Luiz Gonzaga, Enem 2015 e a música que faz sonhar, revolucionar e refletir

O Enem 2015 acertou ao eleger a persistência da violência contra a mulher no Brasil como tema da redação. O assunto ganhou as redes sociais com elogios e críticas acaloradas. Também fez com que políticos e machistas de plantão se posicionassem em redes sociais e por meio de notas oficiais.

Na rede social Twitter, meninas comemoram o tema eleito para redação com mensagens do tipo “deixe aqui a sua risada para todos os machistas que precisaram engolir seu próprio veneno ao fazer a redação do Enem”.

Avalio que o Governo Federal acertou em optar por este tema. Louvo também que o  Exame Nacional do Ensino Médio, proporcione aos jovens o conhecimento a respeito da música brasileira a partir do Nordeste.

A música Assun Preto serviu para discutir as marcas da variedade regional registradas pelos compositores resultando na aplicação de um conjunto de princípios  e regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. Mais de 7 milhões de brasileiros jovens vão despertar o interesse para a música interpretada por Luiz Gonzaga.

Ano passado a prova exigiu dos estudantes conhecimento sobre cultura e música brasileira. As questões destacaram o compositor nascido no Maranhão João do Vale, música Sina de Caboclo, que trata da desigualdade social.

Outro destaque o Cordel e Xilogravura resistindo à tecnologia gráfica, a gráfica Lira Nordestina, Juazeiro do Norte- Ceará, e a Academia dos Cordelistas de Crato. Uma outra questão foi estruturada com a letra de Antonio Barros, o xaxado: “Oi eu aqui de novo”, manifestando aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil.

Nas questões estão a presença de Luiz Gonzaga. Nome que mais valorizou a música brasileira, revolucionando o conceito da melodia, ritmo e harmonia. O Enem vem provocando uma nova busca de conhecimentos da mais autêntica manifestação musical brasileira de todos os tempos.

As questões propostas no Enem resumem para o que chamamos a atenção desde a morte do Rei do Baião em 1989: o Brasil tem uma produção musical rica de conteúdo.E porque a TV e o rádio tocam tantas porcarias divulgadas insistentemente, colocando-as em primeiro lugar das paradas como as mais ouvidas, dançadas e cantadas?

Por tudo resta aplaudir a primeira reflexão do Enem: “Há uma doce luz no silêncio”. O Enem cumpre o papel de zelar pelo patrimônio cultural e artístico do Brasil.

*Ney Vital-Jornalista
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Boas Lembranças do meu tempo criança quando a alegria era marcar o gol e vê estrelas

Não tenho fotos do meu tempo criança! No meu baú resta apenas esta, já adolescente no futebol! 

A imaginação é um dos elementos essenciais à vida infantil. Para viver intensamente   a   infância   é   preciso   criar   fantasias   capazes   de   transpor as realidades. Os   brinquedos sem  a imaginação.   Praticamente   são   elementos mortos no mundo das crianças. Muitas vezes, as crianças se utilizam de fatos reais para criarem seus divertimentos.

Do meu tempo de criança minha maior alegria, digo sem dúvidas, foi jogar futebol!

Depois do futebol tive como brinquedos o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras que não se quebravam...e isto eu aprendi no livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego.

Ter o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras é uma descrição que fantasia a ausência dos brinquedos. Diante de tanta privação material, consegui sobreviver, não morri de fome e aind tenho até hoje os elementos   inquebráveis   da   natureza.

E por isto hoje ainda criança/adulto  alimento os sonhos, depositando toda uma carga de sentimentos na tentativa de alcançá-los...sou um sonhador!

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Humberto Gessinger, Rock, Sanfona e Baião

Sanfona Luiz Carlos Borges e Humberto Gessinger
Um dos melhores álbuns do ano, InSULar, de Humberto Gessinger, foi indicado ao Grammy Latino, na categoria melhor álbum de rock.

Vi e escutei o DVD. Fiquei emocionado com a harmonia e parceria de Humberto com o mestre da sanfona Luiz Carlos Borges. Eles interpretam Deserto Freezer, com Borges  na sanfona. Humberto fala que ele faz uns improvisos tão maravilhosos

A letra diz:  "Se é o medo que te move, não se mexa,fique onde está. Se é o ódio que te inspira,não respire o ar viciado deste lugar. Eu tenho medo do medo que as pessoas têm. (...) O mal nasce do medo da escuridão. Nesse deserto freezer,carnaval e solidão andam lado a lado em perfeito estado de conservação. É um navio fantasma, um cemitério de automóveis,é um deserto freezer, zero kelvin, perfeição."

Em seu  blog, Humberto, falou sobre a experiência:  “Compus, ensaiei, gravei, mixei, lancei… e dei um tempo pra esquecer e tentar ouvir o Insular de forma menos cerebral. Quase sempre é necessário; só às vezes é possível. Cada vez mais, tento viver as paixões em vez de falar delas”.

Viver as paixões! Reportei-me a paixão que Luiz Gonzaga tinha pela música. Andou de mãos dadas com vários ritmos: jazz, blues e rock. Gostava o Rei do Baião de música boa, com ritmo, harmonia e melodia.  Luiz Gonzaga nos anos 50 já aplaudia a gravação da pioneira "Baião Rock", gravada por Jair Alves, que recebeu o título de Príncipe do Baião.

Era tamanho o amor paixão tinha pelos ritmos que o instrumentista Zé da Flauta conta que em um dos seus inúmeros contatos com Dominguinhos e Luiz Gonzaga, Zé da Flauta apresentou a famosa balada Starway to heaven, do grupo inglês, para o mestre da sanfona. “Ele prestou bastante atenção e, depois de ouvir a música inteira, elogiou tudo, a melodia"... lembra Zé.

Outro fato aconteceu Durante o tempo em que Zé da Flauta tocou com o Quinteto Violado, a banda fez duas grandes turnês viajando e tocando junto com Luiz Gonzaga. Numa das viagens, feita num ônibus alugado pelo grupo, a rádio tocava uma música de Bob Marley, a qual o Rei do Baião acompanhava o ritmo batendo com o dedo no braço da poltrona. Vendo a cena, Zé da Flauta perguntou: “Curtindo um reggae aí, seu Luiz?”. Ao que o mestre respondeu: “Reggae? Isso é um xote metido a besta, rapaz!”.

Não é por acaso que Raul Seixas disse que havia uma ponte caminho entre o trabalho de Luiz Gonzaga e Elvis Presley.

Enfim...a indicação de Humberto Gessinger já é considerada uma vitória da música brasileira, universal.
Cobrinha, Coroné, Roberto Carlos e Lindu

A 16ª edição do Grammy Latino acontece dia 19 de novembro em Las Vegas e vai homenagear Roberto Carlos. Roberto Carlos que um dia se deixou fotografar com o Trio Nordestino, trio que na época usava sanfona, zabumba e triangulo, uma autêntica orquestra...mas isto é assunto para outro dia de prosa.
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À memória de um garoto morto

Peço emprestado a Edvard Munch O Grito e a expressão de horror, angústia e aflição que desde 1893 impregna, com suas turbulentas cores, a consciência universal.

Convoco Pablo Picasso, com todos os seus pincéis, para lançar tintas em uma nova Guernica e denunciar o mar de corpos a boiar num líquido cemitério em águas do Mar Mediterrâneo.

Clamo por Castro Alves, para que pegue novamente a pena para escrever sobre esses infaustos navios de desesperados imigrantes, frágeis e superlotadas embarcações que empilham escravos de um tempo de novas infâmias e violências, 500 anos depois daqueles navios negreiros chorados em versos que nos parecem tão atuais: “Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura… se é verdade / Tanto horror perante os céus?! / Ó mar, por que não apagas / Co’a esponja de tuas vagas / De teu manto este borrão?… / Astros! noites! tempestades! / Varrei os mares, tufão!”

Que se levante Candido Portinari e sua Criança Morta nos braços maternos de uma família de retirantes. Quem vai consolar e pintar a dor de Abdullah Kurdi, o pai que chora a morte da esposa Rehan e dos filhos Galip e Aylan, o pequeno, que não pôde sequer segurar nos braços e que veio terminar a sua jornada de esperança no embalo das ondas, na beira do mar?

Diria Fernando Pessoa, quem sabe, como um insuficiente réquiem: “A morte chega cedo, / Pois breve é toda vida / O instante é o arremedo / De uma coisa perdida.”

Seria Dante Alighieri capaz de descrever este outro inferno, da infância de Galip, Aylan e tantos meninos e meninas, vivida sob um céu de aviões a despejar bombas sobre a terra? Medo e terror no pátio de casa, o pão de cada dia servido em meio à fúria e ódio, que deixam um rastro de escombros e ruas amontoadas de cadáveres. “Oh, quão insuficiente é a palavra e quão ineficaz.”

Teria chegado a hora de Pieter Bruegel pintar novamente O Triunfo da Morte? “A indesejada das gentes”, como a designou Manuel Bandeira, já computou mais de 2.500 imigrantes mortos por afogamento ou sufocados em porões de barcos, exército de esqueletos a atormentar a opulência de um mundo tão cruel e desigual.

Até quando o homem será o lobo do homem, como assinalou o dramaturgo romano Plauto? Até quando as lutas sem tréguas pelo poder irão renovar o mito grego de Cronos, que come os filhos após o nascimento por temer que eles lhe tomem o trono? Francisco Goya deu sombrios traços a essa lenda em Saturno Devorando um Filho.

Quantos filhos a máquina de guerra das grandes potências ainda haverá de devorar, no conturbado xadrez geopolítico das primaveras que prometem democracias que nunca florescem e que terminam por irrigar com muito sangue o solo de tantas pátrias mais madrastas do que mães gentis?

“Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho”, profetizou Alighieri antes das desastradas intervenções militares na Líbia, Iraque, Afeganistão, Mali, Iêmen, Síria…

Não, não é uma “crise migratória”, como noticiou um jornal. É uma crise humanitária, da falta de solidariedade, da omissão, da desigualdade social, da disputa pelo petróleo (canhões e ogivas a serviço dos interesses do capital), da interferência de religiões na vida política, dos embates tribais e étnicos.

Não, isto também não é uma fatalidade. É o resultado de relações desiguais entre seres humanos, países, ideologias, em que afloram a opressão, a discriminação, o preconceito, a ganância e o ódio ao semelhante.

Rehan, Galip e sobretudo você, pequeno Aylan, perpetuado em milhares de pixels no abandono de uma praia onde não poderá brincar, como tantas outras crianças. Carlos Drummond de Andrade teria que refazer o poema: “É só um retrato, mas como dói!”

Convido, por fim, outro poeta, John Donne, e encerro. “A morte de cada homem diminui-me porque eu faço parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim.”

*Celso Vicenzi é jornalista-Observatório da Imprensa
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Serrita: Fé e Mistícismo na Missa do Vaqueiro

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem dessa vez é o destino Serrita, Pernambuco, município próximo a Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaga, ali no sítio Lages, um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Logo os amigos abalados pela atrocidade criam a Missa do Vaqueiro. Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira, João Cancio e João Bandeira usam a música para advertir sobre a natureza subversiva de um crime: desigualdade social, injustiça social.

Com a poesia do compositor Janduhy Finizola ao gosto do estilo e do povo desde 1971 é cantada a Missa do Vaqueiro, ato de Fé na cultuação de Raimundo Jacó. Homenagem a todos vaqueiros que ocorre sempre no terceiro sábado do mês de julho.

Serrita durante um final de semana torna-se a Capital do Vaqueiro. Forró e uma gastronomia ao sabor do milho, umbuzada, queijo e carne de sol. Aproveito e saboreio uma lapada de cachaça com caju antes da missa iniciar.

Serrita enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de Viola se faz presente ao evento e o peso dos seus mais de 80 anos ilumina com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência. Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas.

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:
“Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos.


Assim eu vi é assim que conto...
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Filme Os Gonzaguianos é destaque em Campina Grande Paraíba

Jornalista Ney Vital e cantor Chico Cesar
Foi lançado em Campina Grande, Paraíba, durante os festejos de juninos, o documentário “Gonzaguianos”. O evento aconteceu no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado às margens do Açude Velho.

Trata-se de um vídeo documentário que fala sobre um grupo de admiradores e pesquisadores da obra do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O documentário foi filmado em Caruaru, em novembro de 2014. Na ocasião, foram entrevistados dez gonzaguianos: o compositor Alexandre Valença (PE); o colecionador Antiógenes Viana (PE); o músico Gilvan Neves (PE); o cantor e compositor Israel Filho (PE); o jornalista e escritor Jurani Clementino (CE); o escritor Kydelmir Dantas (RN); o poeta Luiz Ferreira (PE); o radialista e jornalista Ney Vidal (PB); o compositor Valdir Geraldo e o pesquisador Paulo Corrêa (SE).

O vídeo é resultado de um trabalho desenvolvido por um grupo de alunos do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, do Centro Universitário do Vale do Ipojuca (Unifavip), sob a orientação do professor e escritor Jurani Clementino, cearense, radicado em Campina Grande. Pelo menos dez alunos do 6º período do curso participaram do processo de gravação. Os demais contribuíram com a edição.

A ideia de documentar o trabalho dos admiradores de Luiz Gonzaga nasceu em novembro de 2014 quando os estudantes registraram em vídeo o 2º Encontro dos Gonzaguianos, em Caruaru.

Fonte: Governo da Paraíba/Universidade Estadual da Paraiba- texto Astier Basílio
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Rádio Emissora Rural debate a Educação como prioridade Nacional

Neste sábado 13, foi realizado um debate no programa "Educação prioridade Nacional", exibido na Rádio Emissora Rural de Petrolina, coordenado pelo professor Gildo Monteiro Junior.

 O programa contou com a participação do sanfoneiro Keu Dantas, jornalista Ney Vital Guedes, que abordou os aspectos da cultura brasileira e a valorização da obra e vida de Luiz Gonzaga e da professora Rosélia Coelho que destacou o Encontro da ACODINE (Associação dos Colégios
Diocesanos do Nordeste).

O ACODINE tem como finalidade a aproximação, solidariedade e partilha entre seus associados, e ainda incentivar eventos pastorais e esportivos, como manda a missão de educar - via Colégios Diocesanos.

No Encontro da ACODINE foram  discutidos os temas: Marketing Educacional, Perfil da Escola Diocesana e o Ensino Religioso na Escola Católica, ministrados pelo professor Kalil Michereff, professor Laércio de Oliveira e o monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, e envolveu  também palestras e atividades culturais.

O programa Educação prioridade Nacional é transmitido todo sábados às 10hs da manhã na Rádio Emissora Rural.

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