ENGENHEIRA DOUTORA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS ALERTA PARA OS RISCOS DO PLANTIO DA ÁRVORE NIM

O Nim (azadirachta indica A.juss), uma árvore da espécie vegetal exótica originária  da Índia nas últimas décadas chegou ao Brasil; sendo plantada inopinadamente em vários municípios nordestinos, inclusive em Juazeiro e Petrolina. Amplamente utilizada como alternativa para a arborização urbana e rural, a espécie foi dissiminada em vários municípios do Nordeste e agora, por ser extremamente invasora começa a preocupar ambientalistas.

O Nim indiano se adaptou muito bem as regiões do Nordeste brasileiro por ser uma planta de clima tropical e tolerante a altas temperaturas, inclusive acima de 40ºC e resiste a longos períodos secos. A mesma contém atributos infinitos, oferecendo também muitos benefícios, a linha de cosméticos um setor usado. Dela tudo se aproveita, desde a raiz até as folhas. Esta planta também se caracteriza pelo fornecimento de ampla área de sombra.

A professora, engenheira agrônoma, Candida Beatriz, mestre e doutora em Ciêncas Agrárias, é ponderada no assunto e mostra o valor positivo da árvore, mas alerta para os riscos, um dos principais: "não plantar Nim quando existe produção de mel de abelhas". A doutora aponta que o Nim pode prejudicar a polinização. 

Um dos maiores cuidados apontado pela doutora Candida é que o cultivo da espécie e sua proliferação podem provocar prejuízos a outras espécies vegetais e até animais, uma vez que possui também propriedades repelentes. "Tudo em excesso traz seus riscos e perigos. Portanto, o plantio em excesso da árvore Nim também pode causar inúmeros prejuízos", relata Candida.

Pesquisadores numa linha mais radical acusam que a ação do plantio agrava ainda mais o processo de desertificação no Nordeste e principalemte na Região do Semiarido. Evelline Lanzillotti, Biologa da Universidade Estadual do Ceará diz que proliferação da Especie no Estado trará grandes prejuízos ao meio ambiente e ao bioma em um futuro próximo, com base em cinco justificativas: "a espécie nim se alimenta dos microrganismos da terra, é repelente natural de proporções desastrosas para a fauna e a flora, tem poder extraordinário de reprodução que já está sem controle, é árvore invasora que já ocasiona danos na região."

Amplamente utilizada como alternativa para a arborização urbana e rural, a espécie foi dissiminada em vários municípios do Nordeste e agora, por ser extremamente invasora começa a preocupar ambientalistas.

A preocupação é no sentido de evitar a proliferação, em vista dos danos ambientais já verificados na região. 

Eveline Lanzillotti, bióloga que realizou pesquisas acerca da invasão de plantas exóticas quando atuava como professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) na região dos Inhamuns, também chancela que o Nim assim como outras espécies (algaroba, sempreverde, entre outras) estão em quantidade excessiva na caatinga e invadem o bioma, competem com as nossas espécies e ganham cada vez mais espaço. 

"O Nim Propagam-se rápido e tem fácil poder de adaptação. Já podemos afirmar que o bioma caatinga está descaracterizado, especialmente no que se refere à flora", alerta da pesquisadora da Uece", declarou Eveline..
Nenhum comentário

BAHIA: FAZENDA HUMAYTÁ MOSTRA POTENCIAL TURÍSTICO DE CURAÇÁ E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

Humaytá é uma palavra de origem indígena significa Pedra Preta. Em Curaçá, norte da Bahia, localizado no semiárido do Nordeste existe a Fazenda Humaytá. A Fazenda Humaytá é uma propriedade particular destinada á criação de ovinos. Nela um sistema agroecológico, produção de orgânicos, e fontes de água chamam a atenção na região.

Neste período do ano os mandacarus florando é um espetáculo da natureza. "Mandacaru quando flora no sertão...é sinal de chuva".

O escritor João Guimarães Rosa diz que o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. Como explicar a caminhada de um gaúcho apaixonado pelos sertões. Luiz Carlos Forbrig é o nome de Batismo do proprietário da fazenda. O apelido Humaytá, ele herdou, da característica do nordestino que precisa de um adjetivo para os nomes: logo Luiz Carlos...ficou Luiz do Humaytá. 

Geólogo, aposentado da Petrobras desde 2016, o então funcionário público ganha o nome artístico da Fazenda Humaytá. Na Fazenda ele usa um sistema ecologicamente sustentável. 

Luiz do Humaytá avalia que é um erro ainda comum acreditar que a sustentabilidade representa somente a não degradação do meio ambiente. "A abrangência do termo sustentabilidade vai além, incorporando questões relacionadas à qualidade de vida, competitividade empresarial, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos, responsabilidade social, questão cultural, entre outros.

Ainda segundo Luiz hoje a regra é muito clara; para ser sustentável, qualquer atividade precisa ser: “Economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”. Discutindo essa “regra da sustentabilidade” observamos que ela se baseia na adoção de boas práticas socioambientais na agricultura, na pecuária e em todas as atividades rurais, visando garantir o bem-estar de toda a sociedade, além do equilíbrio entre produção, conservação dos bens naturais, questão econômica, turística e cultural.

"Com relação à preservação ambiental, vale ressaltar que 93% da área da fazenda é constituída de mata nativa, sendo composta por árvores chamadas de “nobres”, tais como umbuzeiros, umburanas, baraúnas, aroeiras, angicos e mandacarus, além das catingueiras e várias outras espécies arbustivas", revela Luiz. 

Os outros 7% da fazenda são de áreas trabalhadas para o suporte animal, mas mesmo nessas áreas as árvores nobres são preservadas. Portanto, a fazenda trabalha o tempo todo com o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja produzindo carne, gerando empregos, sendo economicamente viável e preservando a natureza para as gerações futuras.

A Fazenda Humaytá está sendo preparada para visitação turística. A proposta é que o visitante fique um dia inteiro na Fazenda que possui 1500 hectares para desfrutar das atividades rurais além de passeios e rotas pela caatinga. 

Neste dia de visitação, onde será mostrado todo o manejo dos animais, será também possível fazer trilhas pela caatinga, andar de paquete no açude da propriedade (em épocas de chuva) e conhecer o projeto da Ararinha Azul que fica a 6km de distância. Pretende-se estar pronto para iniciar os passeios no mês de março próximo.

Luiz nasceu em Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly. Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxava os cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

O Nordeste Luiz conheceu devido o trabalho no sertão e a realidade foi tatuada do sol abrasador, da luz das caatingas, do calor contrastante do frio das terras do sul. E assim passou a cantar e fazer versos para o sertão, os sertões.

"O Sertão é dessas coisas que não tem meio termo ou você ama ou odeia. Eu me apaixonei pelo sertão. Primeiro pelo rio São Francisco e depois pela caatinga. Cheguei na região de Juazeiro, Petrolina e Curaça em 1979", explica.

Luiz decidiu morar definitivamente no sertão do Vale do São Francisco. Deixa a vida na capital Salvador, 'abandona a cidade grande",  onde fez vários shows e decide no 'meio da caatinga", viver o trabalho junto a agricultura e ao inseparável violão.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró nordestino com uma pitada de modernidade: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia consta seis CDs: 
2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO
2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS
2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA
2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO
2019 – DECANTO O SERTÃO
2020 EM PRODUÇÃO O CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO RAUL COELHO, EM CURAÇÁ.

Luiz do Humaytá continua unindo em 2020 o empreendedorismo pela agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, aos sertões, a caatinga. 

Apaixonado pelo sertão Luiz do Humaytá comenta que este ano Curaçá ganha o retorno da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza desde 2000. "As arinhas azuis vão voltar a voar nos céus brasileiros em especial ao sertão de Curaçá. A ave, natural da Caatinga nordestina vai voltar a voar e isto é poesia, música de liberdade. Vamos preservar", diz Luiz.

O processo de reintrodução da Ararinha vai começar em março deste ano, quando deverão chegar ao Brasil 50 ararinhas que serão trazidas da Alemanha, por meio de uma parceria com criadores europeus.

O refúgio de vida silvestre em Curaçá (BA), que será envolvido por uma área de proteção ambiental fica próximo a Fazenda Humaytá.

O processo de reintrodução da ave envolve a readaptação dos indivíduos à natureza, o que leva algum tempo. De acordo com Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que colaborou com o projeto de criação da unidade de conservação de Curaçá, as aves deverão ser soltas entre 2020 e 2023.
Nenhum comentário

ASSIS ANGELO: A SAGA DE DIGITALIZAR UM PATRIMÔNIO CULTURAL ACUMULADO EM PESQUISAS

Segundos antes de tudo se apagar para sempre, alguém o chamou: “E, para mediar o debate sobre Luiz Gonzaga, eu trago o pesquisador e jornalista Assis Ângelo”. O locutor do Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, apresentava mais uma noite das Rodas Gonzagueanas. Assis, com olhos que já não liam as minúcias do mundo há algum tempo, sentiu que agora era grave. Enquanto andava em direção ao centro do palco, a súbita cegueira apagava as últimas luzes de sua vida engolindo até vultos. A um passo do desespero, ele apegou-se a um livrinho de Gonzagão como se fosse Padre Cícero. Apalpou a capa e, antes de declamar o cordel de mote decassílabo que já sabia de cor, usou os olhos pela última vez para ver uma imagem de Luiz Gonzaga voando sobre um pássaro.

Assis Ângelo levou dois anos para conseguir dizer com todas as letras: “Eu estou cego”. Um dos maiores pesquisadores da cultura popular, nome de referência sobretudo em terras nordestinas, jornalista e poeta, biógrafo e estudioso, radialista e escritor, ele luta contra as trevas desde a noite sem fim. Foram seis cirurgias no olho direito e três no esquerdo até que o diagnóstico de “descolamento de retina” o nocauteasse. “Cheguei a passar três noites sem dormir, sentindo a depressão e o desespero.”

Isso até que o paraibano de João Pessoa, 67 anos, resolveu colocar olhos nas mãos e na alma. “Seja bem-vindo ao mundo da cultura popular”, ele diz com simpatia e voz de trovão assim que o repórter chega ao seu apartamento de 120 metros quadrados, em Campos Elísios, São Paulo. Assis viveria só não fossem suas “150 mil coisas”, como ele chama, dentre elas discos de 78 rotações, LPs de raríssimas 10 e 33 polegadas, fitas cassete com gravações inéditas, fotografias e cerca de dez mil partituras que recolheu por cantos do Brasil e de outros países durante 40 anos.

Seu acervo parece prestes a expulsá-lo da casa. Os livros sobem pelas paredes e os discos rodeiam quartos e corredores. São oito toneladas de material, como ele diz: “Já fiz um estudo para saber se a estrutura do prédio suporta. Está tudo certo”. 

Nada ali está catalogado. Na última prateleira de baixo de uma das estantes, dorme uma preciosidade. Um 78 rotações de 1953 gravado pela Capitol com a voz da cantora de jazz americana Peggy Lee. O selo informa que se trata da música Wandering Swallow, com orquestra conduzida pelo maestro Billy May. Assis ajusta o toca-discos para as 78 rotações e coloca o disco para girar. A música de Peggy Lee, em inglês, trata-se de uma antológica apropriação indevida de Juazeiro, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, de 1949. Um caso escabroso de plágio, sem nenhuma menção aos brasileiros. Um diamante de colecionador. 

Outro canto guarda o disco que traz a primeira moda de viola gravada no Brasil, pelo produtor e cantor Cornélio Pires, de 1929. Jorginho (a música do outro lado é Moda de Pião) conta a história de um homem que, diante da paixão de três mulheres, decide partir. Outro orgulho é um 78 rpm do cantor Bahiano, do início do século 20, cantando A Farofa e fazendo a primeira citação a Padre Cícero em áudio. 

“Este é o primeiro disco gravado no Brasil”, diz o pesquisador. Em mais pilhas aparecem um gravação original do hino do Corinthians, de 1954; um vinil feito para arrecadar dinheiro para a construção do Estádio do Pacaembu; LPs de 10 polegadas do violonista Laurindo de Almeida; originais de Inezita Barroso dos anos 50; uma música inédita de Paulo Vanzolini; e muitas gravações de Luiz Gonzaga cantadas pelo mundo em japonês, inglês e mesmo rapanui, o idioma da Ilha de Páscoa.

A cegueira deu um golpe no projeto de Assis de catalogar, digitalizar e criar um portal para tornar público seu acervo. Mesmo tendo criado em 2011 o Instituto Memória Brasil, ele não avançou. Sem mais poder encontrar títulos nas montanhas espalhadas pela casa, Assis é o capitão de um transatlântico à deriva.

Por considerar o caso de saúde (intelectual) pública, a reportagem do Estado procurou, à revelia de Assis, o Ministério da Cultura para saber como o poder público reage diante de um baú de pérolas transbordando. Um dia depois de receber o e-mail do jornal, assessores retornaram com as palavras do então ministro Juca Ferreira: “O Ministério da Cultura considera muito importante cuidar do acervo do pesquisador Assis Angelo, dada a sua relevância histórica e grandiosidade. O ministro já determinou à Fundação Nacional de Artes (Funarte) que entre em contato com o pesquisador e tome todas as providências necessárias para que o patrimônio acumulado por Assis Angelo seja preservado.”

O jornal voltou então a falar com Assis sobre o que parecia ser uma boa notícia não fosse a descrença do pesquisador embasada em argumentos contundentes. Assim como vários estudiosos proprietários de acervos robustos, Assis não acredita no poder público. “Juca Ferreira pode estar muito bem intencionado, mas é um homem que vai passar. Não posso deixar esse material que pesquisei por 40 anos nas mãos de um Estado que não investe em cultura, uma ‘pátria educadora’ que, na crise, faz seus primeiros cortes na educação. Eles não enxergam e dizem que o cego sou eu.”

No dia em que o jornalista conversava com Assis em seu apartamento, um homem chegou sem avisar. Ressabiado, passou pelo repórter e se sentou entre livros e discos. Quando ouviu a voz do amigo, Assis o reconheceu: “Tinhorão, é você!” O referencial pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão foi impetuoso ao ouvir Assis falar sobre o sonho de ver seu material digitalizado por uma instituição pública ou privada: “Não vejo muita chance de isso dar certo”. E passou a dar exemplos de museus e institutos que perderam ou quebraram discos ao transportá-los até em caminhões de lixo e de homens públicos de altos cargos perguntando a Tinhorão qual era mesmo a importância de seu acervo.

O jogo se inverte quando o Estado, mesmo querendo, pode deixar de levar uma riqueza de memória cultural por uma questão de credibilidade. Qual a garantia a Assis de que seu patrimônio seria bem guardado? Qual a certeza de que, um dia, governantes vão entender que a pior cegueira se combate com cultura? Assis Ângelo adquiriu uma visão de longo alcance.

Fonte: (Julio Maria, O Estado de S.Paulo 16 de agosto de 2015)
Nenhum comentário

EXPOSIÇÃO "SANTO SERTÃO" DO FOTÓGRAFO SÉRGIO CARVALHO TEM ABERTURA DIA 08 DE FEVEREIRO NA IMAGEM BRASIL GALERIA

Beleza, devoção, martírios sacralizados compõem a exposição SANTO SERTÃO do fotógrafo Sérgio Carvalho, que celebra as expressões da religiosidade sertaneja em torno do mito do Padre Cícero, líder religioso banido pela igreja católica, um fenômeno de massas que até hoje arrebata milhares de devotos e que transformou Juazeiro do Norte (CE) em um dos maiores centros de peregrinação religiosa do mundo.

SANTO SERTÃO abre às 10 horas do sábado, 08 de fevereiro, na Imagem Brasil Galeria, em Fortaleza (CE). Sob curadoria de Carlos Carvalho e produção de Vanessa Ramos, a exibição reúne dois ensaios: SALA DO SANTO e CAMINHO DE PEDRA E AREIA, a partir de projeto premiado pelo XI Edital Ceará de Incentivo às Artes da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT). A mostra fica em cartaz até abril.

Sérgio Carvalho, piauiense radicado no Ceará desde o fim dos anos 90, dedicou longo período de peregrinação anual às romarias em Juazeiro do Norte, que permitiu ao fotógrafo a aproximação necessária para compreender o mundo místico das romarias. Pelas suas origens no sertão, ele carrega no imaginário a religiosidade e o drama da seca. As imagens de SANTO SERTÃO são fragmentos desse olhar recheado de memórias.

SALA DO SANTO aborda nas imagens, em cores concentradas, as paredes votivas presentes nas salas das casas da Ladeira do Horto, rua que dá acesso à célebre estátua do Padre Cícero, no cume da colina em Juazeiro do Norte. A pedido do "Santo do Sertão", os devotos "doam" seus lares ao "Sagrado".  À sua volta, o devoto coloca imagens dos santos preferidos e de entes queridos, vivos ou mortos, recriando no imaginário popular uma 'corte' celestial particular, que reflete a devoção dos fiéis.

O segundo ensaio, CAMINHO DE PEDRA E AREIA, exprime através de fotos em preto e branco o percurso feito pelos romeiros - do alto do Horto ao Santo Sepulcro, que foi local de refúgio e meditação do Padre Cícero, como serviu também de esconderijo aos cangaceiros. "Ao longo do caminho se destacam as pedras penduradas pelos romeiros nas arvores secas do sertão, como representação da fé e do sacrifício, na jornada terrena", relata Sérgio. Ao captar o trajeto dos peregrinos, na maioria oriundos de outros estados como Alagoas e Pernambuco, aponta foco diverso e complementar ao do ensaio Sala do Santo, que referencia os fiéis residentes de Juazeiro do Norte.

As traduções devotas em torno do "Santo do Sertão" são resultado de incursões ao fantástico e imagético universo dessas manifestações religiosas, culturais e sociais, principalmente durante o Dia de Finados. O artista é uma referência em matéria de fotografia do sertão nordestino, cujo olhar enquadra-se na nova fotografia documental brasileira, ao lançar mão da estética contemporânea subjetiva e documentar o povo sertanejo com reverência e sem qualquer desejo de heroísmo.

A curadoria fica a cargo do também fotógrafo Carlos Carvalho, carioca radicado em Porto Alegre (RS), que entre outras atribuições é coordenador geral do FestFoto – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, presidente da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil e editor do site OF Magazine, voltado à divulgação da fotografia brasileira. O projeto tem produção da fotógrafa Vanessa Ramos Carvalho, companheira do artista, com quem ele percorreu romarias e caminhos do sertão.

A mostra enseja ainda os 20 anos de profissão do fotógrafo, cuja trajetória premiada coleciona mostras conjuntas e individuais, publicações, produção, entre envolvimentos nas artes visuais, sempre empenhado em promover alertas e alongar olhares aos contextos sociais, tendo nas dianteiras o Sertão, seus povos, costumes e cultura.

O próprio respalda que a regra máxima dos seus trabalhos é "não ter pressa em terminá-los. A necessidade é amadurecê-los, ganhando intimidade com o meio e a confiança das pessoas. Só assim um trabalho sai da superficialidade, ao entrar de cabeça, o prazeroso me move", profere e prossegue em seu olhar atento e atencioso. (Fotos: divulgação)
Nenhum comentário

JUAZEIRO: MORADORES RECLAMAM DE PAREDÕES DE SOM E COBRAM SILÊNCIO NA AVENIDA ADOLFO VIANA

O uso de paredões de som na avenida Adolfo Viana, tem causado incômodo aos moradores da região. A situação foi flagrada este final de semana e também já foi tema de reportagem no espaço do leitor nesta redeGN/Blog Geraldo José. Apesar das inúmeras denúncias a situação não foi resolvida.

Uma verdadeira "bagunça", um "final de "semana sem lei de trânsito e do silêncio".  

A maior concentração de pessoas acontece nas próximidades da orla. "Não temos mais sossego e nem como dormir. Só queremos que a lei seja cumprida, se é que existe lei em Juazeiro.", diz um dos moradores que pediu para não ser identificado.  

Nas imagens e fotos registradas é possível observar ainda a quantidade de carros estacionados nos dois lados da via, o que compromete o fluxo de carros na avenida. 

Nenhum comentário

RIO SÃO FRANCISCO: NÍVEL DA ÁGUA DA BARRAGEM SOBRADINHO VAI ATINGIR 40% DA CAPACIDADE

O nível de água do Rio São Francisco tem aumentado consideravelmente em decorrência das fortes chuvas que atingem Minas Gerais, desde o dia 24 de janeiro. A maior parte da água que aumenta a vazão do São Francisco vem da cheia do Rio das Velhas. O curso d’água que nasce no município de Ouro Preto é o principal vetor e escoamento de Belo Horizonte e de quase toda a região central do estado. O acumulado das chuvas do mês de janeiro na capital mineira chegou a 960 mm, segundo dados do Instituto de Meteorologia do Brasil (INMET).

O resultado positivo desta chuva é o aumento da água que vai chegar nas barragens do Rio São Francisco, entre elas a Usina Hidrelétrica de Sobradinho Bahia e nas usinas de Três Marias e Xingó. A reportagem da redeGN/Blog Geraldo José, obteve o relatório que informando que o volume útil do reservatório de Sobradinho, Bahia entrou o mês de fevereiro superando 33% de sua capacidade. 

A expectativa é que a barragem receba muito mais água nos próximos dias. A defluência nesta segunda-feira 3, a média é de 1100m³/s (água que sai) e 2.350m³/s de afluência (água que entra).

No dia 14 de fevereiro a vazão afluente deve atingir 4.350 metros cúbicos por segundo de água. O volume útil vai superar os 40%. 

Ouvido pela redação, na semana passada o engenheiro Almacks Luiz Silva, graduado em Gestão Ambiental com especialização em Recursos Hídricos, Saneamento e Residência Agrária em Tecnologias Sociais e Sustentáveis no Semiarido, e membro do Comitê Hidrográfico da Bacia do São Francisco, avaliou que a expectativa é que Sobradinho receba muito mais águas devido as águas que estão chegando na Usina de Três Marias, localizada em Minas Gerais.

A operação de Três Marias é fundamental para a regulação do Rio São Francisco, no trecho entre a barragem e a Usina de Sobradinho, na Bahia. Os reservatórios do setor elétrico são operados sob a ótica dos múltiplos usos, desde o advento da lei nº 994/2000, que criou  a Agência Nacional de Águas.
Nenhum comentário

CURAÇÁ: FAZENDA HUMAYTÁ É UM BOM EXEMPLO DE DESENVOLVIMENTO NA PRODUÇÃO ECOLÓGICA E SUSTENTÁVEL

Humaytá é uma palavra de origem indígena significa pedra preta. Humaytá é o nome de uma batalha fluvial ocorrida em 1868, no rio Paraguai entre forças brasileiras e paraguaias. Esta batalha visava destruir a fortaleza de Humaytá que impedia a passagem da esquadra brasileira para chegar à Assunção atual capital do Paraguai. A vitória foi da esquadra brasileira.

Em Curaçá, norte da Bahia, existe a Fazenda Humaytá. A Fazenda Humaytá é uma propriedade particular destinada á criação de ovinos. Nela um sistema de
sustentabilidade agroflorestal, a produção de orgânicos,  e fontes de água chamam a atenção na região.

Neste período do ano os mandacarus florando é um espetáculo da natureza. "Mandacaru quando flora no sertão...é sinal de chuva".

O escritor João Guimarães Rosa diz que o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia. Como explicar a caminhada de um gaúcho apaixonado pelos sertões. Luiz Carlos Forbrig é o
nome de Batismo. O apelido Humaytá, ele herdou, da característica do nordestino que precisa de um adjetivo para os nomes: logo Luiz...ficou Luiz do Humaytá. 

Geólogo, aposentado da Petrobras desde 2016, o então funcionário público ganha o nome artístico da Fazenda Humaytá. Na Fazenda ele usa um sistema ecologicamente sustentável. 

Luiz do Humaytá avalia que é um erro ainda comum acreditar que a sustentabilidade representa somente a não degradação do meio ambiente. "A abrangência do termo sustentabilidade vai além, incorporando questões relacionadas à qualidade de vida, competitividade empresarial, tecnologias limpas, utilização racional dos recursos, responsabilidade social, questão cultural, entre outros.


Ainda segundo Luiz hoje a regra é muito clara; para ser sustentável, qualquer atividade precisa ser: “Economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”. Discutindo essa “regra da sustentabilidade” observamos que ela se baseia na adoção de boas práticas socioambientais na agricultura, na pecuária e em todas as atividades rurais, visando garantir o bem-estar de toda a sociedade, além do equilíbrio entre produção, conservação dos bens naturais, questão econômica, turística e cultural.


"Com relação à preservação ambiental, vale ressaltar que 93% da área é constituída de mata nativa, sendo composta por árvores chamadas de “nobres”, tais como umbuzeiros, umburanas, baraúnas, aroeiras, angicos e mandacarus, além das catingueiras e várias outras espécies arbustivas", revela Luiz. 


Os outros 7% da fazenda são de áreas trabalhadas para o suporte animal, mas mesmo nessas áreas as árvores nobres são preservadas. Portanto, a fazenda trabalha o tempo todo com o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja produzindo carne, gerando empregos, sendo economicamente viável e preservando a natureza para as gerações futuras.


A Fazenda Humaytá está sendo preparada para visitação turística. A proposta é que o visitante fique um dia inteiro na Fazenda que possui 1500 hectares para desfrutar das atividades rurais além de passeios e rotas pela caatinga. 

Neste dia de visitação, onde será mostrado todo o manejo dos animais, será também possível fazer trilhas pela caatinga, andar de paquete no açude da propriedade (em épocas de chuva) e conhecer o projeto da Ararinha Azul que fica a 6km de distância. Pretende-se estar pronto para iniciar os passeios no mês de março próximo.

Luiz nasceu em Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly. Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxava os cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

O Nordeste Luiz conheceu devido o trabalho no sertão e a realidade foi tatuada do sol abrasador, da luz das caatingas, do calor contrastante do frio das terras do sul. E assim passou a cantar e fazer versos para o sertão, os sertões.

"O Sertão é dessas coisas que não tem meio termo ou você ama ou odeia. Eu me apaixonei pelo sertão. Primeiro pelo rio São Francisco e depois pela caatinga. Cheguei na região de Juazeiro, Petrolina e Curaça em 1979", explica.

Luiz decidiu morar definitivamente no sertão do Vale do São Francisco. Deixa a vida na capital Salvador, 'abandona a cidade grande",  onde fez vários shows e decide no 'meio da caatinga", viver o trabalho junto a agricultura e ao inseparável violão.

A história conta que em novembro de 2010, Luiz formou a Banda Forró Avulso, com o desafio de fazer o forró nordestino com uma pitada de modernidade: a gaita de boca no lugar da sanfona e o cajon no lugar da zabumba. Com este grupo fez carreira em Salvador tocando na noite baiana por seis anos.

A discografia consta seis CDs: 
2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO
2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS
2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA
2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO
2019 – DECANTO O SERTÃO
2020 EM PRODUÇÃO O CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO EM CURAÇA.

Luiz do Humaytá continua unindo em 2020 o empreendedorismo pela agricultura, a música e a poesia. É a travessia que une a paixão pelos ritmos, referência a Luiz Gonzaga, aos sertões, a caatinga. 

Apaixonado pelo sertão Luiz do Humaytá comenta que este ano Curaça ganha o retorno da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza desde 2000. "As arinhas azuis vão voltar a voar nos céus brasileiros em especial ao sertão de Curaça. A ave, natural da Caatinga nordestina vai voltar a voar e isto é poesia, música de liberdade. Vamos preservar", diz Luiz.

O processo de reintrodução da Ararinha vai começar em março deste ano, quando deverão chegar ao Brasil 50 ararinhas que serão trazidas da Alemanha, por meio de uma parceria com criadores europeus.

O refúgio de vida silvestre em Curaçá (BA), que será envolvido por uma área de proteção ambiental fica próximo a Fazenda Humaytá.

O processo de reintrodução da ave envolve a readaptação dos indivíduos à natureza, o que leva algum tempo. De acordo com Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que colaborou com o projeto de criação da unidade de conservação de Curaçá, as aves deverão ser soltas entre 2020 e 2023.
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial