LUIZINHO CALIXTO: O SOTAQUE BREJEIRO DO MESTRE DA SANFONA DE 8 BAIXOS

 O CD “Sotaque Brejeiro”, do MESTRE DA SANFONA DE 8 BAIXOS, Luizinho Calixto é excelente. É cd que você escuta uma dez vezes tamanho é o encanto dos acordes e sons do talentoso músico e sua sanfona Pé de Bode.

São 13 músicas: Até que enfim (Geovânio Zu), Dedo de Mola (Luizinho Calixto), Quebra Queixo (Luizinho Calixto), Enfeite de Saudade (Rangel Jr/Efigênio Moura), No tempo do meu avô (motivo popular, com adaptação de Luizinho Calixto), Sob Nova Direção (Ton Oliveira), Sotaque Brejeiro (Luizinho Calixto), Forró para Enok

Marques (Luizinho Calixto), Não vou rotular (Thiago Calixto), Chorando Contigo (Luizinho Calixto/Severino Medeiros), Um Tom para Rangel (Luizinho Calixto), Sem Compromisso (Luizinho Calixto) e Trocando as Bolas (Luizinho Calixto).

A direção artística é de Luizinho Calixto e a mixagem e masterização de Adelson Viana, sendo que o CD foi gravado na Vila Estúdio Sonoro, com os técnicos Adelson e Lauro Viana. Na gravação, sanfona de oito baixos, acordeom, zabumba, triângulo, pandeiro, agogô e reco-reco couberam a Luizinho Calixto, o violão de sete cordas a Márcio Ramalho e o cavaquinho a Gugu. Houve, ainda, participações especiais de Geovânio Zu e Thiago Calixto, compositor, filho de Luizinho e um de seus maiores incentivadores.

O trabalho teve o apoio cultural de Renato Moreira, Flávio Roberto e Dinart Freire. A respeito das parcerias do CD, Luizinho é enfático: gosta de chamar para junto dele as pessoas que têm talento. “Você não sabe, mas aí de repente ali pode haver um Dominguinhos, um Jackson”, assinalou.

O CD foi feito de modo independente e reúne vários ritmos, a exemplo de xote, forró e choro. O artista explicou que embora hoje a gravação de compactos seja cada vez mais rara, considera importante ter um registro material da obra. Além disso, colecionadores e pessoas que acompanham a sua trajetória profissional, há tempos solicitavam algo semelhante.

O compacto foi lançado no ano de 2020 durante a “Roda de Choro”, em Campina Grande Paraíba.

Luiz Gonzaga Tavares Calisto, artisticamente conhecido como Luizinho Calixto, nasceu em Campina, em 21 de junho de 1956. É a “raspa do tacho” de uma família de 10 filhos, da união de Maria Tavares Calixto e João de Deus Calixto, o “Seu Dideus” (1913-1989). O pai de Luizinho foi um instrumentista paraibano renomado, tocador da sanfona de oito baixos. Já os irmãos mais velhos formam uma linhagem de grandes músicos (Zé Calixto, Bastinho Calixto e João Calixto).

Desde menino, Luizinho conviveu com ícones da historiografia musical brasileira. Muitos eram amigos de sua família, a exemplo de Jackson do Pandeiro, com quem, certa feita, Luizinho dividiu o palco, e Luiz Gonzaga, que lhe presenteou com uma sanfona. O primeiro álbum veio em 1975, intitulado “Vamos dançar forró”, com o qual percorreu o Brasil em turnê.

O artista vive há pelo menos 40 anos da profissão de tocador de oito baixos. Tem 12 discos gravados entre vinis e CDs. Mostrou sua arte a milhares, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Argentina e Angola. Luizinho também foi o criador do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos da UEPB. Teve participação, como instrumentista, em gravações de artistas aclamados: Sivuca, Dominguinhos, Chico César, Evaldo Gouveia, Fagner. Soma-se, ao seu currículo, parcerias com Elino Julião, Genival Lacerda, Messias Holanda, Alcymar Monteiro e Beto Barbosa; integrou, igualmente, shows de Belchior, Marinês e Nara Leão.

Luizinho Calixto É professor do Centro Artístico da UEPB desde 2013. Recentemente, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) incluiu o nome de Luizinho no registro de Mestre das Artes – Canhoto da Paraíba – Rema/PB. O Rema visa reconhecer, proteger e valorizar os conhecimentos, fazeres e expressões das culturas tradicionais do Estado. Para isso, Luizinho dispôs da assessoria da professora Joseilda Diniz, uma das curadoras da Sala de Cordel do MAPP, que o auxiliou na elaboração de seu dossiê artístico e vem desempenhando esse papel dentro de suas atribuições na Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UEPB. (Fonte: Texto: Oziella Inocêncio-UEPB)

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PREVISÃO É DE CHUVAS NO ALTO DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO E EM PARTE DA BAHIA.

A vazão do Rio São Francisco praticada pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), a partir das hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (SE), será mantida em 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) até nova análise, sem data prevista de redução desse patamar.

Informativo oficial da Chesf foi enviado no início da tarde para prefeituras, defesas civis, comitês, associações, entre outras entidades e usuários. Foi realizada Reunião de Acompanhamento das Condições de Operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, coordenada pela Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA), com a participação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e outros órgãos que atuam na bacia.

As previsões meteorológicas apresentadas foram de permanência de chuvas nas próximas semanas no Alto São Francisco, em Minas Gerais, e em parte da Bahia. Dessa forma, os reservatórios precisam continuar operando no regime de controle de cheias.  

Os reservatórios principais da Chesf no Rio São Francisco, Sobradinho e Itaparica (PE), estão acumulando água. Entretanto, seguindo normas e diretrizes para operação de controle de cheias, a Companhia precisa respeitar o chamado “volume de espera”, considerando que as chuvas na Bacia Hidrográfica do Velho Chico seguem até abril, quando se encerra o período úmido.

A vazão de 4.000 m³/s, pelas regras estabelecidas, é a metade do valor máximo que a Chesf pode liberar de água e, portanto, é fundamental que a calha do rio seja mantida desocupada. “Estamos permanentemente avaliando a situação e qualquer alteração será divulgada com antecedência, como temos feito”, declarou o diretor de Operação da Companhia, João Henrique Franklin.

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CELESTINO GOMES VIVE NA IMENSIDÃO DAS CORES, TONS DO CÉU E DA ABUNDÂNCIA DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Na madrugada ao ouvir o barulho de um avião lembrei do Pintor Celestino Gomes e sua fala, talento em forma de cores e tons. O vento da madrugada cantava.

Conhecido como “Van Gogh do Sertão”, Celestino Gomes nasceu em Petrolina no ano de 1931. Sua vivência na cidade e no Rio São Francisco inspirou-o na realização de trabalhos artísticos como pintor, escultor e escritor. Celestino retratou em suas obras a vida do sertanejo, festas populares, mulheres, paisagens e monumentos. É nosso Luiz Gonzaga na arte do pincel.

Gênesis Naum de Farias é Professor da Universidade Estadual do Piauí – UESPI/ e Coordenador do Núcleo de Estudos Foucaultiano disse que Morreu há alguns anos atrás, mais precisamente num mês despedaçado, o mais importante petrolinense que tive a honra de conhecer e ouvi-lo falar na sua distante mansidão, na sua atormentada placidez, nos seus retoques sem muitas ambições e dotado do requinte celeste dos astros iluminados que brilham nas estepes como lírios de fogo, pois sua frenética evocação já era maior do que as histórias orais que se contavam aos montes sobre sua notória rebeldia, relatados às várias bocas pelos que o julgavam como um louco ou uma manifestação folclórica. Não havia dúvida que poderíamos trata-lo como o nosso cavaleiro mais ilustre, dono de uma beleza muito íntima.

"Sua intensa criatividade era sempre vista como uma joia de raríssimo valor, porque sem escrever um único verso, se tornou realmente um grande poeta; retinha “uma candura que insiste em dizer-nos que és feito do fogo, do rio e de sol”. 

"Seus tons de cinza, vermelho china, verde desbotado e azul cerúleo, nos lembra o extraordinário pintor holandês em seu canibalismo, empunhando sua expressão ameaçadora. E repito na insistência das palavras, Celestino sempre será reluzente, mesmo quando ignorava o sentido simbólico de suas ações e principalmente diante de sua expressiva nostalgia de menino afoito e matreiro".

Celestino Gomes escreveu dois livros que narraram sua história, 'Da Roça a Roma' e 'De Roma a Roça, descobrindo a Europa nas décadas de 1960 e 1970. Conversei muito com Celestino. Rio São Francisco e o desenvolvimento de Petrolina tema preferido. Fui responsável por várias reportagens destacando Celestino. Ele era ouvinte do Programa Nas Asas da Asa Branca que ainda apresento na Rádio Cidade am870.

Do escritor Virgilio Siqueira-músico e poeta confira TEXTO-Homenagem a Celestino Gomes

Pronto! Agora, não mais incomodas

Agora a falsa ternura que brota das acomodadas e incomodadas faces

Mistura-se, sem nenhum pudor, à sagacidade de tua irreverência

Agora, não és mais um louco

Mas um excêntrico que os normais não conseguem entender e aceitar

(Mesmo sendo, cada um dos que hoje assim te veem

Parte do batalhão impiedoso que te julgava e condenava sumariamente)

Ora, mas agora nada mais importa!

Que fazer, se as mortíferas balas perdidas do mundo não te atingiram

E se o teu perturbativo jeito de ser, jamais se perturbara?

Diante de nós, acomodados sonâmbulos que nunca sonham

Eras um delírio permanente

Ou uma centelha que incandescia a escuridão que somos

E trespassava o breu impenetrável de nossa hipocrisia

Cotidianamente estabelecida

Covardemente aceita

Se eras, perante o mundo

Indiferente aos valores que se impõem a todos

Eras também, para este mesmo mundo, uma proposta de alento

Contida na inquietude de teus dias intensamente vividos

E em tuas noites, das quais não dependias para o sonho

Pronto!

Agora, não és mais uma ilha perdida

Na imensidão de uma cidade vazia, estéril

E hoje, mais que nunca, pálida, triste e pobre

A covardia, a servidão e o medo

Tranquilos, podem pastar na grama dos jardins das praças

Livres que estão dos afogueados ferrões e dos flamejantes chicotes

Que se manifestavam em tuas atitudes e em tua língua de farpas

Teus raros amigos saberão – alguns

Silenciar a dor da perda que não é perda

Outros tecerão e bradarão palavras em teu louvor no momento preciso

E assim, haverão de elevar-te o nome que já é, em si mesmo, celeste

Agora tu és o que sempre foste sem que nunca percebêssemos

Um caudaloso rio submerso a irrigar luzes e cores

A fazer que brotem da sequidão do solo do sertão

Arco-íris tingidos com tonalidades que nos acalentam e libertam

Agora, é como se em tua inquietação

Pairasse uma brandura que não se acomoda

E retinisse, numa candura que insiste em dizer-nos

Que és feito de fogo, de rio, e de sol.

Pronto!

Agora dormem, sob o cerro de tuas pálpebras

As mais incandescidas imagens que concebeste

Em comunhão com os encantos dos entardeceres

Revestidos com enigmáticas tramas de tonalidades

Da mesma forma que dormem, em teu corpo inerte

Todas as cores e luzes que explodiram de teus pincéis

De teus anseios e de tuas mãos

Que teceram com raios de estrelas, de lua e de sol

Todos os encantos e desencantos, reais e fictícios

Que te faziam viver como sonhar

Como dormem, ainda

Acalentadas pela perpetuação do teu último suspiro

Repousadas na fartura do teu emblemático bigode

Todas as imagens

Minuciosamente capturadas pela agudeza de tuas retinas.

Pronto!

Agora, tudo está definitivamente vivo

Quando cintilam as luzes que se manifestam nas cores de tuas telas

E nas formas das marcantes figuras esculpidas pelas tuas mãos

Concebidas pela humanidade que explodia em teu peito

E pela fecundidade dos teus argutos olhos azuis.

Pronto!

Agora és o que sempre foste e o que sempre serás

Um homem liberto das amarras dos conceitos e dos preconceitos

A anti-razão do sonho, enfim realizado

Expresso no desejo maior de sentir-se, um dia, misturado

Às ternas e acolhedoras águas do amado

Velho Chico.

Já o Cantor Maciel Melo FEZ uma homenagem a Celestino Gomes. "Fiz uma música dedicada a três pintores por quem sempre tive muita admiração. Um é Celestino Gomes, filho de Petrolina; O outro é Mateus Veloso, que conheci ainda na adolescência; o terceiro é Ivan Marinho, companheiro de muitos anos. Começamos juntos, eu nos bares das noites recifenses, ele nas telas, nas paredes, nos recitais de poesias, nas salas de aula. Sonhávamos muito, enquanto ele pintava eu tocava violão. Foram os melhores anos de minha vida".

Na letra Maciel Melo compara o pintor e o cantor:

'Quando pinta o pintor

Pinta a cor

Do pensamento do poeta

Pinta as linhas do verso

Tinge a métrica

Desenha sua canção

E os acordes de um violão

Pelos dedos da mão

Se transformam em aquarela

Pinta pra ele ou pra ela

Com a tinta da emoção

Quando canta todo cantador

Seu pinho é seu cavalete

E do seu amigo velho e alto tamborete

Vê uma paisagem bem precisa

Decantando a Monalisa

Faz um quadro, entoa um rosto

Sinfoniando o sol posto

Traz a tela para os dedos

Sonorizando segredos

Canta o gosto e o desgosto

Quando se pinta ou se canta

Quando se escreve ou se fala

Quando se escuta ou se cala

Pode estar se pintando um mundo

Emoldurando o ser

Com as cores do bem viver

Nas telas do bem amar...

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RADIALISTA JOSÉ MARIA MORRE AOS 77 ANOS DE INFARTO EM PETROLINA

Morreu no início da manhã desta quinta-feira (3), o radialista José Maria Silva, de 77 anos. Zé Maria, como era conhecido, atuou durante anos na rádio Grande Rio AM, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A voz marcante do locutor também era ouvida durante sorteios, transmitidos em rádios locais. Zé Maria deixa esposa, com quem era casado desde 1972, dois filhos e quatro netos.

Zé Maria morreu vítima de um infarto. O velório do radialista será realizado no final da manhã, no plenário da Câmara de Vereadores de Petrolina.

Nascido no distrito de Lago do Ouro, no município de Correntes, em Pernambuco, Zé Maria começou a carreira no rádio em 1961, em Garanhuns. O comunicador se mudou para Petrolina em abril de 1970. A primeira rádio que atuou na cidade foi a Emissora Rural.

Para celebrar os 50 anos de atuação nas rádios de Petrolina, a Câmara de Vereadores aprovou, em 2020, o projeto que concedeu o título de cidadão petrolinense ao comunicador. Autor do projeto, o vereador Rodrigo Araújo informou que a homenagem não chegou a ser realizada a pedido do próprio Zé Maria, que gostaria de fazer uma grande comemoração, o que não foi possível, em virtude das restrições da pandemia. O título será entregue à família.

"Zé Maria sempre me encontrava e dizia que queria fazer uma festa bonita, com muita alegria, que era a cara dele. Infelizmente, essa festa não aconteceu e nunca vai acontecer", lamentou Rodrigo Araújo, bastante emocionado, durante a sessão da Câmara de Vereadores.

Por causa morte de Zé Maria, o prefeito Miguel Coelho decretou luto de três dias em Petrolina.

"Petrolina perdeu um grande nome de sua comunicação e cultura. O querido Zé Maria Toca Tudo nos deixou para a tristeza de inúmeros ouvintes que se encantaram com sua alegria e carisma. Zé Maria levou ao povo alegria, forró, além de defender a preservação das tradições nordestinas durante décadas. É mais que um radialista, uma bandeira de nossa cultura", declarou o prefeito.

"Em virtude dessa triste despedida, como forma de respeito a sua história, decretei trê dias de luto oficial. Manifesto minha profunda solidariedade aos familiares, amigos e fãs de Zé Maria. Que ele descanse em paz enquanto nós aqui na Terra vamos honrar sua memória e alegria", afirma a nota de Miguel Coelho.

A deputada estadual Dulce Amorim e o ex-prefeito Odacy Amorim também lamentaram a morte do radialista.

"Com voz marcante e grande caráter, Zé Maria conquistou ouvintes assíduos no seu Programa Zé Maria Toca Tudo na Rádio Grande Rio AM, levado também de forma itinerante para zona rural e urbana de Petrolina. A voz de Zé Maria também ficou marcada durante todos os sorteios do Vale de Sorte. Que Deus conforte o todos os familiares, em nome da sua esposa Cristina, amigos e admiradores".

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DOIS ANOS APÓS APROVAÇÃO PELA ANVISA, CANNABIS MEDICINAL AINDA ENFRENTA ENTRAVES NO BRASIL

Dois anos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a venda em farmácias de medicamentos à base de cannabis, mas rejeitar o cultivo em casa para fins medicinais, 11 produtos e um remédio já foram aprovados no Brasil.

A maconha medicinal pode ampliar o rol de tratamentos para doenças como esclerose múltipla, depressão e fibromialgia, mas o tema ainda enfrenta resistências em Brasília. Também falta um entendimento conjunto dos poderes Legislativo e Judiciário sobre a questão.

O pontapé inicial do uso da maconha medicinal no país ocorreu em janeiro de 2015, quando o canabidiol (CBD) saiu da lista de substâncias proibidas pela Anvisa e a autarquia autorizou o uso como medicamento controlado. De lá para cá, a flexibilização tem avançado, ainda que na retaguarda de outros países, e permitido opções de tratamento para diversas doenças e condições de saúde.

A quantidade de autorizações para importação desses produtos também aumentou exponencialmente. Dados da Anvisa mostram que foram 850 em 2015 e 33.793 em 2021, com estatísticas compiladas até 11 de novembro. O salto se deu, principalmente, a partir de 2019, com 8.522 aprovações. No ano seguinte, o número mais que dobrou, chegando a 19.120. A soma resulta em 68.775 permissões para 56.085 pacientes.

"Com toda a luta e articulação política, a gente conseguiu avançar, sobretudo com parceria de médicos que prescrevem esses óleos [medicinais à base de cannabis]. Mas ainda há um caminho enorme pela frente, sobretudo via Legislativo", afirma a fundadora da Associação de Apoio à Pesquisa e à Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), Margarete Brito.

O debate iniciado em 2015 ganhou fôlego um ano depois, quando a Anvisa liberou a prescrição de produtos e de medicamentos que contenham tetrahidrocanabinol (THC) — que passou a ser regulamentado — de forma isolada ou em conjunto com CBD. Com a medida, o THC foi permitido como base do produto — antes, só em caráter secundário, junto a outra substância já autorizada. Assim, a importação passou a vigorar em caráter excepcional via pessoa física, para uso próprio, para tratamento de saúde e com receita médica.

Entre as críticas à importação, estão o alto custo e a burocracia. Especialistas, produtores para uso próprio e associações argumentam que o cultivo em casa seria uma forma de democratização: "A impossibilidade de se produzir o remédio desde o cultivo da planta é o maior obstáculo para o acesso no Brasil, porque isso encarece e limita a variabilidade dos produtos", diz o neurocientista e professor da Universidade de Brasília, Renato Malcher.

A aprovação do primeiro medicamento, para tratar espasmos prolongados em decorrência de esclerose múltipla, veio em 2017. Na época, o remédio já era liberado em 28 países, como Alemanha, Canadá, Estados Unidos e Suíça. A substância também abriu caminhos para o tratamento de epilepsia, dor crônica, esquizofrenia, ansiedade, depressão e autismo.

"A cannabis pode tratar condições que causem sofrimento físico ou psicológico, que envolvam inflamação e descontrole da atividade neuronal, pode inibir a proliferação de câncer e reduzir os danos causados por acidente vascular cerebral", enumera Malcher.

Outro marco deste debate foi em 2019. À época, havia duas propostas em jogo na Anvisa: uma buscava autorizar o plantio para fins medicinais e científicos, e a outra, o registro de medicamentos à base da planta. Venceu a segunda, mais restritiva, após votação unânime. Os diretores também decidiram arquivar a primeira na reunião, marcada por um longo debate sobre o tema.

Diante da negativa da Anvisa para o cultivo, a judicialização permanece sendo o caminho para que pessoas possam ter a planta em casa. O advogado e diretor da Rede Reforma, Emílio Figueiredo, explica que não é possível quantificar quantos habeas corpus a Justiça já expediu para evitar a criminalização do cultivo em casa para fazer remédio, porque a maioria dos processos corre em segredo de justiça. Mas, sozinho, estima ter ultrapassado 150 decisões favoráveis.

Segundo as normas da Anvisa, os produtos aprovados devem conter, em sua maior parte, CBD e não ultrapassar 0,2% de THC. Também não podem receber nomes comerciais, mas dos componentes do produto e da empresa. A publicidade e oferta de amostra grátis desses fármacos, além da importação da planta e de partes dela, são vedados.

O projeto de lei 399/2015 quer alterar a legislação em vigor para regulamentar o plantio de maconha para fins medicinais e tornar viável a venda de medicamentos com extratos, substratos ou partes da planta, mas não versa sobre o uso recreativo. O texto foi aprovado em junho pela comissão especial na Câmara do Deputados e deveria seguir para o Senado. Deputados, contudo, apresentaram recurso para que a proposta fosse votada em plenário e a decisão cabe ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O presidente Jair Bolsonaro classificou, então, o projeto como “porcaria” e indicou que pode vetá-lo, caso fosse aprovado.

Apesar da resistência do governo e dos conservadores, a deliberação deve ocorrer ainda neste ano.

Para o fundador da Associação Brasileira para Cannabis (ABRACannabis), Pedro Zarur, os impactos ultrapassam as barreiras da saúde pública e do uso medicinal e adentram a segurança pública:

"Não apoiamos. Ele é focado exclusivamente para atender a grande indústria farmacêutica. Vender óleo de cannabis, hoje em dia, é uma coisa muito lucrativa. O mais baratinho é R$ 300, R$ 400", diz Zarur. "Talvez seja este o grande problema do PL 399: não atende à grande população de baixa renda. É um projeto de lei para os ricos."

Na esfera judicial, o Supremo Tribunal Federal (STF) travou o julgamento sobre a criminalização do porte de drogas para consumo próprio. O ministro Teori Zavascki pediu vista no julgamento em setembro de 2015 e seu substituto, o ministro Alexandre de Moraes, herdou o processo e devolveu o caso ao plenário três anos depois. O então presidente da Corte, Dias Toffoli, marcou o julgamento por duas vezes em 2019, mas o tirou de pauta.

Até o momento, o relator Gilmar Mendes defendeu a descriminalização do porte para uso de todo tipo de droga e Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram pela descriminalização apenas do porte de maconha. Não há previsão para que entre em votação novamente.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por sua vez, decidiu em setembro que a posse de equipamentos de cultivo de maconha para uso pessoal não é crime. Dessa maneira, o caso não pode ser enquadrado no Artigo 34 da Lei de Drogas, que define pena de três a dez anos de prisão, além de multa.

Nessa perspectiva, o advogado da Rede Reforma avalia que as resoluções da Anvisa geram impactos na saúde pública por não democratizarem o acesso por meio do cultivo doméstico. Dessa forma, a insegurança jurídica seria um entrave:

"Não há norma para balizar, apenas a omissão sobre o uso medicinal, então depende da sensibilidade das autoridades. Para provar o uso medicinal, é necessário acompanhamento médico. Não existe causa ganha, é sempre busca do reconhecimento do direito", pontua Figueiredo, que integra coletivo de advogados com experiência em casos da Lei de Drogas. 

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PROFESSOR CITA BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA CHEIA DO RIO SÃO FRANCISCO

O aumento das vazões das hidrelétricas de Sobradinho e Xingó trazem mais benefícios do que malefícios para a bacia hidrográfica do Rio São Francisco do ponto de vista ambiental. Desde o dia 24 de janeiro, o fluxo de água liberado nas hidrelétricas é de 4.000 m³/s e deve ser mantido, já que, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), não há perspectivas de redução, nem de aumento no curto prazo, desde que as previsões climáticas se confirmem.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), José Maciel Nunes de Oliveira, explica que o aumento das vazões atenua um período de seca intensa e não deve colocar vidas em risco. “A preocupação inicial com o aumento da vazão foi de preservar a vida dos ribeirinhos, visto que muitos ocupam áreas alagáveis. Por isso o CBHSF emitiu nota alertando a população a deixar as áreas de risco. Depois de 12 anos, as regiões do Submédio e Baixo São Francisco terão vazões em patamares elevados, o que é ótimo para o rio. O Velho Chico e seu ecossistema estão vivos!”, disse.

Maciel Oliveira explica ainda que o aumento das vazões trará diversos benefícios do ponto de vista ambiental. “Para o Velho Chico e sua bacia as cheias de agora são um alívio, promovendo uma ‘limpeza’ e inaugurando um novo ciclo de reprodução de peixes nativos”, acrescentou.

O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e coordenador da Expedição Científica do Baixo São Francisco, Emerson Soares, destaca pelos menos oitos pontos positivos que poderão ser percebidos com a cheia do Rio São Francisco, como, por exemplo, a renovação da água e a diluição de poluentes.

“O aumento nas vazões proporcionará uma melhora na qualidade da água, diminuição de riscos de doenças e parasitas de veiculação hídrica, reprodução das espécies de peixes migradoras, maior volume de água de defeso natural para as espécies aquáticas, diminuição da quantidade de macrófitas aquáticas (plantas aquáticas) que causam problemas, quando em excesso, diminuição da quantidade de bancos de areia no meio do rio, além de encher algumas lagoas marginais, importantes para manutenção dos peixes”, afirmou.

De forma prática, o aumento da vazão vai ocasionar a subida do nível do rio em 2,5 metros na margem. Já no meio do rio o aumento pode chegar a até 4 metros. De acordo com Emerson Soares, os impactos negativos serão sentidos nas áreas onde houve avanço sobre o curso d’água.

“Nos trechos onde o homem desmatou vai haver erosão e desmoronamento das margens do rio pela fragilidade do solo sem a proteção da vegetação. Já nos casos em que houve a construção irregular ou avanço sobre o rio, o curso vai voltar ao local original e isto é uma consequência das escolhas que foram feitas porque uma hora o rio ia tomar o seu espaço de volta. Para as pessoas que ao longo do tempo vinham avançando sobre o rio, desmatando, vai haver sim impacto”, finalizou. 

(FONTE: Assessoria de Comunicação CBHSF *Texto: Luiza Baggio. Foto: Juciana Cavalcante)

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LALÁ DANCE JANUÁRIO: NA TERRA DE LUIZ GONZAGA DANÇA TEM PODER

Na terra onde nasceu Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o ano de 2022 iniciou literalmente e musicalmente com a efervescência da diversidade cultural através da dança.

A arte na terra onde nasceu Luiz Gonzaga a palavra tem poder. Wiharley Januario (Lalá Dance) cearense de Juazeiro do Norte, mora em Exu, Pernambuco desde os 05 anos de idade.

São quase 30 anos trabalhando com arte. Tem experiência em danças de rua e danças populares, é competidor e júri de battles de breaking, festivais de dança e eventos em todo Nordeste e Brasil, faz trabalhos ministrando workshops, oficinas e cursos de danças Populares e breaking. 

Lalá Dance Januário. É assim que é conhecido na região. Ele é Professor da modalidade Dança Fitness-aulas exclusivas para mulheres, foi dançarino de Flávio Leandro e banda Cabas de Gonzaga. Diretor e b.boy do grupo Sertão breaking, Coordenador do projeto sociocultural de Hip Hop Geração Mulekes, diretor ator, cantor, dançarino e coreografo da Cia de Espetáculos Luiz Gonzaga e Quadrilha Junina Luiz Gonzaga, produtor cultural é idealizador do EDACRA – Encontro de Dança , artes e Cultura da Região do Araripe - Festival Multicultural, Batalha dos Mulekes, Exu Junino – Festival de Quadrilhas e Cultura Junina eventos esses todos realizados na cidade de Exu.

Sertão Breaking é uma das sensações em Exu Pernambuco. Lalá diz que a dança é de origem do movimento cultural chamado Hip Hop hoje integra o quadro de esportes olímpicos e estará nos jogos de 2024 em Paris – França.

"Com esse poder de visibilidade torna-se uma grande ferramenta de oportunidades para crianças e adolescentes pobres sonharem em um dia ser um atleta olímpico, ou simplesmente aprender a arte da dança como muitos que passaram por nossos projetos e atualmente integram Companhias e grupos artísticos ou uma vida no meio da arte consolidada com seus trabalhos individuais, sempre com o lugar de destaque na sociedade nos setores que representam", revela Lalá. 

O grupo (Crew) Sertão Breaking tem um trabalho existente há cerca de 15 anos em Exu-PE e Região, sempre representando no cenário nacional ganhando festivais e competições de dança em todo Nordeste, produzindo e realizando umas das mais importantes etapas competitivas de breaking do nordeste.

"EDACRA, Encontro de Dança, Artes e Cultura da Região do Araripe é realizado em Exu-PE, por isso acreditamos que precisamos de mais visibilidade e oportunidade de mostrar nosso talento e capacidade de transformação social, sem sermos segregados por ser da terra do forró ou de Luiz Gonzaga, entendendo que cada arte tem sua importância para a cultura da cidade, uma arte nunca vai tirar o espaço de outra, com esse pensamento temos a proposta de preparar nossas crianças e adolescentes através desse projeto de breaking e elementos da cultura Hip Hop para vislumbrar oportunidades e afasta-las de temas negativos de suas vidas, tentando apenas ofertar arte e cultura dando dignidade de ser e ter representatividade na sociedade mesmo pertencendo a uma classe excluída e marginalizada", explica.

No mês passado (Janeiro 2022), no espaço Farol Escola foi lançado de forma oficial o Projeto Social-Geração Mulekes que através do Hip Hop vai trabalhar nos bairros Vila Nossa Senhora Aparecida e Gonzagão na cidade de Exu-PE, instruindo crianças e adolescente carente sujeito a vulnerabilidade social, afastando-as do crime, das drogas e temas negativos da sociedade, levando-as a prática da dança, da música, do grafite e também do conhecimento, direcionando essas crianças e jovens ao caminho do bem fortalecendo as comunidades.

"Agora estamos numa etapa e passaremos a existir de forma organizada para conseguir alcançar mais mais jovens, sendo assim fazer de fato e direito que nossa voz seja ouvida. O Projeto Sociocultural Geração Mulekes, tem essa proposta de contribuir com nossos dons artísticos para a formação cidadã de crianças e adolescentes de nosso cidade, esse é nosso compromisso, já fazemos isso há décadas,  hoje estamos  mais ainda fortalecidos,  ficaremos grato com o apoio de cada um de vocês. AQUI É HIP HOP LEVADO A SÉRIO!", concluiu  Lalá Dance.

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