ARARINHAS AZUIS NASCIDAS EM MINAS GERAIS SÃO TRANSFERIDAS PARA CURAÇÁ BAHIA

Oito ararinhas-azuis, as primeiras nascidas no Brasil, foram transferidas de um Centro de Reprodução, em Minas Gerais para a cidade de Curaçá, no norte da Bahia, na noite de quinta-feira (18).

Uma aeronave da companhia aérea Azul foi especialmente adaptada para essa operação e decolou do Aeroporto Internacional de Confins, às 15h06, chegando ao Aeroporto de Petrolina às 18h04.

As equipes da Bluesky e da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP) chegaram ao aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, por volta das 16h, com o grupo de patrulhamento tático da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para realizarem o planejamento logístico e garantir a segurança das aves no trajeto até o refúgio na Bahia.

Em seguida, o comboio com as aves e técnicos foi escoltado pela PRF até o centro de reintrodução, localizado na zona rural de Curaçá, onde as aves receberam avaliação médica.

De acordo com Cromwell Purchase, diretor da ACTP no Brasil, as aves chegaram bem e estão se adaptando ao novo ambiente.

A ararinha-azul é uma das aves mais raras do mundo e foi considerada extinta na natureza em 2000. Desde então, a ACTP tem trabalhado em conjunto com outras organizações para reintroduzir a espécie na caatinga brasileira.

A Operação Guardiões da Ararinha-azul é um passo importante para a preservação e continuidade da espécie.

Doze ararinhas-azuis foram soltas na zona rural de Curaçá, no sertão baiano, habitat natural das aves, em dezembro do ano passado. Antes, em junho do mesmo ano, ocorreu outra soltura de outras aves desta espécie.

Em março de 2020, 52 aves voltaram ao local de origem, oriundas da Alemanha, depois da ararinha spix ter sido considerada extinta na natureza.

Os animais continuam sendo monitorados pelos brigadistas e agentes do ICMBio e biólogos da ACTP. Eles também contam com o apoio de moradores da cidade para pegar informações das ararinhas que foram soltas na natureza.

Endêmica de Curaçá, a última ararinha-azul foi vista na zona rural da cidade há mais de 20 anos, na companhia de uma fêmea de outra espécie, a arara Maracanã, e depois sumiu.

Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu com a última ararinha-azul vista em Curaçá, no sertão baiano, único lugar de ocorrência da espécie em vida livre.

Os pesquisadores atribuem a extinção da espécie principalmente ao tráfico de animais e à destruição de parte do bioma da Caatinga.

Ambientalistas e pesquisadores trabalham juntos desde 2009 no projeto de reintrodução das ararinhas na natureza. Em 2012, foi criado o Plano de Ação para Conservação da Ararinha-Azul (PAN), que inclui a reintrodução dessa rara ave brasileira no território de origem.

“É um ato simbólico que representa muita coisa. Representa um progresso muito grande de conservação, que a gente acredita que a gente pode recuperar as espécies em extinção e a ararinha-azul ela representa isso. Esse projeto representa o que a gente biólogo e os amantes da natureza fazem em prol da conservação, que a gente faz isso com paixão, isso é o mais gratificante”, disse Eduardo Araújo Barbosa, coordenador do PAN Ararinha-Azul (ICMBio).

O trabalho do plano de ação começou com o rastreamento das últimas ararinhas-azuis que existiam no mundo, todas em cativeiros. A maior parte dela, segundo os pesquisadores, foi encontrada no Catar.

Mais de 100 foram resgatadas e levadas para o viveiro da ONG alemã ACTP, no país europeu. Na instituição, as ararinhas passaram por um processo de reprodução natural e também reprodução artificial, para então alguns exemplares serem trazidos para o Brasil. Hoje, existem pouco mais de 200 ararinhas-azuis no mundo, a maior parte delas na Alemanha.

Depois de um acordo de Cooperação Técnica entre ICMBio, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a ONG alemã ACTP, mais de 50 ararinhas-azuis foram repatriadas e trazidas para o Brasil em 2020.

Elas foram levadas direto para um centro de reprodução foi construído em uma área isolada na zona rural de Curaçá para receber as ararinhas. No recinto, nasceram filhotes da espécie em março do ano passado.

O acesso ao local é restrito a pesquisadores da ONG alemã ACTP e do ICMBio. No entorno, foi criada a uma Área de Proteção Ambiental (APA) de 90 mil hectares e um Refúgio de Vida Silvestre da ararinha-azul, com 30 mil hectares.

