra “amor” é a que mais aparece em títulos de músicas do artista, com 18 repetições.

“Em Casa com os Gil”, série documental lançada na última sexta-feira no Amazon Prime Video, dá a oportunidade de conhecer um pouco da intimidade de um dos maiores ícones da MPB. O reality show acompanha a preparação para a turnê inédita pela Europa, que começa neste domingo e reunirá pela primeira vez todas as gerações da família do músico no mesmo palco.  

Durante os seus cinco episódios, a série - que já tem uma segunda temporada garantida - toca em temas como o exílio político vivido por Gil durante a Ditadura Militar. Em coletiva realizada para divulgar o programa, ele falou sobre a experiência de ter o convívio familiar exposto para milhões de pessoas. “O desafio, para mim, era ter uma coisa que fosse palatável no sentido contemporâneo da imagem da televisão. Em que medida a nossa família poderia suprir esse papel de estar em foco como um grupo interessante, um grupo que despertasse o interesse das pessoas?”, contou.

Outras homenagens marcam as oito décadas do mestre. Uma delas é a mostra digital “O Ritmo de Gil”, realizada pela Google Arts & Culture, em parceria com o Instituto Gilberto Gil. Essa é a primeira retrospectiva sobre um artista vivo feita pela plataforma global.

O acervo conta com mais de 41 mil imagens, além de 900 vídeos e gravações históricas. Entre os materiais inéditos, está um álbum de 1982, gravado em Nova York, nunca lançado por Gil e que acabou perdido por ele. Fruto de uma pesquisa iniciada em 2018, a exposição online celebra a vida e a obra do músico, destacando como o seu trabalho impactou o Brasil e reverberou pelo mundo.

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BOM SÃO JOÃO PRA VOCÊS

Aqui no Nordeste, o povo diz isso como, em dezembro, as pessoas costumam dizer: Feliz Natal. Agora, a pandemia nos rouba até isso, mas teimamos em dizer: Bom São João para você.

Não é difícil compreender o que está por trás das festas juninas. Aliás, para dizer a verdade, o espírito da festa está no DNA do povo e quanto mais simples e ainda mantiver o jeito de viver comunitário, mais gosta de festa, de toda e qualquer festa.

A realidade social e política do nosso país não nos convida à festa. Ao contrário, as perspectivas são cada dia mais difíceis. Na quarta-feira (23) a Constituição de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados votou favorável à PL 490 que praticamente legaliza a invasão das terras indígenas e acaba com as conquistas que os índios tinham conseguido na Constituição de 1988.

No entanto, esses desalmados podem fazer o que quiserem e aprovar a lei que quiserem, nós continuaremos a luta pela justiça e pelo direito de fazer festa. Como expressa um dos mais belos e antigos cânticos litúrgicos da Páscoa: "A vida e a morte se batem em um duelo estranho. O rei da vida, morto, reina vivo".

O cântico pascal dizia isso de Jesus ressuscitado, mas nos tempos da ditadura militar, na clássica canção Pesadelo, Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro zombavam dos torturadores e algozes da ditadura, cantando: "Você me prende vivo, eu escapo morto. De repente, olha eu de novo".

Toda festa, qualquer uma, tem esse sabor de ressurreição. O espírito de festa do povo se mantém, resiste e quase sempre acaba se sobrepondo.

Toda festa, qualquer uma, tem esse sabor de ressurreição. O espírito de festa do povo se mantém, resiste e quase sempre acaba se sobrepondo / Eriuz Tiaraju/Comunicação MST

E tem de ser assim porque originalmente na natureza, essas festas juninas são marcadas pelo solstício do inverno (o sol que ressuscita e recomeça a nos dar dias mais longos e luminosos).

E no Cristianismo, o nascimento de São João Batista significa um solstício dentro do coração da gente: ele anuncia o nascimento do Sol da Justiça que é o Cristo.

Quando anunciou ao pai Zacarias o nascimento do seu filho (João), o anjo previu: "Por seu nascimento, muitos haverão de se alegrar".

É a alegria messiânica, uma alegria meio louca e radical, mesmo no meio das dores da vida, a alegria que antecipa a vitória da salvação, ou seja, da libertação definitiva e revolucionária da vida e do universo.

Essa subversão divina é profetizada por dois sinais familiares que parecem milagres e o são em um mundo onde nada é gratuito.

Deus faz a mulher estéril dar à luz e assim iniciar o tempo novo da salvação. Deus faz o mudo falar e profetizar o novo tempo que surge com esse nascimento. Ao dar a luz a João (o nome significa Deus acha graça na gente e nos dá a sua graça), Isabel abre o mundo ao Novo Testamento.

Muito concretamente, hoje, peço a Deus que me faça sempre de novo ter a graça de passar de um tipo de fé do Antigo Testamento (que eu amo, respeito e acredito ser atual, embora incompleta) para o Novo Testamento. Hoje, a compreendo como fé profética, baseada na graça do amor e na confiança total do Espírito presente no mundo.

A profecia é revelar que o Espírito nos fala e o reino de Deus já começa, seja quando uma florzinha brota na secura das estradas do mundo, seja quando duas pessoas vivem o amor, seja em todos os gestos de generosidade humana, empoçada no coração de cada um/uma de nós.

Como no evangelho que conta o nascimento do profeta João Batista, o Amor Divino em nós nos faz passar da esterilidade para a fecundidade, da mudez para a comunhão.

Que Deus abra o útero envelhecido, meio endurecido de nossos corações quando parecemos estéreis e nos faça parir o mundo novo do qual tanto precisamos. Solte nossa língua presa a tantas convenções para dizer: o novo chegou. Somos todos e todas, profetas e profetizas dessa alegria messiânica.

*Marcelo Barros é beneditino, pernambucano e de convicções inter-religiosas.

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ANTONIO MENDES: A VIDA QUE SE TECEU COM A HISTÓRIA DA MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA, PERNAMBUCO

Compreender que a história vem se tecendo com a força da própria vida é uma reflexão. Por isto, disse o cantador, escritor Vírgilio Siqueira, não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. Daí não ser possível retornar, afinal, a gente nem sabe ao certo se de fato partiu algum dia.

No mês de julho a Missa do Vaqueiro de Serrita completa 52 anos. Criada por Padre João Câncio, Luiz Gonzaga, Mestre da Sanfona e o poeta cantador Pedro Bandeira, a Missa possui uma mística de fé e histórias. 

Este ano, amigos e participantes da Missa do Vaqueiro de Serrita, lembrarão com mais saudade a ausência do agora saudoso Antônio Davi Pereira, conhecido por seu Antônio Mendes que partiu para o "Sertão da Eternidade" no dia 11 de setembro de 2020.

Seu Antônio em vida participou de 50 missas do vaqueiro. Foi um dos fundadores, um dos primeiros a participar da tradicional missa.  Esteve presente nos principais diálogos para a criação e cujos frutos brotaram no que hoje é a Missa do Vaqueiro de Serrita um Patrimônio Cultural do Brasil. 

O agricultor, empreendedor Antonio Mendes foi um alicerce que trabalhava e não perdia o otimismo e contribua com muitas ações para que a Missa pudesse ser realizada. Seu Antônio teve mais um privilégio. Conviveu com Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira e Padre João Câncio. Distribuiu rapadura, queijo e farinha, ouviu aboios e se emocionou com a força do trabalho e das palavras construídas nas vozes dos vaqueiros mais autênticos que ampliam a cultura e a busca de justiça social.

O biomédico, Cícero Jurandir Pereira é um dos filhos de seu Antônio. Ele revelou a reportagem (BLOG NEY VITAL) que "este ano mais uma vez estará presente na Missa do Vaqueiro de Serrita", ressaltando que devido o isolamento social provocado pela pandemia Covid-19, uma das últimas missas que o seu pai participou foi sem a presença de grande público e por isto este ano a "emoção será mais forte devido a presença dos amigos vaqueiros todos encourados".

A ativista cultural, Maria de Fátima Tenório Ribeiro, há 22 anos participa da Missa do Vaqueiro. Natural da cidade de Arcoverde este ano estará em Serrita. Ela é uma das que vai sentir a ausência de seu Antonio Mendes no Parque Nacional dos Vaqueiros,  Sitio Lajes, local onde é realizada a Missa.

Emocionada Nadir Ribeiro, lembra que seu Antonio Mendes foi um daqueles sertanejos que fazia questão de receber e abraçar, amigos e visitantes, gostava de acolher as pessoas, de prosear sobre a vida e contar histórias sobre a Missa do Vaqueiro e ainda das dificuldades e vitórias do homem da caatinga.

Nadir Ribeiro recebeu em 2017 o Prêmio Cultivador da Cultura, da Ordem Federativa ao Mérito e do Movimento Café com Poemas,  em Belo Horizonte, Minas Gerais

DEVOÇÃO: "Tengo/legotengo/lengotengo/lengotengo.… O vaqueiro nordestino/morre sem deixar tostão/o seu nome é esquecido/ nas quebradas do Sertão...” 

Na Missa do Vaqueiro de Serrita, edição 52, mais uma vez os aboios e versos vão ecoar pelo lugar, realçados pelo trote dos animais e o balançar natural dos chocalhos trazidos pelos donos, todos em silêncio. É música. É arte. 

Cada arte emociona o ser humano de maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

Foi no sítio Lages, que um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Realizada anualmente sempre no mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga e criada com os amigos Padre João Câncio e Pedro Bandeira. A música composta por Nelson Barbalho e Luiz Gonzaga, ainda ecoa nos sertões brasileiros: Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. 

Reza a história que corre até hoje nos sertões que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão. A sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Luiz Gonzaga queria mais.

 Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos, na época padre que ao ver a pobreza e as injustiças sociais cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão, para fazer do caso do vaqueiro Raimundo Jacó é o mote para o ofício do trabalho e para a celebração da coragem. Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Raimundo Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. 

De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de centenas vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas, como chapéu de couro, chicotes e berrantes, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. 

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre. A Missa do Vaqueiro enche os olhos e coração de alegria e reflexões.  Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas. 

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado, composto por Janduhy Filizola é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção. É a mística presente na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros: “Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos".

E aqui um assunto pra concluir: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o sentimento pelo “irmão” morto. O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!

Assim eu escutei e aqui reproduzo...(Texto e reportagem Jornalista Ney Vital. Apresentador produtor do Programa NAS ASAS DA ASA BRANCA  VIVA LUIZ GONZAGA E SEUS AMIGOS. Transmissão aos domingos 8hs Rádio FM 95.7 e Rádio Cidade AM 870)

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PROGRAMA ESCOLA VERDE PROMOVE XIX MINICURSO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTERDISCIPLINAR

O Programa Escola Verde (PEV), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), realizará o XIX Minicurso de Educação Ambiental Interdisciplinar (MEAI), nos dias 2 e 9 de julho. O evento visa construir um espaço para capacitar estudantes universitários e professores da educação básica sobre temas socioambientais. 

As aulas do minicurso irão acontecer remotamente, com transmissão pelo canal do PEV no YouTube. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 1º de julho.

Os interessados em participar podem efetuar as inscrições pelo formulário on-line. O minicurso irá ofertar 16 aulas, que serão ministradas por docentes da Univasf e da Faculdade de Petrolina (Facape), conforme calendário.

 As aulas do XIX MEAI  irão acontecer no turno da manhã, das 8h às 12h15, e da tarde, das 14h às 18h15. O minicurso irá abordar temas como “Montagem de Comunidades Biológicas”, “Engenharia de Software para a Educação Ambiental”, “Mudanças Climáticas Globais”, “Bioconstrução”, entre outros tópicos relacionados com a temática central do evento.

O participante que assistir a mais de 60% das aulas e assinar as atas de presença poderá receber certificado com carga horária de até 16h de aula. O Programa Escola Verde tem como objetivo investigar as dificuldades da educação ambiental nas escolas e promover ações que minimizem os problemas identificados, a partir da participação das comunidades escolares. Para mais informações sobre o PEV e suas atividades, acesse o site do programa.

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LUIZ GONZAGA E A PAIXÃO PELO FUTEBOL. EXU POSSUI O GONZAGÃO FUTEBOL CLUBE

O Blog Ney Vital destaca a História de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião com o futebol. Ele era apaixonado pelo esporte e teve até um time com seu nome e em Exu, Pernambuco, sua terra, existe o Gonzagão Futebol Clube.

Se estivesse vivo, Luiz Gonzaga completaria este ano 110 anos em  13 de dezembro de 2022.

Nos anos 80 Luiz Gonzaga foi registrado numa foto ao lado do sobrinho, Piloto e outros jogadores.

A história conta que Luiz Gonzaga chegou a ter um time em sua homenagem: o Gonzagão Futebol Clube, sediado em sua cidade natal, a 630 quilômetros do Recife. O Gonzagão Futebol Clube, disputou a sua primeira partida contra uma equipe de Araripina, também no Sertão. Luiz Gonzaga usava binóculo para assistir aos jogos, “Seu Lua” fez questão de dar o ponta pé inicial, com a imagem sendo o seu último registro como torcedor. Uma outra versão do Gonzagão Futebol Clube, acabou sendo criada criada em 12 de janeiro de 2015, com o cantor presente no escudo – com a sua sanfona branca. 

No Rio de Janeiro o Rei do Baião declarou que torcia pelo Botafogo e no seu Pernambuco o preferido era  Santa Cruz de corpo e alma. 

Luiz Gonzaga foi do tempo, definido pelo jornalista Armando Nogueira, onde o futebol era pura arte: o drible era poesia, o passe prosa, o chute era o êxtase e o gol delírio pleno.

No podcast do projeto Luiz Gonzaga 110 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, apresentado e criado pelo pesquisador Paulo Vanderley consta o cantor Fagner falando sobre a paixão de Luiz Gonzaga pela arte do futebol, e detalha uma partida de futebol disputada em Exu, com presença de Gonzaguinha, durante as festividades do Centenário da Igreja de São João Batista do Araripe.

No ritmo, harmonia e melodia, Luiz Gonzaga, em seu repertório declarou amor ao futebol e cantou Siri jogando bola, Hino do Batistão e Lá vai a pitomba. O Estádio Estadual Lourival Baptista, em Aracaju, foi inaugura em 9 de julho de 1969, Luiz Gonzaga cantou no evento.

Atualmente o técnico, do time Gonzagão Futebol Clube é Giliard Fernandes da Silva. A equipe disputa a primeira divisão do Campeonato local.


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PAULO VANDERLEY: PODCAST E SITE JÁ SÃO REFERÊNCIAS DAS COMEMORAÇÕES 110 ANOS NASCIMENTO DO REI DO BAIÃO

O dia 13 de dezembro de 2022 marca os 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Mas, as comemorações já começaram pelas ações de Paulo Vanderley, um dos principais pesquisadores e referência nacional sobre a vida do artista. 

O projeto, que culminará com o lançamento de um livro, já começou com a série exibidas através do podcast “Luiz Gonzaga 110 anos de Nascimento”, reunindo símbolos importantes da carreira do sanfoneiro, cantor e compositor.

No dia 30 de março de 2022, foi ao ar o primeiro episódio que continua disponível. A proposta do podcast é oferecer um bate-papo descontraído entre amigos apaixonados pela obra de Luiz Gonzaga.

Esse é o DNA do podcast “Luiz Gonzaga 110 anos de Nascimento”. Ao todo, o projeto reunirá mais de 50 programas. Em cada uma das gravações, haverá convidados especiais, como Elba Ramalho, Waldonnys, Braulio Bessa, Fagner e Espedito Seleiro. Disponibilizado nas principais plataformas de hospedagens de podcast, cada episódio será liberado às quartas-feiras.

Além do podcast, o projeto em homenagem aos 110 anos do Rei do Baião conta também com o site www.luizluagonzaga.com.br, uma websérie e um livro que reúne o maior acervo de pesquisa sobre o artista já publicado no Brasil. O site Luiz Luz Gonzaga, de visual renovado, foi relançado para o público em 13 de dezembro de 2021 dia em que se comemorou os 109 anos de nascimento do artista. A plataforma leva assinatura do pesquisador Paulo Vanderley, apaixonado pela obra gonzagueana, reunindo no ambiente vitual um amplo acervo sobre a carreira de Luiz Gonzaga, tais como discos, fotos e documentos raros.

A página foi criada há 16 anos, com supervisão técnica de Walmar Pessoa, e é considerada, hoje, o maior acervo digital da obra de Gonzaga. Paulo Vanderley, reuniu, ao longo do tempo, inúmeros detalhes da carreira do artista e, como todo apaixonado colecionador, conservou o material nos arquivos dentro de sua própria residência. Até que, em 2005, resolveu disponibilizar para o grande público por meio da internet. O site chegou à marca de 8 milhões de acessos somente em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga.

O site foi relançado numa série de eventos em Exu, terra natal do homenageado, e teve seu grande momento com uma live. Numa conversa leve e descontraída, Paulo convidou o ator e influenciador digital Max Petterson, cearense apaixonado pela cultura nordestina, e Espedito Seleiro, artista plástico e mestre da arte do couro que trabalhou no desenvolvimento do figurino de Luiz Gonzaga. Juntos, prestaram uma justa homenagem ao Rei do Baião e apresentaram detalhes do acervo disponível no novo formato do site.

EXPANSÃO DA MEMÓRIA: Além do site, o pesquisador Paulo Vanderley também está envolvido na produção do livro "Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento". A obra promete ser um dos documentos mais definitivos de consulta sobre a carreira de Gonzaga e um valioso instrumento de pesquisa sobre a canção brasileira. “Em cada página, o leitor viverá uma experiência gonzagueana. Vamos anexar letras, capas de LPs, fotografias raras”, destaca o pesquisador.

O livro é a síntese de mais de três décadas de pesquisa e paixão de Paulo pela obra de Gonzaga. Ele será narrado em primeira pessoa pelo próprio Luiz Gonzaga, com trechos extraídos de gravações de entrevistas concedidas a rádios, jornais e canais de tv pelo próprio artista entre os anos 1940 e 1980. “É como se você estivesse lendo um texto com aquela voz inconfundível de Gonzaga”, adianta Paulo Vanderley.

Além disso, o autor traz um relato preciso sobre a trajetória do Rei do Baião, construída entre a memória pessoal e os relatos de nomes consagrados da música que conviveram com Gonzaga, como Fagner, Lenine, Santana, o cantador e Maciel Melo, outros ícones da MPB. A previsão de lançamento do livro é para o São João de 2022.

O projeto conta com o apoio de importantes parceiros como a Betânia, Uninassau, Cerbrás, Grupo S&S e Cevema.

REFERÊNCIA NACIONAL: A experiência e o conhecimento fizeram de Paulo Vanderley uma referência nacional no tema, tanto que ele foi convidado como consultor em importantes projetos sobre Gonzaga, como o Museu Cais do Sertão, no Recife, o filme "Gonzaga: de pai pra filho", de Breno Silveira, e do desfile campeão do carnaval do Rio de Janeiro em 2012, da Unidos da Tijuca de Paulo Barros.

Aos poucos, Paulo Vanderley conseguiu transportar esse valioso material para o mundo digital. Agora, na nova versão do site, o público conseguirá navegar pelas fotografias raras, a história da discografia completa, conferir a letra na íntegra das canções gravadas, vídeos raros e ler curiosidades colhidas pelo coordenador do site durante a convivência com ícones da MPB.

“É uma forma de manter viva a memória de um dos maiores nomes da nossa música e reconectar todo esse legado com novas gerações. Eu fico animado com esse interesse por Gonzaga. Ele foi e é muito importante para nossa cultura”, relata Paulo, animado com o sucesso do projeto.

FICHA TÉNICA - PODCAST

Apresentação: Paulo Vanderley

Produção: Viu Cine

Técnico de som: Mago Andrade

Música: Lucas Campelo

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