ESCRITOR ITAMAR JR ABORDA UM BRASIL QUASE ESQUECIDO

Um dos palestrantes de abertura da 13ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, aos 42 anos, Itamar Vieira Jr. é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira na atualidade. 

O escritor soteropolitano, de voz tranquila e texto profundo, colhe os frutos do reconhecimento pelo seu primeiro romance, “Torto Arado”, da editora Todavia, lançado em 2019, sem deixar de lado a inquietação criativa para trabalhos futuros. Sua produção segue a premissa da crítica social, com forte olhar sobre as minorias no Brasil.

Mesmo sem data para concluir o segundo romance, o autor prevê o desdobramento das relações do homem com a terra, que não se esgotaram nas linhas de “Torto Arado”. Um desafio e tanto após o envolvimento do público com o enredo marcante de Bibiana e Belonísia, duas irmãs do Sertão baiano unidas após o acidente em que uma delas perde a voz.

 No livro, a riqueza de detalhes transporta o leitor a um cenário rural ainda alimentado por injustiças sociais. Tão imagético que, segundo Itamar, o diretor pernambucano Heitor Dhalia adquiriu os direitos da obra para uma produção audiovisual voltada para streaming.

Até então, o romance vem ganhando notoriedade pela conquista de prêmios como o Leya de Literatura, em Portugal, - País onde o livro foi lançado primeiro - além de Jabuti e Oceanos (ambos em 2020). Não à toa, a narrativa já bateu os 100 mil exemplares vendidos no País.

“O curioso é que a gente não escreve pensando em prêmios. Eu achava que, quando concluído, ia querer lançar, mas eu não tinha editora e, por isso, o livro acabou sendo publicado por uma editora em Portugal. Mas a história e os prêmios não mudam como a gente se relaciona com a literatura. É uma chancela que diz que você tem um valor literário, sem modificar os sentimentos mais simples”, analisa o autor.

O BRASIL PROFUNDO: Graduado em Geografia e servidor do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Itamar conhece de perto muitas das questões levantadas em seus textos, em que é possível identificar a complexidade social do País em toda sua desigualdade de valores e gênero - vale lembrar a força das suas protagonistas femininas. 

“Mas, como leitor, eu me interesso por literaturas diversificadas e a gente está em construção, com novos interesses para acrescentar. Nossa vida é muito dinâmica, e hoje se aborda questões que são caras para a nossa formação enquanto pais e que, daqui a cinco anos, a gente fale, por exemplo, de outras coisas mais urgentes”, destaca.

Embora o autor levante temas que o próprio Brasil ainda não se reconhece, ele acredita conseguir a empatia do leitor - inclusive não-brasileiros - a partir de sentimentos universais. “Mesmo não vivendo algumas realidades, o desejo de não ser explorado e de equidade é para todos. Sem contar que o Brasil é um país de urbanização relativamente recente, se formos comparar com outros países desenvolvidos. A nossa memória afetiva do campo ainda está muito ligada às lembranças familiares”, completa.

INFLUÊNCIAS: Entre 1995 e 1998 seu pai trabalhava no Porto de Suape e a família inteira residiu em Jaboatão dos Guarapes. “Lembro do impacto de ter lido “Morte e Vida Severina”, do pernambucano João Cabral de Melo Neto, na minha adolescência, além de compreender a relevância de Ariano Suassuna, que era paraibano, mas residiu em Pernambuco”, diz, completando a lista com outros escritores brasileiros importantes, a exemplo de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz.

“Embora eu fale de autores do passado, que leio hoje com o mesmo interesse, o mundo tem um ritmo muito acelerado, e é inevitável que a literatura seja influenciada por tantos fatos por aí afora. Ainda assim, acho que, quando escrevemos, a gente subverte, porque o tempo da literatura é um tempo de convite para parar e refletir", observa.

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PETROLINA SERÁ PALCO DIGITAL PARA O I FESTIVAL DE CANTORIA E CANTADORES DE 26 A 29 DE OUTUBRO

Mais de 12 artistas, entre nomes nacionais e talentos nordestinos, vão se encontrar virtualmente, de 26 a 29 de outubro, em Petrolina – PE, durante o I Festival de Cantoria e Cantadores. 

O projeto, com transmissão pelo canal do Youtube da Sincronia Filmes, a partir das 19h30, além das apresentações musicais e poéticas gratuitas, também vai movimentar os alunos das escolas públicas do município com bate-papos musicados e palestras em formato híbrido.

Com participações confirmadas de Maciel Melo (Iguaraci-PE), Ceumar (São Paulo-SP) e Camila Yasmine (Petrolina-PE), o festival, segundo seus curadores Maviael e Marcone Melo, é uma iniciativa de celebração da música autoral e da diversidade de estilos e ritmos. "Durante quatro dias iremos promover a troca de vivências e experiências de apreciação estética e formação, promovendo ricos diálogos e intercâmbios culturais, visando contribuir significativamente para o desenvolvimento da cadeia produtiva da música", pontuou Marcone Melo, idealizador e produtor do Festival.

 Fazem parte ainda da grade de programação nomes como: Nilton Freitas (Uauá-BA), Mariano Carvalho (Salgueiro-PE), Paulinho Pedra Azul (Pedra Azul-MG), Álisson Menezes (Vitória da Conquista-BA), João Sereno (Juazeiro-BA), Gean Ramos (Jatobá-PE), Ivan Greg (Petrolina-PE) e Marcone Melo (Petrolina-PE).

O I Festival de Cantoria e Cantadores tem realização e produção executiva da Melodia Produções e conta com incentivo cultural da Fundarpe e da Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco (Secult-PE), através da sua aprovação no 3º Edital Funcultura de Música 2018/2019.

Mais informações: (87) 98866-7387 e (71) 99922-5842.
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DESMATAMENTO, QUEIMADAS E RETRAÇÃO DE ÁGUA AUMENTAM O RISCO DE DESERTIFICAÇÃO DA CAATINGA

Mudanças na cobertura de solo nas últimas três décadas estão agravando o risco de desertificação de partes da Caatinga. Esta é uma das conclusões da análise do MapBiomas feita a partir de imagens de satélite da região entre os anos de 1985 e 2020. 

Nesse período, 112 municípios da Caatinga (9%) classificados como Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) com status Muito grave e Grave tiveram uma perda de 0,3 milhões de hectares de vegetação nativa.

Isso representa cerca de 3% de toda a vegetação nativa perdida entre 1985-2020 no bioma. Desse total, 0,28 milhões de hectares foram perdidos em 45 municípios da Paraíba classificados como ASD.

Ao mesmo tempo, houve um decréscimo de 8,27% (-79.346 ha) na superfície de água. De forma geral, a Caatinga ficou mais seca nos últimos 36 anos. Além da redução da superfície total de água, houve também uma retração de 40% na água natural entre 1985 e 2020. Essa categoria, que engloba os cursos de água que fluem livremente, respondia por menos de um terço (27,48%) da superfície de água da Caatinga em 2020. A maior parte estava retida em hidrelétricas (42,69%) ou reservatórios (29,61%).

 Na série histórica mapeada, a menor extensão de superfície de água (629.483 hectares) foi registrada recentemente, em 2017. A média de superfície de água mapeada nos 36 anos analisados é de 922 mil hectares.

A retração da superfície de água ocorreu concomitantemente à perda de 10% de áreas naturais (-5,9 milhões de hectares). Todas as regiões hidrográficas tiveram redução de cobertura vegetal natural entre os anos de 1985-2020. A região Atlântico Nordeste foi a que apresentou maior redução em termos de área com perda de 3 Mha. Em termos percentuais, a região Atlântico Leste lidera as perdas, com 19,52%, seguida por Atlântico Nordeste (-13,40%) e São Francisco (-8,87%).

 Dos 10 municípios que mais perderam vegetação natural na Caatinga entre 1985 e 2020, oito ficam na Bahia.

A perda de vegetação primária entre 1985 e 2020 totalizou 15 milhões de hectares, ou uma retração de 26,36%. Embora tenha ocorrido um crescimento de vegetação secundária de 10,7 milhões de hectares, o saldo geral é negativo - tanto em extensão de área, como na qualidade da cobertura vegetal. A Bahia é o estado com maior área de vegetação secundária: 37,521 Km² em 2019.

Entre os fatores que provocam a perda de vegetação nativa destaca-se o avanço da atividade agropecuária. Entre 1985 e 2020 mais de 10 milhões de hectares de savana e formações florestais foram convertidos em atividades associadas à agropecuária. Outros 1,26 milhões de hectares de vegetação não florestal foram convertidos para o mesmo uso no período.

 No total, a agropecuária avançou sobre 11,26 milhões de hectares da Caatinga e passou a responder por 35,2% da área do bioma em 2020. O total de vegetação nativa da Caatinga (ou seja, a soma das áreas ocupadas por savana, campo e floresta) ocupava 63% do bioma, respondendo por 9,8% da vegetação nativa do Brasil.

PASTAGENS, AGRICULTURA E QUEIMADAS: A área de pastagens teve um crescimento de 48%, ganhando 6,5 milhões de hectares em 36 anos - desse total, 4,612 milhões de hectares apenas nos estados da Bahia, Ceará e Pernambuco. A Bahia destaca-se como o estado onde as pastagens mais aumentaram: 2,34 milhões de hectares entre 1985 e 2020.

Em 1985, pastagens ocupavam 15,6% da Caatinga; em 2020, eram 23,1%. Mais da metade (53,6%) de toda a área de pastagem mapeada encontra-se na Bahia. Juntos, os estados da Bahia e Pernambuco representam cerca de 65,4% dos 20 milhões de hectares ocupados por pastagens em 2020.

Pouco mais de um terço (34,1%) de toda a área de Mosaico de Agricultura e Pastagem mapeada na Caatinga fica no Bahia que, junto com Ceará e Piauí, representam cerca de 64% dos 9 milhões de hectares identificados em 2020. Esse tipo de ocupação de solo cresceu apenas em Minas Gerais e Piauí no período avaliado, com uma área de 0,238 milhão de hectares. Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte tiveram uma diminuição de 0,854 milhão de hectares entre 1985 e 2020.

No caso da agricultura, houve crescimento - e significativo. O aumento da área ocupada foi de 1456%, com o acréscimo de 1,33 milhão de hectares entre 1985 e 2020. Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia representam cerca de 64,5 % de toda variação encontrada entre 1985 e 2020, com um aumento de 1,094 milhão de hectares.

O mapa das cicatrizes do fogo mostra uma maior ocorrência de queimadas na fronteira oeste da Caatinga, onde ela se encontra com o Cerrado, na fronteira agrícola denominada MATOPIBA (sigla dos estados qua a formam). Os estados do Piauí, Bahia e Ceará respondem por cerca de 87,28% do total de área queimada no bioma.

"Os impactos das mudanças de uso do solo são potencializados pela crise climática e o resultado é uma Caatinga ainda mais seca e vulnerável", explica Rodrigo Vasconcelos da UEFS e do MapBiomas.

Também chama a atenção o crescimento da área ocupada por infraestruturas urbanas, de 145% entre 1985 e 2020, ou 0,3 milhão de hectares da Caatinga. Ao todo, a área urbana ocupava 0,5 milhão de hectares em 2020. Desse total, cerca de um terço (30%) fica no Ceará, único estado da região situado inteiramente no bioma. Juntos, Ceará, Bahia e Pernambuco respondem por dois terços (66,4%) desse total. Esses três estados também respondem por dois terços (64,%) do aumento de área registrado nos últimos 36 anos, na regão metropolitana de Fortaleza e em cidades médias desses estados.

DESERTIFICAÇÃO: O município de Caturité (PB) apresenta perda da vegetação natural de 40%, associada à diminuição da superfície de água em 51,8% e uma média de 26 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

O município de São José da Lagoa Tapada (PB) apresenta perda da vegetação natural de 16% e diminuição da superfície de água em 28%, com uma média de 411 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

"Ambos os municípios, situados em áreas classificadas como de grave suscetibilidade aos processos de desertificação exemplificam o avanço desse processo na região", pontua o Prof. Washington Rocha, da UEFS e do Mapbiomas. Ainda segundo o professor, "nessa fase inicial, a desertificação é um processo quase invisível, somente detectado por sensores como aqueles usados pelo Mabiomas e seus efeitos deletérios somente se revelam nos estágios mais avançados quando não é mais possível realizar qualquer medida de controle.

A Bahia concentra pouco mais de um quinto (21,5%) de toda a área de savana da Caatinga mapeada em 2020, quando esse tipo de formação vegetal ocupava 44,2 milhões de hectares. Desse total, 84,2% ficam nos estados da Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco.

Entre 1985 e o ano passado, foram perdidos 10% de formações savânicas, ou cerca de 5 milhões de hectares. A maior redução ocorreu na Bahia: -2,096 milhões de hectares. Nesse período, dos 10 municípios da Caatinga que mais perderam savana, oito ficam na Bahia. Juntos, os estados da Bahia, Ceará e Pernambuco tiveram uma redução de 3,68 milhões de hectares de savana nos últimos 36 anos.

No Ceará ficam 37,34% dos 5,7 milhões de hectares de Formações Florestais mapeadas na Caatinga em 2020. A quase totalidade dessa área (90,1%) fica nos estados do Ceará, Bahia e Piauí. Mas o Ceará é também o estado que apresentou maior redução desse tipo de cobertura vegetal entre 1985 e 2020: -0,34 milhões de hectares. Dos 10 municípios que mais perderam Formações Florestais na Caatinga nesses 36 anos, oito pertencem ao Ceará. Juntos, os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte perderam 0,55 milhões de hectares de formações florestais no período.

BAHIA: A Bahia é também o estado com maior área de Formações Campestres: mais da metade (57,2%) do total de 3,8 milhões de hectares mapeados em 2020. Quase três quartos (72,46%) dessa área ficam na Bahia e no Piauí. Porém, dos 10 municípios que mais perderam Formações Campestres na Caatinga entre 1985-2020, três pertencem ao estado da Bahia.

 Juntos, os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba respondem pela redução de 0,2 milhão de hectares desse tipo de cobertura vegetal entre 1985-2020. Apenas o estado do Ceará apresentou aumento: +0,21 milhão de hectares. (Fonte: MapBiomas)

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MARCO ZERO DE JUAZEIRO: MEMÓRIA HISTÓRICA ESQUECIDA

Prédios históricos abandonados em Juazeiro representam risco aos pedestres e à segurança pública e expõem o descaso com o patrimônio arquitetônico da cidade. Sem manutenção há décadas, as construções correm o perigo de desabar.

Um outro descaso com a falta de compromisso com a história de de Juazeiro é o Marco Zero do município. O Marco Zero está localizado no final do bairro São Geraldo. Uma placa turística informa o local mostrando que "ali deveria ser um ponto de atração turística histórica".

Nas imediações da placa de sinalização do monumento existe a marca do “abandono, esquecimento, falta de respeito à memória" de Juazeiro. Ao redor lixo. 

Em visita a reportagem BLOG NEY VITAL fotografou uma tímida homenagem: numa pedra escrito, "Patrimônio de Nossa Senhora das Grotas", uma Cruz do Cruzeiro e o resistente pé de Juazeiro.

Moradora do bairro São Geraldo, Estelita Raquel disse que "nunca viu nenhuma benfeitoria no local e nem ao menos uma placa contando a história do local. Só existe essa placa ai", aponta, ressaltando que "o cenário de descaso". 

Outra reclamação dos moradores é que não há coleta de lixo na área. O terreno baldio quase em frente e ao lado do Marco Zero é utilizado pelos habitantes do local para jogar lixo. De tempos em tempos eles mesmos promovem queimadas para reduzir o volume de entulho.

Conta a história que no ano de 1596, o território era percorrido pelos bandeirantes, encontrando sob as frondosas árvores do Juazeiro, os mascates e tropeiros que descansavam. "Havia índios tribo da nação Cariri primeiros habitantes das margens do rio São Francisco.

Segundo os historiadores o Marco zero de uma localidade ou de um município é o “sítio originário”. Seria o “ponto de origem” do local, o espaço onde foram realizados os eventuais encontros ou celebrações que antecederam a organização da localidade, independentemente das motivações. 

Há diversos tipos de marcos como o Quilométrico, pequeno poste ou estaca colocados à margem de rodovias e ferrovias e que indica distância ao ponto inicial da estrada; o Batimétrico, indica a profundidade de um ponto num lago, represa, rio, estuário ou mar e o Pré-histórico, as cavernas que eram usadas pelos homens primitivos, para se abrigarem do frio e dos animais.

Os primeiros marcos da humanidade foram os locais de sepultamento, “uma cova coberta com monte de pedras”.

NOTA PREFEITURA DE JUAZEIRO:  A Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte), esclarece que o 'Marco Zero' de Juazeiro é um dos muitos monumentos esquecidos há muitos anos. Entretanto, o Planejamento Estratégico do Turismo, que vem sendo elaborado pela prefeita Suzana Ramos, já prevê a revitalização e preservação da área. (Fotos Ney Vital)

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CICLO DE DIÁLOGOS FORMATIVOS: EDUCAÇÃO, HISTÓRIA E DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS DO SEMIÁRIDO ACONTECE NA QUARTA (13)

Encontram-se abertas as inscrições para o terceiro encontro do 'Ciclo de Diálogos Formativos: Educação, História e Direitos dos Povos Indígenas e Quilombolas do Semiárido Pernambucano'.

O objetivo é promover conhecimentos nas áreas de Educação, História e Direito sobre os povos Indígenas e Quilombolas habitantes do semiárido pernambucano e contribuir com reflexões e consequente ressignificação sobre os povos originários, como também possibilitar a efetivação da Lei 11.645/08.

A ação acontecerá na próxima quarta-feira (13), a partir das 19h, no canal do YouTube do TV Raízes da Cultura, e, desta vez, terá como tema "Opará e PPGECOH-UNEB/Laboratório de Etnologia: estudos e formação sobre indígenas, quilombolas, comunidades de religiões afro-brasileiras e demais comunidades tradicionais no Semiárido".

Convidadas/os: Carlos Alberto, Regivaldo José da Silva, Maria Aparecida Brandão Ventura, Gabriel Marinheiro Tumbalalá e Ioná Pereira da Silva. Mediação: Libânio Francisco (Instituto CulturalRaízes) e Edivânia Granja (IFSertãoPE).

O evento, gratuito e com certificação, é promovido campus Petrolina do IFSertãoPE, em parceria com a ONG Instituto Cultural Raízes, e acontece até o dia 12 de novembro, de forma on-line, totalizando seis mesas-redondas com a participação de servidores do IFSertãoPE, além de professores(as) convidados(as) indígenas e quilombolas, como também de docentes não indígenas e não quilombolas de outras instituições de ensino e que são atuantes nas temáticas propostas.

Para conferir a programação e realizar a inscrição: https://ifeventos.ifsertao-pe.edu.br/event/559. 

Acesse o canal de transmissão: https://youtube.com/c/TVRA%C3%8DZESDACULTURA.

PROGRAMAÇÃO 

Data: 13/10/21 - 19h às 22h

Mesa 3 – “Opará e PPGECOH-UNEB/Laboratório de Etnologia: estudos e formação sobre indígenas, quilombolas, comunidades de religiões afro-brasileiras e demais comunidades tradicionais no Semiárido”

Convidadas/os: Carlos Alberto, Regivaldo José da Silva, Maria Aparecida Brandão Ventura, Gabriel Marinheiro Tumbalalá e Ioná Pereira da Silva. Mediação: Libânio Francisco(Instituto CulturalRaízes) e Edivânia Granja(IFSertãoPE)

Data: 10/11/21 - 19h às 22h

Mesa 4 – “Protagonismos indígenas na Educação Superior no IFSertãoPE”

Convidadas/os: Maria da Penha da Silva, João Marcos da Conceição (Marquinhos Truká) e Eduardo Vergolino(IFSertãoPE - Campus Floresta). Mediação: Libânio Francisco(Instituto CulturalRaízes) e Edivânia Granja(IFSertãoPE)

Data: 11/11/21 - 19h às 22h

Mesa 5 – “Os Direitos Humanos e os direitos dos povos e indígenas e quilombolas”

Palestrante/convidado: Clarissa (UPE Arcoverde); Jeferson Pereira quilombola (Advogado da CONAQ e Mestrando na UNB; Professora Carina Calábria FDR/UFPE, Guilherme Xukuru do Ororubá. Mediação: Libânio Francisco(Instituto CulturalRaízes) e Edivânia Granja(IFSertãoPE)

Data: 12/11/21 - 19h às 22h

Mesa 6 – “Experimentações em Educação Intercultural no Pensamento Decolonial”

Convidadas/os: Carolina Mendonça (UNILAB); Naiara Unzurrunzaga Martinez (University of Liverpool in London), Cláudia Truká e Adalmir José (Quilombo de Conceição das Crioulas). Mediação:Herlon Bezerra(IFSertãoPE) e Edivania Granja (IFSertãoPE)

O evento é gratuito e confere certificado.

Canal de transmissão: https://www.youtube.com/c/TVRAÍZESDACULTURA

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OPARÁ: PRODUÇÕES ARTÍSTICAS E VISUAIS SE DESTACAM A BELEZAS E DESAFIOS DO RIO SÃO FRANCISCO

Ao longo de sua atuação o Irpaa vem impulsionando a luta por um São Francisco Vivo. Por meio de debates públicos, marchas, ações de preservação e conservação, o Instituto tem dado sua colaboração para manter a vida do rio. Nos últimos anos, a instituição tem acreditado no poder do audiovisual para denunciar a situação da Bacia do São Francisco e evidenciar a perspectiva para o futuro, reafirmando a urgência de ações políticas em favor do São Francisco, o que já vem sendo defendido organizações e movimentos sociais.

Hoje data em que se celebra o batismo do rio que recebe o nome de um homem comprometido com as causas sociais e com grande amor à natureza queremos estimular o debate sobre as bênçãos e turvações do rio São Francisco a partir de diferentes produções e abordagens.

BELO CHICO: A poesia, a música e arte sempre nadaram nas águas do São Francisco. Esse ano, foram esses os elementos escolhidos pelo Irpaa para chamar a atenção da população acerca da situação do Velho Chico, rio que atravessa cinco biomas, dentre eles o Cerrado e a Caatinga, e que vem sofrendo uma diversidade de agressões desde sua nascente, na cidade de São Roque de Minas (MG) até a sua foz na praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu (AL).

Agressões que são ecoadas por imagens e canto no projeto Belo Chico. O álbum, de autoria de Targino Gondim, Nilton Freittas e Roberto Malvezzi – Gogó, nos convida a refletir as agressões como a supressão e queima da vegetação na área da bacia hidrográfica, a poluição por lançamento de esgotos e rejeitos de minérios, a exposição do solo e construção de barragens que provocam o assoreamento do rio, prejudicando a dinâmica dos peixes, dos povos e da navegação. Esses fatores estão causando o desaparecimento de muitas nascentes que alimentam o rio São Francisco e transformando rios afluentes perenes em rios intermitentes. Existem ainda fatores como uso de agrotóxicos nas lavouras e a transposição de suas águas, compondo um cenário que aponta para a perda de biodiversidade do rio e compromete a utilização pela atual e futuras gerações.

O rio São Francisco, que é admirável por sua grandeza e faz parte da vida de milhares deEnviar pessoas, também está presente nas canções do Belo Chico, retratando as formas de vida, abastecimento, cultura, poesias, lendas, mistérios do rio. Esses encantos e desencantos foram apresentados ao público de forma virtual na noite do dia 02 de outubro, na live de lançamento do Belo Chico, que tem a arte e a educação como essência.

Uma coletiva de imprensa também foi realizada para apresentar o projeto Belo Chico para jornalistas do Vale São Francisco e de outras regiões, no intuito de sensibilizar as múltiplas vozes da imprensa em defesa do rio Opará.

A VOZ E O RIO: Em 2017, o Irpaa lançou o documentário a “A voz do Rio”. O vídeo caminha pela luta dos movimentos sociais contra a transposição do Rio São Francisco e em defesa de um projeto de revitalização como medida indispensável para existência do Velho Chico. “A voz do Rio” reafirma a urgência de ações políticas em favor do rio a partir de projetos hidroambientais na sua bacia hidrográfica e da implementação da proposta de Convivência com o Semiárido.

O clima semiárido está presente em mais da metade do território da bacia hidrográfica do rio São Francisco, bacia esta que hoje possui menos de 10% do solo coberto por vegetação nativa. Sem a Caatinga em pé não haverá São Francisco vivo, seja pela morte dos efluentes que dependem da Mata Branca para alimentar o Velho Chico, seja pelo assoreamento decorrente dos solos carreados para o seu leito.

GRITOS: O curta-documentário “Gritos”, nasce em 2015, com o objetivo de “incomodar” o olhar e despertar a opinião das pessoas acerca da situação atual da Bacia do São Francisco, chamando atenção para sinais explícitos de morte do rio. As imagens, conduzidas pela trilha sonora, mostravam diversos fatores e consequências que vem contribuindo para um futuro bastante incerto, assim como reafirmam a urgência de ações políticas em favor do São Francisco vivo.

Os municípios baianos de Barra, Xique-Xique, Sento Sé, Pilão Arcado, Remanso, Sobradinho, Juazeiro, além de Petrolina (PE), que fazem parte do médio e submédio São Francisco, são cenários de uma série de intervenções humanas que contribuem para o estado preocupante do rio. As marcas de trechos secos do Lago de Sobradinho aparecem como um “choque de realidade”, despertando o espectador para a possibilidade real de uma morte anunciada do São Francisco.

Essas produções tentam despertar a todos e todas para a urgência em revitalizar o Belo Chico, pois como definiu Dom Luis Cappio: “Uma pessoa doente não tem condições de doar sangue, um anêmico não doa sangue, e se quiserem que eu [rio São Francisco] doe minhas águas para milhões e milhões de pessoas, em primeiro lugar precisam se preocuparem com sua revitalização”.


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DIA DO NORDESTINO É COMEMORADO NESTA SEXTA-FEIRA (8)

Nesta sexta-feira (8) é comemorado o Dia dos Nordestinos. A data comemorativa foi criada no ano de 2009 em São Paulo, homenageando na época o centenário do nascimento de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, poeta popular, compositor e cantor cearense.

No Estado paulista, lugar onde a população nordestina fora da região Nordeste é expressiva, a data virou a Lei 14.952/2009 criada pelo vereador Francisco Chagas (PT). O intuito é celebrar as raízes e as tradições culturais dos nordestinos, além de relembrar a vida e obra do autor cearense.

Patativa do Assaré (1909-2002) está entre as principais figuras nordestinas do século XX. Vivia em Assaré (CE), com sua família de origem pobre que vivia da agricultura. Com a morte do pai quando tinha 8 anos, começou a ajudar na plantação.

Foi alfabetizado aos doze, mas o estudo durou apenas alguns meses. Nessa época, começou a fazer repentes. Recebeu anos depois o codinome Patativa, pássaro da região que tem canto bonito em notas "tristes".O primeiro livro veio em 1956: Inspiração Nordestina, que reunia poemas do autor. Teve reconhecimento nacional, ganhou prêmios e foi cinco vezes Doutor Honoris Causa. Mesmo famoso, nunca deixou a região do Cariri, interior cearense.

Confira texto do jornalista Xico Sá, homenageando Patativa do Assaré:

A obra de Patativa do Assaré (1909-2002) reinventou a nação semiárida para os seus próprios viventes. O poeta foi tão necessário nessa empreitada quanto autores como Raquel de Queiroz, José Américo de Almeida ("A Bagaceira") e José Lins do Rego foram para a fundação da imagem do Nordeste na primeira metade do século passado.  Aqui deixa-se de fora, de propósito, Graciliano Ramos e sua alma russo-nordestina, nome que carrega outros sóis.

Andarilho de poesia falada, como os trovadores medievais ou beatniks da América, Patativa botou a prosódia do recolhido homem sertanejo, quase oriental nos seus modos, para desavergonhar-se e tocar no rádio.

O que era economia da fala vira sangradouro, tempestade, como a cheia que invade agora a terra seca. O semiárido, corte da geografia que abriga quase 20 milhões de almas, ganharia assim o seu Camões ou Comonge, como se diz por lá, onde o português reencarna, no anedotário, um anti-herói à João Grilo e Pedro Malasartes.

Ele apreciava muito "Os Lusíadas", ao ponto de dizer muitos versos na mesma métrica. Também perdeu uma vista, desde menino. "Dor-dolhos" se chamava a doença que cegava nos sertões mais precários. 

O seu primeiro livro, "Inspiração Nordestina", recolhido por um amigo que se ofereceu para o exercício da datilografia, agora é reeditado pela Hedra. O bardo não anotava nenhum garrancho do que recitava, mas guardava tudo de memória.

Além do pendor camoniano, Patativa -pássaro miúdo e cantador, daí o apelido- era chegado num Castro Alves. As musas do parnaso também lhe mostravam os bordados das anáguas. Eta Bilac para deixar rastros, talvez seja o mais influente poeta brasileiro de todos os tempos, está nas dores do mundo de Cartola, um fã confesso, está nos floreios do poeta mais sertanejo.

Como se vê no livro relançado, cuja primeira edição é de 1956, seja nos sonetos, nas quadras ou motes, o condoreiro e o homem do "ora, direis" se encontram no Assaré (CE), que quer dizer atalho na língua tupi, caminho dos jardins que se bifurcam da poesia nordestina. Homem que é homem pode até preferir João Cabral, mas não tem medo de raspar o tacho de mel dos adjetivos.

É com esse mundo meloso que Patativa prensa a sua rapadura -nada representa mais a sua poesia do que esse doce nordestino. Com linguagem aparentemente adocicada, ele fez um tijolo impenetrável para a dentição dos esmorecidos. 

Como em "A Triste Partida", sua canção gravada por Luiz Gonzaga: "-De pena e sodade, papai, sei que morro!/ Meu pobre cachorro, / Quem dá de comê?/ Já ôto pregunta: -Mãezinha, e meu gato?/ Com fome, sem trato,/ Mimi vai morrê!".

Nas "vidas secas" de Antônio Gonçalves da Silva, que ganharam mundo a partir de programas de rádio do Crato, Ceará há o duro protesto contra a cerca de arame do latifúndio, mas com uma verve "romântica" à Castro Alves.

Na sua canção de um exílio inevitável, não há o piripaque metafísico ("em cismar sozinho à noite...") de Gonçalves Dias, pois a dor já começa na estrada. Patativa botou o homem do semi-árido, seco e contido por natureza, para derramar-se. Isso é quebra de tabu, sertão sob o sol da psicanálise. 


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