PEDRO POPOFF, 13 ANOS CRIA CORDELTECA NO INTERIOR DE SÃO PAULO

"Quero vê plantação de apaixonados pela cultura nordestina!", este é o sonho do paulista Pedro Popoff, de 13 anos. Conhecido pelo nome artístico de Pedro do Cordel, o garoto já faz projetos de "gente grande" para alcançar a sua meta.

O filme "Lampião, o Rei do Cangaço", de 1964, que conta a história de Virgulino Ferreira da Silva, líder de cangaceiros no Nordeste, foi uma das primeiras inspirações de Pedro Popoff, aos cinco anos. Desde então, ele começou a inventar rimas e a fazer perguntas e mais perguntas. Conheceu a música de Luiz Gonzaga e a literatura de cordel, divulgou a cultura nordestina em escolas e, agora, aos 13, resolveu criar uma biblioteca só com a linguagem do cordel.

A ideia da cordelteca surgiu há dois anos, já que Pedro começou a receber muitas doações de obras. Resolveu criar o espaço em Bauru (a 330 km de São Paulo), onde mora com os pais. 

Com o apoio de poetas e academias especializadas, inaugurou o espaço em abril deste ano, no quintal de casa. A cordelteca recebeu o nome de Gonçalo Ferreira da Silva, poeta de Ipu, no Ceará, um dos fundadores da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. 

Gonçalo é um dos incentivadores do menino. "É uma iniciativa espetacular. O Pedrinho tem se dedicado à divulgação da literatura de cordel por onde anda. Ele deixa um rastro de luz na história da cultura nacional", afirma o cordelista.

Em Bauru, ganhou o apelido de Pedro do Cordel. Ficou famoso por sempre usar chapéu nordestino, alpargatas e bornais típicos. Com os pais, criou o projeto Brincando de Cordel e passou a percorrer escolas e eventos para apresentar a cultura nordestina.

Ao mesmo tempo, reúne livretos. Já são cerca de 2.000 obras obtidas por meio de doações de diversos artistas.

"Esse país precisa de cultura. O estrangeiro é muito bom, mas a gente precisa conhecer nossas raízes", afirma o garoto.

Ele chegou a organizar uma campanha online de financiamento coletivo para reformar o espaço onde hoje funciona a cordelteca. Antes o lugar era escritório da mãe e precisava de reparos. Conseguiu arrecadar apenas 41% do valor total (R$ 2.600 de R$ 6.300), mas não desistiu. Pediu para os pais trocarem o presente de aniversário de 13 anos pela ajuda para a inauguração. 

Os familiares juntaram as economias, alguns empresários contribuíram e Pedro realizou o sonho. Além do acervo literário, a cordelteca tem objetos garimpados no Nordeste, uma coleção de chapéus e um gibão doado pelo poeta Chico Neto Vaqueiro, de Fortaleza (CE).

O adolescente Pedro Popoff, fã de cordéis Jaime Prado/Divulgação O adolescente Pedro Popoff, fã de cordéis      "Toda semana recebemos cordéis de dezenas de poetas", conta a empresária Carla Mota, mãe do adolescente. Segundo ela, são esses artistas que garantem o funcionamento do espaço.

No início, a paixão de Pedro surpreendeu a família. Ele é neto de imigrantes russos da Sibéria, tem pais roqueiros e não tinha nenhuma relação com o tema. "Ele brincava no tapete de casa com os bonequinhos, com sotaque nordestino. Também cantava no chuveiro canções sobre sagas sertanejas", lembra a mãe.

Intrigados, os pais chegaram a procurar ajuda de uma psicóloga e foram orientados a deixar o filho se expressar. Quando ele tinha oito anos, foi convidado por uma escola de Bauru para falar aos estudantes sobre o amor pelo Nordeste. Contou a trajetória de Lampião, falou sobre Luiz Gonzaga e aconselhou as crianças a conhecerem a história do Brasil.

Ele costuma dizer que nasceu com esse gosto e pergunta: "Como não gostar da cultura nordestina?"

"Eu pretendo continuar com a luta pela cultura, aprender bastante, fazer faculdade de comunicação e ser presidente do Brasil", conta. Um presidente que adora o Nordeste. 

A cordelteca fica na rua Treze de Maio, 12-45, na região central de Bauru. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h; e aos sábados, das 9h às 13h. As visitas monitoradas precisam ser agendas pelo telefone (14) 99731-5676.

Fonte: Folha São Paulo
Nenhum comentário

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA, CAMPUS III JUAZEIRO REALIZA O 9º CURTA NA UNEB

A Universidade do Estado da Bahia, em Juazeiro, realiza a nona edição do 'Curta na Uneb', que vai acontecer no dia 26 de agosto. O evento, que é gratuito e aberto para a comunidade, é uma mostra de audiovisual com filmes de curta duração produzidos pelos estudantes do curso de Jornalismo em Multimeios da instituição. A programação começa a partir das 16h no auditório de multimídia do Departamento de Ciências Humanas e segue com a mostra às 18h, no Canto de Tudo.

O 'Curta na Uneb' é uma mostra de vídeos que se tornou tradição no Vale do São Francisco e, desde 2006, reúne alunos, professores e membros da comunidade no campus da instituição. Um momento em que a criatividade é destaque com conteúdos em diversas temáticas.

Este ano, o evento vai contar com a presença do cineasta Felipe Calheiros, diretor do curta-metragem 'Até Onde A Vista Alcança', que vai abordar o tema "Documentário e Direitos Humanos". A mostra também marca o lançamento do documentário 'Beradeiros', produzido pela jornalista e professora da Uneb Fabíola Moura.

Fonte: Ascom Uneb
Nenhum comentário

SOCIOEDUCANDOS DA FUNASE EM CARUARU AJUDARÃO A RESTAURAR LAR PARA CRIANÇAS

Batizada como Projeto Reconstrução de Olhares, a parceria entre a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) e o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Caruaru vem proporcionando educação profissional para jovens em cumprimento de medidas de internação e de semiliberdade nas unidades socioeducativas situadas no município. Onze socioeducandos e um egresso da Funase estão participando dos cursos de Pedreiro e de Pintor de Obras. 

A novidade é que os alunos ajudarão na restauração da sede de um projeto social, o Lar da Criança Pobre Nossa Senhora do Carmo, no bairro do Salgado, em Caruaru. 

Os dois cursos estão sendo ofertados para a mesma turma, de forma integrada. Do grupo de socioeducandos, seis são da Casa de Semiliberdade (Casem) e cinco são do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), unidades da Funase localizadas em Caruaru. As aulas estão acontecendo em horário integral, todas as terças, quartas e quintas-feiras. No primeiro encontro, foram abordados em sala de aula aspectos como relações de convivência durante os cursos e os primeiros conteúdos. Até outubro, os participantes estarão prontos para atuarem no mercado de trabalho, construindo novos projetos de vida e perspectivas de futuro.

“Eu gostei muito da primeira aula. Acho que o curso vai ajudar bastante na minha formação e com isso eu posso conseguir um emprego pra ajudar a minha família e construir o meu futuro. Espero aprender muito”, afirmou o socioeducando da Casem Caruaru M.G.S.S., de 17 anos. “Nossos adolescentes estão muito motivados com a formação ofertada. A junção dos dois cursos fez com que a atividade tenha um peso maior no currículo dos jovens. Eles passaram por uma entrevista e mostraram que são capazes de estudar e construir um futuro brilhante daqui para frente”, disse a coordenadora geral da Casem Caruaru, Anabel Brandão.

Para o coordenador do Eixo Profissionalização, Esporte, Cultura e Lazer da Funase, Normando de Albuquerque, a formação integrada ajudará no processo de reinserção social. “O curso tem uma expansão maior. Antes, eles praticavam dentro do IFPE, agora eles vão prestar serviços dentro da comunidade. É uma troca de presentes. De um lado nós oferecemos qualificação e, do outro, eles recuperam um espaço muito importante para os moradores e para as crianças do bairro”, declarou.

Segundo o coordenador geral do Case Caruaru, Márcio Oliveira, o acolhimento dos jovens ajudou no envolvimento da atividade integrada. “O investimento realizado vem dando efeito. O número dos jovens inseridos foi crescente e satisfatório. A Funase vem valorizando sempre o acesso dos adolescentes na educação profissional. A junção de esforços entre várias instituições vai além da medida socioeducativa, atuando na qualificação dos participantes. Isso é muito importante para nós e para eles”, explicou.

Fonte: Site Funase

Nenhum comentário

FLÁVIO BAIÃO COMANDA TRIBUTO A LUIZ GONZAGA NESTA QUARTA (14) NO BOTECO CAROL MEIRA EM PETROLINA

O cantor compositor e sanfoneiro Flávio Baião, comanda o Tributo a Luiz Gonzaga, a partir das 19h de quarta-feira (14) de agosto em Petrolina. O evento é no Boteco Carol Meira, localizado no centro de Petrolina, na Rua Luiz Gonzaga, 67a (próximo a praça da Compesa). 

O Boteco Carol Meira é um dos estabelecimentos mais requisitados na região do Vale do São Francisco com serviços prestados à boemia de Juazeiro e Petrolina. Cerveja gelada e gastronomia danado de boa é o lema.

O lugar agrada as novas gerações, o point da alegria garantida da clientela. A Banda Xotesete4 participa do encontro que fará uma homenagem ao Rei do Baião.

Flávio Baião nasceu em Juazeiro, Bahia no ano de 1968, Flávio Marcelo Mendes da Silva, o Flávio Baião é a síntese de um seguidor do forró feito por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Dominguinhos. Ele é fiel ao valorizar o nome artístico que ganhou: Flávio Baião. 

Inspirado no tradicional chapéu de couro e sua simplicidade de ribeirinho nascido nas margens do Rio São Francisco Flávio é baião já gravou cinco Cds e 1 DVD. 

No chiado da sanfona, na batida da zabumba e no zunido do triângulo, esse músico segue difundido os autênticos ritmos nordestinos. Coco, baião, xote xaxado e arrasta- pé são as palavras de ordem desse grande cantor. Da sua voz ecoa melodias que revelam o jeito de ser e de viver do seu povo, suas músicas são marcadas pelo calor festivo presente no sertanejo; sendo o sol o maior dos holofotes a iluminar esse artista que, de tão apaixonado pela sanfona, adotou por sobrenome Baião.

Flávio conta que desde criança foi embalado pelas canções de Luiz Gonzaga, no vai e vem das quadrilhas juninas. "Minha mãe, dona Belinha é a responsável por tudo que faço em nome da cultura". 

Em 2015, o sanfoneiro, cantor e compositor Flávio Baião recebeu da Câmara de Vereadores de Juazeiro, a Comenda Doutor Pedro Borges Viana. 

A Comenda é uma forma de agradecer e homenagear pessoas que prestam relevantes serviços a comunidade. Flávio Baião atualmente além de inúmeros shows beneficentes é responsável por uma Escola de Música, que atende crianças e adolescentes no aprendizado da sanfona e outros instrumentos. Flávio Baião no ano de 2013 gravou o seu primeiro DVD-Feiras do Nordeste. 
Nenhum comentário

CÂMARA DE VEREADORES DE PETROLINA DISCUTE CRISE DO SANATÓRIO LOCALIZADO EM JUAZEIRO QUE ATENDE PELA REDE PEBA

O Sanatório Nossa Senhora de Fátima, localizado em Juazeiro-Bahia, atende pacientes da Rede PEBA, do SUS (Sistema Único de Saúde), envolvendo 53 municípios dos Estados da Bahia, Pernambuco e Piauí, foi um dos assuntos tratados na sessão da Câmara de Vereadores de Petrolina, na manhã desta terça-feira (13).

"Como podemos ajudar o Sanatório Nossa Senhora de Fátima? Como ajudar as dezenas de famílias que precisam da instituição? Com este questionamento A vereadora Cristina Costa (PT), disse que a "situação merece a união de todos os juazeirenses e petrolinenses e declarou que os funcionários do Sanatório estão com salários atrasados".

No relatório apresentado, segundo informações para efetivar o pagamento dos funcionários, remédios e empréstimos feitos para cobrir despesas do período que a entidade estava sem receber verbas, o sanatório gasta em média 250 mil (Duzentos e cinquenta mil reais) por mês. Desses recursos, 113 mil (cento e treze mil) são provenientes do Governo Federal. O restante era repassado até janeiro de 2019 pela prefeitura de Juazeiro. 

Dos 82 pacientes internados, 25 foram dispensados por falta de recursos. Os 57 restantes podem ser dispensados porque o sanatório não tem como se manter apenas com os recursos atuais. Trinta porcento (30%) dos pacientes são de Juazeiro, 15% de Petrolina, os outros, dos municípios da rede PEBA que apenas encaminham os pacientes e não repassam nenhum recurso ao hospital psiquiátrico. 

A folha de pagamento do sanatório gira em torno de 90 mil reais (noventa mil reais) e os profissionais também podem ser demitidos com o fechamento da unidade de saúde mental. A preocupação é das dezenas de famílias que não tem onde tratar os pacientes na rede privada.

Semana passada, quarta-feira (07), os vereadores de Petrolina, Major Enfermeiro, Zenildo do Alto do Cocar, Gilberto Melo e Cristina Costa, se reuniram com a direção do Sanatório Nossa Senhora de Fátima, Maria Olívia Dewilson Oliveira e Ivonete de Souza Silva Melo, para buscar soluções e evitar o fechamento da unidade. 

Uma das propostas citadas na reunião de hoje na Câmara de Vereadores é marcar encontros com o Ministério Público Federal, Secretárias Municipais de Saúde de Petrolina e Juazeiro e Prefeitos dos dois municípios. Os parlamentares também pretendem marcar uma audiência pública para chamar os municípios da Rede PEBA que encaminham paciente ao Sanatório nossa Senhora de Fátima.

Nenhum comentário

ONILDO ALMEIDA 91 ANOS, UM DOS MAIS EXPRESSIVOS PARCEIROS DE LUIZ GONZAGA

Onildo de Almeida, poeta e músico de rara sensibilidade nasceu em Caruaru, Pernambuco em 13 de agosto de 1928. No começo da carreira integrou conjunto vocal de muito sucesso em Pernambuco, o Cancioneiros Tropicais, depois chamado de Vocalistas Caetés. 

Ingressou no rádio e depois se tornou dono de emissora. Compôs mais de 500 músicas, algumas gravadas por grandes nomes da MPB como Maysa, Agostinho dos Santos e Gilberto 

O primeiro sucesso foi a música Linda Espanhola, marchinha carnavalesca, ganhadora de concurso do carnaval pernambucano de 1955. Mas foi com a música regional interpretada por gente da estirpe de Luiz Gonzaga, Marinês e Trio Nordestino que ficou conhecido em todo o Brasil e ganhou projeção internacional: a sua música Feira de Caruaru, gravada por Luiz Gonzaga em 1957, ganhou o mundo e foi divulgada em 43 países. 

Interessante notar que Luiz Gonzaga (que amava Caruaru) no ano do seu centenário, 1957, foi convidado a ser o patrono artístico da festa. Assim, de vez em quando visitava aquela cidade agrestina.

Onildo Almeida era chamado de "groove man" pelos tropicalistas, pela grande variedade de gêneros musicais que o artista de Caruaru-Pernambuco trouxe para a sua trajetória, tendo se destacado como um dos principais parceiros de Luiz Gonzaga.

Parte deste caminho trilhado pelo músico aos 91 anos, está registrado no documentário "Onildo Almeida - Groove Man", dirigido por Helder Lopes e Cláudio Bezerra. Onildo escreveu clássicos como "A feira de Caruaru" e "A hora do adeus", e aparece na tela ao lado de outros artistas como Gilberto Gil, Junio Barreto e Maciel Melo.

Entre outras raridades, o filme produzido pela pernambucana Viu Cine e com som finalizado pelo Estúdio Carranca, recupera, ainda, imagens de arquivo e canções inéditas, das cerca de 600 composições que Onildo Almeida criou ao longo da vida artística.

Radialista, poeta, músico e compositor, Onildo Almeida, nasceu a 13 de agosto de 1928 em Caruaru, filho de José Francisco de Almeida e Flora Camila de Almeida.

Autor da música “Feira de Caruaru” (composta em 1955 e imortalizada em 1957 na voz de Luiz Gonzaga), desde criança Onildo demonstrou interesse pelas artes, tendo composto suas primeiras canções quando ainda tinha 13 anos de idade.

Até 1991 (quando passou a se dedicar apenas à música evangélica), já havia composto um total de 530 músicas gravadas por grandes nomes da MPB, entre os quais Agostinho dos Santos, Maysa, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Marines, Trio Nordestino, Jorge de Altinho e outros.

No início de sua carreira, integrou vários conjuntos musicais, entre eles o Cancioneiros Tropicais. Como compositor, o seu primeiro grande sucesso foi “Linda Espanhola”, marchinha vencedora de festival de música para o carnaval pernambucano de 1955.

Onildo Almeida iniciou a profissão de radialista em 1951, na Rádio Difusora de Carauru, instalada na cidade pelo Grupo F. Pessoa de Queiroz. Ele começou como operador de som e depois exerceu outras funções, entre as quais repórter e publicitário.

No rádio, Onildo participou da criação de programas de auditório como o “Expresso da Alegria” e o “Vesperal das Quintas”, grandes sucessos à época. E, de empregado passou a empresário, fundando, com um irmão, a sua própria emissora: a Rádio Cultura do Nordeste.

Só para Luiz Gonzaga, Onildo compôs 21 canções, sendo que com a mais famosa delas, “Feira de Caruaru”, o Rei do Baião conquistou o primeiro Disco de Ouro de sua carreira. A música vendeu mais de um milhão de cópias e também foi gravada em outros 34 países.

Ao longo de sua vida de compositor, Onildo Almeida conquistou dezenas de prêmios: foi vencedor de festivais de músicas, recebeu Discos de Ouro e outros troféus. È citado entre os grandes nomes da música pernambucana e do Nordeste.

Nenhum comentário

XICO SÁ: SÓ O ENSINO PÚBLICO SALVA O BRASIL, NÃO PODEMOS ABRIR MÃO DA IDEIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA

Sou do tipo que chora. Batizado, casamento, mas principalmente formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do estudo. Pra todo mundo, universal mesmo. Imagina a oportunidade a quem só poderia se formar em escola pública. De arrepiar. Por isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da Urca (Universidade Regional do Cariri) . A festa foi na quinta (08/08) e haja orgulho na gente de pequenas cidades e da roça nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta escola mantida pelo governo cearense.

Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance para quem vem lá do mato. Na formatura da Urca, haja primos, pense num povo metido, né, ave palavra, que orgulho enquadrado na parede. Pense numa “balbúrdia”, esse povo “lá de nós”, como na bendita linguagem caririense, formada em Artes Visuais, Biologia, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Direito, Enfermagem, Educação Física, Engenharia de Produção, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Teatro e Tecnologia da Construção Civil. Pense!

E mais orgulhosamente ainda vos digo: a Urca, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como a turma dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe, rio que constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do mundo”. Desculpa aí, hoje só venho com as grandezas.

Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela sua fala como paraninfo de uma turma de formandos americanos do Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma singularíssima fábula sobre — repare só! — dois peixinhos e a água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo (Companhia das Letras).

De Ohio ao Cariri. Além da Urca, em 2013 conquistamos (nada é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do Cariri. Era um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon matriz iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro será de um certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos a própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao fundo, que batuque afro-índígena-futurista.

Benvindo ao vale sagrado do Padim Ciço, de Karimai, de Bárbara de Alencar — a primeira presa política do Brasil —, do beato José Lourenço (discípulo de Conselheiro bombardeado pelos aviõezinhos da FAB), de Plácido Nuvens, de Miguel e sua irmã Violeta Arraes, do Príncipe Ribamar da Beira-Fresca, do redemoinho em dia quente chamado Jarid (nossa grandiosidade na Flip de Paraty 2019), do Sidney Rocha (se você não leu A estética da indiferença você não sabe o que é o Brasil safra 2019), de Ronaldo Correia de Brito, de Abidoral Jamacaru e de Célia Dias, do Alemberg Quindins, o cara que botou o homem Kariri no mapa-mundi junto com Rosiane Limaverde — essa grandeza eterna.

O Cariri historicamente roubado no seu tesouro de fósseis de pterossauros gigantes — alô museus da Europa! — , o Cariri da Lira Nordestina e do Stênio Diniz, gênio da xilogravura brasileira etc etc etc. Eita, esqueci até meu amigo Espedito Seleiro, como pode? Pago a deslembrança com uma cachaça na próxima visita.

Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação Princesa do Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava —, o Crato de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro representante do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, família meio pernambucana meio cearense, a chegar ao ensino superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de primos a cada nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa.

E pensar que não havia a ideia de universidade no meu terreiro. Nada disso do que hoje comemoro com os formandos da Urca e Ufca. E pensar que não podemos abrir mão da ideia da universidade pública brasileira, apesar de toda cegueira e todo corte — nada epistemológico — do Governo desse cara que me recuso a dizer o nome, pelo menos hoje, por mais um dia, obrigado, Senhor.

Só nos resta defender nas ruas, dia 13 de tal agosto posto, a ideia e o direito à formatura de uma gente que, a tomar pela nova ordem de Brasília, pode ficar fora do jogo de novo. Jogo desonesto. Sem sequer o direito ao VAR (olho no lance) da história. jmmmmmmmmmmmkk kkll l çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa caro leitor, pela incompreensão da escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando ver a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-traçadas linhas. Feliz dia dos pais a todos.

Xico Sá, escritor e jornalista, é autor de Big Jato (Companhia das Letras), entre outros livros. Participa da bancada de comentaristas do programa “Redação Sportv”.

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial