FREI BETTO: SEGMENTO DOS INDIGENAS FOI O MAIS ATINGIDO PELA DITADURA

Ao todo, são 79 livros editados no Brasil. Um deles, foi selecionado através de votação popular para guiar uma mesa de conversa: Tom Vermelho do Verde. Na quarta-feira (11), as palavras do frade dominicano, jornalista e escritor Frei Betto mobilizaram as atenções na última edição de 2024 do Clube de Leitura, evento realizado pelo Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro. Embora seja um romance, a história narrada na obra escolhida tem como pano de fundo o drama vivido pelos indígenas waimiri atroari durante a ditadura militar.

Lançado em 2022, Tom Vermelho do Verde aborda acontecimentos da década de 1970 que Frei Betto só tomou conhecimento décadas mais tarde. Embora engajado na luta contra a ditadura, mal sabia ele na época dos horrores que a Floresta Amazônica testemunhava. Em entrevista à Agência Brasil, ele diz que hoje considera que os indígenas foram os mais atingidos pela violência empreendida ao longo do governo militar.

Realizado sempre na segunda e quarta-feira de cada mês, o Clube de Leitura tem entrada gratuita, mediante retirada prévia de ingresso na bilheteria. De acordo com Suzana Vargas, mediadora e curadora da iniciativa, o convite aceito por Frei Betto para o último encontro do ano deu ao público a oportunidade de "refletir como a literatura é capaz de elevar a outro patamar nossa consciência existencial e cidadã, muitas vezes ocupada por preocupações puramente materiais".

Na entrevista concedida à Agência Brasil antes do encontro, Frei Betto transita por múltiplos temas. Conta detalhes sobre Tom Vermelho do Verde e provoca reflexões sobre o período militar e sobre os desafios no mundo atual. Compartilha ainda informações sobre o trabalho que desenvolve em Cuba, voltado para a promoção da soberania alimentar, e chama atenção para a presença da religiosidade na vida das pessoas.


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DOMINGUINHOS MESTRE DA SANFONA

 Vem amor, vem cantar

Pois meus olhos

Ficam querendo chorar

Deixe a mágoa pra depois

O amor é mais importante a dois

Os versos da música Sanfona Sentida, na voz e acompanhados pelo dedilhar de Dominguinhos (1941-2013), inspiraram o professor de história Gustavo Alonso, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para o título da biografia do artista nascido em Garanhuns (PE). A letra é de autoria de Anastácia, uma das principais parceiras profissionais, e também uma das companheiras de vida do músico.

O livro, que deve ser lançado no ano que vem pela editora Todavia (com previsão de 380 páginas), traz detalhes sobre a inventividade, a mistura de ritmos e até polêmicas da vida do artista que ficou conhecido como uma referência da sanfona e do forró, e um herdeiro musical do “rei do baião”, o também pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989). A data de nascimento de Gonzagão, 13 de fevereiro, passou a ser reconhecida como o Dia Nacional do Forró

 “[Essa imagem] de ele ser o herdeiro de Gonzagão era uma questão tensa para Dominguinhos pelo menos até a morte do Rei do Baião. Às vezes, ele abraçava essa ideia. Às vezes, não”, disse o biógrafo, que também é músico, em entrevista à Agência Brasil.

“Era um gênio. Muito humano, com fraquezas, carências, dificuldades e capacidades. Um artista intuitivo.”

A infância humilde em Garanhuns, na década de 1940, com os pais camponeses, passou a ter um outro tom quando foi tocar com dois irmãos no centro da cidade, o mais velho, Moraes, e o mais novo, Valdomiro. “No total, a família teve 16 filhos e seis morreram. Em 1949, eles estavam tocando em frente ao Hotel Tavares Corrêa para ter dinheiro para o almoço. A renda da plantação não dava para todo mundo”, explica o pesquisador.

Foi quando o astro Luiz Gonzaga chamou o trio para tocar com ele. E deu aos meninos um telefone e um endereço no Rio de Janeiro. “Gonzaga fazia e fez isso com muita gente. Na época, o Dominguinhos não tocava sanfona, mas pandeiro”.

Em 1954, a família foi para o Rio. Todos em caminhão pau-de-arara. Dominguinhos ainda era chamado de Neném do Acordeon.

Depois de trabalhar até como tintureiro com seus 13 anos de idade, Dominguinhos procurou Gonzagão no Rio de Janeiro, ganhou confiança e passou a ser um faz-tudo do experiente músico. “Com o tempo, Dominguinhos passou a buscar um caminho próprio dele, flertando com o pessoal da MPB, por exemplo”. Ia além: misturava forró com jazz e fazia um ritmo de forma mais desconstruída, sobretudo na obra instrumental.

Nas décadas de 1960 e 1970, o artista frustrou quem imaginava que ele poderia ser uma voz contra a ditadura, tal como Gonzagão, que não enfrentou o regime de exceção em suas obras. A morte de Gonzagão e depois de Gonzaguinha, em 1991, foi, para o pesquisador, fundamental para ele aceitar, informalmente, o rótulo de herdeiro do Rei do Baião. Inclusive, nos anos 1990, ele recebeu apoio estatal para um projeto chamado “Asa Branca”, em que ele levava forró pelo país para cultuar a memória do músico que o descobriu.

Dominguinhos, diferentemente do Gonzaga, nunca parou de gravar música instrumental. “Nessas músicas, eu diria que estão as mais virtuosísticas obras dele”, avalia o pesquisador. Depois, o artista passou a assumir a imagem com um chapéu de vaqueiro e nunca deixou de usar. “Era mais comum ele aparecer com roupas modernas, camisas floridas, cabelos grandes em um flerte com os tropicalistas”.

Amor e mágoa-O biógrafo explica que foi Anastácia (que era mais conhecida do que o parceiro) quem o ensinou a cantar. Era uma relação profissional e amorosa em que as letras também mergulhavam em empolgação ou melancolia.

“Anastácia é uma compositora que ele conhece em 1967 e tem um caso amoroso com ela. Eles viram amantes e ficam juntos até 1978”.

O término abrupto deixou mágoa na artista, que foi entrevistada pelo pesquisador. Hoje ela tem 83 anos de idade, vive em São Paulo (SP) e, segundo o pesquisador, revela detalhes da vida com Dominguinhos.

Ela guardou tristeza profunda, destruiu fotografias com o antigo parceiro, mas reconhece que foi o amor da vida dela. As traições recorrentes do artista, além de a desanimarem, foram inspirações para composições. Ficaram 30 anos sem se comunicarem e só se encontraram quando Dominguinhos descobriu o câncer que iria matá-lo.

A história de amor clandestina começou em uma turnê com Luiz Gonzaga. Depois, passaram a viver e se encontrar em São Paulo. “Foi lá, inclusive, que compuseram Eu Só Quero um Xodó, que é um grande clássico”.

“Antes, era Anastácia quem o levava para conhecer as pessoas. Ela era uma compositora. Ele compunha temas instrumentais”. A artista explicava como escolher e desenvolver um tema, e voltar para o refrão. “Ela deu a régua e o compasso para ele no mundo da canção”, diz o biógrafo. A parceria ganha os sons de baiões, xotes, forrós e também boleros.

Sonoridades-A união musical rendeu discos como Domingo, Menino Dominguinhos (1976). Outros álbuns que o pesquisador destaca são Apôs, tá Certo (1979), Querubim (1981) e Simplicidade (1982).

“São os meus preferidos. A discografia dele é longa. Depois tem a parceria com o Nuno Cordel também, em meados dos anos 1980, quando ele não tem mais a Anastácia. Ele se separa dela em 1978 e também da esposa no Rio de Janeiro porque ele se apaixona por outra artista, Guadalupe, com quem ele ficou casado por cerca de dez anos”.

Dominguinhos, sem Anastácia, passou a procurar compositores como Alceu Valença, Chico Buarque, Djavan e Gilberto Gil. “Ele teve grandes parceiros”. Mas o artista apreciava aqueles que respondiam rapidamente. Por isso, sentia falta da antiga companheira.

Dominguinhos, na avaliação do biógrafo, trouxe uma feição nova para o gênero do Luiz Gonzaga. A sanfona que ele usou mais tempo na vida foi um modelo Giulietti, ítalo-americana, que ele comprou usada na Inglaterra.

“Ele se encantou com aquela sonoridade”. E isso fez parte das transformações musicais dos anos 1970. “Ele é um agente fundamental desse momento”.

O forró misturado a outras influências entoaram uma nova história para a música nordestina. O pesquisador afirma que não houve um batismo oficial de Rei do Forró, mas considera que Dominguinhos ajudou a moldar o ritmo que é ouvido no século 21.

“Hoje em dia, todo sanfoneiro quer ter o instrumento igual do Dominguinhos”. E também a inventividade de uma sanfona que não parou, que cantava o amor, celebrado com xodós, que “alegre meu viver” e pela busca de estar “de volta para um aconchego”.

*AGENCIA BRASIL Cibele Tenório, da Rádio Nacional


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NEMA DA UNIVASF É DESTAQUE EM REPORTAGEM DA REVISTA FAPESP

O Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) tem se destacado por suas contribuições significativas na recuperação da biodiversidade vegetal da Caatinga, bioma mais representativo no semiárido brasileiro. Em reportagem recente da revista Pesquisa FAPESP, o biólogo e professor da Univasf Renato Garcia Rodrigues, coordenador do Nema, enfatizou a importância de restaurar o solo para o sucesso da revegetação. 

"Para recuperar a vegetação na Caatinga, temos de recuperar o solo. Não adianta plantar em solo ruim, duro e seco, como o de um estacionamento”, enfatiza o coordenador do Nema, Renato Garcia, na reportagem. Desde 2016, o Nema, sob sua liderança, desenvolve e implementa métodos de baixo custo para restaurar áreas degradadas ao longo de dois mil hectares às margens dos canais de transposição do Rio São Francisco. Essas iniciativas, realizadas em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), incluem a identificação de espécies nativas adaptadas às condições locais e a criação de núcleos de aceleração de regeneração natural.

Uma das estratégias adotadas pelo Nema é a dispersão de sementes de espécies pioneiras, como a mata-pasto (Senna uniflora), herbácea com flores amarelas, que formam uma cobertura vegetal capaz de enriquecer o solo e facilitar o desenvolvimento de outras plantas ao ajudar na retenção de água. Além disso, o plantio de árvores nativas em agrupamentos estratégicos tem apresentado taxas de sobrevivência maiores que 90% para algumas espécies, o que demonstra a eficácia dos métodos empregados.  

Até o momento, foram plantadas mais de 45 mil árvores pioneiras e cerca de 9.200 secundárias no Eixo Leste, além de mais de 44 mil pioneiras e 32 mil secundárias no Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O plantio está previsto para ser concluído em três anos. Os resultados apresentados pelos pesquisadores do Nema, que identificaram 26 espécies nativas adequadas para a restauração de áreas degradadas, foram detalhados em um artigo publicado na Journal of Applied Ecology em março de 2023.

Essas ações do Nema não apenas promovem a recuperação ecológica da Caatinga, mas também contribuem para a sustentabilidade ambiental e o bem-estar das comunidades locais, reforçando a relevância das pesquisas e trabalhos desenvolvidos pelo núcleo. 

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PRIMEIRA EDIÇÃO DA EXPOCARIRI SERÁ REALIZADA ENTRE OS DIAS 6 A 8 DE DEZEMBRO EM BARBALHA

O município de Barbalha, no Cariri cearense, recebe de 6 a 8 de dezembro de 2024 a primeira edição da ExpoCariri, feira agropecuária promovida pelo Sistema Faec/Senar e Embrapa Algodão, em parceria com Sebrae, Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e Governo do Ceará. 

O evento, que reunirá representantes de 25 municípios da região sul do Estado, será realizado no Campo Experimental da Embrapa Algodão, na Rodovia Otávio Sabino Dantas (Corredor dos Sabinos), em Barbalha.

No sábado (7) pela manhã, será realizada a Inauguração da Sede Regional do Sistema Faec/Senar no Cariri, e logo depois terá início o Encontro de Produtores Rurais, durante o qual serão apresentadas as ações do Sistema Faec/Senar e será feito o lançamento do projeto “Algodão do Ceará”, variedade de algodão de fibra longa que está sendo desenvolvida no local pela Embrapa. A ideia, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, é revitalizar a cotonicultura no Estado, com um produto de alto valor agregado.

Na sexta-feira (6), a Faec promove o Encontro de Mulheres do Agro do Cariri e o Encontro de Jovens do Agro Cearense – edição Cariri, com palestras sobre o protagonismo feminino no campo, liderança e empreendedorismo no agronegócio, dentre outros assuntos.

A ExpoCariri será realizada em um ambiente de 10 hectares de área irrigada e plantada e contará com a participação de mais de 40 empresas expositoras. Nos três dias de evento, é esperado um público de 3 mil pessoas, entre produtores rurais, técnicos, pesquisadores, empresários e interessados em geral.

A programação inclui palestras técnicas de seis unidades da Embrapa (Algodão, Mandioca e Fruticultura, Semiárido, Cerrados, Milho e Sorgo) além da participação de Instituições de Ensino como UFCA, IFCE, Fatec e de empresas do setor. O público-alvo são pequenos, médios e grandes produtores rurais, além de técnicos e alunos.

A ExpoCariri é promovida pela Faec, Embrapa, Federação das Indústrias (Fiec), Sebrae, e Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE). O evento visa fortalecer a agricultura local, incentivar a adoção de novas tecnologias e fomentar o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário no Cariri.

PROGRAMAÇÃO:
Sexta-feira, 6 de dezembro
-Encontro Mulheres do Agro:
9h00: Abertura e Posse da Comissão Estadual das Mulheres do Agro da Faec
9h30: Palestra “Propósitos que Transformam Negócios”
10h20: Palestra “A Força Feminina e o seu Protagonismo no Agro Nordestino”
11h00: Palestra “Elas são Força e Voz do Agro no Cariri Cearense”

-Encontro de Jovens do Agro:
14h00: Abertura
14h30: Palestra “Liderança Empreendedora no Agronegócio: Desafios e Oportunidades”.
15h30: Palestra “Arranjos produtivos Locais: Um Celeiro de Novas Lideranças”
16h30: Palestra “Jovens Liderando o Agro: Caso de Sucesso em Santana do Cariri”.
17h30: Encerramento

Sábado, 7 de dezembro
-Encontro de Produtores Rurais do Cariri:
9h00: Credenciamento.
10h00 às 13h00: Apresentação das ações do Sistema Faec/Senar na região do Cariri.; Lançamento do plantio de algodão; Pronunciamento das autoridades presentes.
13h00: Churrasco de Fogo de Chão.

SERVIÇO
Data: 6 e 7 de dezembro
Hora: a partir das 9 horas
Local: Campo Experimental da Embrapa Algodão. Avenida José Bernardino Leite, 4000. Km 4, Buriti, Corredor dos Sabinos. Barbalha-CE.

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IVAN GREG LANÇA MÚSICA SANTO RIO

O majestoso rio São Francisco acaba de ganhar uma nova expressão musical com o lançamento de "Santo Rio". A música, que homenageia a maior riqueza do sertão e celebra a conexão entre as águas do rio e o povo nordestino, traz a assinatura dos compositores Camila Yasmine e Gean Ramos Pankararu e ganha vida com a interpretação do músico Ivan Greg

Com uma combinação única de xaxado, sanfona, zabumba, triângulo e violão, "Santo Rio" ecoa pelos corações sertanejos como uma reza, transportando quem ouve para as margens do São Francisco e para o cotidiano do sertão.

O lançamento da faixa e do clipe acontecerá no próximo sábado, 30 de novembro, em todas as principais plataformas de streaming. Já o videoclipe, gravado em locações que exaltam a beleza e a essência do Velho Chico, terá uma estreia especial no evento Fuá do Poeta realizado no Zé Matuto, em Petrolina, a partir das 22h .

Mais do que uma canção, "Santo Rio" é um hino ao Velho Chico e a tudo o que ele representa: vida, cultura e resistência. Acompanhe o lançamento e mergulhe nesta poesia.

Serviço:

O que: Lançamento da música e clipe "Santo Rio"
Onde: Zé Matuto, Petrolina
Quando: Sábado, 30 de novembro, às 22h
Disponível em: Principais plataformas de streaming 

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Jornalista | Assessora de Comunicação | Social Media
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I EXPOCARIRI SERÁ REALIZADA EM DEZEMBRO, EM BARBALHA-CEARÁ

Entre os dias 6 a 8 de dezembro vai acontecer a Expocariri, no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha/Ceará. 

O evento é uma realização da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) realiza nos dias 6, 7 e 8 de dezembro, a I ExpoCariri, a Feira da Agropecuária da região Sul do estado do Ceará, em parceria com a Federação das Indústrias (Fiec), o Sebrae-CE,Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa Algodão-Barbalha Ceará.

A ExpoCariri vai acontecer no Campo Experimental da Embrapa Algodão, Corredor dos Sabinos, na cidade de Barbalha e pretende reunir produtores rurais e agroindustriais de todo o Nordeste.

No dia da abertura da I ExpoCariri, será inaugurada o escritório de representação da Faec/Senar, em Barbalha.

A programação técnica prevê palestras sobre o cultivo de sorgo, o sistema de confinamento consorciado para ruminantes, a macaúba como fonte de renda, o amendoim como opção para abertura, renovação e rotação, as perspectivas para o algodão no Ceará, a maximização da produtividade do milho, e a nova biotecnologia de controle da lagarta do cartucho do milho.

A programação da ExpoCariri incluirá eventos sociais, como o Encontro de Mulheres do Agro do Cariri, o Encontro de Jovens do Agro Cearense, além do já tradicional Encontro de Produtores Rurais.


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ATOR MARCOS PALMEIRA VISITA EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA

O produtor orgânico, Marcos Palmeira viaja pelo Brasil em busca de experiências de sucesso e casos de trabalho que resultam em qualidade de vida. Dessa vez, o destaque é Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga. Marcos Palmeira gravou nesta quarta-feira (6), sobre o combate a desertificação na região do semiárido, programa que será exibido na TV Futura, o  “Manual de Sobrevivência para o século 21.

O ator foi conhecer a Associação de Agricultores Familiares da Serra dos Paus Doias, localizada na Chapada do Araripe e que tem a missão de produzir preservando a vida no Semiárido gerando renda, emprego e sustentabilidade. Este ano, a Associação Agrodoia recebu o Premio Vasconcelos Sobrinho 2024, devido a dedicação ao Sistema Agroflorestal com meio ambiente, agricultura e Escola Sustentável.

"Impressionado. É um trabalho diferenciado, merece ser valorizado. Estou emocionado e feliz em conhecer o trabalho deles. Valorizam as plantas medicinais, oleos essenciais, focam o trabalho em conhecimento ancestral e tudo compartilhado com outras famílias", disse Marcos Palmeira.

Ano passado o BLOG NEY VITAL destacou a reportagem Agrofloresta: Mestrandos em Extensão Rural-Universidade Federal do Vale do São Francisco visitam Serra dos Paus Doias, em Exu (PE). 

Marcos Palmeira e Equipe conheceram a Agrodóia um Território de restauração e regeneração, referência de prática no Brasil e exterior. A agrofloresta criada e manejada por Maria Silvanete e Vilmar Lermen, suas filhas, Fernanda e Débora, e filhos, Jeferson e Pedro, se apresenta como um manto verde germinado na paisagem do semiárido, onde abundam centenas de cultivares, plantas medicinais, árvores, abelhas e outros seres que ali habitam, convivem e transformam o ambiente em busca de um bem viver.

Maria Silvanete Lermen é educadora popular, orientadora em saúde comunitária, benzedeira de mãos postas, orientadora de portais ancestrais, agroflorestora, praticante e pesquisadora das vivências dos povos. Vilmar Lermen é agricultor agroflorestal, possui mestrado em extensão rural na Univasf. 

A comunicadora da Agrodóia e do Espaço Maiêutica, Fernanda Lermen, ressaltou que @manualdesobrivivencia, Marcos Palmeira veio para Exu para falar de agrofloresta, como maneira de combater a desertificação e assim "conhecer a experiência de duas famílias da Agrodóia, a família Lermen e família Cavalcanti.

"O objetivo é enfrentar o processo das mudanças climáticas que estão ocasionando sérios problemas ambientais, por exemplo a desertificação.  A agrofloresta é um caminho para o combate a este problema que afeta várias regiões no mundo atualmente", explica Fernanda Lermen.

A desertificação tem avançado na Caatinga por causa de mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo todo. Nos últimos 36 anos, o Bioma Caatinga, que só existe no Brasil, já perdeu 40% da área de rios e lagoas e 10% da vegetação nativa, segundo um levantamento da rede Mapbiomas.

Em Pernambuco, por exemplo, 123 dos 184 municípios estão correndo o risco de desertificação, segundo um estudo do qual participou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Iêdo Bezerra Sá.

A caatinga ocupa um décimo do território nacional, quase todo no Nordeste. O seu nome vem do Tupi e significa "Mata Branca", que é a aparência da vegetação durante a seca.

Ao longo de quase 25 anos vivendo e trabalhando na zona rural de Juazeiro (Bahia), a agricultora Ana Lucia da Silva, 41 anos, viu a paisagem e o clima do lugar mudarem. Ela conta que já não consegue mais plantar mandioca e mamona, por exemplo, assim como faziam seus pais e avós. "Está cada vez mais quente. As chuvas diminuíram, e, quando vem, é por um curto período. Depois, só no outro ano. A gente sai para trabalhar porque é obrigado. Vai na roça aguentando o calor, solzão na cabeça, não é fácil, não".

Ana Lucia é uma das moradoras da primeira região árida do Brasil, identificada por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em cinco municípios do nordeste da Bahia: Rodelas, Juazeiro, Abaré, Chorrochó e Macururé e que ocupam uma área de 5,7 mil km².

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SERROTE AGUDO

Quando eu conheci Rafael ele já havia abandonado a adolescência. Era um jovem longilíneo, bonito, pele crestada pelo sol do sertão e cabelos cheios e rasantes. Saiu do Cariri ainda novinho, para estudar no Colégio Salesiano e depois ser advogado. A verdade é que o rapaz desejava mesmo ser historiador. Por isso sentia necessidade de se embrenhar nos fatos históricos exatamente como adentrava na caatinga. Amava ler “Sagarana”, “Grande Sertão Veredas”, “Quinze”, “Menino de Engenho”, “Capitães de Areia ”além de outras obras sobre a mesma temática.

Eu sempre exagerei na tentativa de olhar bem no fundo nos olhos do outro. Talvez acreditasse que só assim eu poderia sentir e capturar a alma. Logo concluí que meu desejo era só delírio. O rapaz jamais permitiria. Ele costumava virar o globo ocular para direita e para a esquerda. Outras vezes baixava a cabeça ou espreitava o infinito. Parecia comunicar que o ser humano era uma figura invasiva e pecaminosa. Aos poucos, o que era hábito se converteu em minha obsessão. Impudente, certa vez campeei uma lágrima em seus olhos. Ela poderia revelar sofrimento, amor, alegria, tristeza, raiva, medo, afeto, vergonha, admiração ou até culpa.

Nada aconteceu. Para minha surpresa, o rapaz comentou com certa alheação que era um homem despojado de medo. Desconfiei dessa mentira, apenas pelos olhos irrequietos e fugidios. Numa das raras oportunidades de conversa, indaguei se ele pensava em casar. Disse-me que o pai, um fazendeiro abastado, lhe havia destinado uma virgem bonita de seios abundantes destinados a alimentar os futuros rebentos. Mas logo mudou de assunto e nunca mais conversou sobre o tema.

Numa manhã qualquer, tentei conhecer os projetos do rapaz. Mas ele repetiu, circunspecto, que “o futuro é como uma pipa, quanto mais soltamos a linha mais distante ele vai ficando”. Num dia chuvoso de agosto, dividimos o espaço de uma biblioteca. Ganhei coragem e indaguei: Você já percebeu que seus olhos estão sempre voejando sem pouso certo? Poucas vezes eles ficam paralisados. Sem afastar os olhos do infinito ele responde: “por vezes é preciso lançar os olhos para bem longe. Só assim é possível enxergar o que está bem perto”.

Descobri, com o tempo, que o jovem não desejava ser advogado. Afinal, jamais acreditou na justiça, exceto na de Deus. Certa vez ele falava das viagens feitas na companhia de vaqueiros da sua fazenda. Mal começava o dia, o grupo tangia o rebanho ao som do berrante. Para ele o vaqueiro era sempre um herói que adentra ou se embrenha na mata para capturar e trazer de volta a rês brava ou arredia. Eu escutava tudo de esguelha, como se estivesse no sereno nos bailes da minha adolescência. Por isso ele jamais desconfiou do meu empenho.

Acredito que qualquer narrativa configura a verdadeira história daquele que expõe ou escreve. Eis a minha que se revela em dois atos conectados. Reinicia com a chegada de um judeu francês de nome Marcolino, proprietário da fazenda “Serrote Agudo” localizada no Cariri.

No passado, havia festa de gado e vaquejada reunindo a população local. Hoje ela é um assentamento ou quase museu. Zé Marcolino Alves, autor paraibano que morreu em 1987, vítima de um desastre na Caraíba, Pernambuco, passou pelas terras do fazendeiro em seu cavalo e sentiu o coração apressado e cheio de dor e arrepio. Naquele instante uma canção triste germinou da agonia e aflição do compositor.

Não era o aboio, era o “Serrote Agudo” que assim principiava: “em viagem incontinente, vendo a sua solidão, saí pensando na mente, eu vou fazer um estudo pra lhe contar amiúde, quem já foi Serrote Agudo...foi um reino encantado... onde o touro em manada borrava cavando o chão, fazendo revolução na época do trovoada, dando berros enraivado por achar-se enciumado... Um major rijo, porém animado, fazia festa de gado onde o vaqueiro afamado campeava todo dia. Hoje, sem major sem nada só se vê porta fechada...não reina mais alegria”.

O “Dicionário Musical Brasileiro”, de Mário de Andrade (1982), introduz o verbo masculino aboiar despojado de estrófica.. O aboio permite as vocalizações ou palavras interjectivas: “boi êh boi”... Diferente é a música triste de Zé Marcolino.

O belo e o trágico trazem de volta a figura de Rafael sete décadas depois. Na minha frente percebo a imagem de um duplo: um corpo que não era mais o imaginário de outrora; um corpo antes desejado e que já não configurava algo possível. Eis a história da velhice como algo travento e desconfortável. O belo rapaz de outrora ainda era magro e delgado, embora a espinha dorsal já estivesse curvada e os ombros revelassem certo desalinho ou desconcerto. 

Os cabelos estavam muito ralos e infinitamente brancos e sem corte. Percebi pequenos sinais de pele na coloração de rebuçado queimado. Estavam em todos os espaços da sua carne enrugada. Pareciam numerar os anos de vida. Logo identifiquei o seu olhar hirto ou meio acuado repetindo os velhos tempos. Mas juro que havia uma transformação inesperada: já não existia linha suficiente para soltar a pipa. O futuro era agora o presente.

Novamente escutei a canção de Zé Marcolino na voz do grande Luís Gonzaga. E tudo sucedeu num breve instante: Rafael escutou Gonzaga e chorou alto e forte. Mesmo sem mostrar os olhos, disse muito alto: “Pai, mãe, vocês se foram, todos estão indo, e eu?

 DAYSE DE VASCONCELOS MAYER-é doutora em Ciência Jurídico Políticas


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Jornalismo, Morte e Imaginário: Desafios na Cobertura de Temas Sensíveis na Era Digital

O ser humano é produto de uma complexa cadeia de elementos que o formam, constituído não apenas por carbono, mas também por hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros componentes que moldam nossa biologia. Contudo, é essencial reconhecer que não somos apenas matéria física; somos movidos pelo social, pelo cultural e pelo imponderável, imersos em teias de significados que dão sentido à nossa existência, desde a origem até a finitude.

Nos tempos atuais, em que as tecnologias digitais ganham cada vez mais destaque e a exposição às telas parece exigir de todos nós mais evidência e rapidez em tudo que fazemos, a discussão sobre a morte surge de forma necessária e substancial. Historicamente, o Código de Ética do Jornalismo recomendava cautela ao noticiar casos de assassinato, suicídio e estupro, por serem considerados temas sensíveis, cuja divulgação, segundo a sociologia, poderia estimular novos casos. Esse discurso estava atrelado a um contexto sociocultural e histórico em que as tecnologias digitais e a exposição às telas ainda não tinham a relevância atual e não faziam parte do cotidiano como fazem hoje, quando carregamos o mundo digital na palma das mãos.

Mas, o que mudou? Vivemos em uma sociedade da imagem, onde as narrativas visuais desempenham um papel central na construção e interpretação da realidade. Esse conceito remete à crescente importância das imagens, especialmente no contexto das mídias digitais, que moldam percepções e comportamentos. Nesse cenário, o contexto sociocultural transforma-se constantemente. Hoje, diante de tantas situações e anomias sociais, é claro que o jornalismo não é apenas um meio de divulgar informações; ele se constitui como um produtor de sentidos. Por isso, é essencial que o profissional da área tenha um senso crítico e estético sobre o mundo ao seu redor e um papel pedagógico diante dele. Isso inclui falar sobre esses acontecimentos, em vez de escondê-los sob o tapete de uma retórica distorcida.

Nessa perspectiva, é fundamental compreender que a morte também possui uma dimensão imagética. Na Antropologia do Imaginário, a morte é um dos grandes arquétipos que estruturam o imaginário humano, sendo representada de diferentes formas nas diversas culturas e momentos históricos. Essas imagens da morte, carregadas de simbolismos, não apenas refletem o medo ou a aceitação do fim, mas também revelam nossa busca por sentido e transcendência. Portanto, quando o jornalismo aborda a morte, ele está lidando não apenas com fatos, mas com as profundas construções simbólicas que ela carrega, capazes de influenciar nossas percepções e atitudes.

Ao noticiar temas como suicídio e outras pautas consideradas sensíveis, é preciso ter clareza sobre como essas imagens estão sendo construídas, favorecendo o diálogo com diversas áreas do conhecimento e compreendendo que o mundo mudou. Evitar falar sobre esses assuntos, que são reais e presentes no seio da sociedade, não os fará desaparecer; ao contrário, pode perpetuar o silêncio e a incompreensão em torno deles. Precisamos abordar essas questões de forma coerente e pedagógica, despertando a empatia e estimulando a construção de políticas públicas efetivas para lidar com esses cenários.

Claro que o cuidado e a prudência ao noticiar e como noticiar esses fatos devem estar sempre presentes, de modo a evitar o sensacionalismo e a desinformação. No entanto, excluí-los dos noticiários, blogs e diversos sites não se encaixa mais nos tempos de hoje, em que a produção de conteúdo e a informação estão ao alcance de todos. O jornalismo deve ir além da simples informação, exercendo uma função social que passa por despertar a reflexão e promover o entendimento crítico. 

Nilton Sobreira Leal Professor de Jornalismo em Multimeios – UNEB – pesquisador da Antropologia do Imaginário e doutorando em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental 

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O ADEUS AO CINEASTA VLADIMIR CARVALHO

O cineasta Vladimir Carvalho será velado nesta sexta-feira (25) no Cine Brasília, das 9h30 às 13h30. O enterro será no Cemitério Campo da Esperança, às 14h30, na área destinada ao sepultamento dos pioneiros da capital federal.

Em nota, a Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, onde Vladimir foi docente por mais de duas décadas, afirmou que ele “é admirado por sua generosidade, conhecimento e dedicação ao ensino.” Essas virtudes são unanimidades entre cineastas, ex-alunos e amigos ouvidos pela Agência Brasil.

“Ele tinha um séquito de alunos. Até gente que não teve aula com ele o admirava. Era uma admiração por osmose, passada por outras pessoas”, lembra Bruno de Castro que trabalhou na UnB com intermédio de Vladimir.

“Um dia eu comentei com ele que queria tentar trabalhar um pouco em uma universidade. O Vladimir, na hora, foi atrás das pessoas para abrir caminho. ”Bruno de Castro trabalhou na UnB por cerca de oito anos por intermédio de Vladimir. “Foi fantástico, fizemos a UnB-TV.  Ele deu muita força”, recorda-se. “Vladimir não poupava esforço para ajudar a fazer coisas interessantes.”

Expert em documentários-Castro teve oportunidade de produzir um making off da produção do documentário “Barra 68” (2000) e ver Vladimir Carvalho atuando como diretor. “O Vladimir vinha de uma escola de documentaristas, que tinha o Eduardo Coutinho [1933-2014] como grande referência. Eles tinham um modelo de trabalho. Era um negócio assim: muito de sentar e conversar com o entrevistado até arrancar o que precisava. Sabiam exatamente o que queriam”, compara.

A admiração pelo trabalho de Vladimir Carvalho fez com que o cineasta Marcio de Andrade produzisse o documentário “Quando a coisa vira outra” (2022) sobre Vladimir e seu irmão, também cineasta, Walter Carvalho. “O meu desejo de trabalhar com ele se transformou num documentário a seu respeito e à sua trajetória”, conta Andrade.

O documentário foi bem acolhido por Vladimir. “A reação dele foi uma grande alegria. A gente fica tenso, né? Afinal, ele era um expert de documentários, né? Sabia fazer como ninguém. E foi ótima a proximidade com ele. Desde sempre o Vladimir foi uma referência pra gente.”

A gentileza de Vladimir Carvalho também é lembrada pela atriz e diretora Catarina Accioly que postou em suas redes sociais imagens de uma conversa com Vladimir logo após a exibição do seu documentário “Rodas Gigante” no Festival de Brasília de 2023.

“Ele fez uma baita declaração ao filme, sabe? Foi muito especial. Tinha acabado a sessão e eu estava super emocionada. Recebi estímulos de ‘ter acertado” de ‘que aquilo era documentário’. Quanto maior o artista, mais generoso é”, declara Catarina.

