EXU PERNAMBUCO E A FUTURA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL LUIZ GONZAGA. A PEDAGOGIA DA ESPERANÇA

Luiz Gonzaga, Mestre da Sanfona, Rei do Baião despertou a consciência de gerações para as questões sociais. Foi defensor além da cultura, um visionário em relação ao ensino público, pois sempre sonhou e trabalhou para que a sua Exu, Pernambuco, terra onde nasceu, fosse lugar de ensino, pesquisa e extensão.

Luiz Gonzaga em uma de suas composições disse: crianças e adolescentes, o lugar deles é na sala de aula. Luiz Gonzaga sabia da importancia do ensino de qualidade e, principalmente, da qualificação profissional para os estudantes e as inúmeras possibilidades que a educação é capaz de construir.

Este sonho de Luiz Gonzaga, em parte em breve  será realizado com a futura inauguração da Escola Técnica Estadual (ETE), que inclusive, será mais uma homenago ao Reio do Baião, portanto a Escola Técnica Estadual Luiz Gonzaga, obra em andamento, vai garantir o futuro aos jovens sertanejos da região do Araripe.

O novo prédio do equipamento terá, aproximadamente, 5,5 mil metros quadrados (m²). O investimento com recurso do Tesouro Estadual e da União, via Fundo Estadual de Desenvolvimento da Educação (FNDE), beneficirá 1.300 estudantes das cidades ao redor de Exu, que se tornará um ponto de referência no setor educacional da região.

A nova escola faz parte do programa Brasil Profissionalizado. A estrutura contará com 12 salas de aula, seis laboratórios básicos, auditório, biblioteca, refeitório, área de convivência, quadra poliesportiva coberta e dois laboratórios para qualificações específicas.

Todos os pesquisadores de Luiz Gonzaga, revelam que Uma característica que marcou o comportamento de Luiz Gonzaga, foi a preocupação dele com a condição socioeconômica da população mais carente. Ele ia a Brasília reivindicar melhorias na área da educação,  saúde, da infraestrutura entre outras e conseguiu levar progresso neste sentido a localidades do Nordeste. 

Nos shows , fazia questão de se apresentar para o público que não tinha dinheiro para comprar ingressos. “Canto para o meu povo”, dizia Luiz Gonzaga.

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ECOLOGIA ESPIRITUAL: INTEGRANDO NATUREZA, HUMANIDADES E ESPIRITUALIDADES

Ecologia espiritual: Integrando natureza, humanidades e espiritualidades. O presente livro é uma ação e organização de membros do grupo de pesquisa “Ecologia Espiritual: integrando Natureza, Humanidades e Espiritualidades”, da Universidade Estadual de Feira de Santana, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGP), ligado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

O livro tem por organizadores os professores Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto (UEFS) e Dra. Elis Rejane Santana da Silva (UNEB, Campus 3), com a colaboração de diversos pesquisadores, de diferentes instituições de ensino superior, os quais vêm demonstrando interesse e ações no campo interdisciplinar da ciência, com foco na busca e compreensão da relação do universo espiritual com o universo natural, dentro da temática da ecologia espiritual. 

Aproveitamos esse momento para parabenizar tanto os organizadores quanto os demais autores dessa obra literária tão importante no atual momento que vivemos na ciência e academia, parabenizar pela determinação e ousadia em quebrar os paradigmas cartesianos e fechados da ciência tradicional, e por evidenciar que a ciência é um campo aberto e que nela podemos ter diferentes diálogos, diferentes olhares, diferentes percepções e diferentes atores sociais envolvidos. 

O livro está organizado em quatro partes: 1) Ecologia, Espiritualidades e Conservação da Natureza; 2) Ecologia Espiritual na vertente de uma Ciência Ecocentrada; 3) Conexões com os Seres Elementais; e 4) Ecologia Espiritual e Saúde Integral. Os capítulos distribuídos nessas quatro partes apresentam diferentes olhares no contexto da ecologia espiritual, com reflexões sobre possíveis caminhos a serem trilhados pelo grupo de pesquisa em Ecologia Espiritual, formado junto ao CNPq em março de 2021. 

Os autores destacam, entre outras coisas: a tentativa de extermínio da percepção da Terra como a Grande Mãe, como vetor, embora não isolado, da separação ser humano-Natureza; correntes de pensamento integrativo onde o ser humano não está apartado da Natureza, mas dela é elemento; e desafios e possíveis caminhos para que a Ecologia Espiritual auxilie na reunificação ou reconexão do ser humano com a Natureza.

Sobre a Ecologia Espiritual, podemos encontrar afirmações e explicações interessantes, como as que seguem, extraídas do livro “Ecologia Espiritual: o choro da Terra” (The Golden Sufi Center, 2013), editado por Llewellyn Vaugahn-Lee, no qual temos textos de escritores, filósofos e mestres espirituais: 

“Se é para nós restaurarmos o equilíbrio em nosso planeta, nós precisamos ir além da superfície para curar a separação entre espírito e matéria e assim contribuir em trazer o sagrado de volta à vida.” 

“A Ecologia Espiritual é uma resposta espiritual à presente crise ecológica. Este campo em desenvolvimento une ecologia com a consciência do sagrado existente na criação, firmando uma nova forma de se relacionar no mundo”.

“A Ecologia Espiritual propõe que as realidades físicas da crise ecológica que vivenciamos – desde os fenômenos de alteração climática ao consumismo exacerbado e poluição das águas, ar e solo, refletem uma realidade mais profunda, a da crise espiritual”.

Diante da importância dessa área da ciência e de toda a contribuição que a Ecologia Espiritual pode trazer para auxiliar no entendimento e busca por soluções das crises ambientais que o mundo vem passando, inclusive com impactos na vida emocional, pessoal, social, familiar e espiritual de cada pessoa, que referendamos o presente livro, o qual chega em hora muito oportuna para fazer eco e propagar essa realidade, que tem sido negligenciada por muitos. 

Precisamos nos reconectar com a natureza e salvá-la enquanto temos tempo. Essa reconexão também passa pelo respeito e proteção dos povos indígenas e populações tradicionais, os quais são os guardiões da natureza e vêm passando por diversos e complexos momentos de destruição de suas culturas e formas de viver, assim como suas conexões com a natureza.

Outro ponto a ser destacado no presente livro é seu caráter internacional, pois temos capítulos de pesquisadores de países como Argentina, Canadá, Colômbia, Equador e Estados Unidos, evidenciando que a temática da ecologia espiritual está sendo observada, discutida e desenvolvida em várias partes do mundo.

 Nesse contexto, o Brasil tem como colaborar fortemente nesse universo, em virtude da gigantesca diversidade biológica e cultural que temos em nosso país, em suas diversas regiões, com uma ampla heterogeneidade cultural, étnica, social e econômica, aliadas e relacionadas aos diferentes biomas como a Amazônia, Caatinga, Cerrado, entre outros, e em cada um deles, a presença marcante da espiritualidade com seus mitos e lendas, dos quais, muitos são relacionados com a proteção dos ecossistemas e sua biodiversidade. 

Esse livro também contribuirá com a formação acadêmica de alunos, professores e pesquisadores que se interessem pela área da Ecologia Espiritual, fortalecendo assim o contexto da mesma como uma ciência séria, e que vem para somar com resultados robustos e necessários para enfrentar os problemas atuais da sociedade. 

Termino deixando meus imensos parabéns aos organizadores e autores do livro “Ecologia Espiritual: integrando Natureza, Humanidades e Espiritualidades”, e desejo que o mesmo possa promover uma reconexão espiritual e natural de cada pessoa, cada leitor que tiver contato com o mesmo. 

Texto: Professor doutor Reinaldo Farias Paiva de Lucena-Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS

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EXPOSIÇÃO EXALTA ARTE INSPIRADA EM SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Mais de 60 artesãos de pelo menos 17 municípios pernambucanos integram a exposição “São Francisco: O Olhar da (o) Artesã (o)”, em cartaz em Olinda, no Convento de São Francisco, entre os dias 1º e 4 de outubro.

Com visitação das 8h às 11h30 e das 14h às 16h30, a mostra pretende exaltar a arte da cultura popular, traduzida nas peças dos artistas que se inspiraram em um dos santos mais populares, São Francisco de Assis - padroeiro da natureza e dos animais,  que não valorizava apenas a figura humana como obra de Deus.

Serviço-“São Francisco: O Olhar da (o) Artesã (o), no Convento de São Francisco, Olinda

De  1º a 4 de outubro Acesso gratuito. Rua de São Francisco, 280, Carmo


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EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA É DESTAQUE NA MAIOR FEIRA DE TURISMO DO BRASIL

ABAV (Associação Brasileira de Agência de Viagens) que é a entidade mais representativa do turismo brasileiro,realizou a ABAV EXPO 2022, em Recife-PE, com exposição de destinos do turismo brasileiro e internacional. Exu, que integra o MAPA do Turismo brasileiro, juntamente com os municípios que englobam a região, formando a instância turística do Araripe Gonzagueano, participou da exposição, com o objetivo de realizar articulações, negócios e venda dos destinos turísticos do município.

 O Secretário Executivo de Cultura, Turismo e Desportos, Cícero Marcelino, esteve no evento, representando a cidade e enfatizou: "Exu como terra de Luiz Gonzaga, é o "abre alas" para todos os demais atrativos turístico na Região do Araripe. Estarmos presentes neste grande mercado do turismo brasileiro e mundial, negociando, articulando e vendendo nossos destinos turísticos, é um passo a frente para firmamos o nosso trabalho em rede no desenvolvimento sustentável do turismo. Participaram os municípios também de Bodocó, Moreilândia, Granito, Trindade, e Araripina, que integram a instância regional. 

Para a Secretária de Cultura, Turismo e Desportos de Exu, Isa Apolinário, o momento marca um novo ciclo de uma região fortalecida, no desenvolvimento do turismo regional, na geração de oportunidades e na inclusão das comunidades.

O prefeito Raimundinho Saraiva destaca: "Investimos a cada dia no potencial turístico de Exu, especialmente de base comunitária, para o desenvolvimento socialmente justo, e geração de renda em todo o trade turístico local. Num trabalho de parceria com o SEBRAE e as prefeituras da região envolvidas, estamos nos solidificando regionalmente, no avanço do turismo do sertão.

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ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO AMBIENTAL PROPÕE IMAGINAR FUTUROS POSSÍVEIS

O V Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo Ambiental (ENPJA) recebe convidados nacionais e internacionais para debater as questões ambientais de nosso tempo e convoca os participantes a imaginarem futuros possíveis para o jornalismo e os ambientalismos. 

O evento será realizado nestes dia 27 e 28 de setembro (terça e quarta-feira) de modo on-line. As inscrições para ouvintes são gratuitas e podem ser realizadas diretamente no site do encontro: https://www.even3.com.br/enpja2022/

Nesta edição, o ENPJA conta com quatro mesas e palestras. Neste dia 27, às 10h, a conferência Pesquisa em Jornalismo Ambiental nos EUA e América Latina abre o evento. A palestra será proferida por Bruno Takahashi, que é professor associado de Jornalismo e Comunicação Ambiental na Michigan State University e diretor de pesquisa do Centro Knight para Jornalismo Ambiental.

Pela tarde haverá a reunião das Redes de Pesquisa em Jornalismo Ambiental, com a presença confirmada de Ilza Maria Tourinho Girardi (UFRGS), Katarini Miguel (UFMS), Simão Farias Almeida (UFRR), Rachel Mourão (Michigan State University) e Luciana Miranda Costa (UFRN). A partir das 14h, os pesquisadores se reúnem para debater as principais agendas de pesquisa em Jornalismo Ambiental, com ênfase nas lacunas e avanços dos últimos anos.

Já nesta quarta-feira (28), o ENPJA apresenta a mesa Desafios ambientais do Brasil. Das 14h às 17h, Alana Keline Manchineri (Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira/Rede de comunicadores Tambores da Selva da Coordenação de Organizações Indígenas Bacia Amazônica), Juliana Arini (O Eco) e Fernando Aristimunho (Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa) apresentarão suas perspectivas para o futuro do País.

