MINISTRO DA EDUCAÇÃO DEFENDE UNIVERSIDADE PARA POUCOS E DIZ QUE REITOR DE UNIVERSIDADE FEDERAL NÃO PODE SER ESQUERDISTA

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, que reitores das universidades federais não podem ser “esquerdistas”.

“Alguns optaram por visões de mundo socialistas. Não precisa ser bolsonarista. Mas não pode ser esquerdidas, nem lulista”, disse. “Reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político, nem direita, muito menos de esquerda”, defendeu.

Segundo Ribeiro, o Ministério tem bom diálogo com “20 a 25” reitores entre os 69 diretores das universidades federais.

“Se na lista tríplice já tem gente reclamando, imagina se a gente pudesse indicar diretamente. É uma expressão da vontade dos alunos e não me oponho a ela, nesse primeiro momento. Tem que saber conviver com isso”, completou.

Pastor e ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ribeiro afirmou que não conhecia estruturas do MEC como a rede federal de educação técnica e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ele disse ainda que pais de alunos da educação básica devem procurar o conselho tutelar se encontrarem conteúdo ideológico nos livros didáticos.

Na entrevista, Milton Ribeiro, ainda disse que, durante a pandemia, não faltaram recursos ao Ministério da Educação (MEC) e que a pasta aportou dinheiro tanto para equipamentos de prevenção ao novo coronavírus, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool em gel, quando no treinamento de professores para prepararem aulas virtuais.

“Só para cuidar da parte de objetos e elementos para cuidar da pandemia, como máscaras, EPI e álcool em gel, o MEC transferiu R$ 1,7 bilhão, fora o dinheiro que o governo federal aportou nos estados e municípios. O MEC, que tem o terceiro maior orçamento da Esplanada, aportou vários, vários recursos e, ao lado disso, tivemos a capacitação [gratuita] que foi feita para que os professores pudessem se capacitar [para] prepararem uma aula através do computador”, disse Ribeiro.

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RODA DE DIÁLOGO ALERTA PARA OS RISCOS DA INSTALAÇÃO DE USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco continuam promovendo mobilizações e ações que têm o objetivo de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. 

A TV Raízes da Cultura e a Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta estão promovendo "Roda de Diálogo" sobre a possibilidade de instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, Sertão de Pernambuco, fazendo uso das águas do Rio São Francisco.

Os debates tem o objetivo de ouvir o posicionamento de parlamentares estaduais e federais, técnicos sobre as leis existentes e as discussões que vem ocorrendo nas casas legislativas, a ameaça que isso representa aos Territórios Tradicionais e os riscos e as falsas promessas de geração de empregos na região.

Na próxima sexta-feira (13) uma nova live com a participação dos representantes de movimentos sociais será promovida. E na outra semana uma reunião acontece com a presença de dois senadores e deputados eleitos em Pernambuco.

O rio São Francisco sob nova ameaça. Essa é a constatação dos Movimentos Sociais. "A Instalação do empreendimento vai exigir uma vazão que o rio São Francisco não suporta, além de impactos na segurança hídrica e alimentar, e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas", diz Padre Luciano Aguiar.

Atualmente o interesse em fazer uso das águas do rio São Francisco e instalar a Usina Nuclear tem que passar pela de revisão dos licenciamentos de uso das águas do Rio São Francisco já em vigor, é importante considerar as condições ambientais do rio para a concessão de licenciamentos futuros. 

Nesta direção, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 09/2019, de autoria do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), que prevê a alteração do artigo 216 da Constituição Estadual, garantindo as condições para a implantação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, município localizado na região do Submédio São Francisco pernambucano.

Uma série de argumentos contrários ao empreendimento, dentre os quais estão o descumprimento à Constituição Estadual e riscos à saúde física e psicológica da população local.

“Pergunto se as vantagens econômicas de curto prazo, como a geração de empregos na fase de construção da usina, valeriam o sacrifício humano, os riscos de acidentes e impactos negativos à população de Itacuruba, que seria, mais uma vez, vítima das consequências negativas de um empreendimento energético,” pontuou o deputado do PT, João Paulo.

O autor da PEC 09/2019, o deputado Alberto Feitosa (PSC), defende a instalação da Usina Nuclear. “imaginem as vantagens econômicas trazidas pelo empreendimento, que deverá mobilizar um investimento de U$ 30 bilhões na região.

O educador social do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) em Floresta, Pedro João, afirma que a instalação da Usina Nuclear representa o fim da pesca artesanal, atividade que serve à alimentação e à geração de renda das comunidades ribeirinhas.

“A água vai impactar no ecossistema local. A água que volta após resfriar os reatores estará aquecida em 2ºC, o que impacta na sobrevivência e na reprodução dos peixes.Atualmente, os reservatórios já sofrem com o baixo volume de água, devido às mudanças climáticas que tornam as chuvas irregulares. Neste momento, por exemplo, estamos há tempos sem chuva. Fora isso, o eixo Leste da Transposição do rio São Francisco, localizado entre Petrolândia e Floresta, também usa essas águas, reduzindo ainda mais o volume. Com a implantação da usina, que vai demandar água para resfriar os reatores, o volume de água vai ficar ainda menor, tornando a pesca artesanal inviável, reflete Pedro João.

ITACURUBA:  A escolha de Itacuruba, Pernambuco para a implantação da usina se deu através do Plano Nacional de Energia 2030. Construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e lançado em 2007, prevê um investimento de R$ 30 bilhões para a construção de seis reatores com capacidade de produção de 6.600 megawatts. A área de instalação está localizada no Sítio Belém de São Francisco, distante 8 km de Itacuruba, e pertence à Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf).

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WEBNÁRIO ESTUDOS DE JORGE AMADO REÚNE ESCRITORES E PESQUISADORES DE DIVERSAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

Um dos maiores escritores do mundo, Jorge Amado, morreu em 6 de agosto de 2001 consternando o mundo. O autor acreditava, segundo a jornalista, escritora, pesquisadora e biógrafa dele, Josélia Aguiar, que depois de 20 anos de sua morte seria esquecido. Engano. Não só continua lembrado como sua obra permanece cada vez mais debatida, analisada e provocando novas reflexões e releituras.

Uma das ações que discute o autor maior da Bahia é o II Webinário Estudos Amadianos que prossegue até o final do mês. Reúne autores consagrados como Antônio Torres, Socorro Acioli, Itamar Vieira Júnior, Josélia Aguiar, Aleilton Fonseca, Cyro de Matos, Ordep Serra, Ruy Póvoas, Nelson Cerqueira, Sérgio Habib, Edilene Matos, entre outros grandes nomes, totalizando 60 convidados.

“Jorge Amado é um dos grandes representantes da afro-brasilidade. A partir da literatura amadiana, impossível não o perceber como régua e compasso para outras afro-brasilidades e afro-baianidades literárias, pictóricas, audiovisuais e musicais ao lado de Caymmi. O filho de Oxóssi e ministro de Xangô desafiou parâmetros estabelecidos, tornou o povo pobre e negro-mestiço da Bahia protagonista de suas obras, lidas e divulgadas em diversos idiomas”, afirma Gildeci Leite, coordenador geral do evento.

“Perceber e discutir parte da contribuição de Jorge Amado para nossa afirmação identitária plural, diversa, é também mapear o quanto de baianidade há pelo mundo, fruto da caneta deste grapiúna. Se a Bahia e algumas de suas cidades são conhecidas e prestigiadas em diversas partes do planeta, isso, sem dúvida, deve-se a nosso maior embaixador e diplomata untado de dendê”, acrescenta.

Gildeci informa que o Webinário Estudos Amadianos foi criado pelo Grupo de Pesquisa Crítica Literária e Identidade Cultural (Clic), com a finalidade de se constituir um instrumento de divulgação, difusão, apoio e incentivo a pesquisas, atividades extensionistas e de ensino, relacionadas à obra do autor brasileiro mais lido em todo mundo. Ele informa que a ideia é que seja um projeto de formação de leitores.

O público, que poderá conferir 20 mesas dos mais variados temas sobre o autor, poderá acessar o evento através do Canal Universidade da Gente no YouTube.

“Contaremos, também, com a participação da família de Jorge Amado e teremos o apoio cultural do Grupo Companhia das Letras, através da Companhia na Educação, que irá doar e-books de obras do escritor durante o evento”, informa Gildeci Leite.

O coordenador-geral destaca que também é intenção do CLIC lutar para criar uma cátedra (cadeira de quem ensina; cadeira professoral) sobre Jorge Amado nas universidades baianas, incentivando novas pesquisas e interpretações de seus livros.

O II Webinário contará com conferência magna do prof. Dr. Félix Ayoh’Omidire, intitulada A yorubaianidade de Jorge Amado e o Triunfo dos Orixás Nagô-Yorubanos na Literatura Brasileira. Félix representa Obafemi Awolowo University, Ile-Ife, da Nigéria.

Do país africano, por telefone, ele afirma que, em sua tese de doutorado, demonstra como Jorge Amado “extrapolou a imagem identitária do povo Ketu/Nagô do candomblé da Bahia para a construção da identidade do baiano comum”, acrescentando que o imaginário yourubano também está presente em municípios como Santo Amaro, Maragojipe e Nazaré das Farinhas.

Já a escritora Josélia Aguiar, que no próximo dia 11, às 19h, participa da mesa Jorge Amado e a Literatura Contemporânea, junto com os escritores Itamar Vieira (Torto Arado) e Socorro Acioli (A Cabeça do Santo), com a coordenação do Prof. Dr. Schneider Carpeggiani, afirma que a obra de Jorge Amado se renova constantemente. “Ele deu grande contribuição ao protagonismo feminino, à defesa das religiões de matriz africana, ao debate da questão racial, entre outros temas”.

A biógrafa de Jorge Amado afirma que na mesa em que participa será analisado o eco da obra de Jorge Amado na produção literária brasileira. Entre os temas que são revistados por outros escritores, Josélia cita a luta pela terra. “Ele também tinha uma escrita cativante e um olhar afetuoso sobre seus personagens”, complementa.

Na programação, as mesas Corpos alugados: uma Leitura do trabalho em Cacau e Suor, de Jorge Amado; Literatura e Saúde, Narrando Epidemias e Contaminações Sociais na obra de Jorge Amado; Mar Morto: A morte mítica entre a Terra e o Mar e Dona Flor – nas Encruzilhadas da Nova Mulher.

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EDUCAÇÃO CIENTÍFICA É ARMA CONTRA OS MALES DO NEGACIONISMO

Quando a ciência está sob ataque, é preciso empunhar armas para defendê-la e fazer o inimigo recuar. Armas, no caso, que não disparam tiros ou arrancam a vida de ninguém, mas são o terror do obscurantista: a escrita e a divulgação correta dos dados científicos.

Marcelo Knobel é mais um que entra nesse campo de batalha para afastar o negacionismo e a pseudociência. Em seu novo livro, A Ilusão da Lua, o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor do Departamento de Física da Matéria Condensada daquela instituição reúne em textos acessíveis, escritos com bom humor e uma prosa fácil, um bom punhado de ciência para tempos tão estremecidos. 

“Quanto mais as pessoas aprenderem a pensar criticamente, a questionarem as informações, menos gente propagará a desinformação”, comenta Knobel na introdução do livro.

Lançado pela Editora Contexto, o livro é organizado em três partes. Na primeira, a ciência surge dos fatos do cotidiano, reunindo curiosidades que podem vir de uma criança de 3 anos ou da criança que, de vez em quando, ainda aparece em nós. Em textos curtos e ágeis, Knobel explica por que cobertores nos protegem do frio, comenta sobre a falta de consenso a respeito da ilusão do tamanho da Lua no céu e discorre sobre a complexidade por trás de uma xícara de café, dentre outros fatos do dia a dia enredados pela ciência.

“Ao vestir uma roupa ou ao hibernar sob um aconchegante cobertor, diminuímos as correntes de ar próximas à pele e, assim, minimizamos as perdas de calor por convecção”, escreve o docente. “Fora isso, os cobertores e agasalhos para o frio possuem fibras que são intimamente dobradas e facilitam a formação de bolhas estacionárias de ar no seu interior. O ar que permanece próximo à nossa pele por alguns instantes é aquecido, o que faz com que a variação de temperatura seja menor entre o ar e o corpo, reduzindo igualmente a taxa de perda de calor por radiação.”

Na segunda parte do livro, o tema é a importância do fazer científico e da divulgação com qualidade desse saber. O reitor da Unicamp faz nos textos reunidos uma defesa do investimento na ciência básica, trata da espinhosa questão do plágio na comunidade científica e recupera o valor dos museus de ciência e tecnologia.

“Precisamos fazer da ciência um assunto cada vez mais presente”, escreve Knobel. “Nas escolas, na imprensa, nas redes sociais. Não falo apenas das aplicações práticas, mas também de toda a atividade científica e das maravilhas que vamos descobrindo sobre os seres vivos e o Universo. Estimular perguntas é tão importante quanto dar respostas. Quais hipóteses são avaliadas em um estudo? Quais as chances de ele dar certo? Como comprovar que algo realmente funciona? O que se busca em determinado processo de inovação tecnológica?”

O terço final de A Ilusão da Lua traz uma seção com reflexões sobre pseudociências e negacionismo. Knobel alerta para os sinais de discursos falseadores e pseudocientíficos, como o uso de argumentos de autoridade, correlações de causa e efeito que não se sustentam e exemplos selecionados apenas para comprovar teses. Pontua que a pseudociência não tem compromisso com a realidade, mas apenas se molda às preferências do público.

Um dos exemplos mais atuais disso é o negacionismo em relação à eficácia da vacinação. “O movimento antivacina, que se utilizava da pseudociência mais baixa, foi um prenúncio do que viria depois com a pandemia da covid-19, com a ode à cloroquina, o uso em massa de vermífugo como uma mentirosa profilaxia e a negação da importância do confinamento. Os efeitos devastadores são conhecidos. A questão é como chegamos aqui”, escreve o professor. Fonte-Luiz Prado-Jornal da USP

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FUTURO SUSTENTÁVEL PARTE DE UMA ECONOMIA A SERVIÇO DA BIODIVERSIDADE

O tema da bioeconomia foi discutido recentemente em um dos eventos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. O termo remete à economia sustentável, um meio para fornecer serviços à população de forma mais ecologicamente correta. 

No Brasil, por exemplo, vêm ganhando destaque discussões sobre como garantir formas sustentáveis para gerar empregos, renda e bem-estar em toda a cadeia de produções diversas na região da Amazônia.

“É colocar a economia a serviço da biodiversidade”, define o professor Jacques Marcovitch, da FEA, ex-reitor da USP, em relação à bioeconomia. “É a preservação da biodiversidade gerando emprego, renda e bem-estar para as comunidades locais, conectando essas comunidades aos mercados consumidores”, continua. Para esse processo, Marcovitch explica que é importante valorizar o conhecimento local, usualmente organizado na forma de associações e cooperativas.

A difusão da bioeconomia vem em momento propício para isso; a crise sanitária provocada pela pandemia e por sua gestão em determinados países, o aumento da desigualdade econômica e a crise de desemprego. Com isso, já é possível notar entre atores internacionais, como Estados Unidos, China e União Europeia, que a recuperação econômica vem sendo cada vez mais condicionada a uma agenda sustentável. “O modelo que está sendo construído é o que valoriza as instituições, isto é, conectar a oferta com a demanda e entender que a oferta é de nicho, que não é de grandes escalas de produção (como é a economia exportadora de commodities que predomina no Brasil).”

Como exemplo, o professor Marcovitch cita comunidades amazônicas cuja cadeia de oferta e de produção já respeita escalas apropriadas, “para que elas possam preservar suas culturas e se inserir dentro de uma economia sustentável e competitiva”. 

Estabelecido esse equilíbrio entre oferta e demanda, torna-se importante realizar o acompanhamento da implementação da bioeconomia. “Precisamos medir com microindicadores de métricas de resultados e impactos para saber como os projetos desenvolvidos na região impactam sobre o bem-estar, a geração de emprego e renda das comunidades locais. A maior parte do valor deve permanecer na região”, aponta Marcovitch.

A implementação da bioeconomia pode ter como impacto a redução de níveis de desmatamento e a valorização de comunidades locais. Alguns casos podem ser encontrados no grupo de bioeconomia da FEA, o qual estuda cadeias de valor no Estado do Amazonas. “A questão é como multiplicar esses casos, esses experimentos”, indica Marcovitch sobre o futuro da bioeconomia. (Fonte: Jornal da USP)

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS. AINDA HÁ TEMPO PARA O SER HUMANO EVITAR UMA CALAMIDADE

 As mudanças climáticas são reais, causadas pelo homem, estão se intensificando numa velocidade espantosa, sem precedentes nos últimos 2 mil anos (pelo menos) e com consequências potencialmente gravíssimas para os seres humanos e o planeta, incluindo a intensificação de tempestades, secas e ondas de calor extremo. 

Muitas dessas consequências — como o derretimento de geleiras e o aumento do nível do mar — são irreversíveis, até mesmo numa escala de milhares de anos; mas ainda há tempo de evitar uma calamidade climática global, desde que a espécie humana reduza imediatamente, e de forma bastante significativa, suas emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera. 

Sem isso, é “extremamente provável” (95% a 100% de probabilidade) que o aquecimento global ultrapasse a perigosa marca de 2 graus Celsius até o final deste século; com grandes chances de chegar a 1,5 °C já nos próximos 20 anos, caso as emissões de carbono permanecerem no nível atual. Num cenário mais pessimista de aumento de emissões, o aquecimento poderia ultrapassar 4 °C antes de 2100.

Confira aqui as Mensagens principais, as 14 grandes conclusões listadas no Sumário para Tomadores de Decisão do sexto relatório do Grupo de Trabalho 1 do IPCC (cada uma delas é explicada de forma detalhada no documento):

1. É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e a terra. Ocorreram mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, no oceano, na criosfera e na biosfera.

2. A escala das mudanças recentes no sistema climático como um todo e o estado atual de muitos aspectos do sistema climático não têm precedentes num período de muitos séculos a muitos milhares de anos.

3. A mudança climática induzida pelo homem já está afetando muitos extremos climáticos e meteorológicos em todas as regiões do globo. Evidências de mudanças observadas em extremos, como ondas de calor, precipitação forte, secas e ciclones tropicais e, em particular, sua atribuição à influência humana, fortaleceram-se desde o Quinto Relatório de Análise (AR5).

4. O conhecimento melhorado dos processos climáticos, evidências paleoclimáticas e a resposta do sistema climático ao aumento da forçante radiativa fornecem uma melhor estimativa da sensibilidade climática de equilíbrio de 3 °C, com uma faixa mais estreita em comparação com a do AR5.

5. A temperatura global da superfície continuará a aumentar até pelo menos meados deste século em todos os cenários de emissões considerados. As taxas de aquecimento global de 1,5 °C e 2 °C serão excedidas durante o século 21, a não ser que reduções profundas nas emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa ocorram nas próximas décadas.

6. Muitas mudanças no sistema climático tornam-se maiores numa relação direta com o aumento do aquecimento global. Elas incluem aumentos na frequência e na intensidade de extremos de calor, ondas de calor marinhas e fortes precipitações, secas agrícolas e ecológicas em algumas regiões, proporção de ciclones tropicais intensos, bem como reduções no gelo do mar Ártico, cobertura de neve e permafrost.

7. Projeta-se que a continuidade do aquecimento global irá intensificar ainda mais o ciclo global da água, incluindo sua variabilidade, precipitação global das monções e a gravidade dos eventos de chuva e seca.

8. Em cenários com emissões crescentes de CO2, projeta-se que os sumidouros de carbono oceânicos e terrestres se tornem menos eficazes na redução do acúmulo de CO2 na atmosfera.

9. Muitas mudanças devido a emissões passadas e futuras de gases de efeito estufa são irreversíveis por séculos a milênios, especialmente mudanças no oceano, nos mantos de gelo e no nível global do mar.

10. Os fatores naturais e a variabilidade interna irão modular as mudanças causadas pelo homem, especialmente em escalas regionais e no curto prazo, com pouco efeito no aquecimento global centenário. É importante considerar essas modulações no planejamento de toda a gama de mudanças possíveis.

11. Com o aumento do aquecimento global, projeta-se que cada região experimentará cada vez mais mudanças simultâneas e múltiplas nos fatores de impacto climático. Mudanças em vários fatores de impacto climático seriam mais difundidas a 2 °C, em comparação com o aquecimento global de 1,5 °C, e ainda mais difundidas e/ou pronunciadas para níveis de aquecimento mais elevados.

12. Consequências de baixa probabilidade, como colapso do manto de gelo, mudanças abruptas na circulação oceânica, alguns eventos extremos compostos e aquecimento substancialmente maior do que a faixa muito provável avaliada de aquecimento futuro não podem ser descartados e fazem parte da avaliação de risco.

13. Do ponto de vista das ciências físicas, limitar o aquecimento global induzido pelo homem a um nível específico requer a limitação das emissões cumulativas de CO2, atingindo pelo menos zero emissões líquidas de CO2, junto com fortes reduções de emissões de outros gases de efeito estufa. Reduções fortes, rápidas e sustentadas nas emissões de CH4 (metano) também limitariam o efeito de aquecimento resultante do declínio da poluição por aerossol e melhorariam a qualidade do ar.

14. Cenários que prevêem baixas ou muito baixas emissões de gases do efeito estufa (SSP1-1.9 e SSP1-2.6) levam a efeitos perceptíveis, num prazo de anos, nas concentrações de gases de efeito estufa e aerossóis e na qualidade do ar, em comparação com cenários de alta e muito alta emissão (SSP3-7.0 ou SSP5-8.5). Sob esses cenários contrastantes, diferenças discerníveis nas tendências da temperatura da superfície global começariam a emergir da variabilidade natural em cerca de 20 anos, e em períodos de tempo mais longos para muitos outros fatores de impacto climático. (Fonte: Herton Escobar-Jornal da Usp)

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AÇÃO HUMANA É RESPONSÁVEL POR MUDANÇAS NO CLIMA SEM PRECEDENTES, DIZ ONU

O relatório do do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado nesta segunda-feira (9/8), aponta que são inquestionáveis os impactos provocados pelo ser humano nas mudanças climáticas. Segundos os dados, a ação humana provocou um aumento de 1,07ºC na temperatura da terra.

"É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e a Terra. Ocorreram mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, no oceano, na criosfera e na biosfera", diz a análise. Esta é a primeira vez que o relatório quantifica o impacto da ação humana nas mudanças climáticas. 

O documento aponta que o planeta pode chegar ao aumento de 1,5°C já na próxima década, antes do previsto pelo relatório anterior, caso as emissões de dióxido de carbono não sejam freadas. Dessa forma, o planeta não conseguiria cumprir a meta estabelecida durante a COP21, no Acordo de Paris. A conclusão é que não é mais possível impedir o avanço do aquecimento global nos próximos 30 anos. 

Na mesma semana que a Grécia e a Califórnia sofrem com incêndios florestais sem precedentes, o relatório, intitulado Climate Change 2021: The Physical Science Basis, conclui que todas as regiões do mundo estão sendo afetadas por eventos extremos e que esses eventos vão se tornar ainda mais frequentes casos algo não seja feito. “Todas as regiões do globo já são afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global”, diz.

Além disso, é ressaltado que os impactos dessas mudanças já vinha sendo avisado há anos. "Já sabemos há décadas que o mundo está esquentando, mas o relatório nos diz que mudanças recentes no clima são disseminadas, rápidas e se intensificam, de maneira sem precedentes em milhares de ano", alerta Ko Barrett, vice-presidente do painel.

Pela primeira vez, o relatório também fala sobre a necessidade de cortar as emissões de metano para conter o efeito estufa. A maior parte da produção desse gás vem da agricultura e da pecuária. “A estabilização do clima exigirá reduções fortes, rápidas e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa e alcançar emissões líquidas zero de CO2. Limitar outros gases de efeito estufa e poluentes do ar, especialmente o metano, pode trazer benefícios tanto para a saúde quanto para o clima ”, disse o copresidente do painel Panmao Zhai

De acordo com o WWF Brasil, o relatório traz um alerta a mais para o Brasil: a necessidade ainda maior de preservação da Amazônia, já que ela é um dos grandes sumidouros naturais de carbono do planeta.

"Certamente não precisamos de um novo relatório para nos dizer que estamos em uma emergência climática: ela já afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde já pagamos mais caro pela energia elétrica, por nossa comida e estamos em sério risco hídrico por causa do clima. No Brasil, onde boa parte de nossa energia já é limpa, o desafio é zerar todo o desmatamento, que é o que nos coloca como sexto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo", diz Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.

Para o Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, os dados são um "alerta vermelho" para a humanidade. "Esse relatório precisa soar como uma sentença de morte para carvão mineral e combustíveis fósseis antes que eles destruam o nosso planeta", afirmou. 

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