EXPOSIÇÃO EM JUAZEIRO HOMENAGEIA BOSSA NOVA

A Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte) de Juazeiro abriu uma exposição de fotos em comemoração ao Dia Nacional da Bossa Nova, celebrado nesta segunda-feira (25).

A exibição "João Gilberto, sua casa, sua gente" é permanente e fica no Memorial Casa Bossa Nova, na Praça da Bandeira, nº 20, Centro. 

Agora, além de conhecer a vida de João Gilberto, pai da Bossa Nova através do seu acervo, também é possível conhecer outras histórias de artistas locais que carregam no sangue o ritmo que surgiu na década de 50.

A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, atendendo todos os protocolos sanitários, permitindo a entrada de duas pessoas por vez.

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ESTUDANTES DE SENTO SÉ ACUSAM QUE FACULDADE PARTICULAR DEU "GOLPE" E ELES ESTÃO SEM DIPLOMA

"Não se deve brincar com o sonho e a esperança de um ser humano." A frase foi recitada por um poeta cantador de viola relacionando que a educação é a única forma de liberdade de um povo. A reportagem do BLOG NEY VITAL  recebeu denúncias que dezenas de alunos de Sento Sé, Bahia, tiveram o seu sonho de concluir um curso superior devido a "má fé, crime da diretoria de uma faculdade particular".

Milca Salua, foi um das estudantes que sonhou em ingressar em uma instituição de ensino superior, ser aprovado em todas as disciplinas e concluir o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para conseguir ter acesso ao seu diploma. O sonho e determinação de Milka e outros 29 alunos foi interropido no ano de 2018, quando a  situação virou um pesadelo de universitário.

"Estavamos tão confiantes que no ano de 2019 realizamos até a festa de formatura, de coclusão", revela Milka, que enviou fotos para compravar as denúncias.

Do pesadelo a atual realidade vivida agora em 2021: os 30 concluintes da Unidade de Ensino Superior do Sertão da Bahia (UESSBA) não receberam o diploma e certificado profissional de conclusão do curso escolhido, pedagogia e que desde o ano de 2018 os diretores financeiros e geral da Faculdade "sumiram, não atendem telefone e não respondem mensagens."

Milka conta que toda a turma acumula desculpas "Pagamos as mensalidades em dia. Estudamos muito e havia aulas a distância e presencial mas nunca tivemos o sonhado diploma em mãos devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura", revela Milca.

Apesar das tentativas de contato com o setor financeiro e diretoria da UESSBA-Faculdade do Sertão, localizada em Irecê, a reportagem da REDEGN não recebeu respostas.

Os estudantes cobram o documento de certificação profissional. "Isto é um crime. Eles, A UESSBA, comete um ato criminoso que abala as estruturas de quem não só sonhou, mas sabe a importância de um curso superior", diz Milca.

De acordo com as pessoas ouvidas no grupos de WhatsApp articulado para buscar a resolução do problema, cresce a cada dia os número dos "sem diplomas", em várias cidades da Bahia. "São mais de 300 pessoas com a mesma pendência, até agora enganadas pela direção da faculdade que não dá uma explicação".

Em Irecê, Maik de Jesus, 27 anos, que cursou Administração na UESSBA e chegou a colar grau na instituição, acusa que a diretoria da faculdade vem enganando os alunos e adiando a entrega do documento desde 2018.

 "Nos disseram que todos iam receber o diploma. Mas, depois de fazer a solicitação de diploma em junho de 2019, foram várias as desculpas que a diretoria da instituição nos deu para adiar essa entrega. Depois de tanta enrolação, fizemos boletim de ocorrência na delegacia e alguns entraram com processo judicial, mas, até hoje, nada foi resolvido", diz, mencionando o boletim de ocorrência contra a instituição. 

A reportagem do BLOG NEY VITAL não conseguiu ouvir o Sindicato das Entidades Mantenedoras do Ensino Superior da Bahia (Semesb).

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ORAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO EM TEMPOS DE POUCOS RIOS

O Rio São Francisco não nasce na Serra da Canastra. Digo isso porque a correria estressante das ruas do Rio de Janeiro me oprime. Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. Esse Cristo economiza abraços e atende a poucos.

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia:

“Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”

Foi assim que escutei e assim reproduzo.

Texto do professor doutor em Ciência da Literatura, Aderaldo Luciano. Foto do engenheiro de minas, Emerson Henrique.

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LUIZ GONZAGA, A HERANÇA DEIXADA PARA A CULTURA BRASILEIRA

Saiba que lá pelos anos 60 do século passado a Música Popular Brasileira, dita MPB, vivia à mercê da guerra da turma do tamborim contra a patota da guitarra elétrica. Então, o pernambucano Luiz Gonzaga (homônimo do santo) do Nascimento (sobrenome inventado para comemorar a proximidade do aniversário dele com o Natal) foi despejado para o ostracismo total. 

