COVID-19: CIDADES DA BAHIA NEGAM APLICAÇÃO DE DOSES VENCIDAS DA ASTRAZENECA

Prefeituras de cidades baianas negaram que tenham aplicado doses vencidas da AstraZeneca, vacina contra a Covid-19. A informação foi divulgada após pesquisadores apontarem, nesta sexta-feira (2), que 26 mil doses vencidas desta vacina foram aplicadas no Brasil.

As prefeituras de Salvador, Vitória da Conquista e Juazeiro se posicionaram sobre o caso. 

De acordo com os pesquisadores, o levantamento foi feito com base no cruzamento de dados oficiais do governo federal e apontam que os lotes mencionados constam no Sistema Único de Saúde (SUS).

As prefeituras citadas, no entanto, atribuem o resultado do levantamento a falhas na inclusão de dados no SUS, que recebeu anotações com atraso de até dois meses.

Além das prefeituras, o Governo da Bahia emitiu uma nota por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). O governo disse que não houve aplicação de doses de vacina contra Covid-19 com data de validade vencida em Salvador e outros municípios baianos.

Conforme explica a superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa), Rívia Barros, os imunizantes foram aplicados no prazo de validade, mas a notificação, ou seja, o registo no sistema do Ministério da Saúde ocorreu depois da data de vencimento da vacina.

A Sesab acrescentou ainda que pode também ter acontecido erro de digitação no sistema do Ministério da Saúde.

Salvador: Segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador, não há ocorrência de aplicação de doses vencidas na capital baiana. A cidade recebeu dois dos lotes apontados pelos pesquisadores – Lote CTMAV506 / Lote 4120Z005 – e todas as doses foram administradas antes da data de vencimento dos imunizantes.

A SMS ainda destacou que a coordenação de imunização do órgão identificou episódios de equívocos relacionados ao lançamento de dados no sistema da estratégia, ou seja, a aplicação das doses foi realizado dentro do período determinado pelo fabricante do imunobiológico e apenas no sistema do banco de dados do Ministério da Saúde foi efetuado em data posterior a aplicação da vacina.

A pasta também afirmou que tem utilizado todas as ferramentas para minimizar possíveis falhas no processo de imunização contra a Covid-19 na cidade.

Vitória da Conquista: Quem também negou a aplicação de doses vencidas da AstraZeneca foi a prefeitura de Vitória da Conquista, a terceira maior cidade do estado, localizada na região sudoeste.

De acordo com a SMS de Vitória da Conquista, o lote de vacinas AstraZeneca/Oxford de número 4120Z-005, com vencimento em 14 de abril de 2021, foi recebido no município em 24 de janeiro e utilizado antes do vencimento.

Ainda assim, a SMS orienta que, para tirar a dúvida, as pessoas podem conferir no cartão de vacinação o número do lote e a data em que foram vacinadas.

A Diretora de Vigilância em Saúde de Vitória da Conquista, Ana Maria Ferraz, informa que está sendo averiguado o motivo pelo qual o lote mencionado ainda consta no sistema.

Juazeiro: A prefeitura de Juazeiro, cidade do norte da Bahia, informou, através da Secretaria de Saúde (Sesau), que as doses do lote 4120Z005, com vencimento para o dia 14 de abril foram do primeiro lote recebido pelo município.

A reportagem é de Natally Acioli, G1 Bahia.

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CANTOR ARMANDINHO (FULÔ DE MANDACARU) SOLICITA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA OTIMIZAR RECURSOS PARA SANFONEIROS

Dando sequência à intensa agenda do Movimento “Somos Forró”, o líder da Banda Fulô de Mandacaru, Armandinho do Acordeon, participou da reunião do Pleno do TCE, contando com a participação dos(as) conselheiros(as) do Tribunal de Contas de Pernambuco, a convite do presidente, Dirceu Rodolfo. 

Em setembro de 2020 o TCE-PE junto com o MPC-PE divulgaram uma recomendação conjunta orienta aos gestores públicos não realizarem contratações ou despesas com shows e eventos, dentre outras recomendações.

Segundo Armandinho, “o intenso diálogo do Movimento Somos Forró, com os atores institucionais com destaque para Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Associação dos Secretários de Turismo (Astur-PE), União dos Vereadores (UVP-PE), Associação de Rádios e TVs de Pernambuco (Asserpe), Assembleia Legislativa (Alepe), Governo de Pernambuco, através da Fundarpe, Secult e Empetur, além da comissão de cultura da Câmara dos Deputados, vem proporcionado grandes êxitos para toda cadeia produtiva da cultura popular nos âmbitos municipais, estadual e federal. Fico extremamente feliz com a sensibilidade e adesão do TCE e MPC de Pernambuco com nossa categoria e a pauta reivindicada”.

Segundo o presidente do TCE-PE, Dirceu Rodolfo, “será lançada uma nova recomendação conjunta orientando e liberando aos gestores públicos à contratação dos artistas e atores culturais, em formato virtual, respeitando os protocolos sanitários, para que ajudem toda cadeia produtiva que vem sofrendo com os impactos econômico da pandemia. Vale ressaltar que essas contratações devem priorizar os artistas e atores culturais compromissados com a preservação da cultura popular de Pernambuco”. 

Na audiência, Armandinho ainda destacou a necessidade do reajuste dos cachês dos artistas e diversos atores culturais, bem como solicitou uma audiência pública para que os elos de desenvolvimento das políticas públicas culturais tenham uma melhor otimização para os artistas Pernambucanos no que se refere a distribuição e destinação de recursos públicos.

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JUAZEIRO E PETROLINA SEDIAM CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE ECOLOGIA HUMANA


A Sociedade Brasileira de Ecologia Humana (Sabeh) irá realizar a XXIV Conferência Internacional da Sociedade de Ecologia Humana, evento promovido em formato virtual entre os dias 17 e 23 de outubro.

Com sede em Juazeiro-BA e Petrolina-PE, essa é apenas a segunda edição organizada no Brasil. Dessa vez, o tema das discussões é: "Dinâmicas sociais e desafios globais: o papel da Ecologia Humana em um mundo em constante transformação". 

As inscrições para participação, através de lançamento de livro, apresentação de trabalho audiovisual ou apresentação oral de artigo ou pôster, estão abertas até o dia 31 de julho e podem ser feitas online (https://www.even3.com.br/xxivshe/).

Os interessados em levar suas produções para o evento deverão, na primeira etapa, cadastrar um resumo, que será avaliado pela organização. Se aprovado, o trabalho completo precisa ser enviado até 18 de setembro. No caso dos vídeos, é necessário haver legenda em inglês. 

De acordo com Gustavo Negreiros, presidente da Sabeh e coordenador da Conferência, mesmo quem não é ligado ao meio acadêmico pode participar. "A Ecologia Humana permeia diferentes concepções de mundo, pensando as relações do homem com o meio, a natureza, a sociedade. E tem muitas pessoas que praticam isso no seu dia a dia sem estar nas universidades", defende.

Segundo Negreiros, a Ecologia Humana é uma área de estudos abrangente. "A gente faz uma análise sistêmica da complexidade daquilo que nos faz humanos. Tentamos entender as dinâmicas das relações com o nosso meio físico, social, econômico, espiritual", explica o coordenador. Assim, as discussões envolvem temáticas como política, meio ambiente, economia e cultura, entre outras.

A escolha do tema principal da Conferência também tem relação com a abrangência da Ecologia Humana e sua importância, especialmente após a Covid-19. "Quando veio a pandemia, discutimos se ela é reflexo das nossas relações, de um mundo que se transforma de formas drásticas. Por isso, entender a dinâmica e complexidade desses tempos e aprender uma forma de trabalhar com eles tem a ver com a busca por uma vida melhor", afirma Negreiros.

O Vale do São Francisco é uma região em que essas discussões estão ainda mais presentes. A própria Sabeh foi fundada no município de Paulo Afonso-BA, onde o Mestrado em Ecologia Humana da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) foi criado. Hoje, o Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana (PPGEcoH) é sediado em Juazeiro e, além do Mestrado, oferta o primeiro curso de Doutorado na área em toda a América Latina. 

Além disso, a presença de populações tradicionais na região, como indígenas e quilombolas, em um ambiente marcado pelo rio São Francisco e por grandes empreendimentos, chama a atenção dos estudiosos. 

"Quando olhamos para as discussões entre as diferentes tradições e populações humanas que aqui vivem e os projetos desenvolvimentistas, como as hidrelétricas, o agronegócio e, recentemente, a usina nuclear e a mineração, vemos um ambiente propício para discutir o que somos e como lidar com isso. É preciso também entender as relações das pessoas com o rio, seja por uma visão espiritual, como fonte de sobrevivência ou como recurso natural", explica Gustavo Negreiros.


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JORNAL DA USP DESTACAQUE NASCIMENTO DE ARARINHA AZUL É UM MARCO HISTÓRICO

Em abril, o primeiro filhote de ararinha-azul nasceu na região da Caatinga baiana. O evento ocorreu um ano após a chegada de 52 ararinhas que se encontravam em um criatório na Alemanha. Com isso, o nascimento de um novo filhote marca um importante capítulo na busca pela reintrodução da espécie na natureza.

A ararinha-azul é considerada extinta no Brasil desde o início dos anos 2000, quando foi vista pela última vez em território brasileiro. De lá para cá, ela passou a existir somente em cativeiros privados. “O nascimento do primeiro filhote de ararinha-azul na Caatinga é um marco histórico. Ter esse centro de reprodução na Caatinga e araras começando a se reproduzir interagindo com as aves da natureza é extremamente importante e significa um alento e um futuro azul para a Caatinga”, afirma a doutora Neiva Guedes, do Instituto Arara-Azul.

A extinção da ararinha-azul esteve ligada ao tráfico de animais e à perda de hábitat, que, até hoje, são alguns dos principais fatores que corroboram para a extinção de espécies. “A maior ameaça das espécies é o que chamamos de perda de hábitat, que é a perda do ambiente natural onde a espécie ocorre. 

Essa alteração do ambiente pode chegar ao ponto que esse ambiente já não é mais educado para a existência da espécie. Com isso, podemos chegar a pequenos remanescentes desse ambiente adequado onde a espécie consegue sobreviver. Infelizmente, a grande maioria da perda de habitat é causada pela ação humana”, explica a professora Cristina Yumi, do Instituto de Biociências da USP.

Para proteger a espécie, ararinhas-azuis encontravam-se em um cativeiro alemão, a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), que assinou uma parceria com o governo brasileiro. A repatriação das aves faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-Azul, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).

É importante mencionar, porém, que as lideranças da organização alemã, também responsáveis por custear a vinda das ararinhas, já foram alvos de investigação, em 2018 e 2019, com relação ao envolvimento com o tráfico de animais silvestres e incertezas sobre o financiamento da organização.

 Apesar de importantes na preservação de espécies em extinção – tinham em seu poder 90% das ararinhas-azuis existentes no mundo -, especialistas destacam a importância da transparência por parte da organização: “Espero que isso não volte a ocorrer e que as instituições que estão colaborando para a conservação desta arara e a devolução dela para a natureza sejam como têm sido até agora, cada vez mais transparente”, afirma a doutora Neiva.

O nascimento do filhote em 2021, na Caatinga da Bahia, pode ser considerado um sucesso. Isso porque, garantir que uma espécie se reproduza, não é uma tarefa tão fácil. A professora Cristina explica o que está por trás desse processo: “Esse sucesso reprodutivo depende de condições nutricionais e de saúde de cada indivíduo e, no caso de algumas espécies, é necessário também que os indivíduos tenham compatibilidade. Ou seja, eles têm que ter alguma ligação afetiva. Às vezes, a reprodução não tem sucesso porque o par não se gosta”. De acordo com o planejamento divulgado há pelo menos um ano, as ararinhas-azuis devem ser reintroduzidas na natureza ainda este ano, após um período de quarentena para adaptação e treinamento.

Fonte: Jornal da USP-Andre Derviche

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OSÉAS LOPES. HERMELINDA E JOÃO MOSSORÓ. O BRASIL PRECISA RECONHECER E APLAUDIR

“João Batista Almeida Lopes, conhecido artisticamente por João Mossoró, começou a carreira musical em 1956, quando participou com seus irmãos Oséas Lopes e Hermelinda, do lendário Trio Mossoró, uma homenagem à cidade natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

Com a formação do Trio Mossoró, com Oséas na sanfona, Hermelinda no triângulo e João Mossoró no zabumba, o grupo seguiu a mesma estética introduzida por Luiz Gonzaga, caracterizada pela forte representação nordestina, nas vestimentas com o gibão e o chapéu de couro e nas músicas a cadência rítmica alegre e festeira do xote, do xaxado e do baião. 

Apadrinhado por personalidades como José Messias e o poeta cantador Luiz Vieira, o Trio teve o privilégio de contar com a parceria de grandes compositores como Antonio Barros, Cecéu, Anastácia, Dominguinhos e o maranhense João do Vale.

Em 1965, conquistaram o troféu Euterpe, o prêmio de maior importância da Música Popular Brasileira, na época. A cerimônia de premiação aconteceu no Palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como sucesso premiado a música “Carcará”, composta por João do Vale e José Cândido. No mesmo ano, Maria Bethânia também gravou a canção que se tornou sucesso nacional e símbolo da resistência do povo nordestino ante as agruras da seca e o sistema repressor ditatorial que governava o Brasil na época.

Durante o tempo em que tocava nos programas na Rádio Mayrink Veiga, João Mossoró conheceu e trabalhou com Luiz Gonzaga, tocando zabumba. Pelo Rei do Baião foi apelidado de Cibito, numa referência às suas pernas, cuja alcunha providenciou gravar em seu instrumento a frase “Cibito – O rei do zabumba”.

O Trio Mossoró se desfez em 1972 com 12 LP´s gravados, verdadeiras referências do cancioneiro nordestino em todo o Brasil. Em carreira solo, João Mossoró se manteve fiel às suas raízes, divulgando a sua arte como um menestrel dos cantares e saberes do povo nordestino.

Em 2004 o artista concretiza o seu desejo de prestar uma homenagem ao seu ídolo maior – Luiz Gonzaga, gravando o CD ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’, com reconhecimento pelo critico e historiador musical Ricardo Cravo Albin, que dedicou todo um programa transmitido pela Rádio MEC à divulgação do trabalho.

O Sucesso do disco rendeu um novo álbum: ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’ – volume 2, complementando o ciclo de homenagens, prefaciado pelo Cravo Albin que escreveu: ‘bela voz, lindo repertório, tudo isso faz deste disco uma alegria em ligar o aparelho de som, no mais das vezes, emudecido por lançamentos bisonhos, quase insuportáveis’.

Em seu mais recente CD ‘Conexão Nordeste – O Arauto das Raízes Nordestinas’, João Mossoró interpreta canções de outros artistas também consagrados (Belchior, Chico Salles, Gonzaguinha, Nando Cordel, Dominguinhos, dentre outros), como num reconhecimento pela cumplicidade em produzir música de qualidade inspirado pela essência que brota do interior profundo do nordeste brasileiro.

Juntamente com seus irmãos Oséas e Hermelinda, João Mossoró insere o estado do Rio Grande do Norte na geografia musical brasileira, com a mesma grandiosidade com que Jackson do Pandeiro introduziu a Paraíba, com a mesma intensidade com que João do Vale revelou o Maranhão e o mesmo ideal e devoção com que Luiz Gonzaga apresentava ao Brasil o seu estado Pernambuco, carregando todo o sentimento nordestino em sua genialidade musical.

João Mossoró é um arauto, um menestrel, um dos últimos ícones do forró em plena atividade, contemporâneo de outros forrozeiros históricos que o Brasil precisa reconhecer e aplaudir em sua grandiosidade.”

Fonte: Texto de  Higino Canuto Neto-Juazeiro da Bahia- www.forrovinil.com.br

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CAMARÃO DE ÁGUA DOCE É SUSTENTO DE COMUNIDADES DA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO

O camarão é o sustento da comunidade ribeirinha Retiro, situada às margens do rio Piauí, afluente do rio São Francisco, no município de Piaçabuçu (AL). Os pescadores e extrativistas utilizam o meio mais comum na região para obter o camarão, que é o covo – uma armadilha onde se colocam as iscas e que tem um acesso para retirar os peixes ou demais capturas, neste caso o camarão.

O crustáceo é nativo das lagoas da várzea da Marituba e segundo o tecnólogo químico, especialista em Desenvolvimento Sustentável do semiárido e agroecologia e morador da região, Jorge Izidro o local “é um berçário ecológico de espécies para o Velho Chico. Muitas delas também acabam vindo do oceano. Digo que a região da Foz do rio São Francisco é muito importante para o ambiente natural, bem como a Área de Proteção Ambiental (APA) da base da Marituba. A conservação da fauna e flora são imprescindíveis e colaboram com a manutenção do sustento das comunidades ribeirinhas”, disse.

A várzea da Marituba é um exuberante recanto do litoral de Alagoas, localizado próximo à Penedo e Piaçabuçu, às margens do Velho Chico. Também conhecida como o pantanal alagoano, o lugar é formado de rios, restingas, estuários e lagoas, formando uma extensão de 18.600 hectares de água e terra.

Considerando a importância do local, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), através da Agência Peixe Vivo, vai implementar em julho deste ano o projeto de Educação Ambiental e Reflorestamento Bosque Berçário das Águas projeto que visa proporcionar para as comunidades da foz áreas de reflorestamento, com implementação dos sistemas agroflorestais, que vão possibilitar geração de renda para essas comunidades. “Será construído um viveiro de mudas nativas na sede da associação. A ordem de serviço já foi assinada pela Agência”, explica Izidro. A iniciativa é financiada com recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta na calha do São Francisco.

Cinco áreas serão contempladas com o projeto na região: o terreno da Associação Aroeira, o terreno da Coopaiba, uma área administrada por Erick Tenório, o assentamento Fazenda Paraíso e o povoado Resina que fica na comunidade de Brejo Grande (SE).

Para o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, esse investimento vai melhorar a qualidade das águas do rio São Francisco e seus afluentes, como é o caso do rio Piauí. “Para manter e preservar o rio e afluentes é importante educar as pessoas, estimular a comunidade no sentido de criar alternativas para cuidar do local onde vivem, gerar renda de forma sustentável, combatendo assoreamento e outros males à natureza”.

Eliene Santos é mãe de seis filhos e moradora da comunidade Retiro. Ela vende os camarões que extrai rio Piauí, na feira da cidade. “Faço parte da Associação Aroeira, que me ajudou muito na capacitação e no sustento da casa. Sou extrativista e pescadora. É através do rio que consigo levar comida para casa, então eu viro carranca para defender o Velho Chico”, diz.

Givanildo Rufino também pesca e extrai do rio Piauí o camarão. Ele afirma que a preservação é fundamental para que se obtenha um quantitativo bom de camarão e peixes na região. “Saímos logo cedo e colocamos os covos em toda margem do rio e sempre extraímos uma quantidade considerável de camarão nativo e peixes, o que nos dá muita satisfação, pois nos beneficiamos do que a natureza tem de bom. Essa maneira de trabalhar sem agredir a natureza nos ajuda e colabora para sua preservação”, contou.

O professor doutor do curso de Engenharia de Pesca pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Petrônio Alves, explicou que a pesca do camarão de água doce cujo nome científico é Macrobrachium acanthurus, é uma das principais atividades econômicas das comunidades tradicionais ribeirinhas, de onde várias famílias retiram seu sustento. 

“Sua captura é realizada através da utilização de armadilhas passivas cilíndricas denominadas covo. Na prática, é colocada uma isca no interior da armadilha, pela qual o camarão é atraído e o faz entrar por uma abertura em forma de funil de onde não consegue mais sair. Os covos são colocados pelo pescador no rio ao entardecer e retirados geralmente na manhã seguinte. Adicionalmente, os pescadores retiram diariamente o camarão dos covos e juntam em um covo maior com o intuito de retirar a produção semanalmente que será vendida diretamente nas feiras livres ou para atravessadores, fresco ou torrado”.

Petrônio explica que, embora seja uma atividade econômica que ajuda no sustento da família, se faz necessário adotar práticas sustentáveis para a pesca do camarão, evitando a captura de exemplares imaturos e em período de reprodução. “Esse processo passa pela necessidade de assessorar os pescadores e do contínuo monitoramento dos camarões, determinando os parâmetros populacionais e de captura. Cada bacia possui características ecológicas e sociais próprias, e apenas pelo monitoramento em cada bacia é possível contribuir para um manejo sustentável da pesca, garantindo a continuidade desse importante recurso para as comunidades ribeirinhas”, finalizou. FONTE: CBHSF Texto: Deisy Nascimento. Fotos: Edson Oliveira

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PROJETO AGROECOLÓGICO REALIZA DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO PARTICIPATIVO EM COMUNIDADES RURAIS

Obter dados socioeconômicos e culturais das comunidades é o objetivo do Diagnóstico Comunitário Participativo, uma das etapas do Ater Agroecologia, que está sendo realizada em 24 comunidades que integram o projeto nos municípios de Uauá, Curaçá, Casa Nova, Pilão Arcado, Juazeiro e Remanso, acompanhadas pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). 

Com o diagnóstico é possível obter informações para identificar as potencialidades e os desafios que precisam ser superados pela comunidade junto ao projeto Ater Agroecologia.

Os agricultores e agricultoras tiveram papel fundamental neste processo, pois foram instigados a refletir sobre sua história, problemas e as possibilidades para solucioná-los, através das quatro ferramentas aplicadas. Foram elas: Linha do tempo e Mapa da  comunidade, Diagrama de Venn e Matriz FOFA.

A construção da linha do tempo possibilita um resgate da história, a partir dos acontecimentos marcantes da comunidade, o que se faz de extrema importância para pensar ações futuras para a localidade. Sobre este momento, a agricultora, Evanice Souza Reis, da comunidade Salina do Amaro, em Casa Nova-BA, destaca a importância do resgate histórico da localidade. 

"O resgate da memória da comunidade foi muito interessante, porque eu tive conhecimento de coisas que eu nem sabia, mesmo sendo daqui, então foi um momento muito bom e muito proveitoso".

A jovem agricultora, Clesiane Alves Moura, da comunidade Lagoa dos Cavalos, em Remanso-BA, afirma que para ela, o momento mais importante do diagnóstico comunitário foi também a linha do tempo. "Para mim foi uma informação excelente porque eu não sabia como tinha surgido realmente a nossa comunidade (...) eu nunca tive a oportunidade de alguém me contar toda a história e foi relatado aqui", expõe Clesiane.

Também foi produzido o mapa da comunidade, um desenho feito pelos agricultores e agricultoras considerando todos os elementos físicos existentes: plantações, prédios comunitários, relevos, tecnologias de água, dentre outros.

"A gente nunca tinha feito o mapa da comunidade, foi uma coisa muito gratificante, porque a gente foi vendo pontos que muitas vezes a gente só passava, e hoje a gente tava vendo detalhes. Uma experiência muito boa. É uma memória que a gente vai passar adiante, pros filhos da gente, e para os filhos deles", diz a agricultora, Rosangela Miranda Costa, da comunidade Sítio Pé do Morro, em Casa Nova-BA. 

Sobre esses momentos, a colaboradora do Irpaa, Maria de Fátima destaca que "O pessoal conseguiu trazer muitas questões. Na parte na linha do tempo fizeram o resgate histórico, foi muito bom, todo mundo participou. No mapa da comunidade, o pessoal também se entusiasmou muito de tá ali, colocando na sua propriedade a representação produtiva do que tem". 

Já o diagrama de Venn identificou e caracterizou as relações da comunidade com instituições e grupos existentes, destacando a importância das interações. Além disso, foi trabalhada nas comunidades a Matriz FOFA, onde os agricultores e agricultoras auto avaliaram suas fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças, possibilitando entendimento dos fatores internos e externos da comunidade. Nesse sentido, a agricultora, Nilcélia da Costa Santos, mais conhecida como Bibi, da comunidade Lagoa dos Cavalos em Remanso, frisou que o momento mais marcante para ela foi a Matriz FOFA, quando foi possível observar os pontos que tornam a comunidade forte. 

"A fortaleza da comunidade e como o povo viu o tanto que a gente é forte, o tanto que a gente é importante e único".

É importante destacar a participação efetiva das comunidades no diagnóstico comunitário, como aponta a colaboradora do Irpaa, Eleide Brito "Se inteiraram bastante com atividade, ainda não conheciam o diagnóstico participativo, mas mesmo assim a gente instigou e a comunidade participou bastante dentro de todas as ferramentas aplicadas".

Durante a realização do diagnóstico comunitário também é interessante ressaltar a maior participação das mulheres e dos jovens das comunidades, como aponta o colaborador do Irpaa, Darlei Rodrigues. "A comunidade foi bastante participativa, principalmente as mulheres e jovens que são cadastradas no projeto. Tiveram uma participação belíssima, discutindo e problematizando várias ações na comunidade (...). A gente vai trabalhar pensando nessas medidas e o que a gente pode levar para melhorar o desenvolvimento da comunidade".

Com as informações adquiridas através do diagnóstico comunitário participativo é possível nortear as ações do Ater Agroecologia em cada comunidade, pois elas possuem particularidades que devem ser consideradas para que as atividades seguintes estejam de acordo com cada realidade. 

Como aponta o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana, "O diagnóstico comunitário participativo, é um espelho da realidade atual da comunidade. Então é como a gente vai observar a partir da escuta, por isso participativo, para nos ajudar a partir da escuta, como é a realidade, as relações existentes na comunidade, como eles se relacionam internamente e com os parceiros, e a partir disso ter uma visão de como avançar, de como seguir, como fazer assessoria. Então, na verdade, é um marco central que vai nos direcionar a continuar dando os próximos passos da assessoria, por isso a importância deste momento".

O projeto Ater Agroecologia, financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) iniciou em setembro de 2020 e segue até setembro de 2023. (FONTE: Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação)

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