TÁCYO CARVALHO: FORRÓ DO POEIRÃO 2022 ACONTECE NESTE SÁBADO (29), NO RESTAURANTE CHICO GUILHERME, EM OURICURI

O Forró do Poeirão 2022,  acontece no sábado (29), a partir das 13hs, em Ouricuri-Pernambuco, na Churrascaria Chico Guilherme.  O evento é coordenado pelo cantor e compositor Tacyo Carvalho e produção de Alzeni Suzart.

O Forró do Poeirão já é tradição e a cada aumenta o número de forrozeiros que participam da Festa. O objetivo é valorizar e prestar uma homenagem a todos os amigos, admiradores e seguidores de Luiz Gonzaga. Este ano o Forró do Poeirão faz homenagem a irmã do Rei do Baião, a cantora e sanfoneira de 8 baixos, Chiquinha Gonzaga.

Tacyo Carvalho é cantor e compositor, organizador do Forró do Poeirão. O Forró do Poeirão dá visibilidade aos músicos e ao próprio forró. “O projeto amplia o espaço para os artistas divulgarem seus trabalhos e já se tornou um grande encontro onde os amigos fazem a confraternização. O compromisso é o legado deixado por Luiz Gonzaga”.

Tácyo ganhou o apelido de Luiz Gonzaga: o garotão de Ouricuri. Isto aconteceu devido a popularidade que Tácyo Carvalho atingiu apresentando programas de Rádio no Rio de Janeiro e sendo um dos responsáveis em divulgar a vida e obra de Luiz Gonzaga nos meios de comunicação no sudeste. 

Tácyo é o autor de Trem do Sertão, uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro. 

Interessados entrar em contato com Alzeni Suzart  (whatsApp)71 992943603

"O forró do poeirão já é um sucesso e é uma oportunidade de fazermos um grande encontro, confraternização de amigos e amantes da boa música e valorizar nosso forró, xote e baião", define Tacyo Carvalho.

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FILME EDUARDO E MÔNICA: DÁ VONTADE DE LEVANTAR DA POLTRONA E APLAUDIR PARA A TELA

Quando Renato Russo cantou que não há razão nas coisas feitas pelo coração, ele não estava errado. Eduardo e Mônica é uma canção que inevitavelmente acabou criando dois personagens populares da música brasileira e consequentemente tornou-se referência para o famigerado "opostos se atraem". Finalizada em 2019, a adaptação cinematográfica levou um tempão para ser concluída e ainda mais dois longos anos para chegar às telonas por conta da pandemia da covid-19.

É necessário explicar esse contexto para mensurar a tamanha responsabilidade na hora de trazer dois personagens tão significativos e eternizados na música do Legião Urbana para uma narrativa audiovisual. Uma vez que quanto maior a distância entre a expectativa e realidade, maior a frustração, o diretor René Sampaio mexe com a memória afetiva do brasileiro e também com a cultura nacional entregando uma história sem beirar o surrealismo — e que pode estar acontecendo mais perto do que imaginamos.

Eduardo e Mônica é, sobretudo, um filme sobre paixão e para os apaixonados — mas não no sentido de entregar uma comédia romântica repleta de elementos escapistas para dias difíceis.

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René Sampaio propõe uma reflexão praticamente universal sobre a romantização das diferenças e como a realidade pode ser um tanto dura para os românticos incorrigíveis. Quando Renato Russo contou uma história sobre duas pessoas absolutamente diferentes uma da outra (seja na faixa etária até a assuntos mais complexos, como posicionamentos sociopolíticos), pouco se pensou o quão difícil seria viver esse romance na prática, e a realidade acaba sendo bem distante do romance que os versos da canção propõem: chega um momento que o amor é o de menos.

Isso pode acabar ressoando em cada um de maneira dolorosa, quase sem pedir licença; mas Sampaio conta essa história de um jeito bem natural e fluido, sem dar margens para aqueles sem decepções amorosas dizerem qualquer coisa sobre a mudança de tom da música. Não existe.

Numa realidade, seja em 2022 ou 1986, seja em Brasília ou no Rio de Janeiro, há um momento em que a própria vida exige sintonia nos passos em que damos, e Eduardo e Mônica traz esse momento de consciência de forma sutil e discreta na superfície, mas que arranha no interior — exatamente como acontece na vida real.

Tal como qualquer início de relacionamento, a paixão mascara essas diferenças à princípio, mas depois elas passam a se tornar características gritantes e decisivas para uma eventual ruptura. Eduardo e Mônica não as romantiza por si só, apenas as mostra sendo romantizadas no começo por ambas partes do relacionamento como acontece em qualquer outro.

Tudo está aqui: as falhas de comunicação que indicam o fim e a impaciência para resolver crises minúsculas, mas que mostram serem um acumulado de diversos outros incômodos.

O diretor ainda oferece uma reflexão sobre os paradigmas que nós mesmos criamos quando ouvimos essa história pela primeira vez. Mônica (Alice Braga) é uma mulher com espírito livre, rockeira e muito inteligente — como o músico eternizou em seus versos. Eduardo (Gabriel Leone) de fato está prestando vestibular e não é o melhor aluno em sua turma, porém o interessante de se acompanhar é como Sampaio explora o coração tão puro como o de uma criança de seu personagem, capaz de quebrar as barreiras que Mônica construiu ao seu redor.

No final das contas, o tão esperado ensino sobre amadurecimento acaba virando-se como alguém gira um tabuleiro do avesso: a inocência (e até mesmo ingenuidade) de Eduardo mesclado ao seu entusiasmo pelo agora e paixão pela vida acabam dando à Mônica a maturidade que todos acreditavam que ela tinha.

Eduardo e Mônica, nesse aspecto, quebra a ideia de que idade e autonomia são relativos a maturidade emocional; René Sampaio mergulha o longa nessa reflexão e forma um bolo na garganta de cada espectador. A forma como ressoa, no entanto, é muito particular de cada um: seja transbordando em lágrimas nos créditos finais ou tendo vontade de levantar da poltrona e aplaudir para a tela.

"E QUEM ME IRÁ DIZER QUE NÃO EXISTE RAZÃO"-No final das contas, Eduardo e Mônica acontece mais perto do que imaginamos. O que se mostrou inicialmente ser uma canção com um conto de fadas moderno sobre opostos acaba se tornando, na prática, uma novela adulta e urbana: com longos expedientes, cansaço mental, parentes repletos de pré-conceitos, grupos de amigos com diferentes costumes e distâncias que são mais díficeis de lidar do que o esperado.

O filme mostra que, na prática, as coisas são diferentes, e mesmo trazendo um final feliz como o próprio Renato Russo propusera, existe aqui a ideia de "pessoa certa na hora errada" ou a vontade de fazer dar certo independentemente de qualquer coisa.

Ambientado numa Brasília que se reerguia da Ditadura Militar e mergulhado em clássicos do rock 'n roll e da música oitentista estrangeira, Eduardo e Mônica fecha o ano (ou inicia 2022) celebrando o cinema nacional e dando vigor à uma das mais populares histórias de amor brasileiras.

Eduardo e Mônica está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil (Fonte:  Beatriz Vaccari-Jornalista pela Universidade Metodista de São Paulo. Apaixonada por cinema, literatura e música)

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LIVE MEMÓRIA E POESIA ACONTECE NESTA QUINTA-FEIRA 27

Um sarau virtual. É assim que os organizadores da live “Memória e poesia” estão chamando o evento que vai ao ar nesta quinta-feira (27), às 17h20, no Canal “Cultura do Sertão do Araripe”, para celebrar a história e a cultura do povoado de Poço Dantas, localizado na cidade de Santa Cruz (Sertão).

A ideia da iniciativa, que foi contemplada com os recursos da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, é mostrar um pouco dessa memória coletiva do povoado, com poesias que estão no imaginário do povo sertanejo.

HISTÓRICO - Há 12 anos, Luzia Barbosa, moradora da comunidade de Poço Dantas, fundou o “Memorial Sertanejo”, um museu que reúne em seu acervo todo tipo de objeto que faz parte da vida do povo do Sertão, como moinhos, selas e candeeiros.

Instalado numa casa centenária, pertencente à paróquia local, o acervo conta atualmente com mais de 200 peças, todas doadas por moradores da comunidade de Poço Dantas, da cidade de Santa Cruz e sítios vizinhos.

TRANSMISSÃO - A live trará um pouco dessa história e fará um tour pelo “Memorial Sertanejo”, ouvirá depoimentos e, através de um recital, poetas da região representarão em versos um pouco desse universo histórico e cultural que faz parte o Memorial Sertanejo e a comunidade de Poço Dantas. Além de Luzia Barbosa, participam da live os poetas Juarez Nunes e Ramírio Nunes. A transmissão será feita pelo link: www.youtube.com/watch?v=hu2DMvyOu7Q.

Serviço: Live “Memória e poesia”, com as participações de Luiza Barbosa, Juarez Nunes e Ramírio Nunes

Quando: 27 de janeiro (quinta-feira), às 17h20

Transmissão pelo link: www.youtube.com/watch?v=hu2DMvyOu7Q.

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RÁDIO CONTINUA VANGUARDA PELA CAPACIDADE DE MEXER COM A IMAGINAÇÃO DAS PESSOAS, DIZ PUBLICITÁRIO WASHINGTON OLIVETTO

O rádio passa por uma profunda transformação diante do avanço do áudio digital. Apesar das mudanças sofridas, ele preserva um conjunto de características que o torna capaz de absorver e explorar uma série de inovações, na avaliação de especialistas que compuseram a mesa de discussão “30 anos da CBN: das ondas ao podcast, o futuro do áudio”, no Palco do Conhecimento, na Rio Innovation Week.

Para Washington Olivetto, publicitário e fundador da W/GGK, da W/Brasil e da WMcCann, tanto o rádio quanto o podcast - que se popularizou nos últimos anos - possuem capacidade singular de lidar com a instantaneidade e a imaginação do público se comparado aos demais meios de comunicação:

"O rádio continua vanguarda por ter duas características imbatíveis: a instantaneidade e a capacidade de mexer com a imaginação das pessoas. Esse tipo de imaginação o rádio sempre vai ter e o podcast também. E isso bem produzido tem tudo para ser cada vez mais sucesso, seja para os anunciantes que apostaram nisso, seja para as agências que precisam de prestígio para trabalho criativo".

Márcia Menezes, head de Jornalismo Digital da Globo, destaca que o formato do áudio traz “uma temperatura do que está acontecendo” e mistura, no jornalismo, a informação com a “emoção e a verdade”.

Isso permite, avalia, que o mercado teste programas em áudio com formatos de curta e longa duração, a depender do consumo. A revolução trazida pelos podcasts, inclusive, expõe o potencial do áudio digital no mercado brasileiro:

— A voz traz o componente do humano, da verdade. Fizemos uma pesquisa em 2020 no Brasil que mostra que os novos formatos de áudio entram muito nas áreas urbanas, especialmente Sudeste e capitais do Nordeste. Ele captura - seja jornalismo ou entretenimento - várias gerações, especialmente entre os jovens a partir de 15 e 16 fala muito com a população brasileira, com a classe C.

Na avaliação de Marcelo Kischinhevsky, professor e pesquisador de Rádio da UFRJ, o rádio se adaptou melhor ao ecossistema digital do que a televisão aberta no país, que “demorou a entender o novo contexto de concorrência''.

Ele avalia que o rádio está cada vez mais inserido na lógica multiplataforma ao passo em que está presente no smartphone, nas mídias sociais, na TV por assinatura e até nos smart speakers (assistentes de voz). Uma das próximas tendências para os próximos anos, diz, será o formato de “rádio híbrido”:

A BMW, por exemplo, fechou um acordo para ter equipado nos veículos de fábrica o rádio híbrido, que inclui o rádio digital via internet e o analógico. Você clica no painel do seu carro e ele busca nos dois formatos o melhor sinal e coloca pra tocar pra você. Além disso, tem outras coisas sendo estudadas no rádio híbrido que envolve a escuta não linear, em que o usuário pode ter acesso a listas de músicas que vão tocar na rádio e pular o que não quer ouvir ou ouvir fora daquela ordem, podendo voltar ao fluxo normal à qualquer momento. São algumas das novidades a nível internacional.

Para Washington Olivetto, uma das frentes que ainda precisam ganhar corpo no Brasil é o investimento publicitário em áudio digital. Há vasto potencial de crescimento na área, diz ele:

— Historicamente, o que fez o sucesso da publicidade brasileira foi a boa relação entre agências, veículos e anunciantes. Mais do que nunca, agora com o rádio, podcasts e a possibilidade de alguns assumirem características visuais, é fundamental que agências e anunciantes de veículos estejam unidos para a gente começar a fazer coisas cada vez de maior qualidade. (Fonte: O Globo)

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PALESTRA GRATUITA EM JUAZEIRO VAI ENSINAR TÉCNICAS PARA VENCER O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Quem deseja vencer o medo de falar em público e se expressar com desenvoltura poderá participar gratuitamente da palestra "Comunicação é Poder", ministrada pelo professor de Oratória Paulo Ricardo Moreira. 

O evento acontecerá dia 02 de fevereiro (quarta-feira), às 19h, na Faculdade UNIBRAS Juazeiro-BA, localizada na Rua do Paraíso,  bairro Santo Antônio (ao lado da Univasf). As inscrições podem ser feitas pelo fone/zap (87)98852-3517. Estão sendo disponibilizadas 50 vagas. 

Na palestra, o professor abordará técnicas sobre como vencer a timidez; sobre o uso correto da voz e das expressões corporais e qual o caminho para falar bem em público.

"Dominar essas técnicas de Oratória coloca o profissional em uma posição de destaque no mercado de trabalho. De acordo com uma recente pesquisa do Linkedin, a comunicação  tornou-se a habilidade mais valorizada pelos empregadores durante a pandemia", afirmou Paulo Ricardo


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RIO SÃO FRANCISCO: CENÁRIO DE PUJANÇA DO VELHO CHICO É NOVAMENTE VISTO APÓS 14 ANOS DE ESCASSEZ HÍDRICA


Com vazão de 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir do Reservatório de Sobradinho, na Bahia, o Rio São Francisco apresenta, hoje (24), o maior nível de água em seu curso natural dos últimos 13 anos, no trecho que atravessa o Nordeste. O rio permanecerá nesse patamar até o próximo dia 1º de fevereiro, quando haverá nova divulgação.

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) está realizando operação especial de controle de cheia do rio desde o dia 12 de janeiro, com aumento programado e gradativo da vazão, e vem mantendo diálogo com prefeituras, defesas civis, associações, Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco e outras entidades, para atuação desses órgão quanto a ações de prevenção e orientação dos usuários.

A operação é necessária mediante condição de cheia declarada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em articulação com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), provocada pelas fortes chuvas ocorridas em Minas Gerais.

“Estamos permanentemente avaliando a situação hidrológica e qualquer alteração de vazão será informada com antecedência, como temos feito. Os reservatórios que temos ao longo do São Francisco permitem um controle do nível do rio, acumulando água. Entretanto, o período úmido do rio se estende até abril”, explicou o diretor João Henrique Franklin.

“Neste momento, não há sinalização de que haverá nova elevação da vazão além dos 4.000 m³/s”, acrescentou o diretor.

A Chesf emitiu alertas para que as autoridades competentes pudessem tomar medidas preventivas para casos de possíveis inundações e, também, para orientação de todos os usuários.

Na carta enviada às prefeituras e usuários cadastrados, a Companhia não afasta a hipótese de ter de praticar vazão maior que 4.000 m³/s no decorrer do presente período úmido, a depender da evolução das chuvas na Bacia do São Francisco.


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EMPODERAMENTO DAS MULHERES APICULTORAS E MELIPONICULTORAS DO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO

As mulheres do campo têm ganhado maior visibilidade no trabalho com a apicultura e com a meliponicultura no território Sertão do São Francisco, localizado no Norte da Bahia. A atividade desempenhada com as abelhas têm ajudado a subverter a lógica do machismo, além de melhorar a renda de muitas famílias, garantir o empoderamento feminino e a sustentabilidade ambiental.

Margarida Ladislau é presidente da Associação de Apicultores de Sento-Sé (AAPSSE), localizada na zona rural da cidade de Sento-Sé, no norte da Bahia. O empreendimento que também é atendido pelo Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco (CESOL-SSF), realiza o trabalho de forma coletiva, através do beneficiamento do mel da abelha apis melífera (com ferrão).

A trabalhadora, antes de ser presidente da Aapssé, era conhecida na localidade como Margarida da comunidade de Andorinhas. "Minha comunidade não tinha costume de trabalhar com abelhas. Quando iam tirar, cortavam as colmeias e matavam as abelhas. Comecei a trabalhar com elas, me apaixonei, passei a capturar os enxames e a cuidar das pequenas", explicou Margarida.  

A apicultora fez parte da fundação da Aapssé. Toda articulação para a formação da associação teve início na década de 1990, mas a formalização somente aconteceu em 2002. A associação surgiu com o propósito de reduzir o êxodo de jovens para a cidade.

 De acordo com Margarida, os associados viram na comunidade um espaço propício para a criação de abelhas e após diversos treinamentos e capacitações, a ideia que era apenas um projeto piloto se tornou realidade e surgiu o trabalho com a marca Balaio da Caatinga.

"Fui gostando do trabalho e trazendo outras pessoas para a luta. Para mim, trabalhar com as abelhas é muito mais do que tirar o mel para vender. É uma terapia", afirmou a apicultora.

"LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER": Ao longo de sua trajetória de 20 anos de trabalho com abelhas, Margarida já passou por diversas situações de preconceito e machismo, uma vez que a apicultura, por muito tempo, foi tratada como uma atividade exclusivamente masculina. Porém, aqui no Sertão do São Francisco, as mulheres têm andado na contramão da história, reescrevendo uma nova realidade.  A apicultora afirmou que já ouviu várias frases de descrédito, mas nunca se deixou abalar com nenhum comentário e nunca teve medo em trabalhar com as abelhas com ferrão.

"Primeiro, começaram a dizer que a gente não podia com o peso das caixas. Depois, que teríamos medo das abelhas, que seria difícil. Não é difícil!  Não temos medo das abelhas! Acreditava-se que somente os homens poderiam fazer as atividades e que a gente deveria ficar apenas na casa do mel. Superamos as dificuldades e mostramos que, se a caixa é pesada, juntamos várias mulheres e levantamos o peso com motivação e cantando 'companheira me ajude, eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor'", pontuou Margarida.  

DE MÃE PARA FILHA: UMA TRADIÇÃO DE FAMÍLIA- Cinco horas da manhã e o sol está despontando no horizonte. A apicultora e associada da Aapssé, Iara Nogueira (32) já está de pé para o trabalho com as abelhas. Ela realiza toda a atividade de manejo, o processo de alimentação, limpeza das caixas, o transporte das melgueiras até a casa do mel, a higienização, recepção, a desperculação, processo de abertura do favo para ser colocado na centrífuga. Após a decantação, o produto é envazado, rotulado e colocado para a comercialização.

"O manejo com as abelhas nos proporciona o empoderamento, pois a sociedade determinou que a apicultura é um trabalho pesado, desempenhado apenas por homens e não é verdade. Nós aqui na Aapssé fazemos tudo, dividimos os pesos e temos muito cuidado em cada processo", explicou Iara Nogueira.

O trabalho com as abelhas surgiu em 2008, no início do casamento, através de um projeto idealizado por Iara e o marido. A paixão tem influenciado a pequena Iandra Nogueira (10), que sonha em seguir a profissão dos pais, quando tiver na idade adulta. A menina não realiza nenhuma atividade em campo, mas tem curiosidade em conhecer e para isso, a mãe Iara comprou um Equipamento de Proteção Individual (EPI) para que a filha pudesse ir a campo observar o trabalho realizado pela família.

"Minha mãe sempre diz que na hora certa eu vou fazer as atividades lá. Ela só deixa ir olhar depois da aula e das atividades da escola feitas. Eu gosto muito das abelhas e não tenho medo delas", afirmou Iandra.

GERAÇÃO DE RENDA E EMPODERAMENTO:  Sento-Sé e Remanso, dois extremos separados pelo maior Lago Artificial da América Latina, o Lago de Sobradinho, têm em comum a atividade da apicultura e o empoderamento das mulheres. São 320km de estrada e duas horas de viagem por embarcação.

A apicultora Nilmaria Santos reside na comunidade de Lages, em Remanso. Ela é responsável pelo empreendimento Flores da Caatinga. A jovem empreendedora se destaca na comunidade pela criatividade na produção. "É uma profissão que gera renda não só para mim, como também para as pessoas que estão junto comigo", pontuou Nilmária.

Além do mel da abelha apis melífera (com ferrão), Nilmara também trabalha com a pasta de pólen, geoprópolis, o hidromel e o mel de mandaçaia e com muita criatividade consegue desenvolver seus equipamentos de trabalho.

Ela explica que quando iniciou na apicultura, ouviu muitas críticas por ser mulher. "Trabalho com abelhas, porque foi a profissão que me identifique. Fui muito criticada por ser mulher, muitos diziam que mulher não consegue trabalhar como apicultora, mas comecei a me dedicar e a mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser", afirmou a apicultora.

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE- O mel da abelha apis melífera e da abelha Melipona Quadrifasciata, popularmente conhecida como Mandaçaia possui inúmeros benefícios para a saúde.  O produto ajuda a aumentar a imunidade do corpo, auxilia no tratamento da tosse e inflamações de garganta, ajuda a evitar doenças cardiovasculares e a hipertensão, entre outros.

Na comunidade de Melosa em Remanso, a apicultora Rosângela Gonçalves, responsável pelo Apiário e Meliponário Flores do Sertão, comercializa o mel de mandaçaia, o mel de apis, o geoprópolis, o extrato de própolis, a pasta de pólen, favo de mel, o hidromel e o melomel. A ideia em trabalhar os subprodutos do mel surgiu como alternativa para abertura de novos mercados, pois o apiário não possuía mel suficiente para ser comercializado com o atravessador. E veio a grande surpresa: os produtos conquistaram mais mercados do que o próprio mel.

A apicultora passou a se identificar com o ofício em 2013, após a conclusão de um curso técnico e investiu na meliponicultora e apicultura. Mulher, mãe, esposa, apicultora, Rosângela tem conseguido driblar os estigmas do machismo.  

Um grande diferencial no trabalho da meliponicultora é a criação da abelha Mandaçaia, espécie sem ferrão, mansa, que pode ser criada próximo das residências, porém o manejo exige atenção e cuidados redobrados.

"Não é fácil trabalhar com as melíponas. Já pensei várias vezes em desistir. O mel de mandaçaia é muito sensível, e difícil no combate de pragas e doenças. Requer atenção, observação diária e é difícil dar conta da casa, do filho e trabalho, mesmo compartilhando as atividades com o esposo", explicou a meliponicultora.

COMERCIALIZAÇÃO: Os produtos das apicultoras de Remanso e Sento-Sé podem ser encontrados na loja de Economia Solidária Empório Meu Sertão, que fica na rua Canafístula, nº 148, bairro centenário, em Juazeiro-BA.  (FONTE: CESOL-SSF)

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