O professor sociólogo Stuart Hall, pesquisador da área de estudos sociais apontou que a questão da identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência os argumentos são os mais diversos e complexos. Novas identidades vem fragmentando o indivíduo moderno.
Discute-se assim a chamada "crise de identidade". Crise vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.
Stuart Hall dialoga também que a identidade cultural surge a partir da noção de pertecimento, associada a memória, etnias, raciais, linguísticas, religiosas e acima de tudo nacionais. Já Habermas diz que "saber do que se fala sempre ajuda; de resto, se se trata do problema de legitimidade, é preciso sabê-lo de modo particularmente exato".
A lembrança dessas frases e dos estudiosos da comunicação e da cultura, frases sábias me veio a cabeça quando da participação do evento Cariri Cangaço 2017, realizado em Exu e Serrita, Pernambuco, entre os dias 20 a 23 de julho.
Notícias chegam de Poço Redondo Sergipe. Entre os dias 14 a 18, o Cariri Cangaço 2018, ocorre nas terras de Alcino Alves da Costa (em memória). Rangel Alves, o seu filho é um dos mais entusiasmado com a história. Conferências, visitas técnicas, debates, o diálogo com referência a vida e obra de Lampião, cangaceiros e volantes.
Parabenizo Manoel Severo, curador do evento. Severo um defensor da cultura com capacidade de liderar uma equipe de valentes e valiosos cangaceiros da cultura. Cangaceiros culturais do bom combate. Na condição de convidado (serei sempre muito grato) impressionou-me a tarefa dos membros do Cariri Cangaço a missão de serem ousados. Ousadia de enfrentar a crise cultural e mostrar a riqueza de valores da cultura brasileira/universal.
Escutar e olhar a Cecília do Acordeon e Pedro Lucas Feitosa é saber do significado da esperança de um mundo melhor. Cecilia e Pedro Lucas são crianças que tem a identidade de sanfona. Possuem o sentimento da terra, região. Corações tão puros e um futuro que deve ter como base os estudos e a educação para quando chegarem a maturidade e tempo adulto estarem prontos e preparados para enfrentar novos desafios em defesa da cultura.
Manoel Severo, Conselheiros e membros do Cariri Cangaço clamam o mais alto possível pela valorização da cultura e exigem respeito ao legado histórico cultural.
No Cariri Cangaço existe a ousadia da resistência aos valores mais nobres da cultura: o talento, o abraço e o sorriso.
O cidadão que participa do Cariri Cangaço não sai impune. Conviver com os cangaceiros da cultura é ganhar mais inteligência, engenho e arte. Eles tem a magia da valorização da memória e da cultura na alma.