A VOZ DA FLORESTA: AS PLANTAS FALAM, TEM SENTIMENTOS E AJUDAM A SUA COMUNIDADE

Você já ouviu a voz da floresta? As plantas "falam", têm "sentimentos", memória e ajudam a sua comunidade. Algumas delas, como as árvores-mães, até alimentam outras plantas.

Antes que o homem surgisse na Terra, os vegetais já usavam a eletricidade para se comunicar e se defender. A árvore não é imóvel, passiva, como sugere a expressão "estado vegetativo".

A reportagem especial de 41 anos do Globo Rural mostrou toda essa sabedoria que vem da floresta. E um dos diversos exemplos disso é a planta Maria dormideira, que se fecha ao ser tocada em uma de suas folhas.

A repórter Mariana Fontes conta que, em sua infância em Minas Gerais, ficava encantada com essa planta e adorava brincar com ela. Alguém contou na época que a espécie gostava de receber um carinho e, então, dormia.

Mas a ciência já estuda essa reação faz tempo. E não tem nada a ver com preguiça não.

Ao sentir uma ameaça, é como se uma corrente elétrica viajasse pelo corpo dela, levando um ‘aviso de perigo’. A planta então reage. Só que, em vez de músculos para fugir, ela usa um sistema hidráulico e se move deslocando água.

No momento em que o sinal elétrico chega à base da folha da Maria dormideira, ela perde água e murcha, conta o biólogo Gabriel Daneluzzi, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em Piracicaba, São Paulo.

Celebridade na botânica, a Maria dormideira também é chamada de "sensitiva" ou "Maria fecha a porta".

EXPERIMENTO: Um outro exemplo sobre a inteligência da planta pôde ser observado em um experimento de pesquisadores da Esalq-USP.

Se um vaso da dormideira cai no chão, todas as folhinhas praticamente se fecham com o impacto. Mas os pesquisadores decidiram "ensinar" à planta que essa queda não tem nada a ver com a presença de predadores.

Para isso, eles jogaram vários vasos no chão muitas vezes. Eles sempre assistiam as folhinhas se fecharem, até que em um momento elas pararam com isso.

Os pesquisadores aguardaram cerca de um mês e soltaram os mesmos vasos no chão. A planta continuou aberta e eles concluíram, portanto, que ela se "lembrava" dos experimentos, o que sugere que os vegetais podem dar respostas mais eficientes quando usam um tipo de memória.

As plantas aprendem através de processos bioquímicos que se repetem. Tudo que é presenciado fica registrado e, quando isso é repetido, isso é identificado.

“Elas [as plantas] aprendem através de processos bioquímicos que se repetem. Tudo que é presenciado fica registrado e, quando isso é repetido, isso é identificado”, diz o agrônomo Ricardo Oliveira.

“O que motiva os cientistas, pesquisadores, entusiastas desse mundo a estudar é procurar entender como a vida se manifesta numa planta, e quais são de fato suas capacidades”, acrescenta.

REGENERAÇÃO: A sabedoria da natureza também permite que ela se regenere mesmo após o desmatamento.

Foi o que aconteceu em uma área da Mata Atlântica, localizada perto do Parque Nacional de Itatiaia (divisa de SP, MG e RJ), na Serra da Mantiqueira. Por lá, o vizinho de cerca do repórter Nelson Araújo, Eduardo Campos, contribuiu para a recuperação das plantas.

No meio da década de 1980, ele e mais seis amigos compraram a área, que havia sido desmatada e transformada em uma grande fazenda de gado e lavoura.

A recuperação se deu por estágios. Assim que tiraram o gado e pararam com as roças, uma espécie tomou conta das encostas: a vengala. Também chamada de calafá. Um tipo de um bambuzinho da Mata Atlântica.

Planta pioneira, ela se espalha formando uma estufa a céu aberto, onde a vida estocada no solo desabrocha.

INTERNET DA FLORESTA: Assim como nas sociedades humanas, entre as árvores há muita competição para se conquistar um lugar ao sol. Mas, debaixo do solo, o que acontece é muita colaboração.

E a pesquisadora canadense Suzanne Simard comprovou cientificamente a troca de substâncias que as plantas fazem.

Ela conta que, ainda nos 1990, moléculas de carbono foram marcadas e injetadas em uma árvore. “Em pouco tempo, detectamos que a substância tinha passado para os indivíduos do entorno”, diz ela.

“Conforme avançamos nas pesquisas, descobrimos como a transmissão se dá pelas raízes”, acrescenta.

“Nós fizemos sensoriamento em uma floresta do Pacífico Norte e o que constatamos foi surpreendente. Tudo ali está conectado formando uma extraordinária rede de comunicação. Tão ou mais fantástica que a internet”, acrescenta.

SOBREVIVÊNCIA: As plantas também escolhem e até atraem os seres que garantem a sobrevivência delas. Elas recrutam, por exemplo, quem oferece nutrientes.

A biotecnologista Carol Nishasaka tentou reproduzir essa dinâmica no laboratório, onde ela preparou duas placas: uma onde colocou somente um fungo que causa doença, e outra que, além do fungo, tinha uma bactéria ‘do bem’.

Dias depois, o fungo que ficou sozinho avançou livremente, diferentemente da outra placa. Nesta, a bactéria ficou do lado direito e o fungo do lado esquerdo. A bactéria liberou substâncias que não deixaram o seu rival crescer.

A natureza também conta com a presença das árvores-mães, que alimentam os seus "filhos” e a população vizinha.

“Podia ser árvore-pai ou árvore-mãe. Optamos por árvore-mãe pelo aspecto da nutrição e a importância da mãe com a família”, afirma a pesquisadora canadense Suzanne.

“Vimos que a árvore-mãe não só atende aos seus, mas alimenta também os filhos de suas vizinhas. Em quantidade menor do que para a própria família, mas não deixa de cuidar dos estranhos também”, reforça.

SAGRADO EM TODAS AS FORMAS: Para alguns pode parecer estranho falar em "conversa de plantas", mas muitas culturas antigas consideraram a floresta como parte da família.

É o caso da filosofia indiana Hare Krishna. Os devotos, assim como em muitas culturas milenares, pregam o respeito a todos os seres.

Eles acreditam que o sagrado está em todas as formas de vida. Quem segue essa religião, não come carne, por exemplo, para não causar sofrimento aos animais.

E, quando eles retiram os vegetais da natureza, eles entendem que estão lidando com um ser vivo que tem consciência e até alma.

Na Serra da Mantiqueira, uma comunidade rural de 30 famílias Hare Krishnas, fundada na década de 1970, compartilha mais de 100 hectares e as mesmas crenças.

Gaura Lila, uma das moradoras da fazenda Nova Gokula, cuida das hortas orgânicas, que são fontes de renda e de alimento para as pessoas da comunidade.

Ela conta que a filosofia Hare Krishna mudou a sua relação com as plantas.

“É com essa consciência de que é uma entidade viva que está no seu processo de evolução. E que não é porque eu sou um ser humano que eu posso abusar desse poder e ir pra um caminho de destruição."

A FLORESTA ANDA: O repórter Nelson Araújo diz que quando foi morar na Serra da Mantiqueira não sabia que a floresta "andava", mas que descobriu esse fenômeno por lá.

Antes, o hábito era roçar tudo, mas ele decidiu deixar o mato crescer. Em cima de uma encosta que vinha sofrendo erosão com o pisoteio, por exemplo, havia uma mata de candeia que chegava somente até a linha de um capão de eucalipto.

Mas quando ele suspendeu a roçada e o pastoreio, a candeia desceu naturalmente e avançou mais uns 200 metros. A floresta andou.

AGROFORESTA: A sincronia observada na floresta pode servir de exemplo para a produção de alimentos. Exemplo disso é o modelo de agrofloresta.

Quando o agrônomo Antônio Devide, da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) ergueu uma, ele colocou primeiro a gliricídia, especialista em se aliar a bactérias que captam o nitrogênio.

Os restos de poda de uma leguminosa viram adubo para a bananeira. Ela, por sua vez, ampara quem precisa de potássio.

Sabendo a aptidão de cada planta, o desejo dela por luz, água, nutrientes, é possível trazer espécies que se complementam. É assim que funciona a agrofloresta.

E o Antônio envolve a comunidade nas pesquisas para mostrar que esse sistema também traz renda para o agricultor.

“A gente precisa viver em redes, estabelecer conexões assim como os fungos, as bactérias e as árvores se comunicam, por que não a sociedade trabalhar nesse sentido?”, diz.

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LUCAS CAMPELO, A VIRTUOSIDADE DO JOVEM MÚSICO. DOMINGUINHOS E VAMOS NÓS

Visita aqui Petrolina/Juazeiro do Mestre Lucas Campelo, jovem licenciado em música, pianista e mestre em Educação Musical pela Universidade Federal da Bahia. Dissertação de Mestrado, com o título O CAMINHAR MUSICAL DE DOMINGUINHOS: PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA PRÁTICA DA SANFONA, defendida em 2014.

A tese de mestrado se originou livro, Dominguinhos e vamos nós...que nasceu a partir do farto material de pesquisa que Lucas Campelo possui desde que iniciou a investigação para produzir a sua dissertação, com o título O CAMINHAR MUSICAL DE DOMINGUINHOS: PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NA PRÁTICA DA SANFONA, defendida em 2014. Prefácio do pesquisador Paulo Vanderley Tomas da Silva

Sanfoneiro extremamente qualificado, sempre inspirado pelo trabalho e pela obra de Dominguinhos, Lucas Campelo integra o quadro de músicos da Orquestra Sanfônica de Aracaju. Instrumentista por formação erudita e por vocação, com um qualificado conhecimento da cultura popular da região Nordeste do Brasil, o sanfoneiro Lucas acompanha periodicamente bandas e trios de forró e desenvolve também os seus próprios shows.

Jorge Carvalho do Nascimento Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação através de artigo publicado no blog Educação, História e Política descreve a obra de Lucas Campelo:

Além de todas essas atividades, ainda integra o quadro de educadores musicais do Conservatório de Música do Estado de Sergipe, nas cadeiras de Piano e Sanfona. Nos pendores de professor, ele foi estimulado pela sensibilidade da mãe, Iara Campelo, doutora em Educação e aposentada da Universidade Federal de Sergipe, onde foi vice-reitora.

Com o pai, Paulo, ele aprendeu o entusiasmo pelo instrumento que o encanta. Como o próprio Lucas confessa, Paulo foi o primeiro sanfoneiro da família e a primeira pessoa a tocar a sensibilidade dos seus ouvidos com os acordes do instrumento. Com os músicos Toninho Ferragutti e Gabriela Melo descobriu e se apaixonou pelo trabalho de Dominguinhos.

A Paulo Vanderley Tomas da Silva, Lucas Campelo entregou a responsabilidade pelo prefácio do trabalho que tem o design gráfico da competente criadora Ananda Barreto e revisão de Bruno Pinheiro, Jaciara Castro e Judite Aragão. Além disto, Lucas põe em posição destacada 22 músicos e produtores musicais que entrevistou para elaborar o seu estudo sobre Dominguinhos.

Dentre estes, destaco os depoimentos de Camarão, Oswaldinho do Acordeon, Cobra Verde, Mestrinho, Sérgio Rozenblit e Paulo Correa. Mestrinho, atualmente o mais importante sanfoneiro do Brasil, é filho do grande músico da sanfona Arivaldo do Carira, e não obstante ser ainda muito jovem, teve oportunidade de integrar a banda que acompanhava Dominguinhos nos seus últimos shows.

Dividido em quatro capítulos, o livro de Lucas Campelo revela os passos dados por Dominguinhos em sua história de vida, a sua trajetória musical, a carreira artística. Além disto, revela as ferramentas de aprendizagem que o grande sanfoneiro nordestino desenvolveu para dominar com perfeição o seu instrumento.

Lucas nos conta com emoção o último momento em que Dominguinhos subiu ao palco, no dia 17 de dezembro de 2012, quando das celebrações do centenário de Luiz Gonzaga, em Exu, no Estado de Pernambuco. E também toda a agonia sofrida por Dominguinhos, desde que entrou em coma e padeceu no Hospital Santa Joana, em Recife, até a sua morte, no dia 23 de julho de 2013.

Depois de ler o trabalho de Lucas Campelo, admito os editais da Funcaju com a Lei Aldir Blanc ajudaram os artistas aracajuanos em um momento difícil provocado pela pandemia Covid-19 e produziram bons resultados. O livro DOMINGUINHOS... E VAMOS NÓS! é um ótimo exemplo.

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CETEP: PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E ALUNOS NO RITMO DO ENSINO E APRENDIZADO EM PLENO CARNAVAL

"Caminhando e cantando e seguindo a canção somos todos iguais, braços dados ou não/ Nas escolas, nas ruas, campos, construções caminhando e cantando e seguindo a canção/...Vem, vamos embora, que esperar não é saber quem sabe faz a hora, não espera acontecer".

O Trecho acima é uma frase de Geraldo Vandré e simboliza o ato em busca da educação que transforma. Segunda-feira (28) de fevereiro e Terça-feira (01) de março e quarta-feira (02).

No calendário é período de carnaval e quarta-feira de cinzas. Mas no Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco-CETEP, o ritmo foi de aulas. Professores, funcionários e alunos movimentaram manhãs, tarde e noite no caminho entrelaçado do hoje na busca do amanhã, o futuro. A educação e troca de saberes.

Alunos foram para a sala de aula cumprindo o decreto da Secretaria da Educação do Estado (SEC) que publicou uma portaria que considerou os dias 28 de fevereiro, 1° e 2 de março de 2022 como letivos, no Calendário Escolar Padrão do ano letivo de 2022, desse modo, as escolas da rede pública de ensino tiveram aulas na semana em que seria realizado o carnaval.

O aluno do Curso Técnico em Agroecologia, Josielson Araujo dos Santos, avalia o fato que considerou inédito no Estado da Bahia, onde em outros tempos "jamais se pensou em aulas em pleno carnaval".

"É algo inédito complicado até de explicar. Mas pareceu até normal para o momento em que estamos vivendo de pandemia pois o sentimento é que nesses últimos anos tempos as tradições estão sendo transformadas em rotina normal. O momento de assistir aulas neste dias foi e é impar. O importante é estamos adquirindo conhecimento. Somos incentivados, temos objetivos e rumos que só a educação propõe e por isto fomos para a sala de aula, em plena data do carnaval", disse Josielson.

O professor João Tosta com mais de 30 anos de magistério viveu também "um momento histórico":  lecionar em datas que antes era pleno carnaval e principalmente no período da noite. João Tosta é engenheiro agrônomo da Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro, Bahia e esteve presente nesta data considerada inédita no calendário escolar.

A professora e engenheira agrônoma, Janine Souza da Cruz, também esteve lecionando disciplinas. Ela teve um dia repleto de trabalho voltado a prestação de serviços. A rotina no CETEP foi normal. 

As atividades na Rede de Ensino da Bahia começaram com a Jornada Pedagógica dos professores, entre os dias 1º e 4 de fevereiro. Já as aulas de acordo como o calendário devem ocorrer de 7 de fevereiro até 21 de dezembro.  A entrega dos resultados aos estudantes, após a recuperação final e Conselho de Classe, ficou definida para o dia 28 de dezembro.


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EXPOSIÇÃO O SERTÃO VIROU MAR É ATRAÇÃO NO MUSEU CAIS DO SERTÃO

O Museu Cais do Sertão é um dos atrativos turísticos mais imperdíveis do Recife Antigo. Interativo, o espaço traz à luz dos visitantes a importância da obra do saudoso Rei do Baião Luiz Gonzaga e ambiente do Sertão Nordestino. Foi eleito um dos vinte melhores museus da América do Sul, em 2015.

O Cais do Sertão está instalado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife. É um local de convivência, diversão e conhecimento sobre o solo rico e generoso da cultura popular desta região do Brasil.

 O museu é bem tecnológico, utiliza de várias ferramentas interativas que neste momento ainda de pandemia estão com certa limitação. Traz à tona o diálogo entre a tradição e a invenção, proporcionando aos visitantes uma experiência de imersão no belo e sofrido universo sertanejo. Vai viajar e precisa reservar hotel? Clique AQUI!

O museu conta com atrações e ambientes como a Sala do Imbalança, o Sertãomundo, a Casa do Transtempo, a Sala de Poesia, o Túnel do Capeta, o Túnel das Origens, cabines de Karaokê, dentre outros. Logo na entrada, o visitante pode observar o Espaço Umbuzeiro, no vão livre. Tem ainda salas de projeção, auditórios.

E quem visitar o Museu por esses dias pode apreciar a exposição “O Sertão Virou Mar”. A mostra conta com série de fotomontagens do cineasta e artista gráfico potiguar Sérgio Azol e estão expostas na sala São Francisco até 19 de março. 

Entre o mar e o sertão, a força transformadora das imagens que unem as narrativas destas duas paisagens. “O Sertão Virou Mar” tem curadoria do jornalista e crítico de arte Marcus de Lontra Costa. O evento é destinado ao público em geral e pode ser visto de quinta a domingo, das 10h às 16h. O “Sertão Virou Mar”  traz 53 imagens e une elementos dramáticos que aludem à metáfora utópica para a criação de um sertão que é o contraponto da sua realidade. 

As fotografias produzidas nos sertões do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia apresentam fragmentos do real que se impregnam de múltiplos significados plurais e transformados pelo apelo que se faz à  imaginação coletiva. A rudeza, a aspereza se complementam à abundância do mar nos ambientes fotografados, que se transformam num mundo repleto de novas realidades.

Serviço: Mostra “O Sertão Virou Mar” .

Data: 19 de janeiro a 19 de março,

Local: Cais do Sertão (Armazen 10, Av. Alfredo Lisboa, s/n – Recife, PE, 50030-150)

Horário: Quinta a domingo, das 10h às 16h

Ingresso para a entrada no museu: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)

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ESPAÇO PLURAL DA UNIVASF TERÁ AGROFLORESTA EM ESPÉCIES DIVERSAS

Com o intuito de trazer experiências inovadoras para a região e valorizar o aspecto multiuso do ambiente, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) irá implantar um sistema agroflorestal no Espaço Plural, em Juazeiro (BA). A ação será desenvolvida pelo Programa de Extensão “Agrofloresta do Espaço Plural – Francisco Roberto Caporal”, que iniciou as atividades neste mês de fevereiro. A iniciativa irá possibilitar que o espaço receba agricultores e se torne um campo de ação para os discentes, que poderão acompanhar e realizar pesquisas ao longo do crescimento da agrofloresta.

Batizado como “Agrofloresta do Espaço Plural – Francisco Roberto Caporal” o programa presta homenagem ao professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Francisco Roberto Caporal, um dos grandes nomes da Agroecologia e da Extensão Rural no Brasil, que faleceu em abril de 2021. Ele era membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial (PPGADT) – Doutorado Profissional, ofertado em associação ampla pela Univasf, UFRPE e Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com turmas no Espaço Plural.

O programa de extensão é coordenado por Bruno Cezar Silva, professor do Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede Nacional (Profiap) e egresso do PPGADT; René Cordeiro, professor do Colegiado de Medicina Veterinária e coordenador do Sisteminha Embrapa; e Daniel Salgado Pifano, professor do Colegiado de Ciências Biológicas e coordenador do Programa de Conservação de Fauna e Flora do Projeto de Integração do São Francisco (PISF) e do Centro de Estudos em Biologia Vegetal (Cebive). A iniciativa conta com o apoio da pró-reitora de Extensão da Univasf, Lucia Marisy. O programa tem a participação de estudantes, servidores da Universidade e de pessoas da comunidade externa. 

O Espaço Plural já conta com sistemas produtivos manejados através da agricultura familiar, como a horta comunitária e o projeto de extensão Sisteminha Embrapa. A implantação do sistema agroflorestal irá complementar as ações que já estão em andamento e prover para o espaço uma área verde visualmente agradável e ecologicamente viável, onde poderão ser mantidas espécies vegetais com finalidades e usos que atendam as demandas do local e da comunidade.

Segundo Bruno Silva, que também é pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Univasf, a implantação de um sistema agroflorestal com base em espécies nativas é uma grande oportunidade de destacar a beleza, diversidade e utilidade que envolvem a Caatinga. 

“A ação terá o potencial de desenvolver, ao longo de sua execução, uma valorização da sensação de pertencimento dos atores envolvidos com o meio circundante, que passarão a reconhecer a importância da preservação e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade”, enfatiza. Ele considera que a capacitação e a conscientização que serão promovidas durante o programa representam seu legado mais duradouro, podendo influenciar a criação de iniciativas similares em diversos locais no futuro. (Fonte: Ascom Univasf)

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HABEAS PINHO: LIBERE O VIOLÃO DOUTOR JUIZ

Em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta. 

Ele peticionou em Juízo, para que fosse liberado o violão. Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste.

Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal.

Eis a famosa petição. HABEAS PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca :

O instrumento do crime que se arrola Neste processo de contravenção

Não é faca, revólver nem pistola. É simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade Não matou nem feriu um cidadão.

Feriu, sim, a sensibilidade De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura, Instrumento de amor e de saudade.

Ao crime ele nunca se mistura. Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores, Dos menestréis de alma enternecida

Que cantam as mágoas e que povoam a vida Sufocando suas próprias dores.

O violão é música e é canção,

É sentimento de vida e alegria,

É pureza e néctar que extasia,

É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,

Porém seu destino se perpétua.

Ele nasceu para cantar na rua

E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo pelo Amor da noite

Que se sente vazia em suas horas,

Para que volte a sentir o terno açoite

De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,

Em nome da Justiça e do Direito.

É crime, porventura, o infeliz,

cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,

Será delito de tão vis horrores,

perambular na rua um desgraçado

derramando na rua as suas dôres?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,

Na certeza do seu acolhimento.

Juntando esta petição aos autos nós pedimos

e pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.

O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:

"Para que eu não carregue

Muito remorso no coração,

Determino que seja entregue,

Ao seu dono, o malfadado violão!“

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VÍDEO EM QUE FILHO VAI NA ROÇA AVISAR O PAI QUE FOI APROVADO NO VESTIBULAR PARA MEDICINA EMOCIONA

Lágrimas de pai e filho, moradores do município de Caculé, no sertão da Bahia, têm emocionado milhares de brasileiros nas redes.

Num momento em que centenas de país vivem o luto de uma tragédia, como a de Petrópolis (RJ), e o mundo vive o temor de uma guerra,  o choro de felicidade de Sandro Lúcio Nascimento Rocha, de 21 anos, serviu para criar uma verdadeira corrente de esperança entre internautas.

O jovem compartilhou imagens em que revela para o pai, agricultor e que trabalha na roça, ter passado no vestibular para Medicina, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Na gravação, o rapaz, chamado de Sandrão pelo amigo, adentra ansioso a lavoura onde o pai trabalhava com sua enxada. Acompanhado pelo autor das imagens, ele precisou ainda de um “empurrãozinho” para que, após avistar o pai, seguir para o abraço de comemoração. 
O mais novo estudante de Medicina! Ele passou!”, diz o interlocutor, enquanto o homem parece não acreditar. Não demora para que os dois comecem a chorar copiosamente, enquanto se abraçam com força.

A cena também emocionou os trabalhadores que estavam em volta. A simplicidade do pai resta mais evidenciada que nunca quando, após o breve momento, ele ainda chorando pega seu instrumento de trabalho novamente e volta a cultivar o solo.

O resultado do Sisu, mecanismo de ingresso me universidades vinculado ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foi divulgado na última terça-feira (22).

O homem que grava a cena identifica o jovem estudante como Sandrão e diz que eles estão no sertão da Bahia.

Nas redes sociais vários comentários marcaram a cena:

"O que dizer desse vídeo?! Nele temos o registro do momento em que Sandro Nascimento, filho de um lavrador do sertão da Bahia, conta para o pai que foi aprovado no curso de medicina da UFBA.
Emocionada, eu Luana Tolentino digo: Trata-se de uma resposta à elite escravocrata, tacanha e perversa que domina o nosso país. Trata-se de uma resposta, de um enfrentamento às tentativas diárias de destruir a educação e a universidade pública.
"Pai, sai da labuta! Tenho uma novidade! Passei em medicina!" -, disse o futuro médico. O pai interrompe o trabalho com a enxada, abraça o filho e chora. Os dois choram.
O pai não tem tempo tempo para comemorar. Pega a enxada novamente e ara a terra. Uma cena do Brasil de dentro, do Brasil profundo. Uma cena que me fez lembrar de "Torto Arado", best-seller do escritor @itamarvieirajr". 

Nesta sexta-feira (25), Sandro escreveu sobre o momento, após saber sobre sua aprovação. Ele agradeceu à Deus, a seus professores, que o ajudaram a alcançar o objetivo, mas também falou sobre a base familiar, que se provou valiosa: o pai lavrador e a mãe, dona de casa.

CONFIRA: Oi, pessoal. Venho através desta publicação agradecer a cada um de vocês que, carinhosamente, tirou um tempinho para felicitar-me por mais uma conquista. Todas as palavras do mundo seriam insuficientes para expressar tamanha gratidão. Em primeiro lugar, a Deus eu dou graças. O apóstolo São Paulo diz que "Nele cremos, nos movemos e existimos", portanto, sem a graça de Nosso Senhor Bom Deus, jamais teria persistido, pois Ele é a fonte de todas as coisas. Em segundo lugar, agradeço à minha família. Assim como uma casa precisa de uma alvenaria para erguer-se, um lar precisa de um grande homem e de uma grande mulher para suster-se moral e espiritualmente. 
Eu fui agraciado por ter uma família que, mesmo sem as melhores instruções do mundo, me incentivou a correr atrás dos meus sonhos. Enquanto meu pai, lavrador, labutava na roça, minha mãe segurava a barra nas tarefas domésticas; meu irmão, aos longo de seus 13 anos de idade, sendo o meu xodó e símbolo de irmandade.
Em terceiro lugar, agradeço aos meus caríssimos professores, tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio. Todos, sem exceção. Eles que me ensinaram os macetes da educação com todas as limitações de materiais, ou até mesmo sem receber os seus salários; sempre amaram o que fazem, e têm um espaço no melhor lugar do meu coração. Em quarto, mas não menos importante, agradeço aos amigos e àqueles que nem mesmo tive a honra de conhecer, por cada frase de apoio e incentivo.
A única coisa que posso dizer é OBRIGADO, e o mínimo que posso fazer por retribuição é não decepcionar nenhuma das pessoas que se emocionaram com a minha história. Vou me dedicar na faculdade com todo o gás do mundo, pois lembrarei da força e do carinho que venho recebendo de vocês. Para finalizar, deixo aqui uma frase de Santo Agostinho de Hipona, e peço a todos que reflitam e tomem como incentivo.

"Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se- perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos".

HISTÓRICO: Sandrão, como os amigos chamam, passou para o curso desejado com 738,52 pontos. A pontuação, bem acima da nota de corte da maioria dos cursos, foi suficiente para que ele conseguisse garantir o direito de matricular-se em Medicina na UFBA, no campus Vitória da Conquista (BA), que fica a mais de 200 quilômetros de distância da cidadezinha onde vive hoje.

O rapaz, desde muito novo, sempre se mostrou estudioso, e aficionado por ciência. Em 2020, quando ainda estava na escola, com 17 anos, Sandro criou um projeto de economia de água potável utilizando materiais reciclados que foi destacado pelo Ministério da Educação (MEC). 
Pelo trabalho, ele tirou o segundo lugar na categoria Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista, criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, o estudante também é coordenador regional da Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (Abric). (Com informações de O Globo-Artur Reis)

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