JORGE DE ALTINHO: SONS DA MÚSICA BRASILEIRA. O RITMO QUE ELEVA O BOM ESPÍRITO DA HUMANIDADE

Jorge Assis Assunção, Jorge de Altinho. Nasceu no dia 03 de Junho. Nunca banalizou sua arte e é respeitado pela qualidade do seu trabalho. Compositor de alma cheia e grandeza humana é de Jorge de Altinho as primeiras composições gravadas pelo Trio Nordestino (Lindu, Cobrinha e Coroné), destaco "Fole de ouro", "Amor demais", "Forró quentão", Caruaru a Capital do Forró,  A separação...Petrolina e Juazeiro.

Em parceria com Petrucio Amorim o Brasil canta Confidências, no início deste ano o repertório esteve presente até no carnaval de Belo Horizonte, Minas Gerais.

No início de carreira inspirou-se em Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. O seu primeiro disco LP: "Jorge de Altinho - O príncipe do baião", é hoje considerado pelos pesquisadores e colecionadores uma das raridades no mercado dos especialistas e admiradores da vida e obra de Jorge de Altinho.

Ressalto sempre (balizado em mais de 30 anos de pesquisas e estudos)  que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência-mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

Jorge de Altinho é uma dessas estrelas! Tem sua luz própria! Brilha inspirado no convívio dos sertões, conhecedor dos segredos e nuances da noite estrelada. Humilde e grande na sabedoria de seguir os ensinamentos e conselhos de Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Uma das mais belas interpretações de Jorge de Altinho é Tamanho de Paixão, onde ouvimos Luiz Gonzaga e Dominguinhos fazendo a sanfona roncar feito trovão em dia de chuva. Dominguinhos foi o discípulo que superou a arte do meste. Jorge é o responsável pelas novas gerações saber o que representa a riqueza do forró, baião, valorizando a música brasileira.

No livro Forró de Cabo a Rabo, o jornalista e crítico musical Ricardo Anísio, aponta Jorge de Altinho, como uma das vozes mais bonitas do reduto forrozeiro. Timbre de voz de rara beleza. Compositor de maior sensibilidade, construtor da palavra poética.

"Jorge de Altinho traduz os sons da alma. Sua obra foi feita para elevar coração, alma e espírito da humanidade'.

Tenho dito: é Jorge de Altinho um Poeta Danado e Cantador quase vidente...
"A lua não é mais a mesma
 la no céu do meu sertão
o sol chorando com seus raios 
fica procurando em vão
la no canto da parede chapéu e gibão ficou 
aquela sanfona branca que tanta gente alegrou
só a saudade doendo Luiz Gonzaga deixou...

E vejo num voar alegre de um lindo beija flor 
nas águas de um açude cheio 
e na voz de um cantador/
nas borboletas nos caminhos no arco-iris multicor/
num Riacho do Navio que de tristeza secou 
só a saudade doendo Luiz Gonzaga deixou...

Juazeiro, Assum Preto, Asa Branca e muito mais 
cantigas que fizeram um rei e um trovador da paz
gênio, mito, tua obra já te imortalizou
nos quatro cantos do Brasil o teu canto ecoou
Fostes a realidade nos olhos de um sonhador...
Pelas estradas da vida sempre semeando o amor 
mas só a saudade doendo Luiz Gonzaga deixou...
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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INVESTIGA BAIXO INVESTIMENTO DO GOVERNO FEDERAL NO COMBATE AO CORONAVÍRUS

O Ministério Público Federal determinou a abertura de um inquérito civil público para apurar a baixa aplicação de dinheiro público, por parte do governo de Jair Bolsonaro, no combate à pandemia do novo coronavírus. 

Segundo informações prévias obtidas pelos procuradores, do montante de R$ 11,74 bilhões disponibilizados para execução direta, pelo Ministério da Saúde, somente R$ 2,59 bilhões haviam sido empenhados e apenas R$ 804,68 milhões foram efetivamente pagos até 27 de maio. Isso significa que, até a data verificada pelo MPF, apenas 6,8% dos recursos disponíveis haviam sido gastos.

Os procuradores destacam, na ação, que os repasses aos estados e municípios foram drasticamente reduzidos a partir da segunda quinzena de abril. A instauração do inquérito foi motivada pelo recebimento de uma representação com informações de um estudo elaborado por meio de dados contidos em páginas oficiais do Ministério da Saúde. 

De acordo com o MPF, o estudo evidencia uma possível ineficiência da União para enfrentar os desdobramentos da covid-19 na área da saúde em, ao menos, três aspectos: pouca utilização dos recursos previstos para despesas - especialmente nos de aplicação direta pelo Ministério da Saúde-, demora na liberação de recursos aos demais entes federativos e pequena participação da União no custeio da saúde, em relação ao financiamento total assumido pelos entes federativos.

Em relação ao montante previsto para transferências para estados e municípios, "além da execução tímida", foi verificada uma redução dos repasses a partir do dia 13 de abril. 

"É fato notório que o número de casos confirmados de Covid-19 continua em ascensão, destacando-se o Brasil em relação aos demais países do mundo pelo alto número de casos por habitante, de forma que se esperaria a utilização dos recursos disponíveis para seu enfrentamento de imediato", diz trecho da ação.

O inquérito vai averiguar as razões pelas quais a União não vem utilizando as verbas orçamentárias disponíveis para o enfrentamento da pandemia, assim como os motivos pelos quais os repasses a estados e municípios têm sofrido retenção. O MPF solicitou ainda informações ao Ministério da Saúde, ao Conselho Nacional de Saúde, ao Conselho Nacional dos Secretários da Fazenda, à Frente Nacional de Prefeitos e à Confederação Nacional de Municípios para contar com documentos que possam subsidiar o inquérito. Os órgãos têm 10 dias para prestarem informações, a partir do recebimento dos ofícios. (Fonte: Correio Braziliense)
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CANTOR, COMPOSITOR E SANFONEIRO JOÃOZINHO DO EXU REALIZA LIVE SOLIDÁRIA NESTE SÁBADO (6) DE JUNHO

O cantor e compositor Joãozinho do Exu realiza no sábado (06), às 17h, uma live solidária, para contribuir com os sanfoneiros e músicos de Exu, Pernambuco. A transmissão será ao vivo pelo canal youTube joãozinho de exu oficial e walter santos.

As lives musicais, além de divertir as pessoas que estão em isolamento para prevenir a transmissão da covid-19, funcionam como meio de arrecadar doações, sejam elas financeiras ou de produtos. 

A live de Joãozinho do Exu terá o objetivo de colaborar para que a diversão e a solidariedade caminhem lado a lado, ajudando centenas de músicos e suas famílias com alimentos, produtos de limpeza.

Joãozinho do Exu, traz no nome a referência da cidade onde nasceu o Rei do Baião Luiz Gonzaga. É considerado um dos principais compositores da atualidade, tendo gravações na voz de Dorgival Dantas, Xand do Aviões. Na sua trajetória artística e musical gravou Lps com a participação de sanfoneiros da categoria de Severo e Duda da Passira, e produção de João Silva, um dos principais compositores da música brasileira, e parceiro e produtor musical dos Lps de Luiz Gonzaga, que na época ficaram entre os mais vendidos.

Joãozinho nasceu na zona rural, Sítio Mandacaru. Herdou o talento do avô tocador de sanfona de 8 Baixos, o Pé de Bode. O talento o fez ganhar o mundo. 

Luiz Gonzaga que sempre foi capaz de reconhecer um talento, o presenteou com uma sanfona. Na época Joãozinho tinha 10 anos. São diversos os sucessos que o Brasil e especial o Nordeste canta embalado nas composições de Joãozinho de Exu. 

Antes do decreto da calamidade devido a pandemia do coronavírus, Joãozinho do Exu, estava programado a gravação do DVD, no Parque Asa Branca, data que também marca o Aniversário do sanfoneiro e teria a presença do cantor e compositor Dorgival Dantas, Fabio Carneirinho, Caninana do Forro, Valdonys, Edson Lima, Joquinha Gozanga, Flavio Leandro, Targino Gondim além de outros, parceiros e amigos que participam desta 'Vida de Viajante".


"Andou pelo mundo inteiro tocando xote e baião voltou com a sanfona branca pra descansar no sertão. Eu sou Joãozinho do Exu e falo do Gonzagão! 


Seu Lula guarda a sanfona que agora eu vou falar das coisas lindas do Exu dos belos tempos de lá. Eu era ainda menino ouvindo você tocar!


O tempo foi se passando e o menino cresceu ainda guardo comigo aquele presente seu relembro aquela sanfona que um dia você me deu!

Hoje está tudo mudado tem até irrigação ogando a seca pra fora cuidando da plantação. Asa Branca é rodovia cruzando nosso sertão!

Chapéu de couro e gibão ainda se vê por lá xaxado, xote e baião dá gosto se escutar. Uma morena bonita uma noite de luar, pois quem visita o Exu um dia tem que voltar!

Andou pelo mundo inteiro tocando xote e baião voltou com a sanfona branca pra descansar no sertão. Eu sou Joãozinho do Exu e falo do Gonzagão!
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SÃO JOÃO 2020: CANTOR E SANFONEIRO FLÁVIO BAIÃO LAMENTA FESTEJOS JUNINOS VIRTUAIS DEVIDO PANDEMIA

Na Bahia, o São João foi cancelado em todas as cidades. No fim de abril, o governador Rui Costa decretou o mês sem festa, para tentar conter a contaminação pelo coronavírus. O feriado regional de 24 de junho foi antecipado para 25 de maio, uma segunda-feira, junto com a independência do Estado, folga transferida para 26 de maio, num feriadão para inibir a circulação de pessoas.

A data pode ter sido antecipada, mas a festa não deixou de acontecer, ainda que timidamente. O professor Aderaldo Luciano, formado em Letras, tem mestrado e doutorado em Ciência da Literatura pela UFRJ, avalia que esse São João treme, mas mão cede. "Maltratado São João por todos os lados, desde  governadores prefeitos sem compromisso com a cultura, idiotizados, bestas funéreas, a outros torturadores da cultura tradicional brasileira".

Em Juazeiro, Bahia, o cantor e compositor Flávio Baião, um defensor autêntico da cultura, com os olhos cheios de lágrimas, puxou a sanfona, em sua casa.

"Nunca vi São João sem foguete, sem fogueira, tric-trac, ronqueira busca pé e balão, sem adivinhação, milho assado e canjica, sem sanfoneiro, pra mim nunca foi São João, sou doidinho por São João no meu lugar", declama Flávio Baião, ressaltando que os versos de João Silva, agora são proféticos.

Nascido em Juazeiro no ano de 1968, Flávio Marcelo Mendes da Silva, o Flávio Baião é a síntese de um seguidor do forró feito por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Dominguinhos. Ele é fiel ao valorizar o nome artístico que ganhou: Flávio Baião. 


"Os sanfoneiros já viviam na peleja de tocar nos principais palcos das festas juninas antes da pandemia. Este ano vai faltar o chiado da sanfona, a batida da zabumba e o zunido do triângulo, nas grandes aglomerações no nosso Nordeste. Vai ter forró virtual para amenizar mas isto não é São João", lamenta Baião.


Para manter a tradição, no dia de Santo Antônio, 13 de junho, o cantor e compositor Targino Gondim, faz uma live especial  do Dia dos Namorados, às 16hs, Show Sem Limites Pra namorar, no seu canal de youTube.

Direto da sua casa na Praia do Forte, Ivete Sangalo prepara um grande arraial virtual para seus fãs, no dia 20. Durante a transmissão da cantora, que poderá ser vista no canal da cantora no YouTube e Instagram @ivetesangalo, haverá espaço para pedidos de doações a instituições de caridade.

Especial para o Jornal O Estadão, uma reportagem de Nathalia Molina e Levy Teles, destacou os preparativos da cantora Elba Ramalho para os festejos juninos virtuais deste ano.

No mês de junho tenho Deus por testemunho, com meu violão em punho, vou fazer meu São João." Gravados por Elba Ramalho, os versos de Moraes Moreira na canção São João na Estrada ganham outra dimensão em 2020. A cantora, cuja imagem praticamente se mistura à das festas populares do meio do ano, vive um junho diferente. 

"Estarei num outro tipo de estrada e, quem sabe, atingindo mais gente ainda", declarou Elba ao Jornal Estado de S.Paulo. Ela participa no dia 23 de uma live promovida por Campina Grande, Paraíba para comemorar o São João virtual.

 A cidade paraibana, dona de uma das principais festas do País, adiou o evento para outubro, em vez de cancelar, como ocorreu em outros municípios que tradicionalmente realizam festejos em junho. Eles foram suspensos para impedir aglomerações e conter o avanço do coronavírus no País. "É muito difícil sob todos os aspectos. 

O Nordeste vive e respira São João, mas a pandemia é maior que tudo no momento", afirmou Elba. "Vou fazer o meu São João do jeito que for possível e vou tentar compartilhar ao máximo. As nossas vidas mudaram, o mundo está mudando e a festa vai ter de mudar."

Celebrações de São João não estão previstas neste mês de junho, mas pode preparar o bolo de milho e o quentão que a animação está garantida na quarentena. Não apenas quem faz os eventos todo ano tem de se adaptar à realidade atual. O público também vai aprender a dançar em um novo arraial: o virtual.

A festa virtual de Campina Grande, assim como a promovida por Mossoró (RN), tem a intenção de arrecadar doações para as famílias afetadas pelo cancelamento dos eventos, fundamentais para a economia dos municípios. 

"O nordestino passou por muitas dificuldades, mas é alegre. Sempre faz acontecer, mesmo nas dificuldades. Teremos um mês atípico, mas com muita esperança, em que as famílias irão se reunir, com culinária à base de milho, em volta da mesa para ver as lives dos artistas", diz Rosália Lucas, secretária de Turismo de Campina Grande. 
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SÃO JOÃO 2020 UMA FESTA JUNINA VIRTUAL

Na Bahia, o São João foi cancelado em todas as cidades. No fim de abril, o governador Rui Costa decretou o mês sem festa, para tentar conter a contaminação pelo coronavírus. O feriado regional de 24 de junho foi antecipado para 25 de maio, uma segunda-feira, junto com a independência do Estado, folga transferida para 26 de maio, num feriadão para inibir a circulação de pessoas.

A data pode ter sido antecipada, mas a festa não deixou de acontecer, ainda que timidamente. Em Juazeiro, Bahia, o cantor e compositor Flávio Baião, um defensor autêntico da cultura, com os olhos cheios de lágrimas, puxou a sanfona, em sua casa. "Luiz Gonzaga já cantou, que São João sem fogueira, sem canjica, sem brincadeira de quadrilha, arrasta pé, isto nunca foi São João".

Direto da sua casa na Praia do Forte, Ivete Sangalo prepara um grande arraial virtual para seus fãs, no dia 20. Durante a transmissão da cantora, que poderá ser vista no canal da cantora no YouTube e Instagram @ivetesangalo, haverá espaço para pedidos de doações a instituições de caridade.

Especial para o Jornal O Estadão, uma reportagem de Nathalia Molina e Levy Teles, destacou os preparativos da cantora Elba Ramalho para os festejos juninos virtuais deste ano.

No mês de junho tenho Deus por testemunho, com meu violão em punho, vou fazer meu São João." Gravados por Elba Ramalho, os versos de Moraes Moreira na canção São João na Estrada ganham outra dimensão em 2020. A cantora, cuja imagem praticamente se mistura à das festas populares do meio do ano, vive um junho diferente. 

"Estarei num outro tipo de estrada e, quem sabe, atingindo mais gente ainda", declarou Elba ao Jornal Estado de S.Paulo. Ela participa no dia 23 de uma live promovida por Campina Grande, Paraíba para comemorar o São João virtual.

 A cidade paraibana, dona de uma das principais festas do País, adiou o evento para outubro, em vez de cancelar, como ocorreu em outros municípios que tradicionalmente realizam festejos em junho. Eles foram suspensos para impedir aglomerações e conter o avanço do coronavírus no País. "É muito difícil sob todos os aspectos. 

O Nordeste vive e respira São João, mas a pandemia é maior que tudo no momento", afirmou Elba. "Vou fazer o meu São João do jeito que for possível e vou tentar compartilhar ao máximo. As nossas vidas mudaram, o mundo está mudando e a festa vai ter de mudar."

Celebrações de São João não estão previstas neste mês de junho, mas pode preparar o bolo de milho e o quentão que a animação está garantida na quarentena. Não apenas quem faz os eventos todo ano tem de se adaptar à realidade atual. O público também vai aprender a dançar em um novo arraial: o virtual.

A festa virtual de Campina Grande, assim como a promovida por Mossoró (RN), tem a intenção de arrecadar doações para as famílias afetadas pelo cancelamento dos eventos, fundamentais para a economia dos municípios. 

"O nordestino passou por muitas dificuldades, mas é alegre. Sempre faz acontecer, mesmo nas dificuldades. Teremos um mês atípico, mas com muita esperança, em que as famílias irão se reunir, com culinária à base de milho, em volta da mesa para ver as lives dos artistas", diz Rosália Lucas, secretária de Turismo de Campina Grande. 
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MARIANA TELES: TEMPO DE SÃO JOÃO, SANTO ANTONIO E SÃO PEDRO MUDO E SEM FOGUEIRA

O ano é de 2020. Amanhece junho, segunda feira. No calendário é o sexto mês do ano, aquele que marca a metade da volta que damos em torno do sol a cada 365 dias.

É o tempo junino. Basta o frio começar a aparecer que a gente intuitivamente segue o caminho do interior. Caruaru já estaria em festa. Petrolina e Arcoverde iluminando o sertão de uma ponta a outra. Lá no frio da Serra Negra de Bezerros o forró já estava "comendo no centro". Do outro lado da fronteira, na minha igualmente amada Paraíba, Campina Grande já fazia a mágica de deixar o mundo dentro do Parque do Povo. Era tempo de São João. Santo Antônio. São Pedro. Para cada santo, um forró/romaria diferente. 

No nordeste, essa virada de calendário é um ritual. Com direito a cheiro, cores, sons e sabores. Zé Marcolino, compositor imortalizado na voz de Luiz Gonzaga cantou lá atrás que: "todo tempo que houver pra mim é pouco, pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco”. José Fernandes, outro compositor de pena iluminada emprestou ao velho Gonzaga aquela canção que se tornou hino do mês de junho: "olha pra o céu, meu amor, vê como ele está lindo..." 

Essa mistura de vozes e sons tornou o mês de junho um mês atípico para o povo sertanejo. Capaz de mexer com a nossa auto estima, de iluminar as vielas do interior com aquelas bandeirinhas coloridas cortadas de todo tamanho, de tirar a chita com cheiro de naftalina do armário e passar um pano no chapéu do São João do ano passado.

Além do som, que compõe a tônica das sanfonas, das zabumbas e do triângulo do mês de junho, o paladar do sertanejo parece adivinhar o tempo de comer canjica, pamonha e festejar o mês de junho com a boca e os pés, ora provando o gosto do milho assado, ora dançado dois pra lá e dois pra cá.

O São João é o Carnaval do povo do sertão. É o tempo que a gente escolhe para comprar aquelas "mudinhas" de roupa que passa o ano inteiro esperando. Que o parente que foi trabalhar no sudeste chega falando chiando e perguntando onde é o primeiro forró de pé de balcão para ir tomar uma pinga...

Esse ano, com a coronacrise que nos impõe a prisão domiciliar moderna, a saúde é o refrão da quadrilha que a gente precisa puxar. Mas dá um desgosto danado começar o mês de junho sem sentir o cheiro do povo na rua, das cidadelas do interior vivendo a ansiedade de saber qual o sanfoneiro e banda iam tocar no dia festejo.

Eu nunca vivi um ano sem São João. Não sei como o povo da minha terra vai viver esse mês de junho sem chegar nem perto de um forró pé de serra. Esse negócio de Live pra cá, live pra lá, pode prestar para um bocado de coisa, mas fica faltando a energia do povo misturado, o calor da fogueira e o trinado da sanfona. A gente gosta mesmo é de gente e de forró no meio da rua. 

Meus amigos músicos estão com os instrumentos guardados. A moça do cachorro quente não vai salvar ninguém da fome no final da festa. A cabeleireira do bairro não renovou o estoque de tinta para cabelo. A costureira não vai colocar o bico no vestido da menina que ia dançar quadrilha. O homem do som e do palco, não mandou tirar a poeira dos equipamentos. Uma indústria inteira, para além do entretenimento, mas responsável por mais de 5 milhões de emprego no país de mãos cruzadas e boca fechada. É um ano atípico. Nem as cinzas da fogueira de São João conseguem ser mais triste do que o mês de junho que amanhece hoje.

Um pedaço da identidade do nosso povo é cerceado. A gente tem que cuidar da saúde, pois muitos outros meses juninos virão, mas por enquanto, a gente também precisa cuidar daquela fogueira que aquece a alma, enche o coração, os ouvidos e deixa a gente dançando no imaginário de um São João colorido, alegre e com sanfona de verdade. E eu, sentindo a tristeza coletiva de todo nordestino, me recorro aos "meninos de Zé Marcolino", meus queridos Bira Marcolino e Fatima Marcolino, e mando o mesmo bilhete para Siá Filiça. 

Cadê a lenha da fogueira 
Siá Filiça 
Cadê o milho pra assar 
Cadê aquele teu vestidinho de chita 
Que tu vestia pra dançar 
Cadê aquele sanfoneiro 
Que eu pedia pra tocar 
A canção da minha terra 
Um forró de pé-de-serra 
Que eu ajudava a cantar 
Quando me lembro disso tudo 
Siá Filiça 
Me dá vontade de chorar 
Cadê aquele balãozinho 
Siá Filiça 
Que coloria o meu lugar 
Minha esperança ainda dorme 
Siá FiIiça 
E eu com pena de acordar 
Quebrar panela no terreiro 
E a fogueira pra pula 
Uma quadrilha bem marcada 
E um belo São João de latada 
Que era bom pra namorar 
Quando me lembro disso tudo 
Siá Filiça 
Me dá vontade de chorar. 

Fico esperando a resposta, Siá Filiça em 2021. De preferência, com o São João começando logo em março, pra gente tirar o atraso de 2020.

*Mariana Teles Advogada, poetisa e sertaneja
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NOTA ESCLARECIMENTO REITOR PRO TEMPORE UNIVASF SOBRE REPERCUSSÃO REPORTAGENS VEICULADAS NA IMPRENSA E REDES SOCIAIS

Não é desconhecido que o ambiente político da UNIVASF encontra-se tensionado pela nomeação de um Reitor Pro Tempore, o que acontece pela segunda vez na sua história recente. Tal situação é motivada por previsão legal, e ocorrerá sempre que houver vacância dos cargos de Reitor e Vice-Reitor, situação que ocorreu em meados de abril deste ano com o fim do mandato da então reitoria.

Esclareço que, como gestor pro tempore da UNIVASF, me encontro debruçado diuturnamente no atendimento dos interesses administrativos e acadêmicos desta Instituição, procurando manter seu pleno funcionamento, atuando de forma articulada com a sua missão, o que abrange a manutenção do seu nível de governança, seja na área acadêmica, administrativa e mesmo das suas conexões sociais e políticas, que a mantém ativa e proativa. Somos uma universidade gigante e importante para todo o semiárido nordestino.

A nomeação de um Reitor com mandato definitivo é esperada por toda a comunidade universitária e, provavelmente, o único instrumento saneador desta atual crise, mas sua concretização não depende deste Reitor e, no momento, tampouco do Governo Federal.

Em 01 de junho de 2020. PAULO CÉSAR FAGUNDES NEVES-Reitor Pro Tempore
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