CURIOSIDADEES-A Ararinha-Azul é a menor das araras (em comparação com a Arara-Azul grande e a Arara-Azul-de-Lear), tem apenas 55 cm e pesa, em média, 350g;

O nome científico Spixi dá uma pista da cor das penas dessa ave, que tem um azul mais claro, quase acinzentado;

As ararinhas-azuis podem viver por 30 anos. Elas entram em fase de reprodução aos 4 e só param aos 24;

As ararinhas são bastante barulhentas, principalmente quando ficam assustadas. As que foram soltas em Curaçá, como estavam em um cativeiro, não são muito "amigas" do homem;

Elas gostam de viver em grupo, principalmente fora do período de reprodução.

As ararinhas costumam se alimentar no início da manhã e no final da tarde;

Elas têm 14 itens alimentares, gostam muito de sementes, principalmente do pinhão e fruto de favela;

Os predadores das ararinhas são os saruês, morcegos, abelhas europeias, africanizadas, serpentes e aves de rapina, como o gavião;

As ararinhas acasalam no período reprodutivo, produzem os ovos. Em seguida, tem a incubação, que ocorre em média durante 26 dias. Os filhotes levam aproximadamente 90 dias para sair do ninho;

O período reprodutivo das ararinhas-azuis acontece normalmente entre novembro e maio, quando Curaçá registra chuva;

As ararinhas-azuis tem um comportamento afetuoso e de proteção com os filhotes, enquanto eles estão nos ovos. A fêmea incuba os ovos durante a maior parte do tempo e o macho fica próximo ao ninho, de olho na família;

Os filhotes são incentivados pelos pais a caçar o próprio alimento. Com a chegada da maturidade, se tornam ainda mais independentes. As ararinhas querem que os filhos aprendam logo a deixar o ninho, porque enquanto estão no local, é o momento que eles mais sofrem riscos de predações;

As ararinhas-azuis podem viver por 30 anos. Elas entram em fase de reprodução aos 4 e só param aos 24;

As ararinhas são bastante barulhentas, principalmente quando ficam assustadas. As que foram soltas em Curaçá, como estavam em um cativeiro, não são muito "amigas" do homem;

Elas gostam de viver em grupo, principalmente fora do período de reprodução..

Nenhum comentário

ASSISÃO E GRUPO CABRAS DE LAMPIÃO PERCORREM PERNAMBUCO COM AULA-ESPETÁCULO

O cantor serra-talhadense, Rei do Forró, Assisão, dá o pontapé inicial, na próxima segunda-feira (22), ao projeto "No Terreiro da Fazenda". Trata-se de uma aula-espetáculo, realizada em parceria com o grupo de Xaxado Cabras de Lampião, que reverencia a cultura sertaneja e dá destaque ao Xaxado como marca da identidade cultural do Brasil. 

A primeira aula-espetáculo, no dia 22, será na escola estadual EREM Arão Peixoto de Alencar, em Ipubi, no Sertão do Araripe,  às 15h. A iniciativa também vai passar por Belo Jardim (Agreste); São Caetano (Agreste), Recife (Região Metropolitana) e Vicência (Mata Norte).

A aula-espetáculo tem como ponto de partida a musicalidade e o ritmo da obra de Assisão, numa interação estética e inovadora com a poesia e a dança do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, resultando numa apresentação emocionante e de singular beleza. Além disso, de acordo com a presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, Cleonice Maria dos Santos, a ação é uma forma de reafirmar os fundamentos da identidade cultural sertaneja. "O projeto 'No Terreiro da Fazenda - Aula Espetáculo com Assisão' chegará dentro das escolas, de uma forma maravilhosa, para contribuir com a consciência cultural dos jovens", afirma Cleonice.

Já para o produtor da aula-espetáculo, Karl Marx, a iniciativa chega ao público num momento de afirmação da retomada do fazer cultural no Brasil. O projeto "No Terreiro da Fazenda – Aula Espetáculo com Assisão" tem a produção da Fundação Cultural Cabras de Lampião, com Agência Cultural de Produção e Criação e o Instituto Nosso Clima, com o Incentivo do Funcultura/Fundarpe/Secretaria de Cultura/Governo de Pernambuco.

Confira abaixo o roteiro do projeto:

Ipubi, no Sertão do Araripe: Segunda-feira (22), às 15h, na Escola estadual EREM Arão Peixoto de Alencar.

Belo Jardim, no Agreste: Terça-feira (23), às 10h, na Escola de Referência em Ensino Médio.

São Caetano, no Agreste: Terça-feira (23), às 15h, no EREM Agamenon Magalhães.

Recife, na Região Metropolitana: Quarta-feira (24), às 10h, na Escola Antônio Farias filho/San Martim.

Vicência, na Mata Norte: Quinta-feira (25), às 15h, no Ginásio de Esportes Amaury Pedrosa.

ASSISÃO-Francisco de Assis Nogueira, Assisão, nasceu no dia 5 de maio de 1941 na Fazenda Escadinha, município de Serra Talhada (PE). Já aos 11 anos de idade começou suas atividades artísticas como compositor. Embora não tenha nenhuma formação em música, pois nunca frequentou nenhuma escola de música, é exímio compositor, tendo sido chamado por Dominguinhos de "O maior sanfoneiro de boca do Nordeste", tal sua versatilidade em compor sem ter conhecimento musical formal. 

O início de suas atividades profissionais como cantor começou com o lançamento de um compacto e até hoje já gravou vários discos. Seus maiores sucessos, no entanto, aconteceram nos anos de 1987, 1988 e 1989. No trabalho de 1987, foram vendidas cerca de 210 mil cópias. Em 1988 foram 180 mil cópias e em 1989, 190 mil cópias. Somente nestes anos foram quase 600 mil cópias vendidas de seus trabalhos em todo País. Ele ganhou três discos de ouro consecutivos, além do título de 'Rei do Forró'. Suas músicas são tocadas em todas as regiões do Brasil. Com a agenda sempre cheia, Assisão é um dos artistas mais requisitados do Nordeste. Já compôs mais de 800 músicas, destas, mais de 300 já foram gravadas, por ele e por muitos outros artistas.

Grupo de Xaxado Cabras de Lampião-O grupo é o maior divulgador do Xaxado e mantém a originalidade e autenticidade conforme a formação criada pelos bandoleiros do Sertão. Trata-se de uma trupe de artistas sertanejos – da cidade onde nasceu Virgolino Ferreira da Silva, O Lampião – que reproduziu, no palco, como os cangaceiros se divertiam nas caatingas, nos intervalos dos combates. O Cabras de Lampião trouxe os cangaceiros para a frente das luzes e o Cangaço se transformou num show de arte com uma nova e revolucionária imagem do Rei do Cangaço.

Cada espetáculo do grupo conduz o espectador a um mergulho no mundo mágico e místico do sertão. Com músicas ao vivo – sanfona, triângulo e zabumba – e um repertório referente ao Cangaço, MPB, além de uma indumentária semelhante a dos cangaceiros. A saga de Lampião é apresentada de forma envolvente.

Nenhum comentário

QUATRO EM CADA DEZ ALUNOS BRASILEIROS DO QUARTO ANO NÃO DOMINAM A LEITURA

Quase 40% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (EF) não dominam habilidades básicas de leitura, ou seja, apresentam dificuldades em recuperar e reproduzir parte da informação declarada no texto.

Os dados são do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) de 2021. Ele foi realizado em 65 países e regiões do mundo pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável por avaliar habilidades de leitura dos estudantes matriculados no 4º ano de escolarização. Os técnicos entendem que nessa fase da trajetória escolar, o aluno, normalmente, já aprendeu a ler e essa leitura é um instrumento para novos aprendizados.

Enquanto, no Brasil, 38% dos estudantes não dominam a leitura, em outros 21 países esse percentual não passa de 5%. Dentre eles, Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%).

O relatório mostra ainda que cerca de 24% dos alunos brasileiros dominam apenas as habilidades básicas de leitura. Somente 13% dos avaliados no país podem ser considerados proficientes em compreensão da leitura no 4º ano de escolarização, pois alcançaram nível alto ou avançado desta habilidade.

O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas, em 57 países e oito regiões classificadas como “padrões de referência”, como localidades do Canadá, dos Emirados Árabes (Abu Dhabi e Dubai) e Moscou, na Rússia.

A pontuação média alcançada pelos estudantes brasileiros (419 pontos) está no nível mais baixo da escala pedagógica de proficiência, com quatro níveis. De acordo com relatório do PIRLS 2021, o desempenho dos estudantes brasileiros na leitura “é significativamente inferior a outros 58 países, de total de 65 países e regiões de referência participantes”.

O Brasil teve desempenho semelhante ao dos estudantes do Kosovo (421) e Irã (413), e superior somente aos desempenhos da Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África e do Sul (288). No outro extremo, no nível Avançado, com os melhores resultados, estão: Singapura (587 pontos); Irlanda (577 pontos) e Hong Kong (573).

A edição de 2021 contou com participação do Brasil pela primeira vez. Ao todo, 187 escolas brasileiras participaram das avaliações, com 248 turmas de 4º ano do ensino fundamental e 4.941 estudantes, distribuídos em 143 municípios de 24 estados.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins, destacou a importância de o país integrar uma pesquisa educacional comparativa. “É um marco o Brasil participar do PIRLS, essa avaliação de leitura, porque é importante o Brasil se comparar com o mundo para a gente ver de fato se a aprendizagem, o ensino que a gente está fazendo aqui, está bem na perspectiva internacional”.

Desigualdades educacionais-O PIRLS 2021 mostrou que o Brasil, além de se destacar negativamente pelo baixo desempenho na qualidade da leitura, também apresenta desigualdades no sistema educacional associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor.

No Brasil, o levantamento internacional de 2021 apontou que as meninas se sobressaem no desempenho em compreensão leitora com um resultado médio de 431 pontos, significativamente superior ao resultado médio dos meninos (408 pontos). Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos apresentaram desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e indígenas têm uma estimativa pontual média de 399 pontos.

PANDEMIA-Em relação ao Brasil, o PIRLS declarou que a pandemia de covid-19 impactou na aplicação dos testes no país, uma vez que a maioria das escolas operavam em regime remoto ou híbrido com o presencial, o que reduziu a participação das unidades de ensino e dos alunos.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela logística da aplicação da avaliação internacional no Brasil, ressaltou o contexto dessa avaliação, ocorrida durante a pandemia.

Já o diretor do Iede, Ernesto Martins, discorda e argumenta que os resultados ruins são anteriores à pandemia. “É uma pena a gente não ter aderido ao PIRLS antes da pandemia. Seria bom a gente entender melhor qual foi o efeito da pandemia e o que é efeito de uma etapa que já não funcionava tão bem antes da pandemia. Acho difícil imaginar que o resultado ruim do Brasil se deve só à pandemia, porque o Brasil está muito atrás dos países desenvolvidos”.

Desafios-O PIRLS recomendou intervenção do governo brasileiro por meio de políticas públicas ainda na etapa educacional avaliada pelo PIRLS, mas também pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do 2º e 5º ano para evitar a repetição do baixo desempenho dos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental ao longo de sua trajetória educacional.

O diretor do Iede elegeu prioridades ao governo brasileiro na gestão da educação para diminuir a distância para o desempenho de nações desenvolvidas. “Precisamos de um sistema de ensino que dê muito suporte aos estudantes, acompanhe de perto, entendendo o contexto das crianças. Além de criar o hábito de leitura desde cedo. Porque esse estudante pode não ter o hábito de ser leitor fora do ambiente escolar, até por questões de família”. Ele acrescentou ser necessário trabalhar em políticas estruturantes, como formação de professores, para garantir uma melhora.

Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de vagas de tempo integral em escolas do ensino fundamental. O governo federal planeja também o lançamento de um novo Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e realiza uma pesquisa nacional com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter.

Avaliações nacionais e internacionais-O diretor do Iede, Ernesto Martins, comparou a avaliação internacional do PIRLS às avaliações nacionais gerenciadas pelo Inep: o Saeb e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, de acordo com ele, avaliam apenas alguns domínios da educação básica brasileira.

“Temos uma preocupação em relação ao Saeb ser pouco exigente. Se você comparar o Saeb com o PIRLS, por exemplo, não vê no Saeb textos tão longos como existem no PIRLS. Então, tem uma questão de complexidade diferente das avaliações”.

Para Martins, a solução passa por aumentar o nível de exigência das avaliações nacionais. “Acho que o Saeb e Ideb trouxeram uma grande contribuição para a gente fazer um monitoramento maior das aprendizagens. Ajudou as escolas a garantirem habilidades básicas que antes não estavam sendo garantidas, mas a gente precisa puxar a barra da avaliação [para cima]. Porque tem uma avaliação externa dizendo que o Brasil está muito mal nos anos iniciais. E, ao mesmo tempo, há uma avaliação nacional que diz que os alunos vão muito bem. Tem um problema com a nossa régua”, conclui.

Em resposta, o Inep destacou o rigor técnico das avaliações nacionais e internacionais sob responsabilidade do instituto vinculado ao Ministério da Educação (MEC). “[As avaliações] têm características próprias, mas todas são realizadas com o rigor técnico necessário para garantir a fidedignidade da medida. O que se deve observar é que, de fato, o Saeb e o PIRLS avaliam públicos diferentes com metodologias diferentes. Mas não se verifica contradição entre os resultados. As informações são complementares e ajudam a entender melhor o cenário educacional, a fim de planejar intervenções mais eficientes para sanar as lacunas de aprendizagem identificadas”.

O Inep detalhou que os resultados da última edição do Saeb, em 2021, mostram que, no 2º ano do ensino fundamental, 33,6% dos estudantes ainda leem apenas palavras isoladas. E, no 5º ano, 28,4% dos estudantes localizam informações explícitas em textos narrativos curtos, informativos e anúncios, e interpretam linguagem verbal e não verbal em tirinhas de ilustrações quadrinhos, mas, de fato, ainda não compreendem o sentido de palavras e expressões, por exemplo.

PIRLS-O PIRLS é realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas que se dedicam à realização de diferentes estudos e pesquisas educacionais comparativas.

A avaliação das habilidades de leitura pelo PIRLS está dividida em dois eixos. A experiência literária, com textos com função estética e lúdica. E a leitura de textos informativos que têm o objetivo de comunicar e esclarecer sobre um determinado tema. As provas aplicadas no fim de 2021 e início de 2022 foram nos formatos digital e em papel, conforme a localidade do mundo. No Brasil, o modelo adotado pelo Inep foi no papel. (AGENCIA BRASIL)

Nenhum comentário

PARTEIRAS EXALTAM ANCESTRALIDADE E BUSCAM RECONHECIMENTO

Ela era uma criança de nove anos e lágrimas nos olhos quando aparou um recém-nascido em suas mãos negras e pequenas pela primeira vez. Era uma noite chuvosa quando sua mãe entrou em trabalho de parto. O pai saiu para buscar a parteira, dona Bina, mas não chegaram a tempo de ver a criança nascer.

Hoje, Floriceia Carvalho das Neves, ou simplesmente Flor, tem 65 anos, 47 afilhados e centenas de crianças que ajudou a trazer ao mundo na comunidade quilombola da Ilha de Maré, região insular de Salvador sem ligação rodoviária com continente.

Parteira de profissão, Flor faz parte de uma legião de trabalhadoras que, mesmo encaradas como líderes em suas comunidades, batalham por mais visibilidade da porta para fora. Para isso, atuam para difundir o parto normal e incentivar mulheres grávidas a terem seus bebês seguindo as tradições ancestrais.

As parteiras tradicionais deram mais um passo nesta direção no dia  (5), quando inaugurada a Casa da Parteira de Taperoá, cidade de 21 mil habitantes do Baixo-Sul da Bahia.

Além de servir às parteiras da região, a casa será sede da Rede Nacional de Parteiras e Povos Originários e da Rede Internacional Escola de Saberes, Cultura e Tradição Ancestral. As entidades têm como foco a capacitação e a troca de experiências entre as parteiras tradicionais, além do atendimento a mulheres grávidas antes, durante e depois do parto.

"A mulher grávida tem que se empoderar para que, na hora do parto, quem conduza esse trabalho seja ela. Nós ajudamos, orientamos, mas quem faz o parto é a mulher", diz Suely dos Santos Carvalho, 72, fundadora das redes de parteiras e que já ajudou a trazer ao mundo mais de 5.000 crianças.

Militante do movimento sanitarista que resultou na criação do SUS (Sistema Único de Saúde), Suely é bisneta, neta, filha e mãe de parteiras tradicionais. Em 1991, ela fundou em Olinda (PE) o Cais do Parto, ONG que se tornou referência na formação de parteiras e no apoio a mulheres grávidas.

O embrião da entidade foi a criação, em 1989, da "roda de casais grávidos", espaço onde pais e mães recebem aconselhamento e se prepararam para o momento da chegada do bebê. A experiência se espalhou por outras redes de parteiras e segue viva até os dias de hoje.

A Casa da Parteira de Taperoá dará prosseguimento a este trabalho de incentivo ao parto normal, indo na contramão à tendência de avanço dos partos cesáreos entre as mulheres brasileiras.

O Brasil possui a segunda maior taxa de cesáreas no mundo, só perdendo para a República Dominicana, conforme pesquisa publicada em 2018 pela revista Lancet. Dos partos feitos no SUS (Sistema Único de Saúde), 40% ocorrem por meio de cirurgias. Na rede privada, o índice chega a 84%.

O procedimento cirúrgico, contudo, só deveria ser realizado em caso de necessidade, segundo diretriz da OMS (Organização Mundial da Saúde).

No Brasil, além de se tornar mais comum, as cesáreas passaram a ser incentivadas. Em São Paulo, por exemplo, o governo sancionou em 2019 um projeto de lei da então deputada Janaína Paschoal que garante à mulher a opção pela cesárea no SUS, mesmo sem indicação clínica. A decisão ocorreu a despeito de parecer técnico contrário da Defensoria Pública do Estado.

É neste cenário que muitas mulheres têm caminhado na direção contrária, buscando uma reconexão com as culturas ancestrais. Foi o caso da médica Camila Goes, 38, que que há oito anos vive em Taperoá.

Mãe de três filhos, Camila teve o seu mais velho há dez anos em um parto cesáreo, mas optou por dar à luz aos dois mais novos com o apoio de parteiras tradicionais. A experiência foi um impulso para que ela mergulhasse nesse universo e também se tornasse uma parteira, seguindo o legado de sua bisavó.

"Comecei a formação de parteira e, no meio, começaram a aparecer mulheres grávidas. Logo nasceu o primeiro bebê em minha casa, e depois viram vários outros", lembra Camila, que comanda as rodas de casais grávidos em cidades e assentamentos da região.

Ela destaca que o parto tradicional segue uma abordagem que vai além do corpo, tratando também do lado emocional e espiritual das mulheres grávidas. Daí a sua diferença em relação aos movimentos mais recentes pelo parto humanizado, majoritariamente formado por profissionais de saúde.

"A parteira tradicional sempre existiu, ela nasce com a humanidade. É um conhecimento milenar e que é muito parecido em diferentes culturas. E quando a medicina surgiu, ela não aprendeu com as parteiras porque era uma medicina branca e de homens", afirma.

O trabalho das parteiras tradicionais vai muito além do momento do parto. Em áreas rurais ou isoladas, elas se tornam uma espécie de líder das comunidades, atuando no acolhimento, aconselhamento e até mediação de conflitos familiares. São conhecidas como comadres de pais e mães e como madrinhas dos filhos nascidos pelas suas mãos.

Também há uma conexão do parto com a religiosidade, a despeito de a rede das parteiras não seguir nenhuma religião justamente para acolher mulheres grávidas de diferentes credos. Em geral, os trabalhos podem incluir banhos de ervas, benzimentos, patuás, a depender da cultura da comunidade.

Não se sabe ao certo quantos homens e mulheres trabalham auxiliando partos de forma tradicional no Brasil. O último levantamento foi realizado em 1993 e contabilizou cerca de 60 mil parteiras e parteiros, sendo a maioria em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

Depois de 30 anos, a tendência é que este número seja menor, já que grande parte das parteiras identificadas na época eram mulheres idosas e, nas últimas décadas, se tornou menos comum que o ofício de parteira passe de mãe para filha nas comunidades tradicionais.

Por outro lado, as parteiras estão mais organizadas e trabalham por uma melhor interlocução com os governos federal, estaduais e municipais.

Em 2011, o governo federal incluiu o trabalho das parteiras tradicionais como elemento de saúde comunitária o lançamento da Rede Cegonha. O programa foi retomado neste ano no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também revogou portarias vistas como incentivo a cesarianas.

A capacitação está entre as principais demandas das profissionais, que mesmo com o aprendizado de gerações buscam por mais conhecimento para auxiliar os partos normais.

"Temos parteiras que não sabem anatomia humana. São mulheres que passam 20, 30 anos tocando o corpo de mulheres e não sabem o que tem lá dentro. É preciso ensinar usando a linguagem delas", explica Suely Carvalho, que comanda cursos com parteiras tradicionais.

Outra demanda é apoio logístico para os partos que demandem atendimento médico, sobretudo em áreas isoladas. Também há um projeto para realização de um novo censo das parteiras.

A quilombola Floriceia Carvalho, que já chegou a fazer parto dentro de um barco na Baía de Todos-os-Santos, hoje ajuda a formar novas gerações de parteiras. E celebra o ofício milenar: "Confio em Deus, em Nossa Senhora do Parto e recebo o maior carinho a criança. É muito lindo ver uma criança nascer."

FONTE: (JOÃO PEDRO PITOMBO | FOLHAPRESS)

Nenhum comentário

UFCA RECEBE ACERVO DO POETA PEDRO BANDEIRA DOADO PELA FAMÍLIA

O curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA) realizou na última terça-feira, dia 9 de maio de 2023, uma cerimônia para recepção de acervo doado pela família do poeta paraibano, radicado no Cariri, Pedro Bandeira. A cerimônia, realizada no Miniauditório Bárbara de Alencar, campus Juazeiro do Norte, contou com a presença do reitor, Ricardo Ness, e com a de outras autoridades universitárias e municipais.

“Príncipe dos poetas populares”, Pedro Bandeira foi repentista, cantador de viola, filósofo, teólogo, escritor, radialista e apresentador de TV – elogiado publicamente por grandes nomes nacionais, como Câmara Cascudo, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. Nascido em São José de Piranhas, na Paraíba, Pedro recebeu, em 2018, o título de Tesouro Vivo do Estado do Ceará, pela obra robusta, escrita desde criança, com incontáveis músicas e versos. Apresentou-se por todo o Brasil e também no exterior, recebendo diversos prêmios, diplomas, homenagens e comendas. 

 “Não é um arquivo só de Pedro Bandeira, é um arquivo da poesia, do repente de viola de todo o Brasil”, relatou Íria Bandeira, filha do poeta. Ela complementa afirmando que seu pai era reconhecido entre os poetas por tê-los ensinado a vender seus trabalhos. Além de Íria, outros dois membros da família de Pedro se fizeram presentes durante o evento: sua filha, Analica, e seu neto, Pedro Ian.  Antes e após a doação, os cantadores Jonas Bezerra e Chico Alves apresentaram canções autorais e cantaram repentes, ao som de violas. 

 No total, a UFCA recebeu, até o dia da cerimônia, 9 caixas, contendo cordéis, quadros com fotografias, livros, discos e troféus de Pedro Bandeira. Todas as doações, que são de diferentes épocas e fases da vida do artista, passarão por tratamento de higienização e por ações de preservação preventiva.  

Ao contar sobre a vida do pai, Íria Bandeira emocionou-se em diversos momentos e relembrou manias de Pedro, como a de dormir com diversos livros e cadernos embaixo de sua rede: “Às vezes, ele acordava de madrugada com algum verso em mente e já o transcrevia. Ele só dormia de rede. Se vocês quiserem essa rede, a gente doa essa rede também”, brincou Íria. Apesar da brincadeira, a família se colocou à disposição da Universidade para doar ainda mais itens, futuramente. 

Emocionado, Ricardo Ness comentou sobre a importância do acervo doado pela família de Pedro e de outros acervos já incorporados à Universidade. Conforme o reitor, a ideia é que a UFCA crie um Museu para expor todos os itens recebidos, mas, para isso, a instituição precisa de um espaço adequado, o que ainda não se materializou na Universidade. 

Também presente na cerimônia, a professora do curso de Biblioteconomia da UFCA, Francisca Pereira dos Santos, conhecida como Fanka Santos, reforçou a necessidade de se criar um espaço para exposição de itens já mantidos pelo Laboratório de Ciência da Informação e Memória (Lacim), responsável pela guarda do acervo doado pela família de Pedro Bandeira: “A gente precisa de estantes”, frisou a docente, provocando risos na plateia. Professora Fanka (de pé), da UFCA, durante doação de acervo de Pedro Bandeira à Universidade. Foto: Paulo Rossi – Dcom/UFCA Laboratório de Ciência da Informação e Memória O Laboratório de Ciência da Informação e Memória, vinculado ao curso de Biblioteconomia da UFCA, surgiu em 2009 como um espaço tanto de memória quanto de práticas de ensino e pesquisa para o curso. 

 Vice-Coordenadora do curso de Biblioteconomia e tutora do Lacim, a professora da UFCA Vitória Gomes afirma que a doação do acervo de Pedro Bandeira não só é importante para o curso de Biblioteconomia, como também é “importante para a cultura brasileira” como um todo: “Ele [o acervo] é um patrimônio que nós temos e que agora a UFCA tem a missão de salvaguardar e proteger”, finaliza.

Em breve, o acervo de Pedro Bandeira estará disponível para consulta pela comunidade acadêmica da UFCA e também por parte dos públicos externos. Para ter acesso às obras e aos itens sob a guarda do Lacim/UFCA, basta agendar uma visita, pelo perfil do Laboratório no Instagram ou pelo e-mail lacim.ccsa@ufca.edu.br.  Serviço Curso de Biblioteconomia – UFCA Laboratório de Ciência da Informação e Memória lacim.ccsa@ufca.edu.br

Nenhum comentário

POLICIA FEDERAL CUMPRE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO NA USINA NUCLEAR ANGRA 1

A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (11) na Usina Nuclear Angra 1, em Angra dos Reis (RJ).

Segundo a PF, a medida judicial está relacionada aos dois inquéritos policiais que investigam o vazamento de água contaminada com resíduos nucleares ocorrido em 16 de setembro de 2022.

Na ocasião, a Eletronuclear deixou de avisar a autoridades responsáveis sobre um vazamento de material radioativo no mar da Baía de Itaorna.

As investigações apuram supostas condutas omissas na comunicação dos eventos na usina e possíveis crimes ambientais.

Procurada pelo g1, a Eletronuclear disse que "o incidente foi encerrado, suas causas estão sanadas e não existem áreas impróprias nem risco de agravamento da situação". Afirmou também que "nenhuma norma foi infringida pela empresa, que sempre atuou com total comprometimento e respeito ao meio ambiente". Veja na íntegra:

"A Eletronuclear confirma a presença da Polícia Federal (PF) na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, na manhã desta quinta-feira (11). A ação faz parte das investigações sobre o incidente na usina Angra 1, ocorrido em setembro do ano passado.

É importante ressaltar que todas as informações e detalhes solicitados continuarão sendo fornecidos às autoridades, reforçando o compromisso da empresa com a segurança e bem-estar de todos.

A empresa reitera que o incidente foi encerrado, suas causas estão sanadas e não existem áreas impróprias nem risco de agravamento da situação. Além disso, o evento não ocasionou nenhum tipo de prejuízo às pessoas ou ao meio ambiente, conclusão referendada pelos próprios órgãos licenciadores (Ibama e Cnen). Nenhuma norma foi infringida pela empresa, que sempre atuou com total comprometimento e respeito ao meio ambiente.

Nesse sentido, a Eletronuclear permanecerá à disposição dos órgãos competentes para todos os esclarecimentos necessários sobre o incidente. "

Nenhum comentário

JORNALISTA CHICO JOSÉ PARTICIPA PALESTRA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em comemoração ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), realizará uma aula aberta sobre os desafios da profissão, com o jornalista cratense Francisco José. 

O evento, gratuito e presencial, ocorrerá no dia 11 de maio, às 19h, no auditório do campus Juazeiro do Norte. Na ocasião também haverá o lançamento da sétima edição da Semana de Jornalismo do Cariri. 

Chico José ganhou destaque nacional com as reportagens especiais para o programa Globo Repórter

Na aula, além da explanação de Chico José, os participantes poderão compreender como ocorre, na prática, uma coletiva de imprensa. A entrevista coletiva será conduzida pelos estudantes que atualmente compõem a equipe da Agência Cariri, formada por estudantes do Laboratório de Assessoria de Imprensa, sob a supervisão do professor do curso de Jornalismo da UFCA, Edwin Carvalho. 

Os jornalistas profissionais e o público em geral também poderão fazer perguntas ao convidado. Francisco José  Primeiro jornalista nordestino a apresentar o Jornal Nacional, Chico José trabalhou durante 46 anos na TV Globo, atuando por mais de três décadas como repórter especial no Globo Repórter. Fez cobertura de quatro Copas do Mundo, duas Olimpíadas e foi enviado especial da Guerra das Malvinas.  

O jornalista conta no seu currículo, além de diversas reportagens, com uma indicação ao Emmy, o mais importante prêmio da televisão mundial. Projeto Aulas Abertas O evento faz parte do projeto Aulas Abertas, criado em 2021, pela Agência Cariri.

A programação alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, data instituída pela Organização das Nações Unidas, incluirá, além da aula, o lançamento da sétima edição da Semana de Jornalismo do Cariri, que ocorrerá entre os dias 2 e 6 de outubro. 

Na oportunidade, o tema do evento também será divulgado.  Haverá ainda o lançamento da nona edição da Revista Caracteres, produzida pelos estudantes do Laboratório de Jornalismo Impresso do curso de Jornalismo da UFCA. Serviço Agência Cariri (Agência de notícias do curso de Jornalismo da UFCA) agenciacariri.iisca@ufca.edu.br

Fonte: https://ufca.edu.br

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial