DANIEL GONZAGA LANÇA FESTIVAL ONLINE PARA PROMOVER A MÚSICA BRASILEIRA

Músico, produtor e neto do “Rei do Baião”, Daniel Gonzaga lança concurso online para ampliar o celeiro de composições regionais em língua portuguesa, com a atriz Úrsula Corona como embaixadora. Intitulado “Rythmica Web Festival”, o evento será transmitido ao vivo no www.rythmicawebtv.com, entre 25 de fevereiro e 18 de março

Serão duas eliminatórias nos dias 25/02 e 04/03, semifinal (11/03) e grande final (18/03). Os candidatos se apresentarão ao vivo em cada etapa, no formato de live pelo aplicativo StreamYard, para um júri composto pela própria apoiadora da iniciativa, Úrsula Corona (atriz), além de Marcos Lessa (cantor), e Alexandra Nícolas (cantora e fonoaudióloga). A apresentação é de Natascha Falcão (cantora).

O grande vencedor ganhará uma premiação em dinheiro e um troféu assinado pelo artista plástico Lucio Bittencourt nas categorias Melhor Música, Melhor Intérprete e Melhor Conceito. As inscrições gratuitas, que se encerraram no dia 9 de fevereiro, contabilizam mais de 60 concorrentes, entre composições que variam de viola caipira, forró, pop, acapella, samba, valsa e repente.

No momento o herdeiro do cantor e compositor Gonzaguinha, trabalha na produção de trilha sonora da série “O Silêncio que Canta por Liberdade”, dirigida por Úrsula Corona. O audiovisual, que vai trazer à tona a censura da ditadura militar na música nordestina, tem como personagens centrais Gal Costa e Gilberto Gil, entre outros músicos, compositores, produtores e artistas de outras linguagens.

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ZÉ DANTAS 100 ANOS

Médico, poeta, folclorista e imitador eram algumas das facetas do talento de Josué Souza Dantas Filho, pernambucano do sertão de Carnaíba, cujo centenário é comemorado neste sábado (27/2). Mas, o que o levou a ser conhecido e reverenciado nacionalmente foi sua parceria com Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O encontro desses dois extraordinários artistas nordestinos gerou clássicos da importância de A volta da Asa Branca, Riacho do Navio, Sabiá e Xote das meninas.

Zé Dantas era, ainda, estudante de medicina, em Recife, quando conheceu Gonzagão. Mas só três anos depois é que vieram a ser parceiros, À época já estava radicado no Rio de Janeiro. Isolado na antiga capital federal, entre os plantões no Hospital dos Servidores, sempre lembrava e descrevia os contos, motes e causos em que listava personagens típicos que gostava de imitar. Esse material ele reportava para revistas e utilizava no exercício de outra das suas ocupações, no Departamento de Folclore na Rádio Mayrink Veiga.

Profundo conhecedor do legado de Zé Dantas, o pesquisador e sanfoneiro pernambucano Diviol Lira conta que, “em 1951, ao lado de Gonzagão, Humberto Teixeira e do maestro Guio de Moraes, ele produziu para a Rádio Nacional uma série de programas intitulada No mundo do baião, que focalizava a cultura nordestina. Também conhecido como Sabiá do Pajeú, ele conquistou a simpatia dos ouvintes da emissora ao apresentar imitações de personagens sertanejos, contar casos e mostrar composições inéditas inspiradas no sertão do Nordeste”.

Casado com Yolanda Simões, Zé Dantas dedicou à esposa o baião romântico A letra I, destaca Divil. “A partir dali, ela passou a usar essa vogal em seu nome. Além de Luiz Gonzaga, também contribuíram para para a perpetuação da obra do letrista, Marinês, Jackson do Pandeiro, Ivon Cury, além da neta Marina Elali. Ela gravou músicas inéditas do avô, que faleceu aos 41 anos. A morte precoce levou um dos mais importantes compositores de ritmos nordestinos”.

Para Aristóteles Oliveira, vice-presidente da Associação dos Forrozeiros de Ceilândia, Zé Dantas foi um dos principais criadores de forró pé de serra. “Passei a saber mais sobre a obra dele por meio do mestre Luiz Gonzaga, a quem conheci aqui no DF em 1970. Foram muitas as parcerias dos dois. Eu me inspirei muito nas letras de Zé Dantas para criar minhas composições, registradas em cinco discos e dois CDs que lancei”, diz.

Violeiro, pesquisador, produtor e apresentador do programa Acervo Origens, na Rádio Nacional FM, e do projeto Forró de Vitrola, Cacai Nunes vê Zé Dantas como um dos mais relevantes nomes da cultura popular nordestina. “Ele traduziu em palavras a ambiência, a pureza e as tradições do povo nordestino, traduzidas em músicas por Luiz Gonzaga. A volta da Asa Branca, Sabiá e Vem morena são autênticos poemas. É da maior importância celebrar Zé Dantas no centenário dele”. (Correio Braziliense)

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CEM ANOS DE ZÉ DANTAS, O DOUTOR DA MEDICINA E DA MÚSICA BRASILEIRA

Quiçá o mandacaru ‘fulorasse’ na seca o tanto quanto o “Xote das Meninas” segue reverberando em centenas de interpretações País afora, mais de seis décadas depois de sua criação pelo pernambucano de Carnaíba, no Pajeú, Zé Dantas. Se vivo estivesse (1921-1962), como poeta e compositor desta e de outras tantas canções, ele estaria triunfante. 

Neste sábado, 27, na celebração do seu centenário de vida, a trilha sonora aflora para rememorar os ares da identidade nordestina desde sempre pensada por ele e vociferada, principalmente, por outro ‘caba da peste’ protagonista da cultura popular do Sertão, Luiz Gonzaga.

Com “Vem Morena”, na distante década de 1950, foi dado o pontapé para as bonitezas que viriam a seguir nesta parceria entre um futuro Rei do Baião – até então Luiz Gonzaga não ostentava o “título” – e o folclorista do Sertão do Pajeú, o doutor da Medicina e das manifestações culturais do Nordeste, Zé Dantas que, com a mesma afinidade do cearense Humberto Teixeira (1915-1979), dono da “Asa Branca” (1947) ao lado do Velho Lua, musicou do baião ao xote as dores e alegrias das vivências do sertanejo e saudou também suas próprias memórias no “Riacho do Navio” que corria pro Pajeú e ia despejar no Rio São Francisco, “Pra ver o meu brejinho, fazer umas caçadas, ver as pegas de boi, andar nas vaquejadas, dormir ao som do chocalho e acordar com a passarada.

O cancioneiro de Zé Dantas e Luiz Gonzaga se funde, no encaixe perfeito que ganharia a partir da parceria entre ambos a popularidade que segue irretocável até os dias atuais, talvez a mais grandiosa da música brasileira. Ora compondo sozinho, ora dando letras para serem musicadas pelo companheiro de Exu, seja como letrista ou músico, sua canções passeavam em meio a lirismos e versos acintosos, no contraponto dos que eram direcionados às calamidades do homem do Sertão.

“Nos anos de 53 e 54 houve uma seca da ‘mulesta’ no Sertão nordestino, o Brasil ficou cheio de arapucas. Ajuda teu irmão! Uma esmola pro flagelado nordestino, qualquer coisa serve: dinheiro, roupa ‘véia’, sapato ‘véio’, camisa ‘véia’, tudo serve! Eu e Zé Dantas protestamos e gritamos bem alto: Seu Dotô os nordestinos têm muita gratidão, pelo auxílio dos sulistas nesta seca do Sertão. Mas Dotô, uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”, introduziu Seu Luiz, antes de cantar em um show a melancólica  “Vozes da Seca” (1953).

Zé Dantas se foi cedo, aos 41 anos. Deixou viúva a companheira de vida Yolanda, falecida em 2017 aos 86 anos – cremada, teve as cinzas trazidas do Rio de Janeiro, onde morava, para o Cemitério de Santo Amaro, no Recife, onde está enterrado o poeta de Carnaíba.

Inspiração para o cancioneiro do marido, Dona Yolanda Dantas por vezes acompanhava ao piano as batidas em caixinhas de fósforo que o Doutor ritmava das letras escritas em papeis largados nos bolsos dos jalecos usados nos plantões como médico. “Vai, diz que o amor fumega no meu coração” – versos de “A Letra I” (1953), composta para ela - talvez tenha sido uma delas, não se sabe. 

A Letra I

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai diz que o amor

Fumega no meu coração

Tal qual a fogueira

Das noites de São João

Que eu sofro por viver sem ela

Tando longe dela

Só sei reclamar

Oi vivo como um passarinho

Que longe do ninho

Só pensa em voltar

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai diz que o amor

Fumega no meu coração

Tal qual a fogueira

Das noites de São João

Que eu sofro por viver sem ela

Tando longe dela

Só sei reclamar

Oi vivo como um passarinho

Que longe do ninho

Só pensa em voltar

Seja com “A Volta da Asa Branca”, “Forró de Mané Vito”, “Sabiá” e “Cintura Fina”, entre outras tantas compartilhadas (ou não) com Gonzaga, Zé Dantas segue vivo, grandioso e incontestável. Em data centenária e dentro da dimensão que cabe à sua obra, ao aniversariante do dia resta a memória nostálgica das idas “Noites Brasileiras”, sob o embalo de um “Ai que saudades que eu sinto, das noites de São João, das noites tão brasileiras sob o luar do Sertão (...) Eita, saudoso Sertão, ai, ai”.

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BIOGRAFIA: LUIZ GONZAGA, SEGUNDO SINVAL SÁ, AUTOR DO LIVRO O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA

O sanfoneiro do Riacho da Brígida, de Sinval Sá, foi a primeira biografia escrita sobre Luiz Gonzaga. Lançada em 1966, é um clássico, não apenas por ser o registro da vida do artista que virou ícone da música popular brasileira, mas por ser conduzido como se fosse uma entrevista, com o “vozeirão” de Gonzaga permeando a narrativa. No ano em que se comemorou o centenário do músico sertanejo, o título voltou às livrarias, desta vez com o selo da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que aproveitou o aniversário de nascimento do Velho Lua, no dia 13, para republicar o trabalho assinado pelo paraibano Sinval.

Sem pretensões de ser uma obra para especialistas – o leitor perceberá que o trabalho não faz análise crítica, por exemplo – o livro é uma grande conversa com Luiz Gonzaga, na qual o artista expôs suas emoções, paixões, sentimentos, dúvidas e expectativas. É um diálogo franco, aberto, passional. O próprio Sinval admite que atuou menos como escritor e mais como uma espécie de ghost writer do artista.

O trabalho é descritivo e obedece a uma ordem cronológica. Na abertura, Infância, estão registrados a chegada da família de Gonzaga a Exu, o nascimento do menino no Riacho da Brígida; a vocação musical, que despertou logo cedo; os primeiros trabalhos; o ambiente sertanejo; as primeiras paixões; e a surra que Luiz levou da mãe, Santana, que o deixou profundamente humilhado e o levou a fugir para Fortaleza.

Na segunda parte do livro, O 122 bico de aço, número de recruta de Gonzagão, são contadas suas aventuras como militar, o orgulho que o matuto sentia em vestir a farda e desfilar na rua – diante de mocinhas deslumbradas –, a viagem para o Sudeste com o exército, as desavenças com oficiais e superiores e sua saída da instituição.

A escalada, terceira parte do volume, registra o início da sua carreira. Primeiro, tocando em festas e bares, depois, participando de programas nas rádios cariocas. Um fato, em especial, chama a atenção: sua luta para se firmar como cantor e não apenas como instrumentista. Quem admira a voz de Luiz não imagina que ele ouviu um diretor de rádio afirmar que ela era “horrível”. Ainda bem que o comentário não o fez desistir. Em 1945, gravou sua primeira mazurca, Dança Mariquinha (Luiz Gonzaga/Miguel Lima). Logo em seguida se daria o encontro com Humberto Teixeira, do qual resultou a gravação de Asa branca, que o levaria a ser reconhecido nacionalmente.

O último capítulo do livro, Estórias e fatos, está mais centrado em episódios pitorescos. No apêndice, um cancioneiro de Luiz Gonzaga, com seus mais emblemáticos sucessos.

O sucesso de O sanfoneiro do Riacho da Brígida, que tem como marcas a espontaneidade e a coloquialidade, deveu-se à persistência do paraibano José Sinval de Sá, cuja admiração por Gonzaga ajudou a registrar momentos importantes da vida do artista.

Numa visita que fizemos a Sinval Sá, há alguns meses, em sua casa, em Brasília, encontramos um nonagenário saudável e com disposição invejável. O ex-funcionário público, que desde a década de 1950 atua também como escritor (tem sete títulos publicados, entre romances, biografia e histórias para crianças), contou como concebeu o livro, numa época em que eram incomuns as biografias de artistas populares; lembrou como foram os encontros com Gonzaga e falou sobre a feitura do trabalho.

Era o ano de 1955, época em que, ainda oficial da Aeronáutica, Sinval se encontrava em Taubaté, São Paulo. Numa terça-feira de Carnaval, sozinho, longe da família e da mulher Rizete, ele diz que se emocionou profundamente quando, sentado num banco de praça, escutou pelo alto-falante a estrofe inicial de Asa branca.

Cinco anos depois, instalado em Fortaleza e já livre da farda, soube que Gonzaga estava hospedado num hotel da capital. Telefonou e marcou um encontro com ele. Fez-lhe a proposta da biografia, que foi aceita e elogiada. “Na ocasião, Gonzaga me disse: ‘Gostei de você. Parece sério, direito. Foi o primeiro a me falar em escrever sobre minha vida sem cobrar nada’”. A produção do livro, porém, só se deu um ano depois, quando, em visita ao Rio, Sinval ligou para Gonzaga, que morava na Ilha do Governador.

Durante os dois anos seguintes, escritor e artista se encontravam na Praia do Dendê ou da Cocotá (ambos na Ilha). “Conversamos sobre tudo: infância, exército, amores, músicas, sucesso, mágoas. Era um período em que ele tocava nos teatrinhos do interior, nas rádios, uma fase de baixa popularidade, bem diferente da badalação que tivera nas décadas anteriores.”

Passado esse período, Sinval voltou para Fortaleza, romanceou a história, deixando-a cheia de floreios, e a enviou para Gonzaga. Recebeu uma resposta desaforada: “Não gostei, está uma porcaria, não foi isso que contei ao senhor!”. Diante do “carão”, resolveu manter-se mais fiel ao linguajar de Gonzagão. Lançada em 1966, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, a edição esgotou-se rapidamente.

Se, durante os anos de encontro com Sinval, Gonzaga vivia alguma melancolia e certo ostracismo, em breve, recuperaria parte da fama e do sucesso, graças à interferência de Carlos Imperial e dos artistas protagonistas da Tropicália Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nas décadas de 1970 e 1980, recebeu várias homenagens, fez centenas de shows, gravou discos. E morreu consagrado como artista único e brilhante que se revelou.

DANIELLE ROMANI, repórter especial da revista Continente.

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COMEMORAÇÕES DOS 100 ANOS DO MÉDICO E COMPOSITOR ZÉ DANTAS GANHA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL

 

O compositor Zé Dantas, responsável por muitos sucessos de Luiz Gonzaga, terá o seu centenário comemorado neste sábado (27). Para celebrar um nome tão importante para a música brasileira, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), a Secretaria de Cultura do Recife, a Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Museu Cais do Sertão, a TV Pernambuco e a Rádio Frei Caneca se uniram para realizar ações em torno da obra do compositor ao longo de 2021.


Para começar, essas instituições estão lançando uma programação inicial, de 26 de fevereiro a 6 de março, na qual se destaca produções audiovisuais e fonográficas sobre o "Dotô do Baião". A programação será realizada durante os 10 dias com transmissões na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca, e nos canais no Youtube do Museu Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao) e Secult-PE (www.youtube.com/secultpe).

A programação conta com a transmissão de dois webnários gravados e editados pela TV Pernambuco, com debates sobre o legado artístico de Zé Dantas. O primeiro é o Um Dedo de Prosa - 100 Anos de ZéDantas, com a participação de Lêda Dias, gerente de Políticas Culturais da Secult-PE, e José Dantas Neto, filho de Zé Dantas; e Anselmo Alves, documentarista, colecionador e pesquisador.

O segundo, Um Dedo de Prosa - A Poética de Zé Dantas, tem a presença de Diviol Lira, assistente de Música da Secult-PE. Padre Luiz Marques Ferreira, pároco de Carnaíba; Cacá Malaquias, músico e educador musical; e Daniel Bueno, cantor, compositor e escritor.

Dentre outros destaques da programação, haverá também a exibição do show Duetos, de Marina Elali, neta de Zé Dantas, que fará uma homenagem ao legado do avô. Já a partir de sábado (27), e ao longo de todo o ano, serão exibidos os programas Pílulas do Zé, na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca e redes sociais da Secult-PE e Cais do Sertão, contando um pouco sobre a vida e obra deste artista.

Também está prevista, no sábado (27), uma sessão do curta-documentário pernambucano Psiu!, trabalho autobiográfico sobre Zé Dantas dirigido por Antonio Carrilho, e com produção e co-direção de Juliana Lima. O filme será exibido na TV Pernambuco, às 18h. Com duração de 20 minutos, o curta retrata a vida e a obra de José de Souza Dantas Filho, nascido em Carnaíba, no Sertão do Pajeú pernambucano. No documentário, a trajetória dele é revista e conta com o suporte de imagens e gravações inéditas com a voz do compositor, além de depoimentos de nomes como Ariano Suassuna, Marina Elali, Yolanda Dantas (viúva), Geraldo Azevedo e demais parentes.

Ainda neste sábado (27), das 11h às 12h30, um debate ao vivo na Rádio Jornal, conduzido pelo comunicador Wagner Gomes e organizado em parceria com a Fundação de Cultura Cidade do Recife e o Memorial Luiz Gonzaga, reunirá especialistas para tratar sobre a importância e perpetuidade da obra de Zé Dantas, que tão bem retratou toda beleza e dureza da vida no Sertão Nordestino.

José de Sousa Dantas Filho, compositor e poeta, nasceu no município pernambucano de Carnaíba (27/2/1921) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) (11/3/1962). Em 1947, conheceu Luiz Gonzaga, de quem se tornou um dos principais parceiros musicais, ao lado do também compositor Humberto Teixeira. Três anos depois, em 1950, Luiz Gonzaga gravou algumas de suas composições, como Vem, Morena, A Dança da Moda, o xote Cintura Fina, entre outros, dando início a uma das parceiras musicais mais exitosas da música brasileira.

Confira a programação, de 26 de fevereiro a 6 de março:

Sexta-feira (26) 15h Quadro Poética – Salada Pop / Especial ZéDantas. (O poética é um quadro veiculado diariamente no programa Salada Pop, apresentando um(a) poeta e alguma de suas obras declamadas na Rádio Frei Caneca). Rádio Frei (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

Sábado (27) 10h Lançamento dos webnários ‘Um Dedo de Prosa – 100 anos de ZéDantas’ e “Um Dedo de Prosa – A Poética de ZéDantas” YouTube da Secult-PE (www.youtube.com/secultpe)

11h Mesa de Bar,  programa de rádio conduzido pelo comunicador Wagner Gomes e organizado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife/Memorial Luiz Gonzaga, com pesquisadores/especialistas da obra de ZeDantas. Rádio Jornal (90.3 FM, www.radiojornal.ne10.uol.com.br/ao-vivo/recife ou pelo app)

18h Transmissão de ‘Um Dedo de Prosa – 100 Anos de ZéDantas’

Rádio Frei (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app) e Youtube do Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao)

18h Exibições do curta-metragem “PSIU!” e do show Duetos da Marina Elali

TV Pernambuco (RMR: 46.1; Caruaru: 12.1; Petrolina: 13.1)

19h Programação musical ZéDantas Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

 Domingo (28) Lançamento da playlist ‘ZéDantas’ no Spotify do Cais do Sertão. 15h Exibição de ‘Um Dedo de Prosa – 100 Anos de ZéDantas’ TV Pernambuco (RMR: 46.1; Caruaru: 12.1; Petrolina: 13.1)

Quarta-feira (3) 18h Exibição de ‘Um Dedo de Prosa – 100 anos de ZéDantas’ Youtube do Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao)

 Sábado (6) 18h Transmissão de ‘Um Dedo de Prosa – A Poética de ZéDantas’ Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

 19h Programação musical ZéDantas Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

ATIVIDADES EXTRAS *A partir do dia 27/02 e ao longo do ano: Exibições das Pílulas do Zé, na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca e redes sociais da Secult-PE, Museu Cais do Sertão, Fundação de Cultura Cidade do Recife e Secretaria de Cultura do Recife.

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EX-CATADORA, CAROLINA MARIA DE JESUS É DOUTORA HONORIS CAUSA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Consuni/UFRJ) aprovou o título póstumo de doutora honoris causa a Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de despejo.

Negra, catadora de papel e moradora de favela na capital paulista, a escritora foi homenageada por sua luta e coragem. A decisão foi aprovada por unanimidade e aclamação entre os conselheiros da universidade.

Maria Carolina de Jesus se mudou de Minas Gerais para São Paulo aos 30 anos. Filha de analfabetos e natural de Sacramento (MG), ela aproveitava os papéis que catava para escrever e, assim, produziu seu primeiro e mais famoso livro, Quarto de despejo.

A vida e a obra da escritora foram temas de 58 teses e dissertações nos últimos seis anos, segundo informações da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A honraria Honoris Causa, que significa “por causa de honra”, é concedida independentemente da instrução educacional a quem se destacou por suas virtudes, méritos ou atitudes.

Carolina Maria de Jesus dizia que o Brasil deveria ser governado por alguém que já passou fome. Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. “Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.”

Catadora de papel e ferro velho, Carolina relatava seu cotidiano para criar os três filhos em 35 diários, todos escritos em cadernos com folhas em brancos que encontrava “no lixo”. Os livros também resgatados no trabalho como catadora ela lia para os filhos, enquanto sonhava em publicar suas memórias.

Até a casa em que a família vivia, na antiga Favela do Canindé, às margens do Rio Tietê, era um barraco construído com madeira, latas, pedaços de telha e outros materiais que Carolina encontrava na rua.

Em 1958, o jornalista Audálio Dantas trabalhava em reportagem na região do Canindé e conhece a autora, seus escritos e a transforma em personagem de suas matérias.

Foi a partir daí que os cadernos de Carolina se transformaram em um livro: Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), que era inspirado em frase de Carolina: “A favela é o quarto de despejo da cidade”.

Antes de morrer, em 1977, Carolina ainda escreveu outros três livros. (Fonte: Audálio Dantas-jornalista-Foto).


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ESGOTO CONTINUA DESPEJANDO POLUIÇÃO NO RIO SÃO FRANCISCO


Esgoto a céu aberto sendo despejado no Rio São Francisco, na orla do município de Juazeiro, Bahia. Desde o ano passado a reportagem do BLOG NEY VITAL denuncia este crime ambiental e nesta quinta (25) mais uma vez, o tema é pauta. A reportagem também flagrou árvore caída nas margens do Velho Chico.

A revitalização e a preservação do Rio São Francisco ainda esbarram na falta de conscientização de autoridades, empresários e sociedade em geral é o alerta do ambientalista João Carlos Figueiredo.

“Temos na verdade uma série de ações pontuais que transformaram a revitalização numa colcha de retalhos. A situação ainda é de muita pobreza e esquecimento”, afirmou.

No última dia 5 de fevereiro, após vistorias na Orla de Juazeiro, a equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (SEMAURB) finalizou o mapeamento de pontos críticos encontrados nesse logradouro, importante equipamento de lazer e turismo para a cidade. 

Entre as situações observadas durante a fiscalização estão o despejo irregular de esgoto e descarte de lixo às margens do rio.

“No tocante às questões ambientais, no mapeamento foram identificadas, quase que em todo percurso da orla, várias ligações clandestinas de esgoto, conectadas irregularmente à galeria de águas pluviais a qual tem a função de captar, transportar e drenar apenas água da chuva diretamente para os corpos d’água. Por isso, é imprescindível que não haja mistura com dejetos humanos ou outros resíduos, como é o caso dos esgotos, para evitar a contaminação e poluição do bem mais precioso de nossa região, o rio São Francisco. Também identificamos despejos irregulares de resíduos ao longo da orla, necessidade de manutenção dos parquinhos, manutenção dos locais destinados a prática de esportes, necessidade de implantação de lixeiras de coleta seletiva e outras melhorias estruturais“, contou Maria Izabel de Oliveira, fiscal de Saneamento e Melhoria do Meio Ambiente.

A partir do mapeamento feito, a SEMAURB pretende autuar os responsáveis pelo despejo irregular de esgoto na orla, além de começar uma campanha de conscientização ambiental.

“Em relação as ligações clandestinas que foram identificadas, a SEMAURB, em parceria com o SAAE, irá fazer um plano de ação para que possamos identificar primeiramente de onde partem essas ligações clandestinas e assim podermos notificar e também orientar os autores por meio de um plano de educação ambiental, e por fim eliminar esses pontos de poluição do rio São Francisco”, detalhou Maria Izabel.

De acordo com Maria Izabel, uma ação conjunta com as demais secretarias e outros órgãos será realizada para resolver esses problemas. “O objetivo é interagir com todos aqueles que possam contribuir com ações de melhorias dentro de sua respectiva competência, fazendo um trabalho eficaz de proteção ao meio ambiente, bem como demais melhorias ao longo da orla de nossa cidade“, finalizou.

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