REVISTA KURUMA´TÁ: MARÍLIA PARENTE-UM PETARDO E UM SOPRO

Outro dia, uma declaração de Milton Nascimento causou espanto em nós os orelhudos da música nacionalística. 

“A música brasileira está uma merda!” ecoou pelas línguas digitais e pelos tímpanos formais da turba atordoada. Eu, membro da patuleia, pensei nas possibilidades miltonianas ao proferir o desabafo. Milton é uma de nossas estacas florais. Mas e talvez nunca tenha ouvido Marília Parente. Aliás poucos a ouviram, pelo menos nos quatro cantos (não confundam com os Quatro Cantos olindenses).

O disco (e eu queria perguntar aos mais agressivos se ainda se pode nominar de disco o edifício musical dos trabalhos dispostos nas plataformas digitais), continuando, o álbum (e repito aquela mesma pergunta) Meu céu, meu ar, meu chão & seus cacos de vidro, disposto nos alfarrábios do Spotify, onde o escuto há dias, repetidamente, foi disponibilizado aos mortais em setembro. Há muito eu gritava como Milton, bombardeado por elementos estranhamente mortíferos. E trombei com Marília.

Lembram daquela mordida que Mike Tyson deu na orelha de Evander Holyfield? Aquela que arrancou um pedaço da cartilagem auricular do fortão dos ringues? Foi assim. A voz, de amplo espectro e poderoso alcance, veio-me do meio do mato caatingueiro, um cardo-petardo. Veio-me também da beira, da terceira margem de algum Riacho do Navio celestial ou do franciscano rio cortando o nordeste em duas metades. Dizem que, no dia seguinte ao da mordida de Mike Tyson, uma empresa de chocolates lançava a orelha de Holyfield em chocolate. Foi assim também comigo.

O grito musical de Marília me fez tremer e me recheou de chocolate, acalmando-me o corpo e a alma. Seus cantos, litúrgicos, benditos, aboios trazem um resumo da música brasileira de primeira. Citações belas, construções inusitadas em melismas, frases tão fortes, instrumentos sertanejos, em cordas e ferros, em céus e praias ensolaradas. Queria que não passasse despercebido, queria que nem passasse, mas se materializasse em shows pelo Brasil e entrasse sem pedir licença na casa de Milton, o nascimento.

Há algo de mantra, há algo de vaqueirama, há algo de urbanidade de inspiração rural. Marília Parente não repete o antigo, nem se mete ao novo, voa pelo céu possível, pelo mar invisível, pelo chão palpável, como o faquir sobre sua cama de vidros ou pregos pontiagudos. Belo caminho aberto entre as pedras que não mais gritam. Nessa situação existencial-política na qual nos metemos e nos meteram, com um diabo-mor de olhar enlouquecido no planalto central do Brasil, ouvir o trabalho dessa pernambucana ousada me fez acreditar na revolução.

Texto: Aderaldo Luciano doutor em Literatura Foto: Renê Porfírio Kuruma’tá é uma revista online de culturas e afetos compartilhados. É conversa do mundo, das coisas. É pra falar de livros, leituras e leitores. Pra falar da música e do cinema que nos encantam. Falar da troca entre as gentes e suas criatividades.
A água que alimenta a Kuruma’tá é narrativa. É o rio de Heráclito, nunca o mesmo. Nesse tem muitas vozes e muitos parceiros, amigos, estranhos solidários, passarão por aqui, conosco, a cantar.
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BARONESAS SERÃO REMOVIDAS DO RIO SÃO SÃO FRANCISCO ATRAVÉS DE MUTIRÃO


Durante toda esta semana, a Prefeitura de Petrolina está fazendo um mutirão de limpeza na Orla de Petrolina. Ao todo, cerca de 1 quilômetro de faixa do rio receberá o programa 'Cidade Mais Limpa'. Estão sendo realizados os serviços de capina, retirada de ervas daninhas e principalmente  a remoção das baronesas na extensão das orlas I e II.

O trabalho está sendo executado por uma equipe composta por 7 pessoas que, manualmente, irão retirar as baronesas de dentro do rio e também com uma máquina motoniveladora. 

"Estamos trabalhando intensamente para retirar as baronesas do local e possibilitar uma área de banho mais agradável e com menos plantas aquáticas. A vazão do rio tinha aumentado na última semana e com a defluência, mais plantas ficaram alojadas no local, estamos acelerando os trabalhos para que, o quanto antes, possamos concluir o trabalho" afirma o secretário executivo de Serviços Públicos, Alisson Oliveira. 

A limpeza é realizada pela Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Serviços Públicos (SEINFRA).

Fonte: Ascom Prefeitura Petrolina

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PRIMEIRA SANTA NASCIDA NO BRASIL É CANONIZADA PELA IGREJA CATÓLICA

Primeira santa nascida no Brasil é canonizada pela Igreja Católica 27 anos depois de sua morte, em 1992. É a terceira santificação mais rápida da história, atrás do Papa João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá, rompendo com os históricos padrões europeus.

O anseio para ver a primeira santificação de uma brasileira chega ao fim hoje, com a canonização de Irmã Dulce na Praça São Pedro, no Vaticano. Apesar de ser considerada santa por muitos desde 1950, não se pode dizer que o processo foi demorado. Santa Dulce dos Pobres teve a terceira canonização mais rápida da história — atrás da santificação do Papa João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá — apenas 27 anos após sua morte, em 1992.

A canonização de Irmã Dulce, iniciada em janeiro de 2000, tem sua conclusão quando Papa Francisco declarou, na madrugada deste domingo (horário de Brasília), que a beata está entre os santos do céu e inscrever o nome de Dulce na lista oficial dos santos da Igreja Católica.


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NO BRASIL DE 2019, ENQUANTO O PAÍS QUEIMA MUSEUS E FLORESTAS, NÓS CONSTRUÍMOS, PROVOCA MARCELO DANTAS

Cânions e paredões rochosos da Serra da Capivara, no Piauí, revelam duas realidades na caatinga. Por um lado, o maior parque arqueológico da América, com mais de 900 sítios pré-históricos espalhados pela região. Por outro, o vilarejo de Coronel José Dias, município com pouco mais de quatro mil habitantes dispersos na área de quase 2 mil km².

No cenário pitoresco, um projeto de 4 mil m² de área construída emerge na paisagem árida tombada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Trata-se do Museu da Natureza, um complexo cultural high tech que revela e apresenta ao público milhões de anos da história da Terra. Administrado pela Fundação do Homem Americano (Fundham) e comandado pela respeitada arqueóloga francesa Niéde Guidon, o museu conta com 12 salas interativas abrigadas num prédio de 1.700 m² construído em espiral. Quem assina o projeto arquitetônico é a arquiteta Elizabete Buco em parceria com o escritório AD Arquitetura.

Com instalações imersivas, telas interativas e até simulador de voos sobre o parque, a atração explora a existência da vida da criação do universo ao surgimento do ser humano e sua relação com a natureza. No Brasil de 2019, o acervo ganha ainda mais importância. "Enquanto o país queima museus e florestas, nós construímos", provoca Marcello Dantas, curador responsável pelo projeto, em entrevista para a Casa Vogue. "Esse lugar é um dos mais fabulosos e esquecidos do Brasil". 

No terreno de mais de 130 mil hectares, o museu expõe ao público fósseis encontrados na região, reproduções de animais pré-históricos empalhados em tamanho real, como preguiças gigantes e mastodontes, além de um filme sobre o impacto humano no equilíbrio da Terra, narrado pela voz de Maria Bethânia. As atividades ajudam a compreender as mudanças climáticas na Serra da Capivara que, segundo arqueólogos, foi uma mistura de floresta amazônica com mata atlântica há cerca de 9 mil anos. 

"Ele conta a história da Natureza. De quem vive, de quem morre e de quem ainda vai surgir", elucida Dantas. "É a história de tempos antes da própria história da humanidade".
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CONTRA AVANÇO DE MANCHAS DE PETRÓLEO, GOVERNO ANALISA AUMENTAR VAZÃO DE USINAS PARA PROTEGER O RIO SÃO FRANCISCO

Técnicos que monitoram o avanço das manchas de petróleo no Nordeste analisam a possibilidade de aumentar a vazão das usinas hidrelétricas do Rio São Francisco para evitar que o óleo avance ainda mais para dentro do curso de água. O material já foi encontrado na foz do rio, na divisa de Alagoas e Sergipe.


Como a água do mar avança diversos quilômetros rio adentro nos horários de baixa, a ideia é liberar maior volume das hidrelétricas para evitar esse deslocamento.



Representantes de Alagoas e Sergipe apresentam a situação de momento na região da desembocadura do São Francisco atingida pela mancha, além das medidas que são tomadas para minimizar os impactos constatados no Baixo São Francisco. O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG) e chega ao Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, após se estender por, aproximadamente, 2.800 quilômetros, passando por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.



O Velho Chico é o rio 100% nacional com maior extensão. A bacia drena territórios de 503 cidades e engloba parte do Semiárido, que corresponde a cerca de 58% dessa bacia hidrográfica, que está dividida em quatro unidades: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco. Em seu percurso, há 11 barragens de hidrelétricas, sendo a de Sobradinho, Bahia a maior delas, que funciona como um reservatório de regularização de água para as demais.


Foto: Reprodução TV Gazeta Alagoas
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MUCUGÊ: AULAS MÚSICA DE MARQUINHOS CAFÉ E RITMO COM PH LUCAS GARANTEM A VALORIZAÇÃO DO FORRÓ

Valorizar e difundir a produção dos sanfoneiros do Brasil é um dos objetivos do III Festival de Forró da Chapada, realizado entre os dias 10 e 12 de outubro em Mucugê, Bahia.

Durante os três dias do festival estão previstas aulas de dança, sanfona e ritmo, por meio de oficinas gratuitas.

As aulas de sanfona é ministrada pelo cantor e sanfoneiro Marquinhos Café.

 "É lindo aqui em Mucugê no III Festival de Forró da Chapada. Quando assistimo este interesse temos a convicção que forró será protegido a fim de que permaneça vivo para as gerações futuras. A sala cheia de alunos buscando aprender mais e mais sobre nossa sanfona. Bom demais poder dividir e passar a diante um pouco do meu aprendizado com meu Mestre Camarão, onde ele sempre me dizia: Continue a minha história de ensinar e jamais deixe a sanfona morrer...e assim estou fazendo. Obrigado ao Mestre Camarão por tudo que fez por mim. DEUS te cuide Mestre", revela Marquinhos Café.

As aulas de ritmo tem o comando do percussionista Paulo Henrique (PH Lucas), membro da banda de Targino Gondim e um exímio músico. PH é neto e filho de sanfoneiros, o avô Pedro é um dos raros tocadores de sanfona de 8 baixos e o pai Manoel Geraldo, um mestre na sanfona. 

"É gratificante compartilhar e aprender sempre. O forró é o principal ritmo da música brasileira. O festival assim dá oportunidade de disseminar o dialogo com diversos músicos de outras regiões do país", diz PH.

O festival reúne cantores, compositores e sanfoneiros que se apresentam durante os três dias do evento gratuito composto por exposições, oficinas e uma série de shows. Entre os artistas que participam do evento, que tem curadoria do cantor e compositor Targino Gondim, estão nomes expressivos do cenário musical brasileiro, como o Quinteto Sanfônico do Brasil, Gel Barbosa, Marquinhos Café, Rennan Mendes , Nádia Maia, Anastácia, Ivan Greg, Tato, da Banda Falamansa, Kátia Cilene, Eugenio Cerqueira, Mariana Aydar, João Sereno, Nilton Freitas, Mestrinho, Del Feliz, Jurandy da Feira, Carlos Vilela e Jairo Barbosa. 

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TERCEIRO FESTIVAL DE FORRÓ DA CHAPADA MOVIMENTA MUCUGÊ, BAHIA ENTRE 10 E 12 DE OUTUBRO

"A sanfona é o principal instrumento das festas espalhadas pelo mundo. Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos".

As professoras Luana Carvalho e Ana Vartan viajaram do Estado de Pernambuco até o município de Mucugê, na Chapada Diamantina, Bahia, por compreenderem que a sanfona é o maior simbolo do imaginário cultural presente na obra de Luiz Gonzaga. Ana Vartan saiu de Exu, Pernambuco distante mais de 850 km de Mucugê.

Mucugê sedia, pelo terceiro ano, o Festival de Forró da Chapada, que acontece de 10 a 12 de outubro, final de semana do feriado de Nossa Senhora Aparecida. 

Para a edição de 2019 fazem apresentação além de Targino Gondim,, são atrações o Quinteto Sanfônico do Brasil, Gel Barbosa, Marquinhos Café, Rennan Mendes , Nádia Maia, Anastácia, Ivan Greg, Tato, da Banda Falamansa, Kátia Cilene, Eugenio Cerqueira, Mariana Aydar, João Sereno, Nilton Freitas, Mestrinho, Del Feliz, Jurandy da Feira, Carlos Vilela, Jairo Barbosa e mais uma dezena de artistas consagrados na Música Brasileira.

O evento, idealizado pelo cantor e compositor, Targino Gondim. “Mucugê é um encanto, um paraíso da Chapada Diamantina. Este é o terceiro ano que reuno amigos do forró, os maiores artistas do nosso gênero para comemorar comigo nesta grande festa, que é o Festival de Forró da Chapada. A cidade já abraça o  festival. Tem gente de todos os estados brasileiros. Além de aquecer a economia da região, levamos alegria e incrementamos o fluxo turístico da região”, disse Targino Gondim, curador do evento.

A ideia, ainda conforme Targino, é manter o compromisso com os valores culturais, promovendo intercâmbio musical entre todas as gerações participantes, de diferentes estados brasileiros e entre músicos, cantores, compositores, produtores, empresários, técnicos, estudiosos, comunicadores e amantes do forró. Além da programação musical de nomes mais conhecidos do ritmo, o festival dá oportunidade a novos talentos de se apresentarem. 

Também são previstas aulas de dança, sanfona (Marquinhos Café) e ritmo (Paulo Henrique Lucas), por meio de oficinas gratuitas.
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