I FESTIVAL INTERNACIONAL DO TEATRO LAMBE-LAMBE TEM EXPOSIÇÃO E APRESENTAÇÕES EM SALVADOR

1º Festival Internacional do Teatro Lambe-Lambe tem exposição e apresentações gratuitas em Salvador

Genuinamente soteropolitana, a arte do Teatro Lambe-Lambe completa 30 anos com a realização do 1º Festival Internacional do Teatro Lambe-Lambe, evento que terá vasta programação neste mês de março em Salvador.

O mês começou com a abertura de uma exposição, no Café Teatro Nilda Spencer, localizado na sede da Fundação Gregório de Mattos (FGM), na Barroquinha, e conta com ocupações em espaços públicos de Salvador, com mostras gratuitas em todos os finais de semana do mês.

Ao todo serão 12 dias com apresentações às sextas-feiras, sábados e domingos em diversos pontos da cidade. Sempre abertas ao público e ao ar livre. Campo Grande, Plataforma, Periperi, Cajazeiras, Rio Vermelho, Imbuí, Liberdade, Ribeira, Itapuã, Nazaré, Barbalho, entre outros bairros, integram a programação.

Gênero teatral criado na Bahia em 1980 pelas mãos de duas mulheres, as pedagogas e atrizes Denise Di Santos e Ismine Lima, o Teatro Lambe-Lambe consagra-se pela simplicidade do formato e pelo fazer artesanal.

Lúdico, itinerante, inclusivo e sustentável, o Teatro Lambe-Lambe tem como essência a magia dos antigos fotógrafos, e proporciona ao espectador uma experiência única e individual.

Confira a programação:
1º Festival Internacional do Teatro Lambe-Lambe
Exposição Teatro Lambe-Lambe
Abertura: 5 de março, 18h
Período: 6 a 29 de março de 2020
Local: Café Teatro Nilda Spencer
Visitação gratuita: segunda a sexta-feira, das 14h às 18h

Apresentações Gratuitas:
13 de março (sexta-feira) | 15h30
Praça da Inglaterra (Comércio) e Praça Largo da Ribeira
14 de março (sábado) | 15h30
Praça Ana Lúcia Magalhães (Pituba) e Praça Nelson Mandela (Liberdade)
15 de março (sábado) | 15h30
Av. Magalhães Neto (Pituba) e Praça do Imbuí
20 de março (sexta-feira) | 15h30
Praça Conselheiro Almeida Couto (Nazaré) e Praça Dorival Caymmi (Itapuã)
21 de março (sábado) | 15h30
Praça do Barbalho e Praça da Garibaldi
22 de março (domingo) | 15h30
Praça Marquês de Olinda (Garcia) e Praça de Santo Antônio
27 de março (sexta-feira) | 15h30
Quarteirão das Artes (Barroquinha)
28 de março (sábado) | 15h30
Largo de Santana (Rio Vermelho) e Praça João Amaral (Amaralina)
29 de março (domingo)
10h – Parque da Cidade
15h30 – Farol da Barra
Nenhum comentário

REPORTAGEM ESPECIAL: EU SOBREVIVI AO GARIMPO ILEGAL DE AMETISTA EM SENTO SÉ, SUAS HISTÓRIAS, MORTE E FÉ

Alan Gama é um dos sobreviventes do garimpo ilegal de pedras preciosas, localizado na Serra da Quixaba, na Bahia próxima de Sento Sé, às margens do rio São Francisco. É neste garimpo onde Alan "tentou a sorte" quando soube da descoberta uma jazida de ametista. Foi um dos primeiros a chegar no local.

"Ali não existe vida digna. Na serra, no garimpo apenas sobrevivemos. Não existe lei de Governo Federal, Estadual e Municipal, saúde, segurança. Existe um amontoada de gente  que parece formigas, catando, escavacando o solo. Todos ali, crianças, adultos, mulheres e homens sobrevivem dia e noite. O tempo é a esperança de ganhar muito dinheiro. Mas também há casos de quem investiu e perdeu tudo." conta Alan.

Sento Sé vive uma revolução desde a descoberta da pedra preciosa, uma jazida de ametistas no alto da Serra do Quixaba. "Tem gente ali de todos os cantos do país", revela Alan. 

Alan conta que no meio da caatinga, centenas de barracos feitos de paus de madeira e cobertos viram os bares, a mesa de sinuca e também alegria de um forró. "O garimpo faz girar a economia da cidade mesmo sem o cumprimento oficial, sem a presença do Governo Federal, Estadual e Municipal que lá no garimpo não existe".

"Hoje dou valor a um copo com água. No garimpo lógico a água não é tratada. Para beber, paga-se muito mais caro. Com a escassez, já se imagina que não dá para tomar banho todos os dias, apesar do calor sufocante".  A temperatura chega acima dos 40 graus. "A coragem e o destemor são marcas lá para poder atingir metas. Existe buracos e que não são revelados que já atingem mais de 150 metros de profundidade. Todos se arriscam a descer com apenas uma lanterna e quase sem ar. Mortes já existiram que não se divulga".

Alan conta que "toda a riqueza, as pedras mais valiosas financeiramente vão para a Ásia, pelas mãos principalmente de chineses. "É uma  exploração sem tamanhos que envolve todos os lados. Uma pedra de ametistas chega a valer 200 e R$ 300 pelo quilo da pedra bruta, mas  também pode pagar R$ 1.500, R$ 5 mil pelo quilo da pedra já apurada, martelada", explica Alan. 

E existe a presença da fé, de um Deus lá? Alan sorri e responde: A fé é ficar rico em dinheiro. Mas existe a fé sim. Sem ela a esperança também morre e lá o que se mais se tem é esperança, mesmo prevalecendo a injustiça social"

Povoando dramaticamente esta paisagem um texto de José Saramago, mostra esta realidade social e econômica, vagando entre o sonho e o desespero. Em Sento Sé existem centenas de garimpeiros que neste momento, dia e noites sobrevivem. Lá não existe a dignidade simples que só o trabalho pode conferir. 

Os garimpeiros de Sento Sé sofrem o longo calvário que tem sido a perseguição sofrida pelos trabalhadores sem a presença do Estado e das Políticas Públicas, uma perseguição contínua, sistemática, desapiedada, que causa mortes e vítimas mortais, cobrindo de luto a miséria dos homens de todos os estados do Brasil, com mais evidência para Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Pernambuco, Minas Gerais, que contam, só eles, com a esperança de encontrar uma pedra preciosa e vender.

Há mais de 15 anos, pesquisadores e ambientalistas pedem que a área onde está a serra das ametistas e o seu entorno, numa extensão de quase oito mil quilômetros quadrados, seja transformado em uma unidade de conservação, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, com o propósito de preservar a caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro.

Escrito no início dos ano 90, a reflexão de José Saramago continua atual:
“A partir de hoje chamar-me-eis Justiça. E a multidão respondeu-lhe:“Justiça, já nós a temos, e não nos atende.”
Disse Deus: “Sendo assim, tomarei o nome de Direito.”

E a multidão tomou a responder-lhe:
“Direito, já nós o temos, e não nos conhece.”

E Deus: “Nesse caso, ficarei com o nome de Caridade, que é um nome bonito”.

Disse a multidão: “Não necessitamos caridade, o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite.”

Nenhum comentário

VOLUME ÚTIL DA BARRAGEM DE SOBRADINHO DEVE ATINGIR 64% EM ABRIL

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) vem acompanhando as vazões e os níveis dos seus principais reservatórios durante o atual período de chuvas ocorridas nas bacias hidrográficas.

A afluência (água que entra) ao reservatório de Sobradinho (BA) é de 2.400m³/s e a defluência (água que sai) fica em torno de 800 m³/s, conforme programação prevista. O volume útil do referido reservatório atingiu 3%

A redação deste BLOG NEY VITAL, apurou que Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem a expectativa de que as chuvas elevem o nível de Sobradinho para 63% do volume útil, até abril, final do período úmido. A última vez que Sobradinho atingiu 100% de sua capacidade foi no ano de 2009.

As condições hidrológicas atuais são de normalidade.

A vazão da Usina Hidrelétrica de Xingó também foi alterada desde o início de mês de março, e funciona com os seguintes valores:

De segunda a sexta-feira será praticada defluência média diária modulada de 1.080 m³/s, com os seguintes limites: vazão de 790 m³/s no período de 0h às 10h; vazão de 1.360 m³/s entre 10h e 22h; e vazão de 850 m³/s no período de 22h às 24h.

Sábados, domingos e feriados será praticada defluência média diária de 800 m³/s. Excepcionalmente, para atendimento à demanda eletroenergética, poderá ser realizada operação com modulação, preservando-se os limites de vazão acima descritos.

A defluência média semanal na usina hidrelétrica de Xingó (AL/SE) foi de 1.000m³/s do meio do mês de janeiro e até o final de fevereiro devido à redução da geração eólica no Nordeste e da necessidade de atendimento das demandas do Sistema Interligado Nacional (SIN).


O alerta é para que os ribeirinhos não ocupem as margens do Rio São Francisco.
Nenhum comentário

A DIVERSIDADE DE PLANTAS DA CAATINGA

Fernandes, M. F.Pesquisa FAPESP.
Fonte: Fernandes, M. F.Pesquisa FAPESP

Único ecossistema inteiramente brasileiro, a Caatinga tem uma diversidade de plantas com flores (angiospermas) proporcionalmente maior do que a da floresta amazônica. Em média, são 4 espécies por mil quilômetros quadrados (km2) na Caatinga e 2,5 espécies por mil km2 na Amazônia (Journal of Arid Environments, 6 de janeiro). Essa conclusão resulta de um levantamento feito por pesquisadores das universidades Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Federal da Bahia (UFBA). 

No trabalho, o botânico Moabe Fernandes e seus colaboradores listaram 3.347 espécies de angiospermas na Caatinga, que ocupa uma área de 850 mil km2 – a floresta amazônica é seis vezes maior e tem 11,9 mil espécies. Do total de angiospermas encontradas na Caatinga, 526 espécies são exclusivas desse ecossistema. Outras 1.319 (39,4% do total) são compartilhadas com a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. 

Nos últimos 10 anos, foram descritas cerca de 90 novas espécies de plantas da Caatinga, como Prosopanche caatingicola, uma raiz parasita; Ceiba rubriflora, uma árvore de grandes flores vermelhas; e Stemodia perfoliata, uma erva coletada pela primeira vez pelo botânico francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) que permaneceu guardada sem nome no Museu Nacional de História Natural de Paris por dois séculos.

Fonte: Fernandes, M. F. et al. Journal of Arid Environments. 2020
Nenhum comentário

PROFESSOR DOUTOR ADERALDO LUCIANO PARTICIPA DO CONGRESSO INTERNACIONAL DO LIVRO, LITERATURA E LEITURA NO SERTÃO, EM PETROLINA

Os poetas Antônio Francisco (Mossoró – RN), Chico Pedrosa (Paraíba) e Geraldo do Norte; a autora Luna Vitrolira (Recife); professor doutor Aderaldo Luciano, o escritor e jornalista Enzo Mangueira (Argentina), Mónica García (Chile) e Amado Ortiz (Paraguai), além de Sírio Possenti e João Wanderley Gerald, ambos pesquisadores renomados da Unicamp. Estas são apenas algumas das atrações confirmadas para a 5ª edição do Congresso Internacional do Livro, Leitura e Literatura no Sertão (Clisertão), que a Universidade de Pernambuco (UPE), Campus Petrolina, em parceria com a Prefeitura de Petrolina, vai realizar no município de 4 a 9 de maio.

A programação com apresentações musicais, mesas redondas, exposições artísticas, feira de livros, visitas técnicas, exibições de filmes e conferências acontecerá no próprio campus da UPE com ações distribuídas em várias partes da cidade.

Na sexta-feira, 8 o professor, doutor em Ciência da Literatura, Aderaldo Luciano, às 16h20 ministra Conferência: Erros, Equívocos, Enganos e Falácias sobre o Cordel Brasileiro. 

A grande novidade nesta edição fica por conta da realização do I Simpósio Internacional sobre Língua, linguagem, Literatura e Discurso do Vale do São Francisco, que vai trazer ao município nomes como o professor doutor Joron, da Universidade Paul Valéry, de Montpellier – França.

Com o tema 'Novas Tecnologias como Suportes do Texto no Mundo das Linguagens Líquidas', o evento, segundo o coordenador, Genivaldo Nascimento, está inscrevendo os trabalhos até o dia 21 de março. "Juntos, estudantes, professores, escritores e pesquisadores nacionais e internacionais, iremos vivenciar um intercâmbio acadêmico com muita troca de conhecimentos e discussões acerca do universo literário", ressaltou, lembrando ainda que o Clisertão já é considerado o maior e mais importante encontro da área do livro do sertão pernambucano.

O Clisertão de 2020 contará com o apoio da Agrovale, Plenus Colégio e Curso, Secretaria de Cultura de Pernambuco/Fundarpe, Criatur, Clas Comunicação e Marketing, Curso de Redação Contexto, Facepe, Facape e Editora Vecchio.

A programação completa, com locais e horários detalhados, pode ser encontrada no site da UPE: https://clisertao.wixsite.com/congresso.    Dúvidas ou mais informações também através do email:clisertao@yahoo.com. (Fonte: Class Comunicação&Marketing)
Nenhum comentário

"O REI DO BAIÃO NÃO GOSTOU MUITO DO FORRÓ ESTILIZADO E ADVERTIU PARA BOTAR SANFONA, ZABUMBA E TRIÂNGULO", CONTA ASSISÃO

A série jornalística “Histórias Perdidas” trás hoje um relato de um fato pouco conhecido dos nordestinos, em particular, os amantes do forró. Foi buscando resgatar está revolução musical e para colocar no lugar o verdadeiro responsável por isso, que Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL, e o repórter Paulo Cesar, entrevistaram o cantor e compositor serra-talhadense Assisão. ]

Assisão é hoje uma das maiores expressões da música popular brasileira, com mais de 53 anos de carreira. Ele construiu um dos mais importantes currículos da história do forró, chegando inclusive a receber o título de “O Rei do Forró”. Mas, nos anos 80, período em que viveu o auge do sucesso, Assisão inovou ao trocar o som da tradicional zabumba, sanfona e triângulo, pelo o da guitarra, baixo, teclado e bateria. Isso ocorreu mais precisamente em 1985, no LP “Forró do Imbiga”.

“A gente queria mudar e resolvi colocar um som de guitarra, baixo, teclado e bateria. Teve música que a gente colocou o compasso musical do Havel Metal e rifs – introdução – com guitarra, entre outras” explica Assisão.

Segundo ele, a ideia era mudar sem tirar as bases que ajudaram a edificar o ritmo. “Uma das primeiras músicas que trabalhamos esse sistema foi “Forró do Futuro”, a letra dela é bem regional”, conta o forrozeiro.

Segundo cantor, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, não se agradou muito da ideia e recomendou que “não deixe de usar a zabumba, a sanfona e o triângulo”. 

Mesmo com as recomendações do Velho Lua, o serra-talhadense continuou a sua saga e em 1987 atingiu a marca de mais 350 mil cópias de discos, um feito para uma época em que poucos nordestinos tinham uma radiola em casa. O sucesso abriu as portas para o cantor se apresentar no programa do Chacrinha – um dos maiores comunicadores da televisão brasileira – e a ser tema de reportagem no programa Fantástico, ambos na TV Globo.

As músicas se tornaram verdadeiros hits, sendo obrigatórios nas quadrilhas juninas, que com base no ritmo das músicas aceleram os passos dando origem ao que é conhecido hoje como “quadrilhas estilizadas”, já que modificaram marcação usadas nas quadrilhas tradicionais, que possuem passos oriundos das danças francesas e portuguesas.

Somente nos anos 90 surgem as bandas que ao longo dos anos se denominaram como as primeiras do gênero forró estilizado, como Mastruz Com Leite, Forró Maior, Mel Com Terra, Cavalo de Pau, Limão Com Mel e outras. No entanto, poucos sabem que Assisão foi quem criou a primeira banda desse gênero, a banda Planeta Terra, formada por Douglas, Zé Orlando, Arnaud Lima e João Grúdi. A banda gravou um LP, em 1986, mas não chegou a fazer sucesso.

Passados 30 anos de transformação iniciadas por Assisão, o forró de hoje pouco lembrar os de décadas passadas, o que para o velho forrozeiro é motivo de tristeza. Porém, ele também vê o outro lado da história ao afirmar que a mudança fez com que o estilo musical fosse valorizado e os cachês aumentaram, tornando possível que bandas e cantores pudessem montar uma estrutura que envolvesse muita gente. “Hoje você vê bandas com mais 60, 70 pessoas trabalhando”, salienta. o criador do forrozeiro estilizado.

Assisão, que se define como um perfeccionista, que gosta de coisas boas e que, segundo ele, gosta de ouvir as opiniões antes gravar, não pode ser esquecido pelo seu pioneirismo e pelas inovações revolucionarias que propôs, muitas delas sintetizadas na profética música “Forró do Futuro” (composta por Assisão), gravada em 1985 no LP “Forró do se Imbiga”, que este outras coisas diz: “…Guitarra, pandeiro e ganzá/Sanfona tocando batera virar/Contra baixo gemendo/E o povo comendo/Mulher bonita na sala a gritar/Nesse forró vai ter futuro, Ai, ui, ai, ui…”.

Um forte abraço e até a próxima!
Fonte: Reportagem Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
Nenhum comentário

RIO SÃO FRANCISCO: COMPORTAS DA USINA TRÊS MARIAS SÃO ABERTAS; AUMENTO DO VOLUME DO VELHO CHICO DEIXA MUNICÍPIOS DE MG EM ALERTA

Nesta sexta-feira 6, o volume útil do reservatório da Usina Hidrelétrica atingiu mais de 95% da capacidade. Por este motivo a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais, concluiu a abertura parcial das comportas da Usina Hidrelétrica Três Marias, no Rio São Francisco, município de Três Marias (MG). 

Devido às fortes chuvas registradas durante o período de carnaval e previstas para toda a primeira quinzena de março, a operação deve ser mantida pelos próximos 15 dias. O vertimento é necessário para evitar que se atinja o limite de armazenamento, quando seria obrigatório o repasse de toda a água recebida pelo reservatório, causando transtornos e inundações para as comunidades ribeirinhas.

A elevação do volume do Rio São Francisco por conta da abertura parcial das comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias, causa apreensão nas cidades banhadas pelo Velho Chico, localizados no norte de Minas Gerais onde os moradores ribeirinhos estão sendo orientados sobre os cuidados que devem ser adotados para se evitar riscos e prejuízos com a cheia no rio. 

Alertas nesse sentido foram emitidos em Januária e Buritizeiro, no Norte de Minas. A Defesa Civil Municipal de Januária divulgou comunicado, advertindo que, em virtude da ampliação da vazão liberada em Três Marias, o trecho do Rio São Francisco no município “deverá sofrer um aumento considerável em seu volume de água”. De acordo com o órgão municipal, ontem quinta-feira, o  Velho Chico subiu 7,54 metros acima do seu nível normal na cidade, que fica distante 360 quilômetros da Hidrelétrica de Três Marias. 

“Todos os  moradores nas ilhas e margens do rio devem manter vigilância e tomar todas as precauções necessárias para evitar riscos à vida ou prejuízos materiais”, diz o comunicado. “Também chamamos e atenção para a adoção das providências necessárias, que vão desde o monitoramento do nível das águas, até o abandono da área de risco, a fim de garantir a segurança das comunidades”, observa a Defesa Civil do Município.

A gestão da capacidade de armazenamento da Usina Três Marias vem sendo feita pela Cemig, em conjunto com a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com a contribuição de todos os agentes representantes dos estados e usuários da bacia hidrográfica. Desde o último dia 18 de fevereiro, antes do período do carnaval, a vazão da usina já vinha sendo aumentada gradualmente por meio da geração de energia, chegando a 670 m³/s de vazão no dia 27/2. Atualmente, o reservatório apresenta um armazenamento de 88,6%, porém vale ressaltar que a Usina Três Marias tem evitado eventos críticos para as populações do Rio São Francisco, utilizando sua capacidade de “segurar” vazões muito superiores às que está liberando. 

Durante as fortes chuvas do final de janeiro deste ano, por exemplo, a vazão máxima do Rio São Francisco, registrada nos municípios de Pirapora e Buritizeiro, no Norte de Minas, foi de cerca de 2.000 m³/s no dia 26 de janeiro. Esse aumento da vazão no Norte de Minas foi provocada, de forma quase exclusiva, pela chuva que atingiu a região, entre a barragem e ambas cidades, pois, no mesmo dia, o reservatório de Três Marias liberou apenas 300 m3/s, ou seja, menos de 6% de quase 5.000 m³/s que recebia, o que evitou que as cidades a jusante da usina sofressem efeitos graves de inundação à época.

No dia 28/02, o vertimento máximo pelas comportas será de 840 m³/s, que, somado à vazão que passa pelas máquinas de geração, totaliza cerca de 1.500 m³/s. Historicamente, tal vazão nunca causou nenhum problema de inundação para as regiões a jusante da Usina Três Marias.

Tanto a Cemig quanto o ONS seguirão atualizando suas previsões diariamente para avaliar a necessidade de novas aberturas ao longo dos próximos eventos chuvosos desse início de março. 

HISTÓRICO: O último evento chuvoso que levou à necessidade de abertura do vertedouro da Usina Três Marias ocorreu há mais de oito anos, em janeiro de 2012. Naquela época, as vazões liberadas pela usina, em quantidade menor do que as recebidas no reservatório, chegaram a 3.125 m³/s.

Nos últimos anos, o reservatório da usina, localizado na cabeceira do Rio São Francisco, tem cumprido um papel muito importante de regularização de vazões, devido ao período de restrição hídrica na região Sudeste do país, verificado de 2013 a 2019. Porém, desde o início deste ano, o retorno do volume de chuvas aos patamares normais, verificados antes desse período de crise hídrica, demandou novas projeções de operação da usina.

Se, por um lado, a Usina Três Marias possui grande importância para o período de estiagem, o reservatório também funciona como proteção para as comunidades que vivem a jusante no período de cheias. Nesse sentido, desde o início do ano, o reservatório vem armazenando um grande volume de água, justamente para criar a “poupança” suficiente para ser utilizada ao longo da estação seca, partindo de 57%, em 1º de janeiro, para o nível atual, de 88,6%. 
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial