PROFETAS DA CHUVA PREVEEM ALIVIO PARA O SEMIÁRIDO NORDESTINO

Um encontro de sertanejos em Quixadá (CE), reúne os profetas da chuva e a sabedoria popular diz que vai chover no sertão.

Em tempos de mudanças climáticas, o que não se altera é a importância deste encontro de homens e mulheres do campo, em Quixadá (CE).

Janeiro é o início do período de chuva em parte do semiárido nordestino, e eles estão aqui para dizer se vai chover pouco, muito ou se vai ter seca. O anúncio é feito por quem carrega a experiência necessária para ser chamado de "profeta ou profetiza da chuva".

"Ele florou mais tarde. Por isso que só vai melhorar lá para fevereiro e março. Quem plantar agora em fevereiro vai colher em março e abril. Em março é que eu acho que vai chover. Seca não é”, diz a profetiza.

As previsões geram expectativa nos moradores da região.

“É claro que tem divergências até na ciência, na apreciação do clima, mas, efetivamente, tem realmente fundamento e eu tenho acompanhado e tem um índice de acerto muito grande”, comenta José Pontes Medeiros, veterinário.

"Todas as previsões que eu acompanho eles têm acertado, têm uma assertiva muito grande. E isso é muito emocionante, e quando vem esse presságio de chuva só traz alegria pro sertanejo", comenta Iris Freitas, produtora cultural.

"Quem precisa sempre estar de olho no céu para saber se vai ter água para sobrevivência no sertão, aprendeu a observar, nos bichos e nas plantas, sinais que indicam como vão ser os próximos meses. E isso é fundamental para planejar a plantação, o cultivo, as reservas de água e até para regular o humor do sertanejo", complementa.

A Narcisa aprendeu com o pai, um profeta veterano que morreu há três anos, a observar o comportamento das formigas.

“Elas vão em busca de construir suas casas mais distante possível do açude, que vai ter muita chuva que vai encher aquele açude. Elas não querem se afogar", aponta Francisca Narcisa da Silva, profetiza da chuva.

Seu Lino também está feliz, é que a árvore mudou de aparência para receber a chuva.

"Ela tá descascando, que ela tá esperando receber muita chuva, absorver mais água. Vocês estão vendo aí que ela tá quase toda descascada, prontinha, prontinha pra receber água", comenta Renato Lino de Souza, profeta da chuva

Nenhum comentário

FESTIVAL DA MEMÓRIA CAMPONESA SERÁ REALIZADO EM FEVEREIRO



Celebrar o centenário de Elizabeth Teixeira é mais do que uma homenagem; é um compromisso coletivo com a memória e a história das lutas camponesas no Brasil. Este evento é uma oportunidade de reafirmar os valores da resistência e da dignidade da classe trabalhadora do campo.

De 13 a 15 de fevereiro, em Sapé/PB, será realizado o Festival da Memória Camponesa: Uma celebração ao Centenário de Elizabeth Teixeira - com uma programação cultural e política para honrar a memória e o legado de Elizabeth, que, desde a morte de seu companheiro, João Pedro Teixeira, assassinado a mando dos grandes latifundiários, no dia 02 de abril de 1962, se tornou símbolo de resistência e luta pela terra, justiça social e reforma agrária.

Elizabeth Altina Teixeira, nasceu em 13 de fevereiro de 1925, na comunidade de Antas do Sono, na época, município de Sapé, Paraíba. Filha mais velha de Altina Maria da Costa de origem latifundiária e Manoel Justino da Costa de família de pequenos proprietários de terra. 

Elizabeth enfrentou desde cedo as expectativas impostas pelo pai, que desejava ter um homem como primogênito. Desde jovem, ela demonstrava inconformismo com as injustiças praticadas pelos grandes proprietários de terra contra as famílias camponesas.

Presa várias vezes, perseguida pela ditadura e por jagunços, teve que ir para a clandestinidade após o assassinato do marido. Após a morte de João Pedro, ela assumiu a presidência da Liga Camponesa de Sapé e depois a Liga no Estado, não se curvando às ameaças dos latifundiários e dando continuidade à luta por trabalho digno, reforma agrária e justiça no campo.

Fugindo da perseguição, Elizabeth e os 11 filhos não conseguiram seguir juntos para escapar da morte, indo cada um para um canto diferente do Brasil. Na clandestinidade, adotou um nome falso e ficou escondida por 17 anos. Até hoje, Elizabeth mantém sua convicção na necessidade da reforma agrária e na melhoria de vida do homem e da mulher do campo.


Fonte CPT Arte: Chico Shiko / Design: Diego Rezende
Nenhum comentário

CARTA ABERTA DE FERNANDA MONTENEGRO: GANHOU A CULTURA BRASILEIRA

A lendária Fernanda Montenegro celebrou a vitória da filha Fernanda Torres na premiação Globo de Ouro 2025. Em carta aberta compartilhada na GloboNews, na tarde desta segunda-feira (6), comemorou a qualidade do trabalho em "Ainda Estou Aqui". "O prêmio da Golden Globe reconhece, pontua, e ilumina essa grande atriz brasileira que é Fernanda Torres. É um fato difícil de se alcançar, eu sei na pele".

Pensando em sua trajetória e na da filha, ela afirma que precisava estar viva para este momento. "Eu nasci no final dos anos 1920. Quis Deus que eu viesse sobrevivendo, que tivesse essa noite de ontem, não porque ganhou um prêmio nos Estados Unidos, mas o que isso representa para a cultura brasileira. (...) Eu vivi para ver isso".

Confira carta aberta na íntegra

"Desde os 12 anos, no grupo O Tablado, de Maria Clara Machado, a Nanda já acontece como ser criativo. Cenicamente, é uma vocacionada desde cedo. No filme Inocência, de 1983, direção de Walter Lima Jr., a atriz se apresenta plenamente. Lembro de algum de seus importantes filmes: 'A Marvada Carne', Andre Coldwell, lembro 'Eu sempre vou te amar', de Arnaldo Jabor, que lhe deu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 1986.

Como mãe e filha, ou filha e mãe, fizemos fogo e paixão, Traição, Redenção, direção de Claudio Torres. 'Casa de Areia', direção de Andrucha Waddington, filme de aceitação e premiações internacionais. Tendo como base o teatro, estivemos juntas muitas vezes nos palcos deste país, e em palcos além-fronteiras. Fernanda é comprovadamente escritora e cronista respeitada e lida. Lida. 

O prêmio da Golden Globe reconhece, pontua, e ilumina essa grande atriz brasileira que é Fernanda Torres. É um fato difícil de se alcançar, eu sei na pele. Como artistas criadores, nós somos representantes de uma cultura altamente referencial, mas abaixo da linha do Equador. De vez em quando nós conseguimos atravessar essa linha e temos o reconhecimento internacional do nosso talento amplo e irrestrito. De pé, vi minha filha comovida e agradecida.

Eu aplaudo Fernanda Torres. Bravo, minha filha, bravo. E bravo". 

Nenhum comentário

ENCONTRO DOS PROFETAS DA CHUVA ACONTECE SÁBADO 11 JANEIRO EM QUIXADÁ

No próximo sábado, 11 de janeiro, o Instituto Federal do Ceará (IFCE) de Quixadá sediará a 29ª edição do Encontro dos Profetas da Chuva, evento tradicional que reúne estudiosos da natureza para debater as previsões climáticas para o ano.

O encontro, que é uma importante ocasião para o intercâmbio de conhecimentos sobre as chuvas no sertão nordestino, contará com a presença de profetas e profetisas, figuras conhecidas na cultura regional que trarão suas previsões para a quadra chuvosa de 2025, com base em análises feitas na natureza.

Eles utilizam métodos diversificados, muitas vezes baseados em conhecimentos tradicionais e rituais locais. Alguns observam o comportamento de aves migratórias, enquanto outros interpretam sinais celestiais.

O evento, realizado pelo Instituto de Pesquisa de Violas e Poesia Cultural Popular do Sertão Central, é gratuito e aberto ao público e ocorrerá a partir das 8h30.

Serviço
29º Encontro dos Profetas da Chuva Encanta Quixadá
Data: 11 de janeiro de 2025
Horário: 8h30
Local: IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Av. José de Freitas Queiroz, 5000 – Quixadá/CE
Nenhum comentário

LUIZ GONZAGA COMPLETA EM 2025, OS 113 ANOS NASCIMENTO E 36 DE MORTE

O Brasil ainda celebra neste ano de 2025,  36 anos da morte do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o rei do baião. Lua, como também era conhecido, foi essencialmente um telúrico. Ele soube como ninguém cantar o Nordeste e seus problemas. Pernambucano, nordestino ou simplesmente brasileiro, Luiz Gonzaga encantou o Brasil com sua música, tornando-se um daqueles que melhor souberam interpretar sua alma.

Nascido em Exu, no alto sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, ele ganhou o Brasil e o mundo, mas nunca se esqueceu de sua origem. Sua música, precursora da música popular brasileira, é algo que, embora não possa ser classificada como "de protesto", ou engajada, é, contudo, politicamente comprometida com a busca de solução para a questão regional nordestina, com o desafio de um desenvolvimento nacional mais homogêneo, mais orgânico e menos injusto, portanto.

Telúrico sem ser provinciano, Gonzaga sabia manter-se preso às circunstâncias regionais sem perder de vista o universal. Sua sensibilidade para com os problemas sociais, sobretudo nas músicas em parceria com Zé Dantas, era evidente: prenhe de inconformismo, denúncia do abandono a que ainda hoje está sujeito pelo menos um terço da população brasileira, mormente a que vive no chamado semi-árido.

Não estaria exagerando se dissesse que Gonzaga, embora não tivesse exercido atividade política ou partidária, foi um político na acepção ampla do termo. Política, bem o sabemos, é a realização de objetivos coletivos e não se efetua apenas por meio do exercício de cargos públicos, que ele nunca teve. Política é sobretudo ação a serviço da comunidade. Como afirma Alceu Amoroso Lima, é saber, virtude e arte do bem comum.

Além de nunca ter omitido suas opiniões, Gonzaga também nunca se esquivou de participar ativamente quando necessário. Em um momento particularmente difícil vivido por sua terra, Exu, e tendo em vista as muitas mortes decorrentes da rivalidade das famílias Alencar e Sampaio, ele ergueu corajosamente sua voz. Na ocasião, era governador de Pernambuco e pude receber dele ajuda fundamental na tarefa que, com êxito, empreendi no sentido de pacificar a cidade e restabelecer a concórdia naquela importante região do sertão.

Deixei o governo com Exu em paz. Nenhum crime de natureza política voltou a ocorrer e, por meio de melhoramentos que me eram sugeridos pela comunidade por intermédio de Gonzaga, foi possível reintegrar a cidade ao convívio social, do qual nunca mais se apartaria.

Outro aspecto político da presença de Luiz Gonzaga foi no resgate da música popular brasileira. O vigor de suas toadas e cantorias tonificou a nossa música, retirando-a do empobrecimento cultural em que se encontrava. Sua música teve um viés nacionalista, ou melhor, brasileiríssimo, que impediu que lavrasse um processo de perda de nossa identidade cultural. 

Não foi uma música apenas nordestina, mas genuinamente nacional, posto que de defesa de nossas tradições e evocação de nossos valores.

Luiz Gonzaga interpretou o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente em quase 200 canções, em ritmos até então desconhecidos, como o baião, o forró, o xaxado, as marchinhas juninas e tantos outros. Mas foi por meio de "Asa Branca" que Lua elevou à condição de epopéia a questão nordestina. Certa feita, Gilberto Freyre afirmou que o frevo "Vassourinhas" era nossa marselhesa. Poderíamos dizer, parafraseando Gilberto Freyre, que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

Gilberto Amado disse a propósito da morte de sua mãe: "Apagou-se aquela luz no meio de todos nós". Para o Nordeste, e tenho certeza para todo o país, a morte de Luiz Gonzaga foi o apagar de um grande clarão. Mas com seu desaparecimento não cessou de florescer a mensagem que deixou, por meio da poesia, da música e da divulgação da cultura do Nordeste.

Em sua obra ele está vivo e vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira, pois, como disse Fernando Pessoa, "quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".

Fonte: Site Senadorr Marco Maciel foi vice-presidente da República. Foi governador do Estado de Pernambuco (1979-82), senador pelo PFL-PE (1982-94) e ministro da Educação (governo Sarney).

Nenhum comentário

NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO

O rádio continua sendo uma mídia essencial no Brasil. De acordo com a pesquisa Inside Audio 2024, realizada pela Kantar Ibope Media, o rádio e o áudio, como um todo, atingem todas as regiões do país. Com o rádio sendo ouvido por 79% da população brasileira

Na Rádio Educadora do Cariri, FM 102.1, localizada no Crato, Ceará,  o jornalista Ney Vital deu início ao Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e Amigos.  O programa é transmitido todos os domingos, às 17hs.

A direção da emissora apostou na reinvenção, no projeto especial e no conteúdo cultural e educativo.

O Programa NAS ASAS DA ASA BRANCA VIVA LUIZ GONZAGA e SEUS AMIGOS segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. "É o roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores. O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida", finaliza Ney Vital.


Nenhum comentário

FREI BETTO: SEGMENTO DOS INDIGENAS FOI O MAIS ATINGIDO PELA DITADURA

Ao todo, são 79 livros editados no Brasil. Um deles, foi selecionado através de votação popular para guiar uma mesa de conversa: Tom Vermelho do Verde. Na quarta-feira (11), as palavras do frade dominicano, jornalista e escritor Frei Betto mobilizaram as atenções na última edição de 2024 do Clube de Leitura, evento realizado pelo Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro. Embora seja um romance, a história narrada na obra escolhida tem como pano de fundo o drama vivido pelos indígenas waimiri atroari durante a ditadura militar.

Lançado em 2022, Tom Vermelho do Verde aborda acontecimentos da década de 1970 que Frei Betto só tomou conhecimento décadas mais tarde. Embora engajado na luta contra a ditadura, mal sabia ele na época dos horrores que a Floresta Amazônica testemunhava. Em entrevista à Agência Brasil, ele diz que hoje considera que os indígenas foram os mais atingidos pela violência empreendida ao longo do governo militar.

Realizado sempre na segunda e quarta-feira de cada mês, o Clube de Leitura tem entrada gratuita, mediante retirada prévia de ingresso na bilheteria. De acordo com Suzana Vargas, mediadora e curadora da iniciativa, o convite aceito por Frei Betto para o último encontro do ano deu ao público a oportunidade de "refletir como a literatura é capaz de elevar a outro patamar nossa consciência existencial e cidadã, muitas vezes ocupada por preocupações puramente materiais".

Na entrevista concedida à Agência Brasil antes do encontro, Frei Betto transita por múltiplos temas. Conta detalhes sobre Tom Vermelho do Verde e provoca reflexões sobre o período militar e sobre os desafios no mundo atual. Compartilha ainda informações sobre o trabalho que desenvolve em Cuba, voltado para a promoção da soberania alimentar, e chama atenção para a presença da religiosidade na vida das pessoas.


Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial