JOGADO À MARGEM DA SOCIEDADE", DIZ HISTORIADOR SOBRE A CONDIÇÃO DE PESSOAS NEGRAS APÓS ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

"Jogado à margem da sociedade". É assim que o mestre em história, Vinícius Bonifácio, relata a condição de pessoas negras no Brasil, após a assinatura da Lei Áurea e abolição da escravatura, no dia 13 de maio de 1888.

Nesta quarta-feira (13), dia que marca o 133º aniversário da abolição, Vinícius Bonifácio falou sobre a forma como as pessoas negras foram "inseridas" na sociedade, após deixarem de ser escravas. Ele conta que os africanos no Brasil se questionaram muito sobre o que fariam a partir daquele momento.

"Agora que estou livre o que vou fazer? Para onde eu vou? Qual trabalho vou exercer? Porque até então o trabalho era escravizado. Ele até poderia ter um ofício, ser um negro especializado no moer da cana, porém ele não tem isso reconhecido quando ocorre a abolição", explica.

Ainda segundo o mestre em história, todos os processos de libertação jogaram o negro na sociedade, sem nenhum tipo de indenização.

E 133 anos após a abolição da escravatura, as condições para as pessoas negras continuam difíceis. Para a técnica de enfermagem Isabela Neri, os negros continuam sofrendo preconceito em pleno século 21.

"Tem muita gente que continua tendo preconceito com os negros. Trabalho é mais difícil também para pessoas negras", comenta.

Já a microempreendedora Raíssa Coutinho relatou um caso de racismo do qual foi vítima.

"No meu antigo trabalho, eu tinha um cargo um pouco diferente do que o povo esperava. Já fui abordada por clientes que chegaram para mim e perguntaram: 'Mas você é desse setor? É você mesmo?'", relata a jovem.

"Não me atingiu. Teve sim a discriminação, porém não deixei me abater", completou Raíssa.

Atualmente, parte do movimento negro contesta a comemoração da data do 13 de maio. Isso por causa do tratamento dado ao negro após deixar de ser escravizado; sem qualquer apoio das classes dominantes.

Por causa disso, o movimento negro resolve comemorar a data no Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, marcada pela morta de Zumbi dos Palmares.

A mestranda em história, Aline Santos, explica que o que o movimento negro tenta fazer é dizer que as pessoas negras foram protagonistas de sua história, tanto livres, como escravos.

"Hoje, nos livros didáticos, a tendência é mostrar que a pessoa negra, no século 19, foi quem procurou a libertação. Não foi uma coisa que aconteceu, foi uma conquista na verdade. Uma conquista que se fazia no cotidiano", explica Aline Santos.

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JOÃO PEDRO TEIXEIRA NÃO COMPREENDIA NUNCA O MOTIVO DE TANTOS HOMENS SEM TERRA, AFLITOS E COM FOME

No próximo ano 2022, vai completar 60 anos do assassinato do fundador das Ligas Camponesas da Paraíba. A proposta das Ligas Camponesas surgiu no engenho Galiléia, Pernambuco e se alastrou no Nordeste e outras regiões do Brasil É no Engenho da Galiléia, o primeiro caso de reforma agrária no Brasil após o fim da 2º Guerra Mundial.

Foi em virtude das dificuldades legais para se criarem sindicatos rurais que surgiram as Ligas Camponesas, com igual sentido associativo.  O filme Cabra Marcada para Morrer narra a trajetória da fundação das ligas camponesas.

As primeiras tentativas de se fundar associações camponesas no estado da Paraíba, como viria a ser a Liga Camponesa de Sapé, ocorreu através de iniciativas do camponês João Pedro Teixeira em 1954, resultado de sua experiência em movimentos de organizações de trabalhadores adquirida durante sua vivência em Pernambuco.

João Pedro conseguiu junto com a esposa Elizabeth Teixeira unir os agricultores em defesa da dignidade do trabalho e direitos. Foi assassinato no dia 02 de abril de 1962.

Reproduzo aqui o discurso histórico do poeta, advogado e tambpem compositor da música Tropeiros da Borborema, Raymundo Asfora, pronunciado em 03 de abril de 1962, no Ponto Cem Reis, em João Pessoa, Paraíba, horas após o sepultamento do líder da Liga Camponesa de Sapé, João Pedro Teixeira, morto no dia anterior em emboscada ordenada por usineiros do chamado Grupo da Várzea. 

Confira na íntegra, o discurso:  São tão mesquinhos, no seu egoísmo, que, na expressão de um ironista, deixariam o universo às escuras, se fosse proprietários do sol.

“Um tiro franziu o azul da tarde e ensangüentou o peito de um camponês. Foi assim que João Pedro morreu. Eu o vi morto no hospital de Sapé. Peguei na alça do seu caixão e, ao lado de outros companheiros e milhares de camponeses, levei-o ao cemitério. Estava com os olhos abertos. A morte não conseguiu fechar os olhos de João Pedro. Brilhavam numa expressão misteriosa e estranha, como se tivessem sido tocados por um clarão de eternidade. 

Os seus olhos, os olhos de João Pedro, estavam escancarados para a tarde. E, dentro deles, eu vi – juro que eu vi – havia uma réstia verde que bem poderia ser saudade dos campos ou o fogo da esperança que não se apagara. Tinha sido avisado de que o perseguiam. Assistira, certa vez, ao lado da esposa, a uma ronda sinistra em torno do seu lar. Talvez soubesse tudo, mas aprendera, na poesia revolucionária do mundo, que é melhor morrer sabendo do que viver enganado.

Por que mataram João Pedro? Por que o trucidaram? E de emboscada? Mataram João Pedro porque ele havia sonhado com um mundo melhor para si e para os seus irmãos. Idealista puro, ele não compreendia nunca, na sua inteligência ágil e no seu raciocínio acertado, como todas as terras da Várzea do Paraíba pertenciam apenas a proprietários que poderia ser contados nos dedos de uma mão. E tantos homens sem terra e tantos homens aflitos e tantos homens com fome! 

Sonhara com a reforma agrária. Mas, não pensava na revisão dos estatutos das glebas empunhando uma foice ou um bacamarte, na atitude dos desesperados. Apelava, apenas, para a organização da opinião campesina, da opinião dos campos, porque organizada a opinião do povo, tudo mais ficaria organizado.

Nunca me deparei, paraibanos, com uma população rural tão penetrada e compenetrada de consciência de classe, do valor da disciplina e da coesão como os lavadores de Sapé. Foi João Pedro quem os convenceu, mobilizando-os, ardentemente, em cada feira e em cada roçado. Argumentando sempre, com uma fé inquebrantável, sobre a necessidade da formação do seu sindicato. De um sindicato igual aos vossos, trabalhadores de João Pessoa, respeitado pelos patrões, protegido e protetor. 

Por que os latifundiários não querem respeitar as ligas camponesas? Por quê? Não se organizam eles nas cidades? Nas associações comerciais, nas federações das indústrias, não frenqüentam eles o Clube Cabo Branco, o Clube Astréa, os clubes do Recife e do Rio? Por que os camponeses não têm direito de ter a sua Liga?

O campo se priva de tudo para nos promover de tudo. Sem a enxada, que fecunda o ventre da terra, para a gravidez da semeadura e o parto da colheita, nada chegará às nossas mesas. A vida vem dos campos. Sem o suor, sem a fadiga dos campônios, jamais alcançaremos a fartura do povo, e a pobreza será cada vez mais infeliz e desamparada. 

Os latifundiários, todavia, na sua ganância, fingem desconhecer essa verdade, e na sua cupidez e na sua egolatria, negam aos pobres até o direito de ter fome. Fecham as suas propriedades ao cultivo, trazem-nas avaramente estagnadas, mandando matar aqueles que desejam transformá-las num instrumento de produção e de felicidade social. São tão mesquinhos, no seu egoísmo, que, na expressão de um ironista, deixariam o universo às escuras, se fosse proprietários do sol.

Eu vi João Pedro morto. Os seus olhos ainda estavam abertos. Eles tinham visto muito. Tinham visto quase tudo à sombra do Sobrado, povoado de Sapé, ouvira, talvez, contar na varanda de sua casa tosca, a história dos pais e dos avós que cultivaram aquelas terras. Sempre sob o regime do cambão, da terça e do cambito. Desse miserável cambão, dessa hedionda terça, desse desumano cambito, que deve ser varrido de nossa paisagem rural, nem que seja a golpes, nem que se a impacto das multidões revolucionárias nas praças.

Ouvira contar que, certa vez, o pai fora enxotado cruelmente, pelo capataz do amo, pelo simples fato de terem discutido sobre uma cuia de feijão. Sofria, ele próprio, as angústias daquele servilismo, doendo, agora, sobre o corpo exausto, com o suor da agonia que lhe escorria pela alma, fermentando, então, no íntimo, a convicção de que a dignidade humana não poderia ser tão aviltada. Urgia uma reação e João Pedro, à sombra do Sobrado, meditava e sonhava com um mundo melhor para os seus filhos. 

Eles não haveriam de amargar a mesma servidão. Sonhou. Haveria de pagar pelo crime de ter sonhado. O seu sonho era uma visão perigosa de liberdade. Os latifundiários não podem compreender que os corações dos humildes possam aninhar tão elevados sonhos. Contrataram sicários, armaram pistoleiros, puseram-se na tocaia. João Pedro deveria ser eliminado.

Acuso, perante o governo e a Paraíba, que há um sindicato da morte implantado na Várzea para ceifar a vida dos homens do campo. Ninguém se iluda: aquilo não foi mandado de um homem só. Todos devem se levantar em favor da luta dos camponeses. Todos, principalmente vós, pessoense, depositários da vida indômita da raça tabajara, para que, em face da violência e da opressão, os camponeses não se sintam desamparados. Mataram João Pedro. 

Nunca mais poderei os seus olhos. Os olhos dos mortos não choram. Ele nos deixou, no transe derradeiro da vida, a dignidade final da sua morte. Sigamos o seu último exemplo. Ninguém derramará mais lágrimas. Os seus olhos queriam dizer que os camponeses, de tanto verterem suor, não têm, sequer pranto para derramar outras lágrimas.

Paraibanos, esta cruzada é diferente das demais porque é maior do que todas as outras. Não há um candidato, não há partido político, não há um interesse exclusivista a ser defendido. Esta insurreição é hoje na história da Paraíba o seu grande apostolado. 

Ou defendemos o homem do campo, numa onda de solidariedade pacífica e irreprimível, pressionando as elites dirigentes para uma revisão da estrutura jurídica vigente, que os depaupera e degrada, efetivando urgentemente a reforma das leis agrárias, ou o Brasil será a pátria traída pelo poder econômico que já nos vem atraiçoando nos governos da República e no parlamento nacional.

É inútil matar camponeses. Eles sempre viverão. Antes de morrer, João Pedro era apenas a silhueta de um homem no asfalto. Mas, agora, paraibanos, João Pedro virou zumbi, virou assombração. É uma sombra que se alonga pelos canaviais, que bate forte na porta das casas grandes e dos engenhos, que povoa a reunião dos poderosos, que grita na voz do vento dentro da noite, e pede justiça, e clama vingança. Que passeia pelas estradas de Sapé, que fala, pela boca de milhares de criaturas escravizadas, a mesma língua que, com a sua morte, não se perdeu porque a mensagem dos verdadeiros líderes não se esgota.

Meditemos profundamente na destruição de João Pedro, da tremenda cilada que armaram contra o inesquecível líder, na carga de ódio que caiu sobre si com o peso de um destino. Ele sofreu no próprio sangue a grave ameaça que existia contra todos nós. Que todos os patriotas dobrem o joelho diante do seu túmulo”.

*Raymundo Asfora

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MORRE DE COVID-19 EM CARUARU, PERNAMBUCO, EX-DIRETOR DA RÁDIO EMISSORA RURAL, PADRE BIANCHI XAVIER

A Diocese de Caruaru, agreste de Pernambuco, confirmou a morte de Padre Bianchi Xavier, na manhã desta quarta-feira (12). Padre Bianchi foi internado em decorrência de uma pneumonia e sofria com diabetes. Padre Biachi foi diagnosticado positivo para a  Covid-19.

Nos últimos dias, de acordo com os boletins médicos, Padre Bianchi precisou ser intubado em ventilação mecânica controlada, em coma induzido por medicamentos".

Padre Bianchi trabalhou na Diocese de Petrolina onde comandou um programa de Rádio no período da tarde e também foi diretor da Rádio Emissora Rural.

Manoel Francisco Xavier, mais conhecido como padre Bianchi, dedicou 37 anos ao sacerdócio e atualmente era pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no bairro Boa Vista, em Caruaru.

Antes de ser padre, Bianchi Xavier cantava na caravana de Ivan Bulhões e foi lançado na antiga Rádio Difusora. Ivan Bulhões morreu em março deste ano após sofrer um AVC.

CONFIRA NOTA DIOCESE CARUARU:

Eu sou a ressurreição e a vida.

Aquele que crê em mim,

ainda que morra, viverá" (Jo 11,25)

Com pesar, mas confiantes na ressurreição, comunicamos o descanso eterno do grande sacerdote e comunicador Padre Bianchi Xavier. 

Padre Bianchi estava com COVID-19 e as 5h30 de hoje não resistiu e completou sua missão aqui na terra, mas permaneceu firme na fé. 

Rezemos por este sacerdote tão amado por todos, que comunicava com alegria a Palavra de Deus. Agora comunica a fé na ressurreição para nós.

A Diocese de Caruaru, na pessoa do senhor Bispo Diocesano, Dom José Ruy Gonçalves Lopes, une-se ao Clero, familiares e todos os diocesanos neste momento.

Diocese de Caruaru,

12 de maio de 2021.

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REDUÇÃO DE ORÇAMENTO DESTINADOS A UNIVERSIDADES FEDERAIS CONTRIBUI PARA DIMINUIÇÃO DE CIÊNCIA E NOVAS TECNOLOGIAS

 O orçamento do Ministério da Educação (MEC) destinado às universidades federais em 2021 teve redução de 37% nas despesas discricionárias, se comparadas às de 2010.

A queda afeta recursos destinados a investimentos e despesas correntes, como pagamento de água, luz, segurança, além de bolsas de estudo e programas de auxílio estudantil. A análise não inclui os recursos para salários e aposentadorias, que são despesas de pagamento obrigatório.

O vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Rocha, afirmou que "não dá para manter" o funcionamento com o orçamento destinado à instituição. Já o reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus David, afirmou em entrevista em abril que "a ciência e a tecnologia acabaram".

A falta de recursos poderá levar à redução ou paralisação das atividades, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Em valores atualizados, o orçamento do MEC para o ensino superior em 2010 seria hoje o equivalente a R$ 7,1 bilhões. Em 2020, foi de R$ 5,5 bilhões. Em 2021, é de R$ 4,5 bilhões.

Em um artigo publicado no jornal O Globo, a reitora da UFRJ, Denise Carvalho, e o vice-reitor Carlos Rocha, alertam para o risco de a instituição "fechar as portas" a partir de julho.


"A UFRJ fechará suas portas por incapacidade de pagamento de contas de segurança, limpeza, eletricidade e água. O governo optou pelos cortes e não pela preservação dessas instituições (...) A universidade está sendo inviabilizada", alertam no artigo.


Eles destacam que a UFRJ está no enfrentamento à pandemia fazendo testes moleculares de detecção de coronavírus, atendendo pacientes de Covid-19 no hospital universitário e fazendo estudos de identificação de novas variantes e desenvolvimento de testes sorológicos.


A Universidade Federal da Bahia (UFBA) diz que o corte de recursos é uma "destruição" da universidade. "O orçamento de 2021, na UFBA, equivale ao de 2010, que foi de R$ 133.881.087,00. Nessa época, o número de alunos era menor que hoje, assim como todas as tarifas de água, luz, etc, o que dá uma ideia da gravidade da situação", informou a universidade.


A UFBA diz que o corte em programas de assistência estudantil em 2021 foi de 20%. A medida vai afetar 28.561 estudantes e começa a operar a partir deste mês. Segundo a universidade, houve redução de R$ 400 para R$ 250 nas bolsas acadêmicas, limitação de valores do auxílio-alimentação e suspensão por tempo indeterminado de auxílio saúde e de material didático.

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CAMPUS DE PAULISTANA ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS PARA SELEÇÃO DE PROJETOS IF MAIS EMPREENDEDOR ATÉ O DIA 14 DE MAIO

O Campus Paulistana do IFPI abriu chamada interna para seleção de projetos voltados ao programa IF Mais Empreendedor Nacional. Asinscrições já estão abertas e podem ser feitas até o dia 14 de maio, por formulário eletrônico.

Serão selecionados cinco empreendimentos enquadrados como micro, pequenas empresas e/ou microempreendedores individuais, com sede na região de Paulistana (PI), que sejam, prioritariamente, mulheres dos ramos de vendas de mercadorias e prestação de serviços. Em caso de não preenchimento das vagas, serão selecionados empreendedores com outros perfis, portanto, qualquer empreendedor pode se inscrever e participar da seleção.

O projeto visa construir conjuntamente e acompanhar o planejamento de ações de marketing e/ou gestão financeira, auxiliando na superação da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

De acordo com a coordenadora do projeto, a professora Irlanda Pires, “é uma ação importante porque auxiliará os empreendimentos na superação da crise ao tempo em que combaterá a desigualdade de gêneros, é o IFPI cumprindo o seu papel de contribuir com o desenvolvimento local, regional e nacional”.

O projeto também contará com a colaboração da professora Erika Jamir, Mestre em Ciências pela Universidade Federal do Vale do São Francisco  e de seis alunos do curso de administração integrado ao médio, do curso superior de administração e da especialização em matemática.

SERVIÇO: Olá empreendedor (a), o IFPI - Campus Paulistana abre chamada interna para seleção de projetos voltados ao programa *IF Mais Empreendedor Nacional*, inscrições abertas até o dia 14/05, via formulário eletrônico https://forms.gle/njr7XTQKTDWUwC128 a seleção apresenta 05 vagas para empreendimentos enquadrados como Micro, Pequenas Empresas e/ou Microempreendedores individuais, possuindo sede na região de Paulistana, Piaui, não perca essa grande oportunidade para planejar seu marketing ou as finanças da sua empresa com apoio de professores de administração e contabilidade e alunos de administração.

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CAIS DO SERTÃO HOMENAGEIA PATRIMÔNIOS VIVOS DE PERNAMBUCO COM SÉRIE NO INSTAGRAM

Com programação virtual recheada neste mês de maio, o Centro Cultural Cais do Sertão cede espaço para mais novidades. Desta vez,  o museu se dedica a homenagear os Patrimônios Vivos de Pernambuco em série de posts semanais. Nesta semana, o primeiro a ser destacado é o xilogravurista J.Borges, que mantém ateliê no município de Bezerros.

As publicações irão ao ar sempre às segundas-feiras, no perfil oficial do Instagram do Cais (@caisdosertao). Todo o trabalho de pesquisa e curadoria ficou a cargo das equipes de conteúdo e educativo do museu. As obras de J. Borges rodaram o mundo e também fazem morada no Cais do Sertão, que exibe 60 xilogravuras que ilustram a migração do Sertão para a cidade, no painel presente no Território Migrar.

SOBRE J.BORGES: José Francisco Borges nasceu no dia 20 de dezembro de 1935, em  Bezerros, Agreste de Pernambuco, onde vive até hoje e dá vida aos seus escritos, ilustrações e talhas. Aos 21 anos, Borges escreveu o cordel "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina", que foi xilogravada por Mestre Dila e vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses.

Naquela época, Borges não tinha dinheiro para pagar um ilustrador, por isso resolveu que ele mesmo faria os desenhos. Desde então, começou a fazer matrizes por encomenda e também para ilustrar os mais de 200 cordéis que lançou ao longo da vida.

Suas gravuras foram usadas na abertura da telenovela "Roque Santeiro (1975)", da Rede Globo. Nessa época, Borges começou a gravar matrizes de tamanhos maiores que permitiu expor seu trabalho internacionalmente em galerias e exposições pela Europa, Estados Unidos e Novo México. J. Borges foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito e recebeu o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural.

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FAZENDA HUMAYTÁ: MANDACARU SE DESTACA NO SERTÃO E ESBANJA RESISTÊNCIA E BELEZA

O mandacaru representa a resistência do sertão nordestino e já inspirou letras musicais e cordéis.

De acordo com a definição do Dicionário Caldas Aulete, mandacaru significa “cacto (Cereus jamacaru) nativo do Brasil, de porte arbóreo, ramificado, com flores grandes que se abrem à noite, típico da caatinga, onde serve de alimento ao gado, e também cultivado como ornamental e por propriedades terapêuticas”.

Na Fazenda Humaytá, localizada em Curaçá, Bahia, o poeta, cantor e compositor Luiz do Humaytá, dedilha o violão no ritmo harmonia e define que o mandacaru florando é poesia dos sertões.

“Mandacaru, quando flora lá na seca é o sinal que a chuva chega no sertão toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração"...assim começa uma das composições de Zé Dantas, Xote das Meninas. Aqui neste pedaço de terra a natureza está nos presenteando com este espetáculo. Temos mandacaru com mais de seis metros altura", revela Luiz.

Luiz Gonzaga interpreta o Xote das Meninas que traz na letra a flor do mandacaru o prenuncio da chegada das chuvas no sertão. Essa é a crença dos sertanejos. As flores do mandacaru são exuberantes e possuem a cor branca que se destaca principalmente durante à noite.

Devido a sua resistência à seca nordestina, esta planta se tornou um símbolo de força. Usada em projetos paisagísticos. O fruto, vermelho, se destaca entre o verde dos ramos e amadurece entre os meses de março a abril. Comestível, é muito apreciado pelo sabor adocicado. De novembro a janeiro apresenta flores brancas, com uma peculiaridade: elas florescem à noite e, logo pela manhã, murcham. Por isso, também é conhecida como flor-da-noite.

“O sinal do mandacaru florado nos traz muitas esperanças e nos alegra. Veja as nuvens como estão cheias. Vamos ter mais chuva. Mandacaru florou e escutamos no rádio que está chovendo no sertão e com a chuva o sertanejo alivia muitas amarguras e comemora uma boa colheita. Como bem disse Patativa do Assaré, “Pra gente aqui sê poeta basta vê no mês de maio um poema em cada galho e um verso em cada flor””, finaliza Luiz do Humaytá.

Em geral, a flora da Caatinga tem características peculiares, apresentando uma estrutura adaptada às condições áridas, por isso são chamadas xerófitas, o que as permite resistir ao clima quente e à pouca quantidade de água. 

São características como: folhas miúdas, cascas grossas, espinhos, raízes e troncos que acumulam água, que são estratégias tanto para evitar a evapotranspiração intensa quanto para possibilitar o armazenamento de água. As espécies conseguem, assim, lidar com os meses de seca, rebrotando completamente após as primeiras chuvas. Por isso, a vegetação da Caatinga tem aspectos bem diferentes durante o período seco e o chuvoso.

HISTÓRIA: Humaytá é uma palavra de origem indígena significa Pedra Preta. Em Curaçá, semiárido do norte da Bahia, a Fazenda Humaytá é possui criação de ovinos e gado nelore. Nela um sistema agroecológico, produção de orgânicos, e fontes de água chamam a atenção na região.

Neste período do ano os mandacarus florando é um espetáculo da natureza. "Mandacaru quando flora no sertão...é sinal de chuva".

Geólogo, aposentado da Petrobras desde 2016, o então funcionário público ganha o nome artístico da Fazenda Humaytá. Na Fazenda ele usa um sistema ecologicamente sustentável. 

Luiz do Humaytá avalia que é um erro ainda comum acreditar que a sustentabilidade representa somente a não degradação do meio ambiente. "A abrangência do termo sustentabilidade vai além, incorporando questões relacionadas à qualidade de vida, competitividade empresarial, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos, responsabilidade social, questão cultural, entre outros.

Ainda segundo Luiz do Humaytá hoje a regra é muito clara; para ser sustentável, qualquer atividade precisa ser: “Economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”. Discutindo essa “regra da sustentabilidade” observamos que ela se baseia na adoção de boas práticas socioambientais na agricultura, na pecuária e em todas as atividades rurais, visando garantir o bem-estar de toda a sociedade, além do equilíbrio entre produção, conservação dos bens naturais, questão econômica, turística e cultural.

"Com relação à preservação ambiental, vale ressaltar que 93% da área da fazenda é constituída de mata nativa, sendo composta por árvores chamadas de “nobres”, tais como umbuzeiros, umburanas, baraúnas centenárias, aroeiras, angicos e mandacarus, além das catingueiras e várias outras espécies arbustivas", revela Luiz. 

Os outros 7% da fazenda são de áreas trabalhadas para o suporte animal, mas mesmo nessas áreas as árvores nobres são preservadas. Portanto, a fazenda trabalha o tempo todo com o conceito de desenvolvimento sustentável.

Luiz Carlos Forbrig nasceu em Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly. Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxava os cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

O Nordeste Luiz conheceu devido o trabalho no sertão e a realidade foi tatuada do sol abrasador, da luz das caatingas, do calor contrastante do frio das terras do sul. E assim passou a cantar e fazer versos para o sertão, os sertões.

"O Sertão é dessas coisas que não tem meio termo ou você ama ou odeia. Eu me apaixonei pelo sertão. Primeiro pelo rio São Francisco e depois pela caatinga. Cheguei na região de Juazeiro, Petrolina e Curaça em 1979", explica.

Luiz decidiu morar definitivamente no sertão do Vale do São Francisco. Deixa a vida na capital Salvador, 'abandona a cidade grande",  onde fez vários shows e decide no 'meio da caatinga", viver o trabalho junto a agricultura e ao inseparável violão.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró nordestino com uma pitada de modernidade: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia consta seis CDs: 

2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO

2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS

2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA

2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO

2019 – DECANTO O SERTÃO

2020 -CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO RAUL COELHO, EM CURAÇÁ.

2021-CD BOÊMIA CULT EM PRODUÇÃO

Luiz do Humaytá continua unindo em 2021 o empreendedorismo pela agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, aos sertões, a caatinga. 

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