MUSICALIDADE DO OGAN VAI ALÉM DO CANDOMBLÉ E CARECE DE MAIOR RECONHECIMENTO

Na música brasileira e universal, o toque de um tambor é facilmente identificado! Seja na bateria de uma escola de samba, onde instrumentos (tambores) de diferentes timbres, formas e sons são responsáveis pelo ritmo. 

Seja pela arte de um músico percussionista, que pode atuar em diferentes ritmos musicais, lá está o “tambor” e seus diferentes “toques”. “Por isso defendo que a musicalidade de um mestre Ogan de Candomblé é de suma importância para a música brasileira”, diz o músico e pesquisador Vítor Israel Trindade de Souza.

Ele é autor de uma pesquisa de mestrado apresentada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP intitulada O Ogan Otum Alabê: sacerdote e músico percussionista da Nação Ketu no Ilê Axé Jagun. Sob a orientação do professor Alberto Tsuyoshi Ikeda, docente colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da ECA e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Trindade analisa e destaca a importância do Ogan do Candomblé no que ele chama de um “reposicionamento necessário” dentro da música brasileira. “Além disso, o Ogan merece ser devidamente reconhecido pela cultura de um modo geral e pela sociedade como um todo”, enfatiza. E ser reconhecido numa sociedade, como defende Trindade, passa também pela profissionalização. 

“Ogan já é uma profissão devidamente reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Assim, um mestre Ogan pode atuar, além da música, em diversos campos, como na educação e na cultura, por exemplo”, destaca o pesquisador ao Jornal da USP.

OGAN CIDADÃ: A trajetória de Trindade como Ogan é um dos motivos pelo qual ele passou a empreender seu estudo. Há cerca de 30 anos, durante visita a uma casa de Candomblé, o músico foi, como ele diz, “designado pelo santo” a exercer a atividade de Ogan. E assim o fez na Casa de Candomblé Ilê Axé Jagun, onde cumpriu e seguiu todos os rituais necessários para se tornar um Ogan e, ao mesmo tempo, exercendo suas atividades de músico profissional e arte-educador.

Além do reconhecimento da musicalidade do Ogan dentro da música brasileira, Trindade também mostra em sua pesquisa o quanto o trabalho de um Ogan está ligado à educação, principalmente no que diz respeito à Lei 10.639/03 de diretrizes da educação.

Mas, além de sua própria trajetória, Trindade resolveu descrever em sua pesquisa a trajetória de um outro Ogan da mesma casa, chamado “Otum Alabê” William Eduardo dos Santos, conhecido como Opotum Bicudo. 

“De certa forma, pude acompanhar o trabalho dele enquanto Ogan da casa e sua dificuldade para ganhar seu sustento”, conta Trindade. Ele ressalta que um Ogan na casa de Candomblé é o responsável por quase tudo, desde manutenções diversas das instalações até a sua principal função que é tocar e comandar os rituais. “O Ogan Otum Alabê é um sacerdote e um músico que se tornou profissional, porque na maioria das vezes ele vive exclusivamente do que recebe como honorários por seus serviços no tambor”, descreve o pesquisador. Mas nem sempre tais honorários são suficientes.

Além da trajetória de William Eduardo dos Santos, Trindade apresenta em sua pesquisa um recorte sobre a Nação Ketu, uma das nações referenciais do culto aos Orixás. Como relata Trindade em seu estudo, “o Ogan Otum Alabê, ou William Eduardo dos Santos, é o principal Ogan da Casa do Candomblé. Ele é o ‘faz-tudo’ no mundo da Nação Ketu. É o que conhece os preceitos de iniciação com todos os detalhes que o ritual exige, como as cantigas, os movimentos pertencentes a cada Orixá e as muitas outras importantes funções no cotidiano da Religião dos Orixás.”

NA EDUCAÇÃO: Além do reconhecimento da musicalidade do Ogan dentro da música brasileira, Trindade também mostra no estudo o quanto o trabalho de um Ogan está ligado à educação, principalmente no que diz respeito à Lei 10.639/03 de diretrizes da educação, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da presença da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” nas disciplinas dos ensinos fundamental e médio.

Todo o meu trabalho se direciona à cultura afro-brasileira, e é impossível falar de música afrodescendente sem falar do Ogan, seja ele de qualquer nação ou religiosidade, como os músicos cubanos ou do reggae jamaicano ou haitiano que tem as mesmas raízes", descreve Trindade.

“O meu trabalho mostra que a atividade do Ogan pode ser inserida na educação”, enfatiza o pesquisador. O próprio trabalho de Trindade, por exemplo, se fortaleceu por intermédio de projetos desenvolvidos na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, em que foram atendidos mais de mil professores que tiveram acesso a ferramentas de aplicação da lei. “É onde surgia o trabalho do Ogan, por exemplo”, cita o músico, lembrando que nesses projetos houve participação de sua mãe, Raquel Trindade, e de seu filho, Marcelo Tomé.

DA TRADIÇÃO: O papel do Ogan, como conta Trindade, surge com a fundação, no início do século 19, de uma casa de Candomblé no bairro da Barroquinha, na cidade de Salvador, Bahia. “A casa foi fundada por três mulheres que frequentavam uma comunidade católica chamada Ordem da Irmandade da Boa Morte. As africanas Adetá ou Iá Detá, Iá Calá, Iá Nassô”, relata, destacando que, por ser um culto mais direcionado às mulheres, foi criado o cargo de Ogan. “Afinal, os homens teriam de ter uma função.”

Um Ogan, como descreve o pesquisador, geralmente nasce espiritualmente como abian (iniciante no Candomblé) e cresce como “homem tambor”. Ele vive o cotidiano do Candomblé, come a comida da casa desde criança: o acarajé, o acará, o omalá ou o caruru fazem parte do seu menu trivial. “Quando ele assume seu cargo na Casa, é um homem que tem todas as referências de um militar de alta patente e muito condecorado ou, mesmo, de um mestre ou doutor em sua profissão”, explica Trindade.

TRADIÇÃO POPULAR: O pesquisador e músico Vitor Trindade se considera um Ogan “tardio”, pois se iniciou na atividade por volta dos 30 anos. “Em geral, a maioria dos Ogans está na função desde pequeno, como é o caso de William”, diz. Além de músico e arte-educador, Trindade dirige o Teatro Popular Solano Trindade, localizado na cidade de Embu, na Grande São Paulo. Filho de Raquel Trindade, escritora, artista plástica e folclorista, Vitor Trindade é neto de Solano Trindade (pai de Raquel), que também foi poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante do Movimento Negro.

Enquanto músico, Trindade já gravou sete discos: Ayrá Otá, Vitor da Trindade e Carlos Caçapava (2000, São Paulo), Revista do Samba (2001, Alemanha), Outras Bossas (2003, Alemanha), Revista Bixiga Oficina do Samba (2005, São Paulo), Hortensia du Samba (França, 2011), Samba do Revista (2011, São Paulo), Ossé, Vitor da Trindade (2015, São Paulo). Trindade orgulha-se em ressaltar que sua pesquisa é o “primeiro projeto de música negra na ECA”. Ele também é autor do livro Oganilu, O Caminho do Alabê, publicado em 2019 de forma independente. 

Mais informações: e-mail vitordatrindade@lwmail.com.br
Nenhum comentário

ÉRICA FORMIGA E SAMUEL PEREIRA VALORIZAM A FORÇA DO RÁDIO ATRAVÉS DO PROGRAMA MINUTO MAIS SAÚDE

O  rádio passa por uma profunda transformação diante do avanço do áudio digital. Apesar das mudanças sofridas, ele preserva um conjunto de características que o torna capaz de absorver e explorar uma série de inovações.

Para Washington Olivetto, publicitário tanto o rádio quanto o podcast - que se popularizou nos últimos anos - possuem capacidade singular de lidar com a instantaneidade e a imaginação do público se comparado aos demais meios de comunicação:

"O rádio continua vanguarda por ter duas características imbatíveis: a instantaneidade e a capacidade de mexer com a imaginação das pessoas. Esse tipo de imaginação o rádio sempre vai ter e o podcast também. E isso bem produzido tem tudo para ser cada vez mais sucesso, seja para os anunciantes que apostaram nisso, seja para as agências que precisam de prestígio para trabalho criativo".

Exemplo dessa afirmação é o Programa de Rádio Minuto Mais Saúde, que em 2022, continua sendo apresentado na Rádio Literária Carrapato, localizado no Crato Ceará.  O Programa Minuto+Saúde é transmitido todos os sábados, às 15hs com apresentação e produção de Samuel Nascimento e Erika Formiga Sousa.

Erika é graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual da Paraíba, especializada em Saúde Pública, Saúde da Família, Enfermagem do Trabalho, Educação em Enfermagem e Vigilância em Saúde. Samuel Nascimento é coordenador da Rádio Literária Carrapato e atual presidente da Associação Comunitária  do Sítio Belo Horizonte (Sítio Carrapato).

O programa Minuto+Saúde tem conteúdo e foco na saúde coletiva. A programação envolve uma rede de colaboradores e parceiros como a Rede Humanizasus, Fiocruz Brasília, Movimento SUS NAS RUAS.

"O programa é dividido em três blocos. Foi criado para aproximar a equipe de saúde através do repasse de informações sobre saúde, arte e cultura. O programa traz um conceito de saúde ampliado. E nesse diálogo ouvimos os saberes científicos e populares, valorizando a cultura estabelecendo redes colaborativas na troca de conhecimentos e também como um ato político transformador, unindo vários lugares, conectando pessoas, fortalecendo o Sistema Único de Saúde-SUS em defesa da vida.", explica Erika.

O programa é um forte aliado e instrumento de divulgação e produção de temas relacionados ao Sistema Único de Saúde. O Programa tem parceria também com a Rádio Universitária Paulo Freire. A Rádio Paulo Freire (AM 820 KHz), Recife Pernambuco é uma emissora que atua como rádio-escola e extensão universitária, balizada pelas ideias do seu fundador Paulo Freire, Patrono da Educação brasileira, pautada no valor da cidadania.

A Rádio Literária Carrapato é um Ponto de Cultura e tem como objetivo promover conteúdos que priorizam a valorização do ser humano e desenvolvimento social, evitando ao máximo músicas com apologias chulas, drogas, preconceito ou violência em geral. A Rádio Literária Carrapato é um patrimônio que dá voz e vez a toda a comunidade e ouvintes. 

HISTÓRIA: O Jornal Brasil de Fato destacou que o Sítio Belo Horizonte (Carrapato), localizado no município de Crato, Ceará funciona desde fevereiro de 2019, a Rádio Literária Carrapato, iniciativa realizada a partir de um ponto de cultura instalado na comunidade. O Carrapato é conhecido por ser base cultural da região, mantendo um grupo de tradição cultural como o Maracatu Nação Uinu-Erê. 

A rádio funciona 24 horas via web rádio funcionando também com transmissão local por caixas de som distribuídas pela comunidade, contando com programação própria e retransmissões. 

“A programa da Rádio Literária Carrapato é bem diversificada. Temos música, promoções, ligações da comunidade que interage pedindo música, incentivo à leitura e programas especiais que fazemos dentro da rádio”, relata Samuel Nascimento. A locução é feita de forma voluntária por moradores da comunidade, que doam um pouco do seu tempo para fazer parte da construção coletiva da rádio. 

“A gente busca incentivar, dentro da rádio, valorizar o empreendedorismo da comunidade, fazendo a divulgação das produções que são feitas por aqui e acolhendo sempre as demandas que chegam até nós”, diz Samuel.

Para Aline Oliveira, ligada ao Setor de comunicação de Movimentos Sociais, a comunicação popular se preocupa em passar a mensagem de forma clara para a população, e que, em tempos de pandemia, é importante que o ouvinte consiga entender toda a informação divulgada. 

"No período em que estamos vivendo, a gente não pode ficar sem acesso à informação, então temos feito uma força tarefa de garantir que a comunicação chegue para todos, uma comunicação em que todos possam participar, dialogar, tirar dúvidas". Ainda de acordo com Oliveira, o fato das rádios serem construídas pelos próprios moradores ajuda no envolvimento das comunidades.

Confira programação http://radioliterariacarrapato.xyz

Nenhum comentário

FESTA DO UMBU REÚNE MÚSICA, POESIA, CINEMA EM PARNAMIRIM, PERNAMBUCO ENTRE OS DIAS 16 E 17 DE ABRIL

Parnamirim, no Sertão Central, a 570 quilômetros de Recife - PE, vai celebrar a Semana Santa deste ano louvando a árvore sagrada do Sertão, o Umbuzeiro. Com uma programação que reúne música, poesia, cinema, artesanato e folclore, a 7ª edição da Festa do Umbu, acontece gratuitamente, de forma voluntária e colaborativa, neste sábado (16) e domingo (17), na fazenda Floresta, a 60 quilômetros da sede do município.

O movimento no Espaço Cultural Umbu Bom, começa no sábado a partir das 19h, com a exibição do filme 'Na Quadrada das Água Perdidas', dos diretores Wagner Miranda e Marcos Carvalho, com a participação do ator Matheus Nachtergaele.Em seguida, o público vai conferir uma sequência de rítmos - rock, pop, MPB, xote e muito forró, com os shows musicais de Ivan Junior, Neudo Oliveira, As Severinas e Jorge do Acordeon.

No domingo, a programação começa mais cedo, às 10h, com uma das mais belas manifestações do folclore nordestino, o reisado. Depois da apresentação dos Reis de Congo da ilha de São Félix, em Orocó - PE,  a pedida é dar uma volta na  feirinha de artesanato, dançar um pouco com a Cia de dança Na Pisada do Sertão, de Terra Nova - PE e voltear com o Maracatu Baque Virado de Salgueiro - PE. E completando o movimento deste domingo de Páscoa cultural, tem ainda a exibição do filme Semi Úmido, dirigido por Luisa Melo e Vinícius Forain, a sonoridade  da artista parnamirinense Sol Ferreira,  a poesia e a musicalidade dos shows  de Maciel Melo e Flávio Leandro.

A festa do Umbu é uma iniciativa do fotógrafo Lídio Parente, que depois de 20 anos vivendo no Rio de Janeiro, retornou para sua cidade natal na busca de uma vida baseada na agroecologia, na agricultura familiar sustentável e na convivência com o semiárido. 

"Nosso propósito é reforçar a importância da preservação do Umbuzeiro e suas potencialidades enquanto geração de vida e renda, além do resgate e valorização das manifestações populares e tradicionais dos povos da Caatinga", ressaltou. 

O idealizador do evento enfatizou ainda que as atrações da Festa do Umbu são todas voluntárias e participam em respeito à causa. Esta sétima edição está contando com o apoio da Prefeitura de Parnamirim, @ribeiradafloresta, Grupo M.Granja, Secretaria de Turismo de Orocó e Clas Comunicação e Marketing.

Nenhum comentário

JONNEZ BEZERRA: NA TERRA DE LUIZ GONZAGA A TRAJETÓRIA DO MENINO APRENDIZ DE MÚSICA AO MULTI-INSTRUMENTISTA

"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". Travessia... A última frase do livro do escritor João Guimarães Rosa é seguida com o símbolo do infinito, onde o começo e o fim se entrelaçam…"O sertão é do tamanho do mundo."

A música é uma das ferramentas de transformação social. Na prosa de Guimarães Rosa existe música. Na terra do Rei do Baião, Jonnez Bezerra é cantor e músico nascido em Exu, Pernambuco. O nome é uma homenagem do pai José e mãe Inês: Jonnez. Jonnez é literatura e música. É ritmo e harmonia.

Autodidata, Jonnez é um dos frutos da primeira turma do Projeto Asa Branca, criado em 2 de março de 2000, pelo então promotor de Justiça, Francisco Dirceu Barros. “O doutor Francisco era um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação Gonzagão. O objetivo até hoje é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social".

No Documentário Milagre de Santa Luzia, durante a fala do cantor e compositor Joquinha Gonzaga, aparece o então menino Cosmo e Jonnez. Hoje dois profissionais da música.

Milagre de Santa Luzia é uma viagem pelo Brasil que toca sanfona conduzida por Dominguinhos, hoje encantado. Entre encontros acompanhados de muita música e reunindo depoimentos dos mais representativos sanfoneiros brasileiros, o filme faz um mapeamento cultural das diferentes regiões do país onde a sanfona se estabeleceu. A película guarda preciosos registros de importantes personalidades da música popular brasileira, como o poeta Patativa do Assaré, Sivuca e Mário Zan, falecidos pouco tempo depois de sua participação no filme. 

Neste período de pandemia e isolamento social, o músico Jonnez se Reinventou. Este ano 2022 durante as celebrações dos 110  anos de nascimento de Luiz Gonzaga, o multiinstrumentista é um dos mais otimistas.

Estudante do curso de Direito, na Urca, Crato, Ceará,  Jonnez Bezerra revela a paixão e diversidade musical. Ele destaca o potencial turístico e cultural de Exu, Pernambuco. 

O BLOG NEY VITAL visitou, no Sítio Mangueira, o Projeto Soltando Vidas-Conservação de Animais Silvestres-SOS Sertão.

Entre o silêncio da natureza e o canto de galos de campinas, asa branca, acauã e canários, os empresários Raimundo Ondes, Eduardo Ferreira e Francisco, conhecido como "Chio das Mangueiras", mantém, entre os Sítios Genipapo e Mangueira um dos espaços mais exuberantes da ecologia brasileira, em especial da Chapada do Araripe, território exaltado e cantado por Luiz Gonzaga.

Jonnez, virtualíssimo, é cantor, toca sanfona, flauta, violino e teclado entre outros instrumentos. "Nasci e já fui ouvindo música. Meu pai e avô tocavam e é certo que isto influenciou e mais a inspiração das músicas de Luiz Gonzaga", conta Jonnez.

Jonnez trabalha na formação de crianças e jovens no aprendizado musical através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Ele é professor no SCFV, onde todo o trabalho é desenvolvido buscando ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade cultural, fortalecendo vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária de crianças e adolescentes em risco de vulnerabilidade social.

Atualmente cerca de 80 crianças e adolescentes da cidade de Exu são assistidas pela prestação de serviço e entre eles o aprendizado de teoria e pratica musical. “A música é muito importante. Ela é uma forma da gente estimular a garotada e auxiliar na busca de um futuro melhor. A educação é libertadora e pode contribuir com a garantia de um futuro mais digno. Luiz Gonzaga é a prova deste ambiente de possibilidades culturais”, declarou Jonnez.

Um comentário

JONNEZ BEZERRA: NA TERRA DE LUIZ GONZAGA, A TRAJETÓRIA DO MENINO APRENDIZ DE MÚSICA AO VIRTUOSO MULTI-INSTRUMENTISTA

"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". Travessia... A última frase do livro do escritor João Guimarães Rosa é seguida com o símbolo do infinito, onde o começo e o fim se entrelaçam…"O sertão é do tamanho do mundo."

A música é uma das ferramentas de transformação social. Na prosa de Guimarães Rosa existe música. Na terra do Rei do Baião, Jonnez Bezerra é cantor e músico nascido em Exu, Pernambuco. O nome é uma homenagem do pai José e mãe Inês: Jonnez. Jonnez é literatura e música.

Autodidata, Jonnez é um dos frutos da primeira turma do Projeto Asa Branca, criado em 2 de março de 2000, pelo então promotor de Justiça, Francisco Dirceu Barros. “O doutor Francisco era um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação Gonzagão. O objetivo até hoje é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social".

No Documentário Milagre de Santa Luzia, durante a fala do cantor e compositor Joquinha Gonzaga, aparece o então menino Cosmo e Jonnez. Hoje dois profissionais da música.

Milagre de Santa Luzia é uma viagem pelo Brasil que toca sanfona conduzida por Dominguinhos, hoje encantado. Entre encontros acompanhados de muita música e reunindo depoimentos dos mais representativos sanfoneiros brasileiros, o filme faz um mapeamento cultural das diferentes regiões do país onde a sanfona se estabeleceu. A película guarda preciosos registros de importantes personalidades da música popular brasileira, como o poeta Patativa do Assaré, Sivuca e Mário Zan, falecidos pouco tempo depois de sua participação no filme. 

Neste período de pandemia e isolamento social, o músico Jonnez se Reinventou. Este ano 2022 durante as celebrações dos 110  anos de nascimento de Luiz Gonzaga, o multiinstrumentista é um dos mais otimistas.

Estudante do curso de Direito, na Urca, Crato, Ceará,  Jonnez Bezerra revela a paixão e diversidade musical. Ele destaca o potencial turístico e cultural de Exu, Pernambuco. 

A REDEGN GN visitou, no Sítio Mangueira, o Projeto Soltando Vidas-Conservação de Animais Silvestres-SOS Sertão.

Entre o silêncio da natureza e o canto de galos de campinas, asa branca, acauã e canários, os empresários Raimundo Ondes, Eduardo Ferreira e Francisco, conhecido como "Chio das Mangueiras", mantém, entre os Sítios Genipapo e Mangueira um dos espaços mais exuberantes da ecologia brasileira, em especial da Chapada do Araripe, território exaltado e cantado por Luiz Gonzaga.

Jonnez, virtualíssimo, é cantor, toca sanfona, flauta, violino e teclado entre outros instrumentos. "Nasci e já fui ouvindo música. Meu pai e avô tocavam e é certo que isto influenciou e mais a inspiração das músicas de Luiz Gonzaga", conta Jonnez.

Jonnez trabalha na formação de crianças e jovens no aprendizado musical através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Ele é professor no SCFV, onde todo o trabalho é desenvolvido buscando ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade cultural, fortalecendo vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária de crianças e adolescentes em risco de vulnerabilidade social.

Atualmente cerca de 80 crianças e adolescentes da cidade de Exu são assistidas pela prestação de serviço e entre eles o aprendizado de teoria e pratica musical. “A música é muito importante. Ela é uma forma da gente estimular a garotada e auxiliar na busca de um futuro melhor. A educação é libertadora e pode contribuir com a garantia de um futuro mais digno. Luiz Gonzaga é a prova deste ambiente de possibilidades culturais”, declarou Jonnez.
Nenhum comentário

CONEXÃO DOS RIBEIRINHOS COM O RIO SÃO FRANCISCO É ABORDADA EM FOTOLIVRO

Com aproximadamente 2.830 km de extensão e passando por cinco estados, o Rio São Francisco é gerador de energia, atrativo turístico e fonte principal de irrigação e abastecimento de água. Ribeirinhos e ribeirinhas, também, utilizam o Velho Chico para buscar inspiração, meditar, se conectar com o passado e ter paz. 

Esses aspectos estão retratados no fotolivro "Rio São Francisco: singularidades", do fotógrafo e jornalista juazeirense Caio Alves.  

Natural de Juazeiro, norte da Bahia, e morando há 5 anos em Petrolina, Sertão de Pernambuco, o fotógrafo conta que o trabalho surgiu de observações e conversas sobre a ligação que as pessoas constroem com o Rio. "Tenho o Velho Chico como meu guia, fonte de referência para meus projetos e de conexão com a natureza. Cada ribeirinho e ribeirinha se conecta com o Rio de alguma forma, e isso é interessante, pois cada um possui à sua maneira de sentir as águas do Opará - nome em que os povos indígenas chamavam o São Francisco", explicou.

O trabalho pode ser conferido no Instagram do fotógrafo (@caioalvesfotografia), em um vídeo de apresentação no YouTube e no site (caioalvess.46graus.com/rio-sao-francisco-singularidades/), onde o fotolivro pode ser baixado. São 11 ensaios fotográficos, onde cada participante teve que escolher uma palavra para definir a sua relação com o Rio São Francisco.

As fotografias foram realizadas em Petrolina- PE (Orla, Ilha do Massangano e Serrote do Urubu), Juazeiro-BA (Orla) e na Ilha do Fogo. O trabalho recebeu incentivo do Edital Criação, Fruição e Difusão da 2ª edição do Prêmio de Cultura Lei Aldir Blanc Pernambuco (LAB PE). Esse é o terceiro fotolivro publicado por Caio. Em 2021, o fotógrafo lançou dois e-books: "A cidade que me acolheu: Petrolina em colagens e fotografias" e "Beira de Rio: um olhar para o Velho Chico". Todos esses trabalhos podem ser conferidos e baixados no site: caioalvess.46graus.com.  

FONTE: Caio Alves-Jornalista | Fotógrafo | Artista Visual

Nenhum comentário

ÁLBUM FORRÓ DAS SEVERINAS VAI SER LANÇADO NA SEXTA-FEIRA (22)

As Severinas, trio de mulheres do Sertão do Pajeú que há 11 anos encantam os fãs da poesia e da música regional, vão lançar o álbum Forró das Severinas, em todas as plataformas digitais de música, no próximo dia 22 de abril. 

O trabalho brinda toda a trajetória artística do grupo, passeando por canções presentes nos CDs e por clássicos do forró e da Música Popular Brasileira que o público já curtiu nos shows ao vivo. O Forró das Severinas foi gravado no CEU das Artes, em Serra Talhada. Para quem quiser assistir a gravação, além de ouvi-la, As Severinas vão disponibilizar o material no canal do YouTube do grupo em julho.

As músicas autorais são composições individuais de Monique D'Angelo (Voz, declamações e sanfona) e de Isabelly Moreira (triângulo e declamações) e também parcerias das duas integrantes. 

"O repertório poético é versátil e traz várias poesias autorais, além de poemas dos vates pajeuzeiros Rogaciano Leite e Cancão. O nosso trabalho, além de trazer músicas autorais, traz músicas que já gravamos nos nossos três álbuns, a exemplo de composições de Zé Marcolino, Flávio Leandro, Chico César e Carlos Rennó, Benil, Ivan Gadelha e Luiz Romero", detalhou Isabelly Moreira. "Além das grandes Bia Marinho e Maria Dapaz e também composições dos poetas Islan e Xico Bizerra em parceria com Biguá. E para engrossar esse caldo cultural, acrescentamos faixas de Assisão e Accioly Neto", acrescentou ela.

De acordo com Isabelly, o álbum vai levar a verdade musical e poética do grupo para dentro dos lares, ruas, calçadas e terreiros. Nas músicas Xamego de Fulô (Monique D'Angelo) e Forró das Severinas (Isabelly Moreira e Monique D'Angelo) são retratados os forrós sertanejos, as noites juninas, e é também um convite para o povo dançar e cantar, pois são dois baiões contentes.

Nas canções Outros Pedidos e Ao Amor Que Chegará, ambas de Monique D'Angelo, é realizado um passeio pelas emoções dos amores, das saudades, dos afetos e das relações. Já em Mina Água, de Isabelly Moreira, são apresentadas algumas cidades do Pajeú, os costumes e as vivências locais que tanto marcam a própria identidade de As Severinas.

"O Forró das Severinas é uma mostra de tudo o que fizemos até agora e é um mote do que pretendemos fazer. Esperamos que ao ouvirem esse projeto no dia 20 e ao assistirem, em julho, as pessoas curtam com a mesma 'gostosura' que foi poder construí-lo. Com esse álbum, todo mundo terá um show contratado para ver quando e como quiser", comentou Isabelly Moreira.

7ª Festa do Umbu - Para quem já está com saudades de ver As Severinas ao vivo, no próximo dia 16 de abril, o grupo vai se apresentar na 7ª Festa do Umbu, na Fazenda Floresta, localizada na Zona Rural de Parnamirim (PE). A festa do Umbu é uma iniciativa do fotógrafo Lídio Parente, que após mais de 20 anos vivendo no Rio de Janeiro, em 2011 decidiu retornar para sua cidade natal e buscar um modo de vida baseado na agroecologia, na agricultura familiar sustentável e na convivência com o semiárido.

História - Mesclando música e poesia, e lembrando das raízes culturais do Sertão do Pajeú, o trio As Severinas surgiu com o intuito de difundir, com musicalidade, a força e a delicadeza feminina, mantendo a tradição do forró pé-de-serra, dando nova roupagem a cantigas, xotes e arrasta-pés. Formado por três jovens mulheres, o grupo traz Isabelly Moreira, no vocal, triângulo e declamações, Monique D'Ângelo, no vocal, sanfona e declamações, e Marília Correia, na zabumba. As Severinas se apresentam desde maio de 2011.

Em 2012, lançaram o primeiro CD, que leva o nome do grupo, com composições autorais e versões de músicas de Chico César e Vander Lee que conquistaram o público. Em 2016, o grupo lançou o seu segundo trabalho, intitulado "Tribos", com faixas autorais, parcerias e releituras de canções de artistas que influenciaram a formação musical do grupo, como Vital Farias, Zeto e Zé Marcolino.

Em 2021, quando As Severinas completaram 10 anos de estrada, foi lançado um documentário registrando a obra e a história do grupo, junto com um EP, denominado "Xamego de Fulô". O trabalho foi todo composto por músicas inéditas, entre canções autorais e parcerias que registram a maturidade artística do grupo. Houve participações especiais que evidenciaram a relevância artística e cultural adquirida pela banda: Anastácia, Assisão, Quinteto Violado e Thais Nogueira, além da participação da percussionista Negadeza, foram alguns dos nomes presentes no trabalho.

Neste ano, As Severinas se apresentaram no Teatro do Parque, em Recife, e foram premiadas como "Destaque Trajetória em Música", pelo show "Xamego de Fulô" com o Prêmio JGE Copergás de Teatro, Dança, Circo e Música de Pernambuco 2022, realizado pelo 28º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas e Música de Pernambuco, edição 2022. Além disso, lançaram o clipe "Não Tento Mais" em março.

O trabalho do grupo As Severinas pode ser acompanhado através:

Instagram: @asseverinas (https://instagram.com/asseverinas?igshid=aer7cxl06zs3 )

Facebook: https://www.facebook.com/paginaasseverinas

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial