SEU LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO, O REI DO BAIÃO

Para além de um artista nordestino, Luiz Gonzaga foi cantador de todo um País, e como tal permanece trinta anos depois de sua morte. No último dia 13 de dezembro, se vivo estivesse, completaria 107 anos, e não por acaso, a data celebra, também, o Dia Nacional do Forró.

Como um dos gênios da Música Popular Brasileira, senão o maior deles, é indispensável e sempre será, trazê-lo à tona para reforçar a perenidade de sua obra e o peso trazido à identidade brasileira, urbanizando o xote, o xaxado e o baião quando de Exu, no Sertão pernambucano, propagou o Nordeste em prosa, versos e cantorias entremeadas às bonitezas e agruras inerentes à Região.

E nem é preciso tomar por base os números de sua trajetória, para se chegar à conclusão de que Luiz Gonzaga foi 'Rei', embora mereça ressalva citar a vendagem desenfreada dos seus 78rpm's e LP's a partir da década de 1940, com suas cantorias ressentidas e entoadas pelo pujante de uma voz sertaneja que bradava letras emprestadas de parceiros fieis como Zé Dantas, Humberto Teixeira, Zé Marcolino e João Silva, entre tantos outros compositores que assinaram as centenas de músicas gravadas por ele.

Luiz Gonzaga do Nascimento tem inteireza cultural incontestável e integra o imaginário do cancioneiro nacional, como artista cuja imensidão de legado, sob a regência de uma sanfona, percorre do instrumental a movimentos como a Tropicália e o Udigrudi.

O universo gonzagueano é vasto, imensurável, sem fim. Permanece intacto e ressoado, mesmo quando vem à tona em ritmos estilizados, universitários e ausentes da tríade sanfona, triângulo e zabumba, "Seu Luiz" se faz presente como referência maior, seja em releituras, shows ou rodas de diálogos, é lembrança incontroversa. É Luiz Gonzaga parte da alma brasileira.

Fonte: Folha de Pernambuco/Germana Macambira.
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EXPOSIÇÃO ROGAI POR NÓS DESTACA A FÉ DOS NORDESTINOS

O Nordeste é uma região onde se crê, e a fé do nordestino em Deus ajuda a explicar a forma como nos inserimos no mundo. Para falar de devoção e tentar entender um pouco mais como somos, a Arquidiocese de Olinda e Recife e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) estão promovendo, em parceria, a exposição "Rogai por nós", que acontece, nos salões do Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), no Alto da Sé, em Olinda. 

Quem visitar o espaço, até o mês de julho, vai se deparar com bibelôs de anjinhos, crucifixos, terços de madeira, imagens antigas e até saquinhos de São Cosme e São Damião. Ricos ou pobres, antigos ou atuais, todos representam a ligação com o Divino e estão expostos lado a lado, sem separação nem julgamentos. Afinal, como questiona Frei Rinaldo Pereira, diretor do Maspe, aos olhos de Nossa Senhora, haverá alguma diferença em relação ao valor das preces feitas diante de uma imagem barroca do século 17 e outra, de gesso, produzida na semana passada?

"Rogai por nós" mescla os acervos da Arquidiocese e do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), uma das unidades de atuação da Fundaj, reforçando um dos propósitos da fundação: ocupar outros espaços e, assim, atingir novos públicos. A curadoria da mostra ficou a cargo da antropóloga Ciema Mello, que atua como museóloga do Muhne. Mas ela nega a autoria do projeto, explicando que uma grande equipe trabalhou conjuntamente.

"O Muhne é um museu de antropologia, e, portanto, sem ligações religiosas, mas damos muita atenção à forma como vivem aqueles que representamos. E o Nordeste seria incompreensível sem a presença de Deus, tão forte é a influência na vida das pessoas. Casa rica ou casa pobre, dificilmente você entra na morada de um nordestino e não encontra um pequeno oratório, seja uma imagem suntuosa, com resplendor e anel de prata, seja um santinho de papel comprado por cinquenta centavos", aponta Ciema.

Ela não quis dar detalhes acerca da quantidade das peças que compõem a mostra. "Isso não é relevante, o importante é a representação da fé, a devoção de quem reza. O fiel é íntimo dos santos, a quem pede pela cura da doença, por ajuda na solidão, pelo ingresso na Universidade, pela aquisição da casa própria e até para ganhar no bicho e poder comprar um botijão de gás", descreve.

Para Frei Rinaldo, que já promoveu diversas exposições de arte sacra no Maspe, o grande diferencial de "Rogai por nós" é justamente a parceria com a Fundaj. Ele ressalta que a mostra está estruturada de forma "muito provocativa". 

"As pessoas que vierem serão levadas a pensar, neste momento de mercado da fé onde há tantas propostas e tantas ofertas, se de fato a experiência de fé pode ser comprada ou adquirida a partir de um cheque que eu passo, ou se pode ser vivida como um dom de Deus", critica, fazendo alusão à exploração da boa fé praticada por alguns segmentos religiosos.

Para ele, a exposição revela um diálogo entre as raízes antropológicas e a experiência da fé verdadeira, daquela que "está perto do Sagrado, do transcendente que é inerente a cada pessoa" e não pode ser comprada, e sim "vivenciada e conquistada sem ser por meio de uma campanha de proselitismo". "Rogai por nós é uma expressão simples, mas que condensa todo o anseio de esperança na intercessão que aprendemos no seio de nossas famílias, no colo de nossos pais", finaliza.

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ADVOGADA APRENDE TOCAR SANFONA E TRADUZ REPRESENTATIVIDADE FEMININA NA ARTE MUSICAL

A sanfona fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas o seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro e sanfoneira, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos".

Este conceito define a juazeirense, advogada, contadora e aluna aprendiz de sanfona: Neuvanete Martins Duarte.

Neuvanete e seu espírito desbravador está entre as  mulheres que  têm conquistado um espaço cada vez maior junto às sanfonas do tradicional ritmo do forró. A advogada é parte de uma nova geração de forrozeiras que aprendem a tocar o instrumento musical e ganha espaço no cenário da representatividade feminina na arte de aprender a tocar sanfona

Detalhe: aprender a tocar sanfona não é pra muitos, já que são poucos os cursos especializados dedicados ao instrumento na região do Vale do São Francisco. 

A paixão pelo som da sanfona e o misterioso afeto, da advogada foi herdado da mãe, dona Neuza Martins, já falecida, mas que tocou sanfona de forma não profissional até sua partida para o Plano Espiritual.

Neuvanete conta que seus pais são nascidos em Curaça, Bahia. "Cresci ouvindo as histórias mais apaixonantes possíveis e minha mãe Neuza e meu pai Constantino Duarte, provocaram a sensibilidade sempre para os estudos e entre eles a paixão pelos sons, arte de cantar e tocar sanfona", revela Neuvanete ressaltando que praticamente a sanfona a chamou para o aprendizado.

Ainda criança Neuvanete lembra de uma passagem, um encontro, um olhar no meio da feira. "Minha mãe me disse veja ali o Luiz Gonzaga, o Rei do Baião". Na época ela não soube explicar o tamanho da admiração da mãe ao acenar para o sanfoneiro que anos depois compreenderia ter sido o hoje eterno Rei do Baião, homem que revolucionou a música brasileira.

As aulas de sanfona de Neuvanete são praticadas na Casa dos Artistas, em Petrolina. Um dos orientadores é o sanfoneiro Luis Rosa, que possui no ambiente mais de 90 sanfonas a disposição de quem pretende aprender a arte de tocar sanfona. "O segredo é o desejo de aprender e treinar todo dia", explica Luiz.

Treinar todo dia é o que faz Neuvanete e ainda vai conciliando as horas entre o ato de ser advogada e enfrentar horas de audiência e a suavidade do aprendizado músical.

"A música é libertadora. Liberta das amarras da materialidade, do trabalho necessário mas burocrático. A sanfona alimenta o espírito assim creio e assim vi com a minha mãe Neuza, apaixonada por sanfona e assim sigo a trajetória do amor a cultura da sanfona", finaliza Neuvanete. 
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INAUGURAÇÃO DO NOVO CINETEATRO DA UNIVASF ACONTECE NESTA QUINTA-FEIRA 19

A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) irá inaugurar, nesta quinta-feira (19), o novo Cineteatro, que está localizado no Campus Sede, em Petrolina (PE). O espaço tem 2.070 metros quadrados de área total, capacidade para 433 pessoas e oferece infraestrutura para eventos acadêmicos e atividades culturais. A cerimônia de inauguração será realizada a partir das 18h e será aberta a toda a comunidade acadêmica e à sociedade em geral.

A inauguração terá a presença do reitor Julianeli Tolentino de Lima e do vice-reitor Telio Nobre Leite. Também serão comemorados, durante a solenidade, os 15 anos de atividades acadêmicas da Univasf, completados em 18 de outubro deste ano. A programação terá início com a apresentação da Orquestra Philarmonica 21 de Setembro, às 18h00. Em seguida, haverá dois espetáculos de balé com as companhias do Estúdio de Danças Nazareth Macedo e com a Escola de Ballet Valdete Cezar.

Durante a solenidade, haverá também o lançamento e a primeira obliteração do selo comemorativo pelos 15 anos da Univasf, confeccionado pelos Correios. No hall do Cineteatro estará em exibição a Mostra Fotográfica Univasf 15 Anos, realizada pela Diretoria de Arte, Cultura e Ações Comunitárias (DACC) da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e pela Assessoria de Comunicação Social (Ascom).

A exposição conta com 40 fotografias coloridas, das quais 25 foram feitas por servidores, estagiários, estudantes e terceirizados da Univasf e selecionadas por meio de edital. A mostra também é composta por um conjunto de fotografias do acervo institucional da Ascom e DACC.

O Cineteatro tem hall de exposição, palco, banheiros masculino e feminino, camarim com banheiro interno, sala de apoio administrativo, central de processamento de dados, depósito, copa e distribuição, ambiente de carga e descarga. O espaço é equipado com poltronas com prancheta, piso e paredes revestidos com carpete, forro acústico e palco com cortina motorizada de veludo. 

A edificação possui também ao fundo do palco uma esquadria que possibilita a realização de apresentações direcionadas à área externa do Cineteatro. As obras de construção da edificação foram iniciadas em novembro de 2009, paralisadas em julho de 2012 e retomadas em 2017. O novo equipamento recebeu investimentos de aproximadamente R$ 6,4 milhões em recursos. (Fonte: Ascom Univasf)
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LUIZ GONZAGA E A ETERNIDADE DOS PÁSSAROS ASSUNS PRETOS ASSOBIANDO AS DORES E VENS-VENS PRENUNCIANDO AMORES

O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há mais de cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

O seu peito abrigava o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento!

Fonte: Aderaldo Luciano - professor doutor em Ciencia da Literatura
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FESTIVAL VIVA GONZAGÃO REFORÇA O DESTINO TURÍSTICO CULTURAL DE EXU, PERNAMBUCO

O município de Exu, terra do Rei do Baião, recebeu entre os dias 11 e 13 dezembro o Festival Viva Gonzagão, promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE/Fundarpe, em parceria com a prefeitura local.

Durante os três dias do evento, os polos culturais Danado de Bom e Gonzagão do Povo foram palco para uma programação artística que
valorizou a obra de Luiz Gonzaga e a tradição da poesia sertaneja. Além dos pólos promovidos pela Secult-PE/Fundarpe, o Governo do Estado também levou a Tenda Literária da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Exu recebeu um grande número de turistas dos municípios da região, além de visitantes de estados vizinhos, com destaque para diversas caravanas cearenses e norte-riograndenses. Esse público lotou os leitos de hotéis e pousadas da cidade, chegando ainda a ocupar diversas casas que tradicionalmente hospedam familiares e visitantes de outras cidades.

Na primeira noite (quarta-feira, 11), o Festival Viva Gonzagão teve sua abertura com um Sarau Poético que contou com mais de uma dezena de poetas e poetisas de várias idades, num rico e importante espaço de trocas de experiências entre nomes consagrados da cidade e novos talentos. No palco da Praça Luiz Gonzaga também se apresentaram os músicos do grupo local Seguidores do Rei.

O Parque Aza Branca é outro destino. O Museu do Gonzagão e a Casa do Rei são dos dos destinos mais visitados.

O secretário de Cultura do Estado, Gilberto Freyre Neto, acompanhou a programação do Polo Gonzagão do Povo e ressaltou a importância do investimento no evento. “Luiz Gonzaga é um ícone pernambucano que levou o nome do Estado para todo o mundo. Precisamos valorizar ainda mais a sua história e seu legado”, comentou ele.

Já o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, que também esteve em Exu prestigiando o festival, destacou que qualquer iniciativa que reúna artistas para celebrar a obra e a figura de Luiz Gonzaga deve ser apoiada. “Sabemos que onde há uma sanfona tocando, tem alguém ali que conhece uma ou mais canções do Rei do Baião. E quanto mais sanfoneiros reunirmos, mais estaremos cultuando a memória de Gonzaga”, declarou.
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ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA ACONTECE ENTRE OS DIAS 17 A 26 DE JANEIRO DE 2020 EM EXU, PERNAMBUCO

Acontece entre os dias 17 a 26 de janeiro de 2020, a 4ª edição do Encontro Saberes e Práticas da Caatinga: Raizeiro (a)s, Benzedeiro (a)s e parteiras, na Chapada do Araripe, Pernambuco. O encontro será realizado em Exu, Pernambuco. 

O evento tem como objetivo promover a troca de saberes entre os raizeiros(as), benzedeiros(as) e parteiras da região da Chapada do Araripe contribuindo para o fortalecimento cultural da sabedoria tradicional nos processos de cuidado e cura.

Na programação consta diversas oficinas sobre processos de cura, rodas de conversa, feira e exposição de produtos agroecológicos. As vagas são limitadas.

Informações pelo email: saberesdacaatinga@gmail.com

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