MORRE SEU MANELITO, ÍCONE DO SEMIÁRIDO NORDESTINO

O Cariri paraibano está de luto. Isso porque morreu nesta terça-feira (28), em Taperoá, aos 83 anos, o empresário e engenheiro agrônomo, Manoel Dantas Vilar Filho, conhecido na região como Manelito, também primo do escritor paraibano Ariano Suassuna e proprietário da Fazenda Carnaúba, uma das maiores fábricas artesanais de queijos multi-premiados do Brasil. 

Seu Manelito administrava com seus cinco filhos a fazenda, que está na posse da família desde o século 18. Ele morreu em Campina Grande, Paraíba devido a complicações de uma cirurgia de vesícula. O velório será realizad na Fazenda Carnaúba, em Taperoá e o sepultamento deve ocorrer às 9h desta quarta-feira (29), no cemitério de Taperoá. 

Manoel Dantas, o Manelito, é conhecido por ter o melhor banco de dados sobre o Semiárido brasileiro e o regime de chuvas na região. Desde 1912, ainda no século passado, o que aconteceu no Nordeste do Brasil, em se tratando de chuvas, está registrado nos arquivos dele na Fazenda Carnaúba. 

Os queijos da sua fazenda são vendidos em delicatessens, lojas especializadas e mercados espalhados pelo Brasil. 

“Seu Manelito era tão equilibrado em tudo que fazia que jamais foi um opositor da natureza, sempre a favor. Por isso conseguiu sempre os melhores resultados em tudo que fez, seja na criação ou na plantação, sempre se saiu bem e colheu ótimos resultados. Ele se torna um homem imortal, pois seus ensinamentos jamais deixarão de ser referência para aqueles que querem viver em equilíbrio e harmonia com a mãe natureza” – André Miranda, diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Gir (AssoGIR).

A Fazenda Carnaúba, localizada no município de Taperoá é referência nacional em genética de caprinos, ovinos e bovinos. A propriedade de 960 hectares tem altos índices de produtividade e competência técnica na criação de raças nativas de caprinos, ovinos e bovinos, tanto de leite, quanto de corte. A produção de queijos com leite de cabras foi a saída encontrada pela Fazenda Carnaúba para enfrentar, na década de 70, a dura seca do semiárido brasileiro, uma das regiões mais áridas do Brasil. 

O mais curioso dessa história é que tudo começou com a conquista de um prêmio literário. É que, em 1971, o escritor Ariano Suassuna lançou o romance “A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” e, com esse livro ganhou o Prêmio Nacional de Ficção, conferido pelo Ministério da Educação e Cultura. Com o dinheiro da premiação, o dramaturgo decidiu, em parceria com seu primo, Manuelito (Manoel Dantas Vilar Filho), ambos proprietários da fazenda na época, comprar 200 cabras para iniciar a produção de queijos.

“Na época todos diziam que os dois eram loucos, pois parecia impossível produzir queijo com leite de cabra no semiárido brasileiro”, lembra Joaquim Pereira Dantas Vilar, que hoje está no comando de toda a produção e comercialização de queijos da fazenda ao lado de sua irmã Inês Pereira Dantas Vilar.

A propriedade Carnaúba conta com um rebanho formado por oito raças ovinas, são elas: Barriga Negra, Cariri, Morada Nova Pretas e Vermelhas, Jaguaribe, Cara Curta, Somalis e Santa Inês e mais dez caprinas: Parda Sertaneja, Moxotó, Graúna, Serrana Azul, Repartida, Canindé, Marota, Mucianas Pretas e Caobas, e Biritingas. 

Já o rebanho bovino é formado pelas raças: Zebu, Guzerá, Sindi e Curraleiro Pé Duro ou, como é conhecido em algumas regiões do Brasil, Pé Duro do Piauí. Na fazenda, os animais convivem em perfeito equilíbrio. Cada espécie tem uma preferência por certo tipo de forragem, dessa forma, a flora é usada de maneira eficiente para atender às necessidades de todas as raças. “Os animais tiveram que se adaptar ao clima do semiárido brasileiro”, conta Joaquim.

Para ele, o segredo para vir se destacando ao longo de tantos anos foi seguir à risca os ensinamentos do primo Ariano e do seu falecido pai. “Fomos criados num ambiente riquíssimo de bons valores: produzir com qualidade e identidade”, reforça, demonstrando o que aprendeu com seu Manuelito. 

O produtor tem o maior orgulho de estar à frente do laticínio Grupiara da Fazenda Carnaúba. “Produzir queijos no sertão possibilita vivermos aqui, sem necessidade de migrar para a cidade. Valorizar nosso mundo é uma obrigação que nos deixa felizes e realizados, ainda mais trabalhando no que gostamos e sabemos fazer”, diz Joaquim.
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UNIVASF: CINEMA, SERTÕES E POESIA É TEMA DE LIVE COM LÍRIO FERREIRA

O projeto de extensão Conceito Chave, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), realizará hoje (28) a 30ª edição do Conversa no Insta, uma série de lives com entrevistas sobre ciência e cultura. O convidado desta edição será o diretor de cinema pernambucano Lírio Ferreira, que entre outras obras dirigiu “O Baile Perfumado”. Ele irá falar sobre “Cinema, sertões e poesia”, a partir das 18h, pelo Instagram.  

O coordenador do projeto, professor Fernando Souto, do Colegiado de Ciências Sociais da Univasf, lembra que a live acontece na data de aniversário da morte de Lampião e também na mesma data de lançamento do filme O Baile Perfumado, que também contou com direção do cineasta Paulo Caldas. Souto diz que a entrevista tratará do sertão em cinema e poesia. “Essa será uma das lives que terá o sertão como tema. O que é o sertão? Como encontramos no sertão poesia? Quais imagens vêm à nossa cabeça quando pensarmos no sertão? Como o sertão é visto pelo nosso convidado, roteirista e diretor de cinema, Lírio Ferreira?”, revela.  

Lívio Ferreira também dirigiu Árido Movie (2005), O Homem Que Engarrafava Nuvens (2009) e Acqua Movie (2017), entre outros, e no momento tem a série Ouro Velho, Mundo Novo, realizada em parceria com Cláudio Assis, em exibição no Canal Brasil. Esta série trata sobre a poesia do sertão. “Devemos conversar sobre a poesia sertaneja, sobretudo a que desliza suave pelas águas do Rio Pajeú. Território fértil da sabedoria. Essa sabedoria vista através de um olhar afetuoso e sincero. Falar de poesia é vital para manter nosso espírito em suspensão face às agruras desse momento onde temos tentado sobreviver ao vírus e ao verme”, diz Ferreira sobre sua participação no Conversa no Insta de hoje.

O Conversa no Insta faz parte de um projeto de extensão Conceito Chave, que visa produzir conteúdo acadêmico em plataformas como o YouTube, Instagram e também podcast com o fim de fazer divulgação científica. É voltado para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral para promover uma ponte entre a universidade e a sociedade. O Conceito Chave conta com apoio do Observatório de Estudos em Educação, Trabalho e Cultura – ETC. E a série de lives Conversa no Insta acontece em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR) da Univasf e o Mestrado Profissional em Ensino de Sociologia (Profsocio).

O coordenador do projeto ressalta que a iniciativa visa “mostrar o que se faz na universidade para o público externo e trazer temas relevantes como cinema, culinária etc para serem vistos pelo mundo acadêmico, porque são temas relevantes, academicamente falando. E por isso são importantes para que possamos também nos apropriar deles, mostrando as conexões entre cada tema com a educação, com as relações de poder, com a política e com a cultura”, observa Souto.

As lives tiveram início em 6 de abril e desde então já foram discutidas diversas temáticas de grande relevância. “Discutimos mulheres (o lugar da mulher na sociedade, violência contra mulher, mulheres no cinema, mulheres negras etc); discutimos sobre política cultural e cinema com acadêmicos, produtores de cinema e cineastas; falamos sobre racismo; sobre drogas, emprego e renda; Covid-19; política, democracia e religião, por exemplo”, conclui o coordenador do projeto. (Fonte: Univasf)
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CANTOR ADELMÁRIO COELHO DESTACA VALORIZAÇÃO DA CULTURA GONZAGUEANA NO SEMINÁRIO TEM FORRÓ SIM SENHOR

Teve início nesta terça (28) o Seminário Tem Forró Sim Senhor. Entre os dias 28 e 29 de julho o forró será a pauta central de seminário promovido pela Prefeitura de Mata de São João, por meio da Secretaria da Cultura e Turismo e do portal São João na Bahia. O “Tem forró, sim sinhô” reúne, por meio da plataforma Zoom, representantes da música, cultura, entretenimento, mídias digitais, produtoras do audiovisual, dentre outros segmentos.  

Um dos participantes hoje pela manhã foi o cantor Adelmário Coelho. Os temas discutidos são o fortalecimento, valorização, visibilidade  e a profissionalização do segmento. Participarão do encontro expositores, gestores públicos, artistas, empresários e especialistas no tema. 

De acordo com o diretor de Cultura de Mata de São João, José Neto, o objetivo é mostrar que o forró não é um ritmo musical apenas do mês de junho, mas de todo o ano. “Queremos também mostrar caminhos de viabilidade para as bandas e artistas que buscam fazer com que seus produtos tenham importância e relevância para contratantes e para o público final”, acrescenta Neto. 

Além de Adelmário Coelho, o Seminário contou com a participação de Armandinho do Acordeon, da Banda Fulô de Mandacaru e Santana, o Cantador.

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VII SIMPÓSIO DO MEIO AMBIENTE ACONTECE NESTA QUARTA (29)

O VII Simpósio de Meio Ambiente do IFBAIANO de Governador Mangabeira é um evento voltado para todo o público interessado em conhecer,  discutir  e promover as ações voltadas a criação de uma sociedade onde o ‘’saber cuidar’ de si, do outro, e da natureza seja incentivado, sendo aberto tanto para estudantes e profissionais do campus como para toda a comunidade externa. O tema do evento é “A saúde do planeta Terra está em nossas mãos. O que fazer para prevenir mais doenças e desastres ecológicos?’’.

Os eixos temáticos envolvem questões como: Lixo e Reciclagem; Agroecologia e Economia Solidária; Mudanças Climáticas e Energias Alternativas; Uso sustentável da água; Alimentação saudável; A Terra como organismo vivo e a relação entre pandemias e poluição, entre outras.

 Devido a situação de emergência planetária causada pelo caos econômico e socioambiental que levaram a crises cada vez mais graves, inclusive a Pandemia da COVID-19, este ano teremos encontros virtuais. O primeiro deles foi realizado dia 5/06, Dia do Meio Ambiente, com lives e minicursos. A segunda etapa online será dia 29 de julho ,a partir das 13:30h  com apresentação musical, seguida de lives e palestras com convidados via Instagram do evento: https://instagram.com/simposio_ifbaiano?igshid=uiqiz02ogr0m@  e You Tube: https://www.youtube.com/channel/UCXG4-q_0U0UvBY4vydNP9sw.

Veja a programação completa nos cards e site do evento: https://extensaoprojeto3.wixsite.com/meioambiente

O último   encontro online está previsto para o dia 23/09; com submissão de propostas até o dia 20 de setembro. Todos os participantes devem se inscrever previamente no site e enviar o material produzido para o e-mail do evento: extensaoprojeto3@gmail.com a partir de formulário específico disponível no site do evento. As atividades do VII Simpósio de Meio Ambiente   2020 – Online poderão ser compostas de: Palestras, Debates, Entrevistas, Depoimentos, Mesas-redondas, Minicursos, Vídeo-pôsteres e Intervenções Artísticas.

Todas as propostas submetidas podem ser acompanhadas   de resumo expandido ou artigo a ser publicado nos anais do evento, com ISSN registrado, caso sejam aprovados pelo Corpo Editorial. Para isto devem seguir as normas e o modelo disponíveis na página do evento: www.smaifbaianogm.eco.br

 Agradecemos as entidades que nos apoiam: o  IFBAIANO, o Grupo de Pesquisa em Meio Ambiente e Sociedades (GEMAS) e o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), campus Governador Mangabeira; O Mestrado Profissional em Ciências Ambientais Ambiente (MPCA), campus Serrinha, e a Pró reitoria de Extensão (Proex) do IFBAIANO. Gratidão também a todos que contribuem para que o evento ocorra. Ressaltamos a importância do ensino, pesquisa e extensão para que possamos sair dessa crise com diretrizes para a construção de uma sociedade mais inclusiva e com maior consciência ambiental.

PARA MAIS INFORMAÇÕES ACESSE AS MÍDIAS DO EVENTO:
Site do evento: https://extensaoprojeto3.wixsite.com/meioambiente

E-mail:extensaoprojeto3@gmail.com
Instagram:  @simpósio_ifbaiano

Site dos anais: www.smaifbaianogm.eco.br

You tube https://www.youtube.com/channel/UCXG4-q_0U0UvBY4vydNP9sw

 Programação:

Primeira etapa virtual: 05/06/2020 (Instagram e Youtube do evento)

-14h: Abertura

-15h: Live “ Pandemias em um ambiente devastado”

  Maria Luisa Diele-Viegas- Doutorado em Ecologia e Evolução (Universidade de Maryland)

-16h: Minicurso 1

“Normas de higienização de alimentos em época da pandemia da COVID-19”

Estefânia Prates -Mestranda em Tecnologia de Alimentos (UNICAMP)

-16:30: Minicurso 2

“COVID-19: O que muda na nossa interação com o ambiente em prol da saúde”

Emily Lima Carvalho – Enfermeira e Mestra em Saúde Comunitária
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28 DE JULHO: LAMPIÃO E MARIA BONITA UMA NOITE DE AMOR NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO

Aquela noite, 28 de julho, era a noite de seus desejos. Seus corpos se amariam como nunca. Seus olhos confessavam seu amor. Havia uma necessidade de abraçar mais forte, de se beijar mais quente, de sussurrar segredos. 

O suor os unia em complexa solução salgada. Seus fluidos se misturavam cumprindo seu destino. A lua, a noite, o silêncio no campo. A terra calava-se diante de tanta cumplicidade. Nus, abraçados, juraram amor eterno, enquanto seus dedos se entrelaçavam. 

A rusticidade de suas vidas nunca invalidara seus momentos de paixão. O cactus, a poeira da caatinga, os bichos mais estranhos, a brisa inexistente, tudo reverenciava e abençoava sua união. Naquela noite, toda a alegria do mundo invadia-lhes a aura. Até que veio a manhã e adormeceram para sempre.

Fonte: professor Aderaldo Luciano-doutor em ciencia da literatura
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MISSA QUE MARCA DATA DA MORTE DE LAMPIÃO ACONTECE NESTA TERÇA (28) PELA INTERNET

Nesta terça-feira, às 17h, acontece a XXIII Missa do Cangaço, que marca o aniversário de 82 anos da morte de Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Lampião. Em virtude da pandemia do novo coronavírus, o evento será transmitido pelas redes sociais do Museu da Gente Sergipana e do Instituto Banese.

A celebração será realizada pelo Padre Mário César de Souza. Também participam do evento o Quinteto de Cordas e Percussão da Orquestra Jovem de Sergipe e do Grupo de Xaxado "Na Pisada de Lampião", do município de Poço Redondo.

Todos os anos, a missa é realizada na Grota do Angico, em Poço Redondo, local da morte de Lampião, sua esposa Maria Bonita e mais nove companheiros.

Os cangaceiros de Lampião acamparam na fazenda Angicos, Sertão de Sergipe, no dia 27 de julho de 1938. A área era considerada por Virgulino como de extrema segurança, longe das vistas das forças policiais. Mas na manhã do dia seguinte, os cangaceiros foram vítimas de uma emboscada, organizada por soldados do estado vizinho, Alagoas, sob a batuta do tenente João Bezerra. 

O Monumento Natural Grota do Angico foi criado pelo governo de Sergipe há nove anos. Desde a sua criação, a unidade é administrada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e recebe visitantes de várias partes do Brasil e do exterior, para a realização de estudos e pesquisas científicas. Além de abrigar o local da história do Cangaço, representa a única unidade de conservação estadual do bioma caatinga.
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MESTRE APRIGIO MESTRE DA CULTURA MORRE EM OURICURI, PERNAMBUCO AOS 79 ANOS

Morreu na noite de ontem (27), Mestre Aprigio (José Aprigio Lopes), Patrimônio Vivo da Cultura. Ele trabalhava em Ouricuri, Pernambuco com o artesanato em couro. O mestre continuava em plena atividade de artesão, confeccionando peças em couro. Nascido em Exu, ele confeccionou alguns dos chapéus usados por Luiz Gonzaga. 

Nascido em Exu no dia 25 de maio de
1941, 79 anos, o “Mestre Aprigio”, José Aprigio Lopes contava que conhecia bem o repertório de Luiz Gonzaga. Ele confeccionou vários dos chapéus de couro usados por Luiz Gonzaga e hoje é uma das referências dos grandes nomes da música nordestina, exemplo confeccionava os chapeus de Alcymar Monteiro, Chambinho do Acordeon, Jaiminho de Exu, Flávio Leandro, Tacyo Carvalho e Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga.

“Meus chapéus serviram de coroa para os dois grandes reis que conheci, veja só que privilégio, Luiz Gonzaga e Dominguinhos”, dizia o Mestre Aprigio.

Os chapéus, gibões e sandálias confeccionados por Seu Aprigio ficaram imortalizados também quando a Escola de Samba Vila Isabel desfilou na Sapucaí do Rio de Janeiro contando a vida de Miguel Arraes, político cearense, nascido no Crato, três vezes governador de Pernambuco.

No desfile o cantor Martinho da Vila encarnava um cangaceiro. O sambista se emocionou do começo ao fim da passagem da escola, da qual é presidente de honra e símbolo maior. Detalhe: o chapeu de couro e o gibão é confecção do artesão Mestre Aprigio.

A Secult/Fundarpe, através de nota lamentou a perda do Patrimônio Vivo de Pernambuco e sertanejo ilustre José Aprígio, conhecido como Mestre Aprígio, anunciada nesta segunda-feira à noite.

Ele ficou famoso pelo trabalho como artesão em couro, que encantou gente como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Tinha 79 anos.

Escolhido em 2019 pelo Governo de Pernambuco como Patrimônio Vivo do Estado, Mestre Aprígio possuía um ateliê em Ouricuri, no Sertão do Araripe, terra que escolheu para desenvolver seu trabalho. Chapéus de couro, perneiras, sandálias e bolsas eram sua especialidade, com destaque para a indumentária do vaqueiro.

Aos familiares, amigos e admiradores, deixamos a nossas condolências e deixamos os nossos mais sinceros pêsames.


Nas diversas entrevistas concedidas ao BLOG NEY VITAL ele contou que acompanhava o pai no trabalho da roça, mas foi aos onze anos, cuidando da comida do gado, que as roupas de couro dos vaqueiros encheram os seus olhos e mudaram seu destino.

Aos 15 anos, comprou uma faquinha, um esmeril, um compasso e começou sozinho a fazer do sonho sua vida. “Acho que é um dom, tem que ser um dom assim seilá, por causa que muita gente sempre foi para trabalhar, mas não dá para aquela arte assim”.

Com a morte do pai, aos 19 anos, conseguiu uma espécie de estágio na oficina do Mestre Juarez, no Crato, no Ceará. Ele acabou ficando três anos por lá, depois voltou a Pernambuco como artesão profissional.

O rei do baião, Luiz Gonzaga, conheceu o mestre artesão, gostou tanto do trabalho dele, que passou a encomendar chapéus e gibões, que usou em shows pelo Brasil afora. Isso ajudou na trajetória que transformou o menino tímido de Exu, em patrimônio vivo de Pernambuco.

“Luiz Gonzaga ficou muito grato, porque eu recebi ele bem, com muita ansiedade de conhecer ele também , porque ele já era artista e eu não era. E eu, mais rapaz, eu, está nas maõs de um artista desse, mas tem nada não, a gente vai ver o que é que faz. Aí ele disse assim: 'Tenho uma surpresa para você'. E eu, pode falar, mestre:'Eu tenho umas encomendas para você fazer pra mim usar nos meus shows, não é negócio pra vaqueiro, nem pra usar assim, só pra quando eu tiver no meu show, usar'. Eu perguntei a ele: 'Qual a peça?'. Ele disse: 'Um gibão, um chapeú e um vestuário de couro muito bem feito, o que você puder fazer, pode jogar em cima, que aí, eu acredito que sai do jeito que a gente quer mesmo". De lá pra cá, a gente ficou se conhecendo, chegava lá na minha casa, entrava, sentava, tomava café", relembra.

Um dos filhos trabalha com ele na oficina, Romildo. O neto Joelson Lopes também decidiu cedo que seguiria os passos do avô. É a terceira geração da família de artesãos. “É uma coisa que eu faço com muito amor, porque é uma arte muito difícil, a gente tem que seguir em frente”, afirma o neto.
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