Aprendiz curioso-A servidora pública aposentada Mercês Parente foi aluna orientada por  Vladimir no início dos anos 1970 na UnB. Ao longo do tempo tornou-se amiga e compartilha profunda admiração pelo cineasta. “Ele tinha uma visão analítica de mundo. Fazia umas correlações incríveis. Mas sempre se portou como um aprendiz”, afirma.

“A faísca impressionante é a curiosidade. Quanto mais velho, mais ficava curioso e atento”, concorda o cineasta Marcus Ligocki que produziu o último documentário de Vladimir Carvalho “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011).

“Conectar com a emoção de vida e brilho nos olhos foi fundamental para mim. Aprendi muito com ele sobre paixão, narrativa e método de filmar. Ele estava 100% imerso na produção dos filmes. Pesquisando e arquivando informação para os próximos filmes. Havia cinema correndo nas veias dele. Nunca foi um prestador de serviço do audiovisual, filmou seus pensamentos e suas emoções em relação ao mundo e em relação a Brasília.”

Pablo Gonçalo Martins, professor de audiovisual da UnB, também percebia em Vladimir Carvalho “paixão por tudo que cercava sua vida.” O acadêmico conheceu Vladimir em uma sessão de cinema de um filme do diretor Roberto Rossellini [1906-1977], do neorrealismo italiano, uma das influências do cineasta brasileiro.

Martins se recorda de um punhal de cangaceiro que Vladimir mostrou, guardado entre as suas coleções que também incluíam filmes, máquinas fotográficas, câmeras, equipamentos de produção cinematográfica - uma parte da memória do cinema brasileiro que o cineasta doou à Universidade de Brasília. (Agencia Brasil)

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MÉDICOS ALERTAM PARA RISCO DE QUEDA DE IDOSOS, SAIBA COMO EVITAR

A Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico alerta para risco de queda de idosos, considerado um perigo comum no ambiente doméstico e ensina como evitar essas ocorrências.

De acordo com informações do Datasus, no primeiro bimestre de 2024, foram registrados 17.136 atendimentos hospitalares e 9.658 atendimentos ambulatoriais, envolvendo idosos, na faixa etária de 60 a 110 anos. Em 2023, por exemplo, houve 106.401 atendimentos hospitalares e 45.684 ambulatoriais.

“Diversos fatores podem causar o aumento de quedas entre os idosos, como a fraqueza e perda muscular do corpo, efeitos colaterais de alguns remédios, perda de sensibilidade por distúrbios neurológicos, além de doenças ortopédicas ou prejuízo dos sentidos de visão e audição”, explicou o presidente da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.

Apesar de os acidentes domésticos serem comuns e poderem afetar pessoas de qualquer idade, a Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico ressaltou que, durante o período de envelhecimento, as quedas, principalmente, as que acontecem dentro de casa, são mais regulares e perigosas e podem causar sequelas dolorosas e permanentes.

“A recuperação de idosos não é simples. Uma fratura geralmente precisa de intervenção cirúrgica ou de períodos prolongados de imobilizações, isso porque, os ossos não são tão saudáveis quanto ossos jovens, além da falta de força muscular nessa idade. Fraturas no fêmur, coluna vertebral e bacia podem diminuir a mobilidade de um idoso, além de necessitar de fisioterapia intensa para a recuperação”, disse o ortopedista.

Para prevenir as quedas, o médico recomenda uma abordagem multidisciplinar, partindo da avaliação clínica do idoso e de acompanhamento médico para identificar possíveis condições de saúde que aumentem o risco de queda. Entre essas condições estão problemas cardiovasculares, neurológicos e musculoesqueléticos. É importante ainda que o idoso faça atividade física regular, com exercícios específicos para melhorar a força muscular, fortalecer e trazer mais equilíbrio, reduzindo o risco de quedas. Além disso, recomenda-se uma dieta balanceada para manter a saúde óssea e muscular, prevenindo fraquezas, que podem ocasionar as quedas.

A remoção de obstáculos, instalação de barras de apoio em banheiros e melhorias na iluminação também são úteis para evitar acidentes domésticos. “Os idosos têm que se adaptar às limitações da idade. Eles devem, além de modificar suas casas, evitar roupas que podem enroscar em seus pés e aderir ao uso de sapatos bem ajustados, de preferência fechados e com solados antiderrapantes e de borracha. Há diversas recomendações para que familiares auxiliem a pensar uma casa e rotina mais segura para o idoso”, aconselhou Caieiro.

É preciso ainda evitar tapetes soltos pela casa; ter corrimão dos dois lados das escadas e corredores; colocar tapete antiderrapante nos banheiros; evitar andar em áreas com piso molhado; evitar encerar a casa; evitar móveis e objetos espalhados pela casa ou em corredores de circulação; e deixar uma luz acesa à noite para o caso de precisar levantar da cama. Também é importante o idoso esperar que o ônibus pare completamente antes de subir no veículo ou descer; utilizar sempre a faixa de pedestres ao atravessar as ruas; e, se necessário, usar bengalas, muletas ou instrumentos de apoio.

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A COMUNICAÇÃO SILENCIOSA ENTRE AS PLANTAS

Pela manhã, minha filha de seis anos entrou no nosso quarto e começou a ler uma história de um livro. Ela leu palavra por palavra em cada página, formando lentamente frases completas. Às vezes, ela tropeçava e pedia ajuda com algumas "palavras engraçadas" — mas, quando o livro acabou, ela havia nos contado uma história sobre um urso na neve.

A comunicação verbal é uma das muitas razões pelas quais os seres humanos se tornaram tão bem-sucedidos como espécie. Desde alertar uns aos outros sobre perigos até comunicar informações complexas, nossa capacidade de falar tem sido crucial.

Mas não são apenas os seres humanos e outros animais que desenvolveram uma comunicação sofisticada. Muitas pessoas pensam nas plantas como seres passivos, mas elas têm sua própria maneira de interagir umas com as outras. Esta ideia já existe há algum tempo, tendo inspirado até mesmo filmes de Hollywood, como Avatar.

Mas a ciência recente está mostrando que os sistemas de comunicação das plantas podem ser mais complexos do que imaginávamos.

Estas redes de comunicação são sensíveis e estão em equilíbrio. Imagine o quão afetado nosso mundo seria se os sistemas de rede global sofressem uma pane de repente.

Os recentes apagões cibernéticos da CrowdStrike são apenas um exemplo de como estes sistemas são delicados e de como a comunicação é importante — e este também é o caso das plantas.

Para entender como organismos que não conseguem falar transmitem informações uns aos outros, é importante compreender que os seres humanos também têm um sistema de comunicação não verbal. Isso inclui nossos sentidos de visão, olfato, audição, paladar e tato.

Por exemplo, as empresas de gás natural adicionam uma substância química chamada mercaptano ao gás natural, dando a ele aquele cheiro característico de "ovo podre" para nos alertar sobre vazamentos. Pense também em como desenvolvemos a linguagem de sinais, enquanto muitas pessoas são hábeis em leitura labial.

Além destes sentidos, também temos a equilibriocepção (a capacidade de manter o equilíbrio e a postura corporal), a propriocepção (a percepção da posição relativa e da força das partes do nosso corpo), a termocepção (a sensação de mudanças de temperatura) e a nocicepção (a capacidade de sentir dor). Todas estas habilidades permitiram que os seres humanos se tornassem altamente sofisticados na comunicação e no envolvimento com o mundo natural.

Outras espécies, particularmente as plantas, usam seus sentidos para espalhar informações à sua própria maneira.

O que os vizinhos estão fazendo? A maioria de nós está familiarizada com o cheiro de grama recém-cortada. Os voláteis, ou substâncias químicas, liberados pela grama, que associamos a este cheiro, são uma maneira de comunicar a outras plantas próximas que um predador — ou, neste caso, um cortador de grama — está presente, provocando um ajuste nas defesas das plantas.

Em vez de usar sinais auditivos, as plantas utilizam uma comunicação induzida por substâncias químicas. Mas a comunicação das plantas não se restringe aos voláteis.

Recentemente, cientistas descobriram quão bem conectadas as plantas são — e com que eficiência são capazes de enviar mensagens para seus pares por meio de suas raízes, sinais elétricos, uma rede subterrânea de fungos e micróbios do solo. O sistema de patrulha da vizinhança das plantas foi descoberto.

Por exemplo, a eletrofisiologia é uma área científica relativamente nova que estuda como os sinais elétricos dentro e entre as plantas são comunicados e interpretados.

Com os grandes avanços no setor de tecnologia e inteligência artificial (IA), observamos um crescimento acelerado e significativo nesta área de pesquisa nos últimos anos.

Os cientistas podem estar prestes a fazer descobertas notáveis, com avanços recentes que integram a comunicação de sinais elétricos dentro e entre as plantas em estufas modernas para monitorar e controlar a irrigação de plantações ou detectar deficiências nutricionais.

Os cientistas conseguem isso inserindo pequenas sondas elétricas, semelhantes a agulhas de acupuntura, para testar como mudanças nos sinais elétricos se relacionam com o desempenho da planta, como o transporte de água, nutrientes e a conversão de luz em açúcares importantes.

Os pesquisadores chegaram a influenciar o comportamento das plantas enviando sinais elétricos a partir de telefones celulares, fazendo com que elas executassem respostas básicas, como abrir ou fechar as folhas em uma planta carnívora.

Em breve, poderemos ser capazes de traduzir completamente a linguagem das nossas plantas.

Grande parte da comunicação entre as plantas acontece no subsolo, facilitada por grandes redes de fungos conhecidas como "wood wide web" — "rede global florestal", em tradução livre, uma analogia à world wide web (www), a rede digital que permite usufruir do conteúdo transferido pela internet.

Esta rede de fungos conecta árvores e plantas no subsolo, permitindo que compartilhem recursos como água, nutrientes e informações. Por meio deste sistema, árvores mais velhas podem ajudar as mais novas a crescer, e as árvores podem avisar umas às outras sobre ameaças, como pragas.

É como uma internet subterrânea para árvores e plantas, ajudando-as a se apoiar e se comunicar umas com as outras. A rede é extensa — acredita-se que mais de 80% das plantas estejam conectadas —, o que faz dela um dos sistemas de comunicação mais antigos do mundo.

Assim como a internet nos permite conectar, compartilhar ideias, conhecimento e informações que podem influenciar a tomada de decisões, a wood wide web permite que as plantas usem fungos simbióticos para se preparar para as mudanças ambientais.

No entanto, perturbar o solo por meio do uso de produtos químicos, do desmatamento ou das mudanças climáticas pode interromper os nós de comunicação, ao afetar os ciclos de água e nutrientes nessas redes, tornando as plantas menos informadas e conectadas. Ainda não foram realizadas muitas pesquisas sobre os efeitos da interrupção dessas redes.

Mas sabemos que o comportamento responsivo das plantas, como as respostas de defesa e a regulação dos genes, pode ser alterado por sua rede de fungos se elas estiverem conectadas a uma.

Portanto, esta desconexão da comunicação pode torná-las mais vulneráveis, dificultando a proteção e a restauração de ecossistemas ao redor do mundo. Ainda há muita coisa que os cientistas precisam aprender sobre essas redes altamente complexas.

Sabemos que é importante ajudar as crianças a aprender a ler para que elas possam navegar pelo mundo ao seu redor. Isso é tão importante quanto garantir que não desconectemos a comunicação das plantas. Afinal, dependemos das plantas para nosso bem-estar e sobrevivência.

* Sven Batke é chefe do departamento de pesquisa e intercâmbio de conhecimento e professor de ciência botânica na Universidade Edge Hill, no Reino Unido. Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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A SAGA DO VOTO: SOB SECA EXTENUANTE, POVOS ORIGINÁRIOS ANDAM 10KM A PÉ PARA VOTAR

Ultrapassando o cansaço de esperar em filas para votar, povos originários de tribos amazonenses precisaram caminhar por horas para exercer esse direito à cidadania no 1º turno. A seca do Rio Negro e Solimões impossibilitou o uso de barcos para chegar a Manaus, Amazonas, e percurso de 10 quilômetros precisou ser feito a pé. O vídeo, registrado pelo fotógrafo Chico Batata, é um alerta para o que essas comunidades ainda devem passar no 2º turno, em 27 de outubro, para elegerem David Almeida (Avante) ou o capitão Alberto Neto (PL) para a prefeitura da cidade.

Chico Batata conta que a intenção em acompanhar as quase três horas de caminhada de famílias indígenas “foi retratar o sacrifício que essas comunidades ainda enfrentam, demonstrando a resiliência dessas populações em um cenário que deveria ser mais acessível”. Manaus concentra mais de 52% do eleitorado do Amazonas, com cerca de 1,5 milhão de eleitores e quase 4 mil seções eleitorais espalhadas em 479 locais.

A maior seca da história na região levou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado a antecipar a entrega das urnas, em setembro, e disponibilizar helicópteros para atender 78 locais de votação, alcançando mais de 20 mil eleitores no dia 6 de outubro. Ainda assim, comunidades ficaram isoladas. Essa “saga pelo voto” não passou despercebida pelos olhos de Chico Batata, que cresceu na capital amazonense.

Em termos de extensão, o Amazonas é maior estado brasileiro. O 1,5 milhão de km² de território supera a soma das áreas dos estados das regiões Sul e Sudeste. Apesar das dificuldades, Manaus foi a capital com menor índice de abstenção entre as capitais do Norte, com menos de 20%. As horas de caminhadas percorridas por povos originários como os das tribos Tikuna e Tariano, e registradas por Chico, revelam a importância do voto e a determinação em eleger candidatos que representem seus interesses.

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SEMINÁRIO DEBATE SOBRE CONFLITOS NO CAMPO NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO

 "O que não falta depois dessa empresa é conflito, problema, medo de sair novamente do nosso território, falta de paz", desabafa Francisca Oliveira, da comunidade Pascoal, em Sento Sé. A professora foi uma das convidadas para o Lançamento do Caderno de Conflitos no Campo 2023, realizado na manhã de ontem (10), na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro, durante o 2º Seminário Política, Cultura e Ambiente. 

O conflito ao qual Francisca se refere é provocado por uma mineradora de ferro, que desde 2020 extrai minério na Borda do Lago de Sobradinho, causando prejuízos diretos a 12 comunidades ribeirinhas. A população local, que foi realocada por conta da construção da barragem de Sobradinho na década de 1970, agora vive novamente a ameaça de ser expulsa e convive diariamente com os danos da mineração: poluição do ar e da água, perda de animais e plantações, perigo nas estradas, aumento de doenças respiratórias, entre outros. 

Esse caso de Sento Sé foi um dos 2.203 conflitos no campo registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) no ano de 2023 em todo o país. A maioria dos conflitos registrados foi pela terra (1.724), seguidos de ocorrências de trabalho escravo rural (251) e conflitos pela água (225). Esses dados estão presentes no Caderno de Conflitos do Campo 2023, publicação organizada desde 1985 pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT Nacional, que traz um balanço anual dos dados das violências ligadas a questões agrárias no país. 

De acordo com o Caderno de Conflitos, o estado que mais registrou conflitos foi a Bahia: 249. Em seguida, estão o Pará (227), Maranhão (206), Rondônia (186) e Goiás (167). A agente da CPT da Diocese de Juazeiro, Marina Rocha, apresentou esses dados durante o Seminário da Univasf. No território da Diocese foram registrados, no ano passado, 20 conflitos por terra nos municípios de Sento Sé, Casa Nova e Campo Alegre de Lourdes; 4 conflitos por água em Sento Sé; e 1 tentativa de assassinatos e ameaça de morte em Campo Alegre de Lourdes.

"Estamos sempre em conflitos, por terra, água, energia, comida, moradia... e precisamos estar porque se pararmos, o bicho pega. A gente faz a luta, a gente precisa conhecer nossos direitos para permanecer em nossos territórios", afirmou Zacarias Rocha, do território de fundo de pasto de Areia Grande, em Casa Nova. Durante o Seminário, Zacarias relatou as quase cinco décadas de luta de sua comunidade, que resistiu à Barragem de Sobradinho, Ditadura Militar, grilagem de terras e diversas ameaças de empreendimentos do capital.

O assessor das Pastorais Sociais da Diocese de Juazeiro, Roberto Malvezzi (Gogó), fez um resgate histórico de como a violência faz parte da constituição do Brasil, desde a colonização aos dias atuais, e também na formação do território do Sertão do São Francisco. "A violência é histórica na região, desde a pistolagem, os jagunços... mas agora a situação é mais complexa, os conflitos no campo envolvem empresas, muitas vezes, transnacionais, que quando vamos para a questão jurídica tem que ser resolvida fora do país", destacou Gogó.

O Lançamento do Caderno de Conflitos no Campo 2023 em Juazeiro contou com a participação de estudantes, professores, agentes pastorais e integrantes de organizações populares. O evento foi organizado pela CPT Juazeiro e o Programa de Pós-Graduação em Política, Cultura e Ambiente (PoCAm/Univasf). O Caderno de Conflitos pode ser baixado, gratuitamente, no site da CPT Nacional.

fONTE: Texto e fotos: Comunicação CPT Juazeiro/BA

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RENATO TEIXEIRA, MACIEL MELO E RAIMUNDO SODRÉ PARTICIPAM USINA CULTURAL EM JUAZEIRO

Oficinas de literatura, fotografia, canto e saraus poéticos em escolas públicas, cinema na praça e shows gratuitos com cantadores, seresteiros, sanfoneiros e atrações, a exemplo de Renato Teixeira, Maciel Melo e Adelmário Coelho. Começa no dia 06, e prossegue até o dia 9 de novembro, em Juazeiro – BA, o festival Usina Cultural Vale do São Francisco.

Na quarta-feira (6), o poeta, cantador e coordenador do Usina Cultural, Maviael Melo, abre os trabalhos às 9h, na escola Mandacaru (bairro Jardim Primavera), ministrando uma oficina de literatura de cordel. Na sequência, o movimento desloca-se para o Salitre (interior do município), com oficinas de fotografia e de cordel, sarau poético, e encerramento às 19h30, com o cinema na praça, exibindo o filme O Auto da Compadecida.

De volta à cidade, a quinta-feira será recheada com espetáculos de literatura na Orla Nova. A partir das 19h30, se apresentam os coletivos Literáridas, Semiáridas e Em Canto e Poesia, com encerramento às 22h, ao som da sanfona de Raimundinho do Acordeon.

"Durante quatro dias, o festival Usina Cultural Vale do São Francisco vai enaltecer a diversidade artística, compartilhando atrações pela manhã, à tarde e à noite em lugares como o Colégio Modelo e o Lar São Vicente de Paula, onde os Seresteiros do Vale apresentam um sarau especialmente criado para os idosos na sexta-feira (8), a partir das 10h", ressaltou Maviael.

Ainda na sexta-feira, a Orla Nova de Juazeiro também será contemplada com um show especial do grupo de Seresteiros do Vale, a partir das 19h. No mesmo palco, apresentam-se em seguida, os artistas Ana Barroso, Maviael Melo, João Sereno e Rennan Mendes. Um show com Renato Teixeira e Maciel Melo encerra a noite com muita poesia e musicalidade.

O Usina Cultural se despede no sábado (9), na Orla Nova de Juazeiro, com um grande encontro de vozes e talentos artísticos para agradar os mais distintos gostos. Na abertura da noite, canta Andrezza Santos, depois vem Roberto Mendes e Raimundo Sodré. E fechando o programa, o público encontra-se com o 'Forrozeiro do Brasil', Adelmário Coelho (BA), mostrando um show novo.

O projeto Usina Cultural do Vale do São Francisco tem patrocínio da Agrovale e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

Serviço: O quê: Festival Usina Cultural do Vale do São Francisco

Quando: 06 a 09 de novembro de 2024

Onde: diversos espaços de Juazeiro da Bahia

Quanto: programação gratuita

Classificação: Livre para todos os públicos

Mais informações: https://www.instagram.com/usinaculturaloficial/




Confira a programação completa:




- Dia 06 de novembro – Quarta-feira


Bairro Jardim Primavera - Escola Mandacaru


09h às 12h - Oficina de Literatura de Cordel com Maviael Melo


Comunidade de Salitre/Escola


14h às 16h - Oficina de Fotografia –Manuela Cavadas / Oficina de Literatura de Cordel com Mavial Melo


19h- Sarau Poético – Apresentação dos resultados produzidos


19h30 Cinema na Praça –O Auto da Compadecida




- Dia 07 de novembro – Quinta-Feira


Orla Nova de Juazeiro


19h30 - Literáridas


20h - Semiáridas


21h - Em Canto e Poesia


22h - Raimundinho do Acordeon




Dia 08 de novembro – Sexta-Feira


Colégio Modelo


14h às 16h - Oficina de Canto com Ana Barroso


15h30 – Apresentação dos resultados produzidos


Lar Vicente de Paula


10h às 12h - Grupo de Seresteiros do Vale


Orla Nova de Juazeiro


19h - Abertura Cultural – Grupo de Seresteiros do Vale


20h - Ana Barroso


20h40 - Encontro de Cantadores com Maviael Melo, João Sereno e Rennan Mendes


22h - Renato Teixeira e Maciel Melo




- Dia 09 de novembro – Sábado


Orla Nova de Juazeiro


20h - Andrezza Santos


21h Roberto Mendes e Raimundo Sodré


22h Adelmário Coelho

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MÚSICO ZÉ GOMES, SOBRINHO DE JACKSON DO PANDEIRO

Zé Ramalho está na estrada. Zé Ramalho participou no final da tarde deste sábado, do Programa TV Glogo/Caldeirão do Mion.São mais de 45 anos de vida artística do cantador, saído da Paraíba e que ganhou o mundo, desde o lançamento do primeiro álbum solo que emplacou o sucesso “Avohai”.

No palco, acompanha o artista a Banda Z, formada por Chico Guedes (contrabaixo), Zé Gomes (percussão), Vladmir Oliveira (teclados), Edu Constant (bateria) e Toti Cavalcanti (sopros).

A foto acima, estou acompanhado do músico José Gomes que mora no Rio de Janeiro e, desde 1979, compõe a banda do cantor e compositor Zé Ramalho, como percursionista. Zabumbeiro Zé Gomes é sobrinho herdeiro de Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. Zé Gomes acompanhou o tio, em vários shows pelo Brasil. Músico profissional desde 1977, Zé Gomes teve sua estreia com Dominguinhos. Hoje, concilia seus projetos com os shows de Zé Ramalho. 

Um dos projetos foi a valorização e divulgação da obra de Jackson do Pandeiro, diga-se, um dos nomes mais lembrados, exaltados e valorizados por Zé Ramalho nestas quatro décadas de vida artística, prova é que ele gravou um Cd, todo dedicado a Jackson do Pandeiro, que é ao lado de Luiz Gonzaga, o nome mais comentado, devido o talento e capacidade de influenciar musicalmente diversas gerações de músicos.

Zé Gomes, é filho de Cicero, que também era músico e tocou com Jackson do Pandeiro. Cicero foi um dos irmãos mais queridos de Jackson. Aquele que compartilhou os momentos de alegrias e solidão.

Numa conversa, Zé Gomes conta que carrega na memória as melhores lembranças de Jackson. “Antes mesmo de ser músico eu acompanhava a carreira do meu tio, presenciei várias gravações, entrevistas e também fiz alguns shows com ele”, diz. Zé lembra que seu pai, Cícero, tocava com Jackson e que ele na ausência de Cícero, foi o alicerce da família e dos conselhos e fazia as vezes do pai dia ou outro. “Meu tio era um ser humano muito sensível, coração bom. A obra dele é do mundo.”  

Paraibano, ritmista, cantor e compositor, Jackson do Pandeiro, cuja memória segue forte, viva e encantadora, é de batismo José Gomes Filho e nasceu em 1919 e morreu em 1982. Em sua obra deixou mais de 20 discos registrados.


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NÃO A PROPOSTA DE INSTALAR USINA NUCLEAR NO RIO SÃAO FRANCISCO

“O mais aviltante na insistência através da qual o poder econômico promove o projeto dessa central nuclear é o fato de que a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a enorme população que nela habita possuem, em termos de energia hidráulica, solar e eólica, um cabedal de fontes incomparavelmente mais baratas, menos perigosas e menos degradantes que dispensam completamente aventuras tecnológicas e econômicas dessa natureza”.

O artigo é de Anivaldo de Miranda Pinto, jornalista, coordenador da Câmara Consultiva do Baixo São Francisco, ex-presidente e atual integrante da Diretoria Colegiada do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, publicado por Articulação Antinuclear Brasileira, 12/09/2024.

Muito se fala do Rio São Francisco e de sua inegável importância. Mas pouco se comenta sobre os enormes desafios e principalmente sobre as grandes ameaças que pairam como uma “espada de Dâmocles” sobre o destino desse gigante que simboliza como nenhum outro a integração do território nacional.

Inserido em partes expressivas de 5 estados e do Distrito Federal, o Velho Chico e seus afluentes representam quase que solitariamente a única alternativa de disponibilidade hídrica para três importantes e peculiares recortes do Brasil: o Norte de Minas Gerais, o enorme semiárido brasileiro e a região Nordeste do nosso país.

Por isso mesmo costumo dizer que esse incomum rio brasileiro não tem plano “B” uma vez observado no contexto estratégico dos 8% do território nacional ocupado por sua bacia hidrográfica, dos mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras que nela vivem, do peso inegável da economia que dele depende e da biodiversidade que representa. Na hipótese de grave acidente comprometedor da qualidade e quantidade de suas águas não haverá como substitui-lo em seu papel estratégico. Ferir de morte o rio São Francisco é, portanto, quase que como enfiar um longo e afiado punhal no coração do Brasil. E isso não é figura de retórica.

O curioso é que apesar dessa evidência, pouco se faz para prevenir as possibilidades de que catástrofes aconteçam, o que ficou evidente, só para citar um exemplo recente, quando do rompimento da barragem de rejeitos da empresa Vale em Brumadinho, Minas Gerais, crime ambiental de grandes proporções que atingiu o Paraopeba, um dos grandes rios afluentes do rio São Francisco, e por pouco não se estendeu à calha central deste último.

Outras fontes potenciais de ameaças semelhantes persistem, seja na forma de inúmeras barragens de rejeitos de minério mal concebidas e construídas, seja na forma de novos barramentos pretendidos para o seu leito e que podem acentuar a crise que já atinge a biodiversidade aquática declinante, seja na forma de desmatamento insano dos biomas essenciais para a garantia das vazões franciscanas, como é o caso, principalmente, do bioma do Cerrado.

Todavia a maior ameaça potencial ao rio que não tem plano “B” é, sem dúvida, a ideia tresloucada de construção de uma central nuclear às margens e com uso das águas do rio São Francisco na região que, em caso de acidente nuclear, apresentar-se-iam as maiores vulnerabilidades imagináveis em termos de enfrentamento de situação emergencial diante da qual o Brasil e, principalmente o Nordeste, não teriam cacife nenhum para contornar, a começar pelo viés do abastecimento de água a partir da única grande fonte desse abastecimento que seria precisamente o próprio rio São Francisco.

O mais aviltante na insistência através da qual o poder econômico promove o projeto dessa central nuclear é o fato de que a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a enorme população que nela habita possuem, em termos de energia hidráulica, solar e eólica, um cabedal de fontes incomparavelmente mais baratas, menos perigosas e menos degradantes que dispensam completamente aventuras tecnológicas e econômicas dessa natureza.

 Lutar contra essa central nuclear é, portanto, afastar de vez o principal pesadelo que ronda a continuidade e vitalidade desse rio tão emblemático, mas tão maltratado desde o dia em que os colonizadores portugueses pisaram no solo brasileiro.

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ICMIBIO PEDE QUE POPULAÇÃO TENHA CONSCIENCIA RISCOS INCÊNDIOS

O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, disse nesta segunda-feira (16) que a população tem que se conscientizar que não é permitido colocar fogo em qualquer área neste período do ano. 

“A primeira coisa que nós temos de fazer é uma conscientização nas escolas, nas empresas que em todo o Brasil está proibido colocar fogo no mato. Às vezes, por falta de conhecimento, o fogo é colocado pelo seu vizinho, pelo próprio proprietário que está fazendo a limpeza de uma área, a limpeza do pasto, mas isso pode ganhar uma proporção muito grande”, disse, em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). 

A denúncia sobre focos de fogo pode ser feita através do número 190 da Polícia Militar e do 193, como também para o Linha Verde dos órgãos ambientais. “É importante também o apoio dos governos estaduais com as suas brigadas e até das prefeituras, que estão mais próximas da população e podem também auxiliar para evitar que um incêndio ganhe grandes proporções”.

Segundo ele, é possível que os efeitos climáticos se agravem nos próximos anos. “Portanto, se a gente não tiver uma ação coordenada, integrada, entre todas as esferas, a gente não vai enfrentar esse tipo de situação”.

Ações criminosas-Pires falou dos focos que são tipicamente criminosos, como colocar fogo num parque nacional, que é crime previsto na legislação ambiental. O presidente do ICMBio lembrou o incêndio que está destruindo o Parque Nacional de Brasília. 

“Hoje, a cidade amanheceu com muita fumaça, porque ontem, um domingo muito quente, houve um fogo na Granja do Torto, que acabou se alastrando para o Parque Nacional, como é uma área de floresta nativa, o fogo acabou ganhando uma proporção muito grande”. 

Segundo ele, mais de 300 homens do Corpo de Bombeiros, do Ibama e do Exército trabalham no combate às chamas. “Continuaremos a noite inteira, a fim de controlar o incêndio, que poderia ter sido evitado”, garantiu.

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ROMEIROS PARTICIPAM DA ROMARIA DE NOSSA SENHORA DAS DORES EM JUAZEIRO DO PADIM ÇIÇO

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário religioso e cultural que habita a região.

O saudoso teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressalatava um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa. Oswaldo Barroso, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, diz que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Juazeiro do Norte vive mais um grande momento de devoção com a tradicional Festa de Nossa Senhora das Dores. A celebração, que já teve início, abre caminho para a romaria, que começa na próxima semana, atraindo milhares de fiéis à cidade. Segundo o Padre Édmo Galvão, que está à frente das festividades, o lema deste ano destaca a importância da oração, em sintonia com a proposta do Papa Francisco para 2024.

“O tema deste ano é evangélico, pois nos mostra Maria que obedece ao que Deus lhe pede, sendo mãe do nosso Salvador. Quando ela diz ‘faça-se em mim segundo a vossa palavra’, ela nos ensina a seguir a vontade de Deus,” explica o Padre Édmo.

A festa traz diversas novidades, como a tarde cultural, pensada para que todos se sintam em casa. “A casa de Nossa Senhora das Dores é a casa de todos nós. Por isso, programamos atividades para a juventude e também para os romeiros, como a Vila Tabuleiro, onde ocorrem as confraternizações diárias,” destaca o padre.

Além dos tradicionais novenários e missas, a programação conta com uma série de eventos que buscam integrar os devotos e visitantes, proporcionando momentos de espiritualidade e convivência. Entre as atrações, estão shows, quermesses e a feijoada que acontecerá no dia 8 de setembro.

Padre Édmo também compartilhou suas expectativas para a romaria deste ano: “Estamos nos preparando para uma Romaria maior que a do ano passado, esperando mais de 320 mil fiéis aqui em Juazeiro do Norte.”

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PROGRAMA ESCOLA VERDE DA UNIVASF REALIZA WORKSHOP DE ESCRITA CIENTÍFICA

Com o tema “Transformando Ideias em Publicações”, o Programa Escola Verde (PEV) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realizará um Workshop de Escrita Científica. São disponibilizadas 100 vagas para estudantes de graduação, pós-graduação e profissionais que pretendem aprimorar as habilidades em redação científica e a qualidade da escrita acadêmica. A capacitação acontecerá nos dias 19 e 26 de outubro, no turno da manhã, pelo formato remoto. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas até o dia do workshop.

Os interessados devem se inscrever através do site do evento, mediante pagamento de taxa, cujo valor varia de acordo com a categoria do participante. Estudantes e servidores da Univasf terão desconto de 40% no valor da taxa de inscrição. Para isso, ao se inscrever, basta digitar o cupom: DESCONTOUNIVASF2024. O Workshop será ministrado pelo docente do Colegiado de Ciências Sociais da Univasf, Paulo Ramos, coordenador do PEV. A programação da capacitação abrangerá desde os fundamentos da escrita científica até o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para aperfeiçoar os textos acadêmicos. 

Durante o Workshop de Escrita Científica, os participantes irão aprender técnicas da redação científica, de estruturação, redação e revisão, participar de dinâmicas e exercícios práticos e compartilhar experiências com os colegas. Além de informar-se sobre o uso de Inteligência Artificial (IA) na redação e como essas ferramentas podem melhorar a clareza, coesão e precisão dos textos científicos. Cada participante, ao final do workshop, poderá elaborar e publicar um livro impresso e digital sem custo adicional, pela Editora Setentrional.

O professor Paulo Ramos frisa que a escrita científica é uma habilidade fundamental no mundo acadêmico e profissional. “O workshop é importante, sobretudo, sob essa perspectiva da necessidade de estarmos publicando e divulgando as atividades que realizamos na academia e tendo em vista, também, que há uma carência de oportunidades para a publicação. As revistas e os eventos são muito limitados, então esta é a oportunidade de publicarmos de uma maneira sistemática e de forma organizada”, comenta Ramos.

O Workshop conta com o apoio de diferentes instituições de ensino superior da região. Além da Univasf, estão envolvidas no projeto a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a Universidade de Pernambuco (UPE), o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), a Faculdade de Petrolina (Facape) e a Editora Setentrional. Mais informações sobre o evento estão disponíveis no site do evento.

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