A conferência de encerramento, Desafios do jornalismo diante do desmonte ambiental e da crise climática, inicia às 19h, com a presença de Maristela Crispim. A jornalista, que acumula mais de 40 prêmios ao longo de sua carreira, é idealizadora da agência de conteúdo Eco Nordeste.

A realização é do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental (UFRGS/CNPq) e do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), responsáveis pela organização do evento. Ambos possuem trajetória de décadas na mobilização e formação de jornalistas para a abordagem das questões ambientais. A iniciativa conta com apoio do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRGS, do Curso de Jornalismo da UFSM/FW e do Curso de Jornalismo da Uniritter/POA.

“O Jornalismo Ambiental está passando por momentos tensos e de muita responsabilidade, pois o governo federal está em guerra contra o meio ambiente, com toda sua sociobiodiversidade. Assim, o Jornalismo com o olhar ambiental nunca foi tão importante para denunciar a destruição. Ele cumpre com seu papel de denunciar, cobrar medidas protetivas e informar aos cidadãos sobre o que está ocorrendo. Tem também um papel educativo para a construção de uma cidadania ativa. É importante que os cidadãos se percebam como natureza e aprendam a colocar a natureza como elemento fundamental para a escolha dos governantes, desde prefeitos ao presidente da República, incluindo aí os nossos representantes da Câmara dos Vereadores ao Senado”, afirma Ilza Maria Tourinho Girardi, professora titular convidada no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

E conclui: “O ENPJA está retornado depois do recesso em função da pandemia. Vai ocorrer numa época fundamental, pois os brasileiros devem escolher um presidente que se propõe a continuar a guerra contra o meio ambiente, indígenas e quilombolas ou um que se propõe à reconstrução. É uma época de escolhermos o futuro para o jornalismo e para o ambientalismo”.

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EXPOSIÇÃO VAQUEIRAMA ESTREIA NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, ENTRADA É GRATUITA


A exposição 'Vaqueirama', do fotógrafo Ricardo Prado, será aberta na Fundação Pierre Verger Galeria, Centro Histórico de Salvador, nesta quinta-feira, dia 29 de setembro, às 19h30. As fotos expostas são resultado de 12 viagens a Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia, e à Floresta de Itacuruba, em Pernambuco. A entrada é gratuita.

A exposição pode ser visitada de segunda-feira a sábado, das 9h às 19h. O ensaio conta com 29 imagens de vaqueiros em suas roupas de couro, ao lado ou sobre seus cavalos, sendo retratos posados e fotos em movimento, durante as disparadas para as pegas de boi.

Denominada com a palavra que significa vaqueiros reunidos, 'Vaqueirama', conta com imagens de homens jovens e velhos, herdeiros de uma atividade que teve origem na segunda metade do século XVI, no avanço das boiadas do litoral para o sertão.

A exposição inaugura também um novo projeto da Fundação Pierre Verger, que vai abrir o espaço para trabalhos de fotógrafos baianos, já reconhecidos ou ainda com pouca visibilidade, com o objetivo de destacar seus trabalhos nos cenários local e nacional.

Serviço: O quê: Exposição Vaqueirama, do fotógrafo Ricardo Prado.

Onde: Fundação Pierre Verger Galeria, Rua da Misericórdia, 09, loja 1, Centro Histórico de Salvador.

Quando: abertura no dia 29 de setembro, às 18h30.

Visitação: de segunda à sábado, das 9h às 19h.

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A MÚSICA QUE A NATUREZA PRECISA

Há 30 anos assisti a uma palestra do Dr. Kent Redford que me deu grande emoção. Primeiro, o teor e a forma criativa de expor o conteúdo por meio de metáforas com sensibilidade e coerência.  Segundo, porque a ocasião do evento foi a fundação do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, do qual faço parte desde o início, tendo Kent como um de nossos Conselheiros por alguns anos. O evento foi em março de 1992 no auditório da ESALQ em Piracicaba, São Paulo.

Do que constava sua fala? Kent comparou a conservação da natureza e das áreas protegidas a Ulisses, na Grécia antiga, que reconhecendo sua vulnerabilidade como homem, já que não era deus, pediu para ser amarrado ao mastro de seu navio para não se deixar tentar pelo canto das sereias. Cabia a ele a responsabilidade de conduzir a embarcação com segurança ao seu destino e, tanto ele quanto sua equipe sabiam que passariam próximos a uma ilha onde viviam as sereias que seduziam por sua beleza e canto cheio de magia.

Os desafios da conservação têm sido marcados pela sedução de aparentes vantagens, hoje responsáveis pela destruição maciça da natureza, seja construção de estradas, exploração de minérios valiosos, plantio de um produto rentável em larga escala, criação de animais para o abate, ou qualquer outra atividade econômica, comuns mundo afora. As escolhas humanas vêm sobrepondo à conservação e o mundo natural encontra-se cada vez mais diminuto e menos protegido. Com isso, temos que ter mais e mais cuidados para não nos deixarmos seduzir pelo canto das sereias que se proliferam exponencialmente.

Precisamos nos lembrar que somos seres vivos integrantes de uma teia complexa de elementos que perfazem o sistema terrestre. Se nos deixarmos cair na tentação de abrirmos mão de nossos propósitos mais valiosos, dos quais a celebração da vida faz parte, cairemos no canto das sereias. Amarrem-nos, dizia Kent. Apertem mais e mais as cordas para que não avancemos nas áreas protegidas.

Precisamos proteger a natureza de nós mesmos e de nossas escolhas equivocadas, de modo a que a riqueza da vida permaneça tanto na terra quanto nas águas e no ar. O planeta nos proporcionou abundância de espécies, ecossistemas, biomas que merecem a chance de continuar sua trajetória evolutiva, com os mares salvaguardados, os rios com águas límpidas e cheios de vida, e tudo o mais que herdamos nessa nossa breve passagem por aqui. A cada tentação, amarrem-nos mais fortes e nos tirem as vendas da cegueira da ganância.

Mais recentemente, li sobre outro personagem do mundo mitológico, e achei que valia ser relembrado: Orpheu. Ao tocar sua lira, tamanha era a perfeição do som que produzia que a todos encantava. O mal e o bem se estarreciam diante de tanta beleza. Até as árvores se curvavam ao som de sua música mágica. Orfeu apaixonou-se perdidamente e perdeu seu amor cedo. Foi às profundezas sombrias tentando resgatá-la, e até lá encantou a todos que encontrou, e por isso não foi contagiado pelo mal. Acabou por perder seu amor para sempre, mas ficou a magia de sua música e sua lira se tornou uma constelação da via láctea.

O que Orfeu tem a ver com conservação? Como educadora ambiental, busco formas de encantar as pessoas com as belezas naturais que estão por toda parte. Estão dentro e fora de nós. Estão ao redor e nas alturas, no sistema cósmico a que pertencemos. Todo a intrincada teia de vida da qual dependemos e fazemos parte é de imensa beleza, sutil, delicada e por vezes agressiva, mas sempre em harmonia com um propósito maior, e por isso merecedora de nossa reverência e maravilhamento. 

Precisamos encontrar liras que sonorizem nuances de tons que sejam tão bem tocados que nos afastem das tentações de abrir mão do que realmente vale a pena. E no caminho que percorrermos, é fundamental que contagiemos a todos com esse sentimento de êxtase que a natureza é capaz de nos despertar.

Que o IPÊ e todos que buscam proteger a natureza encontrem liras à altura de Orfeu, suficientes para cumprir nosso papel de dar exemplo de que é possível viver sem destruir. É possível proteger e ajudar àqueles que desejam novos modelos de desenvolvimento integrado à vida. Nossa felicidade muito depende desse novo pensar e que nossos caminhos sejam banhados de músicas inspiradoras e não de cantos de sereias tentadoras.

Suzana Padua autora do texto é Doutora em educação ambiental, presidente do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, fellow da Ashoka, líder Avina e Empreendedora Social Schwab. (O)eco jornalismo é um veículo de jornalismo sem fins lucrativos fundado em 2004 que se dedica a documentar os desafios, retrocessos e avanços dos temas relacionados à conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental no Brasil.

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