CAIXA REGISTRA 22 MILHÕES DE TRANSAÇÕES APÓS LIBERAÇÃO DO FGTS

A Caixa Econômica Federal registrou 12 milhões de transações no primeiro sábado (14/9) com agências bancárias abertas para o pagamento do saque imediato do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo o banco, foram creditados R$ 4,97 bilhões nas contas de mais de 12 milhões de trabalhadores.

Por meio do Twitter, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, informou que o banco está preparado para atender os trabalhadores interessados em fazer a retirada dos valores disponíveis.

“A cada duas semanas, vamos liberar mais de R$ 5 bilhões. A Caixa está preparada para atender a população com tranquilidade nos mais de 55 mil pontos de atendimento em todas as regiões do Brasil”, disse.

A Caixa também vai trabalhar com horário estendido por duas horas na segunda (16) e terça-feira (17). Assim, as agências, que normalmente abrem às 11h, vão iniciar o atendimento às 9h. Já as que abrem às 10h iniciarão os trabalhos às 8h e as que abrem às 9h atenderão a partir das 8h e terão uma hora a mais ao final do expediente. No caso de agências que abrem às 8h, serão duas horas a mais ao final do expediente normal.
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ALERTA DE RISCO: TEMPERATURA EM JUAZEIRO E PETROLINA ACIMA DE 36 GRAUS E UMIDADE RELATIVA DO AR ABAIXO DE 20%

Sol abrasador. Que abrasa, que transforma em brasa; que aquece excessivamente. Característica de ambiente ou clima muito quente e sem vento; abafado, calmoso: verão abrasador...Sertão sol de escaldar. Estes são alguns adjetivos e definições  usados no sertão de Pernambuco e nas áreas entre Juazeiro e Petrolina nestes últimos dias. 

A previsão para os próximos dias é de temperatura que pode superar os 36 graus Celsius (ºC) e a umidade relativa do ar deve atingir valores críticos, abaixo dos 20%. A sensação térmica é acima de 40 graus.

O INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) publicou aviso de alerta: a Umidade relativa do ar variando entre 20% e 12%. Risco de incêndios e à saúde. Ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.A alta nos termômetros não surpreende já é "rotina", mas sempre causa preocupação com a saúde.

Esse clima pode ter impactos importantes na saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fixa como mínimo razoável o índice de 30% de umidade. A seca pode gerar baixa da pressão arterial, com sensação de cansaço.

Mas para o pneumologista e membro da Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia (SBPT), Carlos Viegas, a maior preocupação deve ser com as doenças respiratórias. “Rinite, sinusite, pneumonia e outras enfermidades decorrentes do processo inflamatório nas vias aéreas são comuns”, ressalta Viegas.

Uma sugestão do médico para que as pessoas verifiquem se estão com a hidratação adequada é a observação da urina. Quanto mais próxima a coloração estiver da água, mais hidratada uma pessoa está. Já se a cor da urina estiver próxima de amarelada forte é importante reforçar o consumo de água ao longo do dia. A sugestão é beber, pelo menos, 3 litros de água por dia.

Para quem não costuma tomar muita água é adequado aumentar o consumo gradativamente. "A sugestão é não esperar o corpo demandar, mas procurar beber um copo por hora".

Mas o cuidado com o excesso também é importante. “Não precisa exagerar. Quem bebe muita água pode ter baixa de pressão”.

Além disso, é importante evitar atividades físicas entre 11h e 16h e se proteger do sol, evitando ficar em ambiente aberto durante muito tempo e sempre lembrando de passar o protetor. Em momentos de baixa umidade, o uso do umidificador também é recomendável.

Foto: CHBSF
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MUITO CALOR EM JUAZEIRO E PETROLINA E BAIXA UMIDADE DO AR PROVOCAM CUIDADOS COM A SAÚDE

Sol abrasador. Sertão sol de escaldar. Estes são apenas alguns adjetivos usados no sertão de Pernambuco e nas áreas entre Juazeiro e Petrolina nestes últimos dias. A temperatura pode superar os 35 graus Celsius (ºC) e a umidade relativa do ar deve atingir valores críticos, abaixo dos 25%. A alta nos termômetros não surpreende já é "rotina", mas sempre causa preocupação com a saúde.

Esse clima pode ter impactos importantes na saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fixa como mínimo razoável o índice de 30% de umidade. A seca pode gerar baixa da pressão arterial, com sensação de cansaço.

Mas para o pneumologista e membro da Sociedade Brasileira de Pneumonia e Tisiologia (SBPT), Carlos Viegas, a maior preocupação deve ser com as doenças respiratórias. “Rinite, sinusite, pneumonia e outras enfermidades decorrentes do processo inflamatório nas vias aéreas são comuns”, ressalta Viegas.

Uma sugestão do médico para que as pessoas verifiquem se estão com a hidratação adequada é a observação da urina. Quanto mais próxima a coloração estiver da água, mais hidratada uma pessoa está. Já se a cor da urina estiver próxima de amarelada forte é importante reforçar o consumo de água ao longo do dia. A sugestão é beber, pelo menos, 3 litros de água por dia.

Para quem não costuma tomar muita água é adequado aumentar o consumo gradativamente. "A sugestão é não esperar o corpo demandar, mas procurar beber um copo por hora".

Mas o cuidado com o excesso também é importante. “Não precisa exagerar. Quem bebe muita água pode ter baixa de pressão”.

Além disso, é importante evitar atividades físicas entre 11h e 16h e se proteger do sol, evitando ficar em ambiente aberto durante muito tempo e sempre lembrando de passar o protetor. Em momentos de baixa umidade, o uso do umidificador também é recomendável.
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GOVERNO BOLSONARO GANHA FORÇA PARA INSTALAR USINA NUCLEAR NO MUNICÍPIO DE ITACURUBA NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO

No próximo dia 30, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Reive Barros, do Ministério de Minas e Energia, e o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, têm uma reunião com o governador Paulo Câmara. Na pauta principal, o pleito para o Estado sediar, em Itacuruba, uma usina nuclear, conforme estudos já feitos pelo Ministério de Minas e Energia.

Conforme este Blog NEY VITAL denunciou com exclusividade no mês de janeiro deste ano, já existem estudos para implantar um centro de energia nuclear no município de Itacuruba, Sertão de Itaparica, município localizado nas margens do Rio São Francisco. 

A igreja católica é uma das principais ativistas contra a usina em Itacuruba. Dezenas de outras instituições e órgãos também já se posicionaram contra o projeto. As entidades estão unidas na Articulação Sertão Antinuclear. 

Semana passada durante entrevista ao Programa de Rádio Frente a Frente, direto de Brasília, o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), anunciou que irá procurar o governador Paulo Câmara, nos próximos dias, para convencê-lo a aceitar a instalação de uma usina nuclear no município de Itacuruba, investimento, segundo ele, da ordem de U$ 2,5 bilhões. 

O senador explicou explicou que o Governo Bolsonaro está retomando o projeto de abertura de novas usinas no País e que no caso de Pernambuco a melhor localização ainda continua sendo Itacuruba, conforme estudos anteriores. “Pernambuco não pode ficar de fora, em todo lugar do mundo existe usina nuclear, que gera uma energia limpa, sem nenhum risco”, disse. Sobre a reação negativa da população quando se discutiu o assunto em governos anteriores, o senador afirmou que não há mais preconceito em relação à energia nuclear. 

“O que o sertanejo tem medo é de fome”, advertiu, ao responder pergunta como a população de Itacuruba iria receber a notícia. O líder avaliou que o governador não poder abrir mão de tamanho investimento, que só nas obras de instalação irá gerar cerca de 14 mil empregos diretos.

Diante desta possibilidade da instalação de uma usina nuclear às margens do Rio São Francisco, no município de Itacuruba, no Sertão pernambucano, movimentos sociais estão se mobilizando em defesa da segurança hídrica e ambiental da região.

O professor e doutor Heitor Scalambrini destaca a preocupação com obras da dimensão de uma usina nuclear. "Não existe obra com desastre zero. Falar que um vazamento não pode acontecer não é verdade. Eles falam que o acidente é quase nulo. Não é verdade. Quando acontece acidente nuclear ele perdura por vários anos, a contaminação penetra no lençol freático", explica.

Enquanto a professora e doutora da UFPE e UPE, Vânia Fialho, enfatiza que a região não é um vazio demográfico. " Estamos falando de uma região com grande complexo étnico, com relações de parceria e troca. Ao invés de baixa densidade temos rica rede e presença indígena na região", argumenta. 

Os conflitos e as possíveis ações coletivas para barrar esse projeto foram colocados pelo público. O deputado estadual Doriel Barros (PT), engajado à luta contra usina em Pernambuco, se colocou à disposição do movimento. " Não podemos pagar o preço para ver as consequências de uma usina como essa. Me coloco à disposição para discutir junto com a população e trabalhadores. Me coloco nessa luta com a Igreja e junto a todos que defendem a vida", concluiu o deputado.

A redação do blog NEY VITAL enviou solicitação para o Governo Federal esclarecer sobre o Projeto de criação da fonte atômica de energia que foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). 

Além de Itacuruba, outras oito localidades no Nordeste e Sudeste do país estão sendo estudadas para abrigar usinas. De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, a Eletronuclear já concluiu estudos que indicam Itacuruba como a área ideal para a construção do empreendimento que custaria R$ 30 bilhões.

Redação Blog Ney Vital Foto: Arquivo MST
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EM DEFESA DO CENTRO DE FORMAÇÃO PAULO FREIRE, MST INICIA ACAMPAMENTO DE RESISTÊNCIA EM CARUARU

Neste final de semana, nos dias 14 e 15 de setembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciará o Acampamento da Resistência em defesa do Centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru. 

A mobilização é mais uma resposta à ordem de despejo dada pela Justiça Federal ao centro de formação, localizado no Assentamento Normandia. 

O pedido de reintegração de posse foi feito pelo Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) em 2008, mas só foi julgado em 2017, quando o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) deu ganho de causa ao instituto. No último dia 5, o cumprimento urgente do despejo foi determinado pelo juiz da 24ª Vara Federal.

Mostrar resistência e reafirmar a importância do Centro de Formação Paulo Freire. Esse é o objetivo do acampamento que deve receber cerca de 2 mil pessoas no município do Agreste pernambucano. Famílias acampadas e assentadas de todo estado firmarão uma vigília contra o despejo do centro, que será permanente, já que o prazo dado pela Justiça para saída espontânea do MST está marcado para o próximo dia 19. São esperados, também, militantes de movimentos sociais e de organizações do campo e da cidade.

O acampamento começará a ser firmado na manhã do sábado e um ato político está previsto para as 17h do mesmo dia. Há uma programação política, cultural e religiosa organizada para todo o final de semana, que conta com caminhadas, místicas, shows e vigílias em defesa do centro. Na última segunda-feira, o dirigente nacional do MST, Jaime Amorim, anunciou o Acampamento da Resistência durante coletiva de imprensa. "Nós vamos organizar os assentados que estejam dispostos e faremos de Normandia um processo de luta importante", afirmou.

Essa semana, o MST recorreu judicialmente sobre a decisão da Justiça Federal. Desde que tomou conhecimento do cumprimento da ordem de despejo, o movimento tem se mostrado disponível para o diálogo, mas afirma que não aceitará retrocessos nos trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Formação Paulo Freire, que tem se consolidado como referência na expansão da agroecologia em Pernambuco.

O Centro de Formação Paulo Freire resiste!
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Sábado 14/09
Manhã: chegada no assentamento Normandia/Centro de Formação Paulo Freire.
Tarde: atividades politicas, religiosas e culturais.
Às 17h está previsto um Ato Político.
Noite: mística, caminhada, vigília e shows com artistas que apoiam o Centro de Formação Paulo Freire.

Domingo 15/09
Atividades culturais
Às 15 está prevista uma Assembleia da Resistência.

Fonte: MST
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BIODIVERSIDADE: ESTUDANTES CRIAM BIOPLÁSTICO DE CASCA DE MANGA

Quando a barreira do Bairro dos Estados, no Centro de Camaragibe, deslizou em junho deste ano, Laura Araujo, Lídia Souza e Luana Pereira, de 16 anos, e Luciano Carlos, 15, estavam na Escola Estadual Ministro Jarbas Passarinho, localizada a um quilômetro do local da tragédia, que vitimou sete pessoas.

Alunos do segundo ano da instituição, há três anos eles trabalham na criação de um plástico biodegradável para ser utilizado também na impermeabilização das áreas de risco. O principal insumo utilizado no desenvolvimento é a casca da manga, fruta que é colhida em Pernambuco entre os meses de setembro e dezembro.

“A ideia é substituir o plástico sintético por um produto que traga benefícios para a comunidade e para o meio ambiente. Com o uso do bioplástico, pretendemos produzir uma tela impermeável, resistente, que impeça esses deslizamentos”, destaca a estudante Luana Pereira. De acordo com os jovens criadores, com apenas 100 g do rejeito da fruta é possível produzir até um metro quadrado do bioplástico ao custo médio de R$ 12.

Na receita, são utilizados outros produtos da cozinha de casa, como o óleo, a gordura, além de químicos, corantes e aditivos para dar maior durabilidade ao produto. Há ainda um “elemento x”, que eles não divulgam até firmar a patente da criação.

O protótipo foi apresentado, em março deste ano, na Feira Brasileira de Engenharia e Ciências (Febrace), realizado pela Universidade de São Paulo (USP). Lá, eles receberam a oferta de um empresário indiano para vender a ideia e a proposta de apresentar o trabalho na Tunísia, no continente africano.

“Estamos estudando a melhor forma de proteger a autoria da criação. Como o trabalho foi apresentado em diversos lugares, não há como alguém roubar, mas precisamos patentear. O viés sempre foi o social, de criar um produto que seja aplicado para a sociedade, mas a ideia é dos alunos e a decisão do que fazer também é deles”, conta a professora-orientadora do projeto, Alessandra Martins.

Segundo Ricardo Neves, professor do Núcleo de Biologia da UFPE e co-orientador do projeto, a produção de bioplástico é extremamente viável, embora exija um investimento maior para refinar o material e aprimorar sua qualidade. “Existem empresas que desenvolvem o processo tecnológico e que entendem que o bioplástico não surge apenas para tirar o sintético do mercado, mas, sim, para apresentar uma alternativa. Ao ser inserido no mercado, esse produto pode ajudar o meio ambiente, já que ele é mais fácil de ser absorvido por ser composto de matéria-prima natural ”, explica Neves.

De acordo com estudo recente do World Wide Fund for Nature (WWF), mais de 104 milhões de toneladas de plástico poluirão nossos ecossistemas até 2030, se nenhuma mudança acontecer na nossa relação com o material. “O lixo que produzimos precisa ser degradável para que o planeta tenha um bom funcionamento. A durabilidade do plástico é tão grande e não estamos preocupados com o fato de que não há como se desfazer dele”, refletiu a estudante de Química da UFPE, Rhayssa Farias, 20, que contribuiu com o estudo de materiais acessíveis e de baixo custo para o aprimorar o bioplástico de casca de manga em pequena escala.

Dos três anos dedicados à consolidação da ideia, um deles foi aplicado inteiramente à pesquisa do que havia sido desenvolvido até então. Os primeiros registros de produções com bioplástico datam dos anos 1990, conta o professor Ricardo Neves. No Brasil, o registro é de 1995. 

Existem produtos desenvolvidos com batata, milho e óleos como o de rícino, extraído das sementes da mamona. Um dos fatores determinantes para o sucesso do produto com casca de manga é uma fibra presente no tecido da fruta. Testes químicos e biológicos foram realizados no produto, que aguarda investimento para a produção em maior escala e ser testado pelo Inmetro.

A expectativa do grupo é de que o produto esteja disponível para o uso antes do próximo período de chuvas. Se utilizado como alternativa para conter as barreiras, os desenvolvedores apostam que haverá ainda benefícios para o solo. 

“Com a degradação do material, fungos serão gerados que irão nutrir o solo, tornando-o mais forte”, aponta a estudante Laura Araújo. O bioplástico de casca de manga está sendo apresentado nesta sexta-feira (13) na Exposição de Tecnologia e Ciência em Camaragibe (Expotec), realizada no Shopping Camará, na Vila da Fábrica, em Camaragibe. Ao todo, 98 stands exibem projetos de ciências, tecnologia e linguagem.

O evento será encerrado no sábado (14), com a premiação das quatro melhores iniciativas de cada categoria, que terão a oportunidade de apresentar os projetos em outras feiras do País.

Fonte: Folha PE
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REPORTAGEM ESPECIAL: ALUNOS DO 4º PERÍODO DA UNEB RETRATAM A CULTURA DAS CARRANCAS DO VELHO CHICO

As carrancas são parte importante da história ribeirinha nordestina, carregada de crenças e contos místicos surgiu como símbolo de proteção e fé, fazendo-se reconhecida por todo o país e turistas de todo o mundo, como uma das maiores manifestações culturais brasileiras.

A reportagem traz a história das carrancas na região ribeirinha do Vale do São Francisco, a partir de entrevistas realizadas com alguns historiadores das cidades de Juazeiro e Petrolina. Entre os entrevistados estão à historiadora Rosy de Sousa Costa, o neto de Ana das Carrancas, Jailson Lopes e a filha da carranqueira, Maria de Ana.

As carrancas foi o tema escolhido para essa reportagem, por abranger mitos e fatos regionais importantes para a história, como às lendas dos rios. Os comandantes das embarcações criaram lendas para explicar e entender o mundo a sua volta e as carrancas surgiram como um amuleto para esses barqueiros e remeiros que buscavam se proteger dos espíritos e entidades que acreditavam surgir no rio, durante suas longas viagens.

O primeiro destaque entre os fabricantes de carrancas foi Francisco Guarany, que serviu de inspiração para Ana das Carrancas, uma das fabricantes de carrancas de barro mais reconhecidas no Brasil. Analfabeta, negra e pobre, Ana lidou com preconceitos, chacotas e a desvalorização de seu trabalho, até que dois jornalistas recifenses viram nela um futuro promissor para a cultura popular brasileira e a partir de uma reportagem, Ana ganhou reconhecimento e destaque no país, além de vários prêmios que deixaram seu nome marcado na história cultural popular brasileira.

A carranca e o remeiro do São Francisco: O remeiro lidava em seu cotidiano com o rio, aceitando o humor das águas doces, ora favoráveis, ora perigosas, apesar dos medos, dos desafios e da violência dos ventos. Seu patrão lhe pagava cerca de 60 mil réis para realização de uma viagem de 60 a 90 dias pelo rio, levando consigo 50 toneladas de mercadorias. Metade dos réis ficava para a família, a outra metade ia com o remeiro para seu sustento e para a compra de outras mercadorias para serem comercializadas por ele após retornar a viagem.

Segundo a historiadora do Museu Regional do São Francisco, Rosy de Souza Costa, o remeiro, pra não se sentir só ou em perigo criou figuras que davam explicações para aquilo que ele não conhecia ou que não poderia explicar de maneira científica.Como a lenda da Mãe D’água,ou a lenda do Minhocão. No entanto, por conta das crenças dos remeiros e ribeirinhos sobre as lendas, em meados de 1901, Francisco Biquiba dy Lafuente Guarany começou a fabricar diferentes versões de carrancas de madeira na região, para serem utilizadas nas proas das barcas dos remeiros, inspirando-se a principio, nas antigas navegações europeias.

Os remeiros do São Francisco colocavam em suas proas a carranca de madeira,uma figura com aspectos assustadores e sombrios, na intenção de mostrar que a carranca viu algo e amedrontar as entidades e espíritos ruins contados em suas lendas. Graças ao remeiros, a carranca chegou a regiões do médio do São Francisco e tornou-se uma espécie de amuleto, objeto de proteção e espiritualidade conhecido pelos ribeirinhos.

Nasce uma artista popular no sertão de Pernambuco:
Ana Leopoldina dos Santos nasceu em 18 de fevereiro de 1923, na cidade de Santa Filomena (PE). Desde os sete anos já ajudava sua mãe na confecção de louças, panelas e potes de barro, além de vender essas peças na feira. Viúva, com duas filhas e muito jovem casa-se novamente ao encontrar José Vicente, um homem carinhoso e atencioso que após muita insistência consegue ganhar o coração de Ana, mas a renda familiar não era suficiente no interior do sertão, por isso sua família acaba migrando para Picos no Piauí.

Com a seca que castigava o Nordeste naquela época, a situação financeira da família era difícil e ao ouvir sobre uma cidade no sertão de Pernambuco às margens do rio São Francisco e com grandes chances de crescimento, decidiram migrar para Petrolina nos anos 50. Foi em Petrolina através de uma conversa com barqueiros que Ana conheceu os artefatos, sentiu-se inspirada e começou a produzir carrancas feitas com barro. No inicio quando levava as peças de carranca para a feira não teve aceitação da população, mas foi descoberta por um jornalista e conhecida pelo mundo por seu trabalho inédito com barro. Ana começou a produzir carrancas aos 47 anos e aos 53 teve seu auge.

Artesã e Ceramista, Ana fez seu legado ao passar para suas obras sua identidade, furou os olhos das carrancas em homenagem ao seu marido, José Vicente, que era cego, suas obras vão de Caruaru à Paris. Por ser analfabeta aprendeu a desenhar as três primeiras letras do nome pela necessidade de assinar suas obras e todos os documentos que recebeu em sua homenagem em vida. Recebeu prêmios como, Patrimônio Vivo de Pernambuco, recebeu das mãos de um chefe da nação a medalha de honra ao mérito cultural. Ana é considerada até hoje por muita gente uma das maiores expressões artísticas da cultua popular.

A importância das lendas e das carrancas para cultura:
Hoje, as lendas e mitos que envolvem as carrancas, fazem parte da história de Juazeiro e Petrolina e são importantes para o estudo geográfico e social da formação ribeirinha. Como diz Rosy Costa.“Não se pode dizer simplesmente que é coisa do passado, que pode ser esquecido. Seria como tirar a história da vida das pessoas. Não é preciso acreditar ou aceitar, mas é preciso saber”.

Por meio do estudo das lendas,se conhece a região do São Francisco jamais de 400 anos. Por isso, para Rosy, as lendas são importantes para história cultural e regional e não devem deixar de ser contadas.  “Eu não questiono quem vê o Nego D’agua ou a Mãe D’agua. Eu bato palma. Porque é lenda, mas de alguma forma, em algum lugar, alguém viu alguma coisa”, afirma Rosy Costa.

Ao entrevistar quatro barqueiros para essa reportagem, apenas um conhecia as lendas e nenhum acreditava. Contudo, como aconselha Rosy, é conveniente que o povo conheça história e saiba as lendas, pra que elas continuem sendo contadas e existam no futuro. Porque se não há conhecimento delas, elas somem em uma das maiores manifestações culturais do Brasil, como a carranca, perde o valor e a importância. Como conclui Maria Rêgo, fabricante de carrancas de barro, atualmente conhecer é mais importante do que acreditar. E é conhecendo que se pertence ao lugar em que vive.

*Reportagem: Lays Paixão, Lafaiette Silva, Letícia Duarte, Paloma Cristina, Sheilane Beatriz e Vitória Marques.
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