PROJETO DE LEI DO VEREADOR CÉSAR DURANDO INSTITUI O DIA MUNICIPAL DO RÁDIO EM PETROLINA


O Vereador César Durando (DEM) teve o Projeto de Lei número. 073/2021 – 08/04/2021, aprovado por unanimidade na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Petrolina, na manhã desta terça-feira (04 de abril), que institui o Dia Municipal do Rádio no Município Sertanejo. Com aprovação da Casa de Leis petrolinense, o Dia Municipal do Rádio, será comemorado anualmente no dia 6 de abril, data em que se comemora o Dia Estadual do Rádio.

A data escolhida é uma homenagem a Rádio Clube de Pernambuco, a primeira emissora de rádio no Brasil, surgida no dia 06 de abril de 1919.

De acordo com César Durando - as primeiras transmissões de rádio no Brasil, foi em Pernambuco, em 1919, pela Rádio Clube, existia uma polêmica em torno do assunto: se foi no Rio de Janeiro se foi em Pernambuco, e pelos estudos já reconhecido pela Assembleia Legislativa do Estado (ALEPE), consta que as primeiras transmissões de rádio no Brasil foi pela Rádio Clube de Pernambuco.

"E hoje nós temos uma história forte do rádio em Petrolina também na vizinha cidade de Juazeiro-Bahia, exemplo a TransRio Fm que completa este ano 40 anos, a Radio Cidade am, que em breve estará na frequencia FM e Rádio Juazeiro am, pioneira. Aqui em Petrolina a rádio Grande Rio AM, 40 anosm a emissora rural, 60 anos em Petrolina, a Grande Rio FM, Petrolina FM,  Ponte FM, a Rádio Jornal do Comércio e tantas outras rádios que ajudam no progresso da nossa cidade", enfatizou.

Em consonância com o projeto a Câmara Municipal, poderá criar uma comenda em homenagem aos pioneiros na história do rádio em Petrolina,  que deverá ser entregue quando das comemorações, para prestar as seguintes homenagens:

I - profissionais do rádio, in memorian;

II - profissionais do rádio, que se destacam nas diversas áreas de atuação;

III - emissora de rádio, que mais se destaca na sua programação.

Sancionada pelo prefeito Miguel Coelho (MDB), a lei entra em vigor na data de sua publicação.

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ENFERMEIROS, QUE TRAVAM BATALHA CONTRA COVID-19, TEM PROJETO DE LEI DE PISO SALARIAL TRAVADO NO CONGRESSO

Os profissionais de enfermagem de todo o país, que travam uma verdadeira batalha todos os dias contra a Covid-19, não conseguiram até agora, depois de mais de um ano de pandemia, a aprovação do Projeto de Lei 2564/2020, que estabelece piso mínimo para a categoria.

O PL, de autoria do senador Fabiano Contarato (Rede – ES), já obteve parecer favorável da relatora, a senadora Zenaide Maia (Pros – RN), mas continua na agenda de pautas do Congresso Nacional, sem data definida para votação, preocupando a categoria em diversos estados brasileiros.

Em São Paulo, onde há mais de 625 mil profissionais atuando na linha de frente do combate à pandemia, a situação é ainda mais urgente. O índice de profissionais de enfermagem contaminados pelo Coronavírus passa de 9 mil, e mais de 100 perderam a vida para a Covid-19. As incertezas e o impasse quanto à data para votação da proposta mobilizam estes trabalhadores a cobrar mais celeridade em Brasília.

De acordo com o Cofen, hoje são mais de 2,4 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem enfrentando árduas rotinas de trabalho na maior crise sanitária dos últimos anos e convivendo com outro desafio: as desigualdades salariais.

Em alguns estados do país, o salário médio de enfermeiros pode ser inferior a dois salários mínimos. As disparidades e valores incompatíveis com a responsabilidade e com a formação do profissional são observadas em todas as regiões de Brasil, e, na visão do Cofen, a única forma de corrigir a situação é criar esse piso por horas trabalhadas.

Assinada por todos os conselhos regionais de enfermagem do Brasil, a proposta estabelece um piso salarial nacional de R﹩ 7,3 mil mensais para enfermeiros, de R﹩ 5,1 mil para técnicos de enfermagem, e de R﹩ 3,6 mil para auxiliares de enfermagem e parteiras – valores correspondentes a uma jornada de 30 horas semanais. Além disso, o PL relata também as condições de trabalho destes profissionais, que representam mais da metade do total de trabalhadores da Saúde do país.

Além das ações no Congresso Nacional, o Cofen lança no próximo mês uma campanha nacional para promover uma mobilização a favor da valorização da categoria, durante a Semana da Enfermagem, que acontece de 12 a 20 de maio. 


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UNIVERSIDADES ESTADUAIS NA BAHIA NÃO TÊM PREVISÃO DE RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS

As universidades estaduais na Bahia não têm uma previsão para entrar na fase híbrida, com três dias da semana de aulas remotas e outros três de aulas presenciais. A informação foi divulgada pela Secretaria de Educação do Estado (SEC) nesta terça-feira (4).

Segundo informações da SEC, o planejamento do ano letivo contínuo 2020/21 da rede estadual envolve três fases. Após a etapa 100% remota, iniciada no dia 15 de março, será a vez da fase híbrida, com três dias da semana de aulas remotas e outros três de aulas presenciais, com a divisão das turmas em duas. Por fim, de acordo com a Secretaria de Educação, será feita a retomada das aulas 100% presenciais.

O Governo do Estado autorizou a retomada das atividades letivas nas instituições de Ensino Superior públicas e privadas, a partir do dia 3 de novembro de 2020, em sistema remoto.

Em Salvador, as faculdades particulares e cursos livres na capital baiana estavam liberadas desde 3 de novembro de 2020. As universidades com ensino técnico também já podem retomar as aulas presenciais.

As aulas semipresenciais nas escolas municipais, particulares com ensino infantil, fundamental e médio, foram autorizadas e começaram a serem implantadas na segunda-feira (3).

Os protocolos estão elencados no Decreto nº 33.812 de 24 de abril de 2021. Além do uso de máscaras e constante higienização, entre as medidas, algumas delas são:

As áreas comuns (corredores, elevadores, banheiros, maçanetas, corrimões, relógio de ponto, portas, pisos, bibliotecas, laboratórios, parques, estacionamentos, salas de aula, salas administrativas, dentre outras) devem ser higienizadas diariamente, ao menos duas vezes por turno, de forma regular para garantir a segurança das pessoas;

Deverá ser mantido o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre as pessoas;

A utilização dos elevadores deverá ser evitada, a não ser no deslocamento de materiais/produtos, e nos casos de alunos e funcionários com dificuldades de locomoção;

Os botões externos e internos dos elevadores devem ser isolados com capa plástica ou filme de PVC, que deve ser higienizado regularmente a fim de garantir a segurança de seus usuários;

Os elevadores deverão ser utilizados observado 30% de sua capacidade máxima e com marcação no piso determinando o local onde as pessoas deverão permanecer;

Deverão ser disponibilizados dispensadores de álcool gel 70% no interior dos elevadores e/ou ao lado das portas de acesso;

As plataformas elevatórias devem ser utilizadas no máximo pelo usuário e seu acompanhante;

Deverão ser disponibilizados dispensadores de álcool gel 70% em quantidade compatível à estrutura e número de circulantes na instituição de ensino.

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MANUCA E O TEMPO QUE TUDO TRANSFORMARÁ *TEXTO: CARLOS LAERTE

"Depois da tempestade vem a poesia". A citação, escrita em um pedaço de papel rasgado e colado sobre a capa do livro 'Seu Emmanuel, quando o amor venceu a dor', de Manuca e Lu Almeida, já dá o tom e o ritmo da história terminal do poeta que enfrentou um câncer durante sete meses. Partindo da ideia de que, a exemplo da tempestade, tudo passa nessa vida, e que ao escrever versos, os homens seguem qual passarinhos cantantes, a obra é um alguidar de dores e amores.

Escrito a punho por Emmanuel Gama de Souza Almeida, nome de pia de Manuca, e Lu Almeida, a companheira de 35 anos, o livro expõe em 155 páginas um inventário sincero de sentimentos; da perplexidade e o medo com a descoberta da doença até a crença que poderia vencê-la. "Hoje eu preciso do que a gente não juntou", escreveu ele no dia que tomou conhecimento que só estava começando o momento mais difícil da vida.

Depois veio literalmente a queda física e um somatório de sinais preocupantes. "O medo deu lugar a fé. Já não tenho medo de mim", disse ao começar a fisioterapia. Criador de sonhos, o poeta, ator, produtor e compositor de cerca de 600 canções, muitas delas gravadas por nomes como Gilberto Gil, Ivete Sangalo e Dominguinhos, disse numa visita ao Centro Espírita Complexo Luz, "Eu nunca tive medo de Deus...".

Cheio de esperança e fé, Manuca chega ao dia 19 de junho de 2017 ao Hospital do Câncer de Barretos – SP, e depois de quatro meses de luta, recebe uma visita do amigo Jorge Reis, que musicou o poema 'De que vale'. Um presente que o deixou tão feliz que fez nascer outro, 'O Caminho que nos restou'. É, Seu Emmanuel diminuiu o ritmo, mas não deixou de lado a irreverência e de compor e imprimir sua marca de amor que não se mede. O mesmo modelo e figurino que fez conhecida de muita gente a canção 'Esperando na janela', feita em parceria com Targino Gondim e Raimundinho do Acordeom, vencedora do Grammy Latino de 2001 (melhor música brasileira).

Os saraus poéticos, tendo como plateia os profissionais de saúde e outros pacientes, entraram para a história da recepção do hospital, sempre lotada e as lágrimas que invariavelmente rolavam são testemunhos da força e da fé do poeta que tatuou a palavra resiliência em seu corpo.

"Um guerreiro firme que já conhecia bem aquele campo de batalha", reconheceu a Terapeuta Ocupacional, Renata Cardoso, em depoimento emocionado que ressalta a importância da dedicação de Lu Almeida para a construção da história de vida onde o protagonista é o amor.

Manuca Almeida, autor de proposições como 'Só o amor é maior que o amor que já existe', 'Se alguém lhe amar como eu não é alguém sou eu' e 'Tudo que você tem não é seu/tudo o que você guardar/ pertence ao tempo que tudo transformará', nos deixou às 21h10 do dia 11 de novembro de 2017 aos 53 anos. O livro 'Seu Emmanuel, quando o amor venceu a dor', realizado com apoio da Secretaria de Cultura de Juazeiro com recursos financeiros da Lei Aldir Blanc, foi lançado virtualmente no último dia 25 de abril durante a Flijua – Festa Literária de Juazeiro.

Filho de Aracaju – SE e amante sem limites da cidade baiana de Juazeiro, da esposa, três filhas e dois netos, Manuca acreditava que a esperança, mais que uma promessa de futuro, era algo assim como a própria poesia que tudo pode transformar.

*Carlos Laerte é poeta, jornalista e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

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COMPOSIÇÕES DE ALMIR SATER AJUDARAM A MODERNIZAR A MÚSICA DE VIOLA

Reconhecido pelo seu trabalho com a viola caipira no Brasil, uma pesquisa revelou como o compositor, músico e ator Almir Sater modernizou a música de viola no País. A dissertação apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP analisou a obra de Sater identificando e descrevendo os recursos composicionais presentes em cinco músicas do artista: Corumbá, Doma, Luzeiro, Viola de Buriti e Cristal. A autoria da pesquisa em musicologia A diversidade composicional na obra instrumental de Almir Sater  é de Max Junior Sales, com orientação do professor Ivan Vilela.

Em 2018, as violas foram reconhecidas como patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. O Registro dos Saberes, Linguagens e Expressões Musicais da Viola foi realizado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), destacando a importância do instrumento musical na cultura do Brasil e sua ligação com as tradições mineiras.

A viola tem origem portuguesa e chegou ao Brasil junto com os colonizadores. À medida que se espalhou pelo território nacional, o instrumento assumiu expressões culturais de cada região e foi incorporando diferentes materiais e formas à sua construção.

Sales chama a atenção para o fato de haver “uma carência significativa de estudos dedicados às obras dos instrumentistas de viola”, assim como de pesquisas científicas que se dediquem às composições de Almir Sater, ainda que elas sejam incorporadas com frequência ao repertório de músicos Brasil afora.

As composições de Almir Sater recebem influências de gêneros musicais como o rock e o blues. O disco Instrumental, de 1985, apresenta possibilidades musicais até então inexploradas com a viola. As obras do violeiro apontam para uma modernização da música instrumental de viola, uma vez que a sonoridade delas se assemelha à sonoridade da música instrumental contemporânea e da MPB. Segundo a pesquisa, “alguns músicos e pesquisadores se referem à produção musical de Almir Sater como uma obra que apresentou novas possibilidades musicais e instrumentais ao universo da viola de dez cordas”.

Em Corumbá, “Almir Sater faz uso de um recurso técnico característico da técnica guitarrística na execução do blues”, denominado bend. Nessa técnica, se eleva a altura de uma nota sem que haja interrupção do som, “por meio de uma distensão da corda com o dedo que a pressiona”.

A inserção de elementos do blues, assim como a relação entre modalismo e tonalismo e a elaboração complexa da instrumentação em Luzeiro, entre outros recursos identificados no trabalho, revelam a diversidade presente nos processos criativos do compositor. Para o pesquisador, “foi surpreendente constatar como um recorte tão pequeno da obra [de Almir Sater] pôde gerar um estudo tão extenso. Ainda assim, há um sem-número de possibilidades de estudos para abordar a obra por diferentes perspectivas.”

Através de sua pesquisa, Junior Sales tinha como objetivo criar uma base para que mais estudos explorem o universo da música instrumental de viola, além de contribuir para um “entendimento mais sólido da história desse instrumento como um importante elemento da cultura brasileira”, que não se limita a uma única região e pode ser utilizado em diversas linguagens musicais, como o rock, o choro e a música clássica.

Sales conta que, antes de iniciar o mestrado em 2017, se deparou com a dissertação A Viola Caipira de Tião Carreiro, realizada pelo também violeiro João Paulo Amaral, na Universidade de Campinas (Unicamp). “Achei a pesquisa incrível e comecei a procurar outros trabalhos semelhantes dedicados a outros violeiros. Encontrei pouca coisa. Nesse momento, me ocorreu de eu mesmo desenvolver um estudo dedicado à obra do violeiro sul-mato-grossense [Almir Sater], uma referência musical pessoal desde o período em que eu ainda não tinha contato com a viola.”

A música instrumental faz parte da vida de Max Junior Sales desde muito cedo. Ele relata que o interesse pela música teve início em sua adolescência e conta dois eventos marcantes da época. O primeiro diz respeito à lembrança de momentos em que observava seu pai “tocar alguns acordes e assoviar algumas melodias” no violão. 

O segundo evento remete a uma experiência da época em que o pesquisador começou a frequentar um grupo de capoeira, no bairro vizinho ao que morava. Logo no primeiro encontro, o que lhe chamou a atenção não foram os movimentos da prática, mas o som que saía do aparelho usado para reproduzir uma fita cassete. “Aquela sonoridade das vozes, berimbau, atabaque e caxixi foi muito impactante para mim”, ele diz e destaca que, desde o início, o aspecto instrumental – como timbres, dinâmicas e melodias – foi o que mais chamou sua atenção.

Nascido em Lavras, Minas Gerais, Max Junior Sales se mudou para cursar graduação em Música pela Universidade Federal de São João del-Rei. Lá ele se formou em violão em 2010. Foi também nessa época que o interesse pela viola “foi se tornando cada vez maior a ponto de começar a substituir o violão como meu instrumento principal de trabalho”. Ele afirma ter encontrado no mestrado a possibilidade de fazer essa transição e se aprofundar no universo da viola caipira.

Por Natália Milena/LAC-ECA jornal da USP

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BIOMA: FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE-APODI CELEBRA 75 ANOS

A Floresta Nacional (Flona) do Araripe-Apodi, no Ceará, completou 75 anos de criação ontem domingo (2). É a primeira floresta nacional do Brasil. Criada para manter as fontes de água do semiárido e barrar o avanço da desertificação no Nordeste, a unidade de conservação (UC), gerida atualmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), consolidou-se durante todo esse tempo e presta hoje cada vez mais serviços ambientais.

Em 2 de maio de 1946, o então presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, assinou o Decreto 9.226 que determinava a criação da Flona, administrada atualmente pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A unidade abrange os municípios cearenses de Santana do Cariri, Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim.

Criada em duas glebas distintas – uma na Serra do Araripe, que abrange, além do Ceará, os estados de Pernambuco e Piauí; e a outra, na Serra do Apodi, entre os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte –, a Floresta Nacional do Araripe-Apodi nasceu subordinada ao Serviço Florestal, ligado na época ao Ministério da Agricultura.

A sua localização foi definida conforme as prioridades apresentadas pelos gestores ambientais da época, com a água no semiárido e o combate ao avanço do processo de desertificação no Nordeste. As chapadas do Araripe e do Apodi são conhecidas como duas grandes cisternas que captam as águas durante a estação das chuvas, liberando-as para a flora e a fauna e para as populações sertanejas, ao longo da estação seca.

Estudos feitos nos anos 1990, que embasaram a criação da APA Chapada do Araripe, contígua à Flona do Araripe-Apodi, identificaram 307 fontes jorrando das faldas (base das montanhas) do Araripe, sendo oito vazando para a bacia do Parnaíba, 54 para a bacia do São Francisco e 245 para a bacia do Jaguaribe.

Não é por acaso que nas secas calamitosas que assolam o Nordeste, os brejos úmidos do Araripe e do Apodi constituem áreas de refúgio para a fauna e berço de recursos para as comunidades do entorno.

Ela foi criada em um área de transição de ecossistemas que compreende fragmentos de Mata Atlântica e de Cerrado em plena Caatinga. Na gleba Araripe encontram-se ambientes de mata úmida, cerradão, cerrado, carrasco e as respectivas transições - uma diversidade de ecossistemas que se constitui em importante refúgio de espécies raras e ameaçadas de extinção como Penelope jacucaca, Sclerurus scansor cearenses, Antilophia bokermanni, Procnias averano averano e Sporagra yarellii.

A criação da UC provocou forte resistência dos latifundiários locais, que detinham o poder político e conseguiram impedir a demarcação da gleba Apodi e retardar por 37 anos a demarcação da gleba Araripe. Diversos chefes da Flona defenderem arduamente a biodiversidade nativa em suas variadas formas e o interesse coletivo das presentes e futuras gerações.

A Flona Araripe-Apodi conta com conselho consultivo desde 2001 e com plano de manejo desde 2005 (Portaria nº 81). Administrativamente está organizada por áreas temáticas: Administração, Uso Público e Produção Sustentável; Proteção, Fiscalização, Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade, Educação Ambiental, Manejo para a Conservação e Consolidação Territorial.

Integram o quadro da Flona seis analistas ambientais e dois técnicos ambientais, um estagiário, seis vigilantes e dois terceirizados nos serviços de limpeza e conservação. No período crítico em relação a incêndios, que vai de julho a dezembro, a Flona conta com 18 brigadistas que cuidam da prevenção, combate e recuperação das áreas afetadas pelo fogo.

A Flona tem sido um espaço privilegiado para a pesquisa. Em 2015 foi lançada na UC a publicação “Sociobiodiversidade na Chapada do Araripe”, editada por Ulysses Paulino de Albuquerque e Marcos Vinicius Meiado, que trouxe 23 trabalhos científicos sobre geologia, micologia, botânica, zoologia, etnobiologia da Flona e da APA Chapada do Araripe, ambas administradas pelo ICMBio.

Entre os maiores problemas enfrentados pela Flona Araripe, estão a pressão antrópica (do homem) decorrente da metropolização do Cariri cearense, os incêndios florestais, a caça ilegal, o lançamento de lixo por parte de usuários das estradas que cortam a UC e por visitantes, o atropelamento de fauna e o vandalismo.

“A grande lição da Flona Araripe para o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) tem sido seu poder de resiliência, pois enfrentou em seus 70 anos abusos, descasos e toda sorte de ameaças. Todavia continua prestando serviços essenciais para a região metropolitana do Cariri, para o Nordeste brasileiro e para toda biosfera”, explica Francisco Willian Brito Bezerra, analista ambiental da UC.

Segundo Francisco, o geossistema Araripe constitui um microclima privilegiado no semiárido. Tanto que mais de 200 espécies de aves encontram na Flona abrigo e alimento. Sua flora generosa sustenta o solo evitando deslizamentos de massa capazes de destruir comunidades inteiras. Famílias pobres retiram da floresta alimento, remédio e complemento de renda.

“Na Flona pesquisadores acham pistas sobre a evolução da vida no planeta; religiosos de diversas crenças encontram uma ligação com o criador; estudantes adquirem conhecimentos, desenvolvem habilidades, constroem valores e atitudes ecologicamente sustentáveis; artistas se inspiram; atletas praticam esportes e ganham saúde; visitantes se encantam”, conclui Verônica Maria Figueiredo Lima, chefe da Flona Araripe-Apodi. (Fonte: ICMBio)

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LIVRO: VIVER É MELHOR QUE SONHAR-OS ÚLTIMOS CAMINHOS DE BELCHIOR

Em canção, letra e vivência artística, a Música Popular Brasileira tem nomes insubstituíveis e atemporais, que se perpetuam inclusive quando seguem para outros planos.

O cantor e compositor Belchior é um deles. Há quatro anos, no último dia de abril de 2017, ele se foi aos 70 anos. Um ‘rapaz latino-americano’ jovem demais, e que não fazia canções “corretas, brancas, suaves, muito limpas, muito leves”. Porque afinal, “não se deve cantar como convém, sem querer ferir ninguém”. 

E ele nem feriu, ao contrário, despertou ouvidos e olhares para um mundo que transitava entre o novo e o velho, presente e passado, dicotomia que se tornou marca registrada em seu cancioneiro - desde “Alucinação” (1976), até “Velha Roupa Colorida” e “Como Nossos Pais” - referência para todos que que amam o passado e não veem que o novo sempre vem, como ele viu, desde sempre.

Recentemente o artista cearense Antônio Carlos Belchior veio à tona e não pelo vasto acervo de discos, singles e coletâneas deixadas e que seguem audíveis e reverberadas pelas gerações atuais.

Ele ganhou mais de 260 páginas no livro “Viver é Melhor que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior” (Sonora Editora), produzido por meio de uma campanha de financiamento coletivo e assinado pelos jornalistas Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti que imergiram no universo controverso do artista, mais especificamente no vácuo dos anos de 2012 a 2017 – período em que ele se fez ausente e percorreu lugares, recebeu abrigo de desconhecidos e deixou no ar o seu não-paradeiro em uma jornada incerta. 

Os escritos percorreram de Montevidéu, no Uruguai, a Santa Cruz do Sul (RS), lugar onde Belchior morreu e dizem por aí, ouvindo música clássica – a causa da morte foi atestada como rompimento de uma aorta.

O livro ocupa as últimas páginas com uma cronologia didática, elencando datas importantes da trajetória de Belchior, desde o seu nascimento, passando pelo registro em 1976  de “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida” - canções incluídas por Elis Regina no repertório do show “Falso Brilhante - até chegar às suas perambulações vida afora e, finalmente, em sua morte em uma casa emprestada que passou a morar em 2015 com sua última companheira, a artista plástica Edna Prometheu. 

Inspirado na narrativa contada pelos autores, “Viver é Melhor que Sonhar – Os Últimos Caminhos de Belchior” vai virar a série documental “Procurando Belchior” (Urca Filmes), com coprodução do Canal Brasil e direção de Eduardo Albergaria que assina também o roteiro ao lado de Leonardo Edde e Daniel Dias. 

Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti vão se juntar à produção como pesquisadores e colaboradores, para elucidar em quatro episódios os caminhos do músico que esboçava ter um “Coração Selvagem”, mas se mantinha com a alucinação de suportar o dia a dia apenas no delírio da “experiência com coisas reais”. O poeta/filósofo/músico Belchior também deve ser pautado como protagonista de um longa de ficção, em breve. 

A série tem previsão de lançamento para outubro, mês de celebração do nascimento do músico que se fisicamente estivesse pelas bandas de cá da terra, completaria 75 anos e talvez não mais a "cem por hora, sobre o trevo, dentro do carro" - e não necessariamente nesta ordem, mas nem por isso desvinculado de suas melodias cotidianas que, a propósito, foram fincadas artisticamente a partir dos trabalhos autorais produzidos entre as décadas de 1970 e 1980.

Entre eles “Belchior – Era uma Vez um Homem e Seu Tempo” (1979), disco que traz em parceria com Toquinho a faixa “Meu Cordial Brasileiro”, cuja letra traz uma passagem que remete ao quão fundamental se faz o artista e a sua arte, em especial quando ambos se confundem. “Que o pecado nativo é simplesmente estar vivo. É querer respirar”. Salve, Belchior, e as previsões certeiras para um abrasileirado ano de 2021. (Fonte:  Germana Macambira-Folha Pernambuco)

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