Aí, emergiu das sombras a ruidosa figura do roqueiro capixaba Carlos Imperial e propagou a boa nova: “Os Beatles gravaram Asa Branca”. Era mentira. Mas o gordo da Corte havia proferido uma sacada genial: o mulato da Chapada do Araripe não era um compositor e cantor à altura de John Lennon e Paul McCartney. Mas, como os quatro fabulosos garotos de Liverpool, ele tinha fundado uma estética, inaugurado uma cultura. Os quatro cavaleiros do Império Britânico foram muito além do universo dos rouxinóis e viraram o Ocidente todo de pernas para o ar. E o sanfoneiro do Exu inventou a cultura regional nordestina.

Para esta constatação chama a atenção um livro que reúne ensaios em prosa, fotos e xilogravuras encomendados, reunidos e coletados pelo artista plástico, poeta, compositor e curador de exposições paraense Bené Fonteles: O Rei e o Baião. No luxuoso e belíssimo volume editado pela Fundação Athos Bulcão, de Brasília, e financiado pelo Ministério da Cultura não faltam excelentes textos de autores do naipe do compositor e cantor baiano Gilberto Gil, da professora cearense Elba Braga Ramalho, do poeta baiano Antônio Risério, do antropólogo paraibano Hermano Vianna, do radialista e escritor cearense Gilmar de Carvalho, da pesquisadora cearense Sulamita Vieira e do próprio organizador.

 Mas o que há de mais notável na coletânea é a parte visual, a cargo do fotógrafo paraibano Gustavo Moura e dos xilogravadores cearenses João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e Francorli e Carmem, além da “Iconografia Gonzagueana” com imagens cedidas pelos arquivos do Museu Cearense de Comunicação de Nirez, em Fortaleza (CE), Museu do Gonzagão, em Exu (PE), Museu Fonográfico Luiz Gonzaga, em Campina Grande (PB), Memorial Luiz Gonzaga, em Recife (PE), Paulo Vanderley Tomaz e Iolanda Dantas.

Todos eles contribuíram para uma visão multidisciplinar completa do Rei do Baião, que, falecido há 32 anos, ainda é venerado como o símbolo vivo da diáspora nordestina espalhada pelo Brasil por conta do êxodo forçado pelas secas. Seu cetro se explica de certa forma pela frase-síntese do maior folclorista brasileiro, o potiguar Luís da Câmara Cascudo: “O sertão é ele”. Mas isto é só o ponto de partida.

A entronização de Lua se deve ao fato de ele ter incorporado a cultura rural sertaneja à indústria cultural urbana. Por isso, dele só se aproxima em importância na história de nosso cancioneiro a geração de sambistas cariocas dos anos 30, aos quais se juntou o mineiro Ary Barroso. Como os precursores do maior espetáculo do mundo – o desfile das escolas de samba do Rio -, Gonzagão inspirou as festas de São João introduzidas no calendário nacional: ao criar o primeiro trio com sanfona, zabumba e triângulo, ele instaurou a música regional nordestina, introduziu ao mercado de trabalho a atividade de instrumentista e intérprete oriundo do sertão e interferiu na indústria cultural com uma nova modalidade.

Quem folheia o livro da Athos Bulcão compreenderá, pela visão do conjunto da obra, que Gonzaga não virou Rei pelas canções que compôs. Aliás, o uso deste verbo é controverso, pois, na verdade, mais do que compor ele adaptou temas ouvidos nas brenhas de origem ou atravessou em parcerias com autores interessados em obter seu aval de sucesso garantido. Mas, sim, por mercê da sintonia mágica com seus dois talentosos parceiros iniciais, o advogado cearense Humberto Teixeira e o médico pernambucano Zé Dantas, e da indumentária típica que inventou para se apresentar: gibão de vaqueiro e chapéu de cangaceiro. E mais ainda pela intuição genial que demonstrou ao transformar a fortuna melódica do cancioneiro dos cafundós sertanejos em gêneros musicais e ritmos de dança que, só por causa dele, encantam e mobilizam o público, além de produzir sucesso e fortuna para compositores e intérpretes no rádio, depois na televisão e nos salões de festa. 

Jackson do Pandeiro, Marinês, Antônio Barros e Cecéu, Genival Lacerda, Flávio José, Santanna Cantador e outros grandes autores e cantores de origem nordestina não teriam exercido seu talento nem viveriam dos frutos dele se o filho de Januário não houvesse tirado dos baixos de sua sanfona o baião, o forró, o arrasta-pé e outros ritmos do Semiárido.

O livro organizado por Fonteles deixa isso claro. Pena é que nele tenham sido omitidas informações sobre os autores de textos, xilogravuras e fotografias exibidos ao público com beleza e bom gosto. O leitor merecia saber quem constatou que Luiz Gonzaga foi muito mais do que o Rei do Baião e o autor e intérprete de canções clássicas (como o hino do sertão, Asa Branca): foi o semideus que criou o Nordeste Musical Brasileiro.

*Fonte: Jornalista José Neumane Pinto-Nascido em Uiraúna, Paraíba, Brasil, em 18 de maio de 1951. Colunista do Jornal Estadão e Rádio Eldorado.

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SERTÃO MUSICAL E FESTIVAL DA PROFESSORA ELBA RAMALHO, REFERÊNCIA NO PENSAMENTO SOBRE A MÚSICA DE LUIZ GONZAGA

“Minha morena, venha pra cá pra dançar xote, se deita em meu cangote e pode cochilar, tu sois muié pra homem nenhum botar defeito, por isso satisfeito com você vou dançar”. (”Cintura fina”, Luiz Gonzaga).

Os versos de Mestre Lua têm um significado especial para Elba Braga Ramalho. Não apenas por terem sido matéria de estudo dela, mas porque bem antes, ainda menina, era embalada por eles que ela vivia um sertão festivo, farto de vida e encantamento. Onde a música, desde os primeiros anos, dava o tom dos sorrisos e reuniões de família.

“O sertão me remete àqueles bois mascarados que entravam na cidade e a gente corria com medo. Sair no domingo, de manhã cedo, depois de uma missa e ir pra um curral num carneiro selado tomar leite mugido. Tempos bons de fartura, das férias de julho, de tertúlia. Sertão pra mim é o do ‘tá bonito pra chover’”, narra, elegante, a mulher dos 73 anos escondidos sob uma vaidade nada exagerada. “Eu gosto de estar bem”, confessa ela com um encarnado discreto na boca, brincos de pérola e vestido de estampa azul e amarelo.

Nascida em Limoeiro do Norte, a geminiana de 20 de junho de 1940 guarda lembrança mesmo é dos tempos vividos em Russas. O pai, funcionário público, mudava-se muito e a família o acompanhava para diminuir a saudade e permitir-lhe que visse os filhos crescerem. Elba é a segunda filha a quem chamaram Elba. “A primeira morreu ainda bebê, mas meus pais teimaram em me dar mesmo o nome”, conta.

De família marcada pela música, tinha como tio o maestro Orlando Leite, a quem considera seu “pai musical”. Além dele, a avó tocava violão e bandolim; o avô, flauta , violão e órgão. Ainda bem pequena, envolta nos 5 anos de idade, foi levada pela mãe - que pintava e também tocava violão - às aulas de piano. “Tive uma vivência cercada de música”, enfatiza.

Também nesse aspecto a memória do sertão é positiva. “A vida musical no interior era muito rica. Havia piano nas casas mais abastadas, uma banda de música atuante. A igreja também tinha uma vida musical intensa”, recorda. O piano Essenfelder, onde toca até hoje, foi presente do pai, que ganhou o instrumento numa rifa há exatos 60 anos. Na sala de luz azulada, no meio dos livros e CDs devidamente catalogados, perto do computador com o qual ela divide as horas livres de hoje, ele está lá, imponente, à espera da companheira de longa data.

A vinda para Fortaleza marca o início de uma aproximação mais madura entre Elba e a música. Foi no Conservatório Alberto Nepomuceno que ela começou a aprofundar os estudos. “Aqui eu comecei uma vida nova”.

Depois de se graduar em piano, foi para o Rio de Janeiro estudar Canto Orfeônico. Voltou para dar aula na Universidade Estadual do Ceará e a curiosidade própria dos acadêmicos fez Elba buscar disciplinas que lhe dessem outro olhar para a música. Foi assim que estudou, por sua conta, filosofia e depois chegou ao mestrado em Sociologia da Universidade Federal do Ceará.

Vem dessa época também o interesse pela música da infância, a cantoria nordestina, o som do sertanejo. É quando começa, nas pesquisas de Elba, o flerte entre o popular e o erudito.

“Depois que terminei o mestrado, Luiz Gonzaga não me deixava em paz”, diz Elba. Instigada pelos alunos, curiosos em descobrir as soluções harmônicas da música do Rei do Baião, ela teve de investigar a paisagem sonora do artista que, como diz, “foi o principal urbanizador da música do nordeste”. “Ele sintetizou e colocou elementos novos nessa música”, ensina.

Responsável por uma das pesquisas mais emblemáticas sobre Gonzaga e a maneira como sua música traduziu o nordeste, desenvolvida na Universidade de Liverpool, na Inglaterra, Elba está há cinco anos afastada das atividades acadêmicas. Diz que sente falta dos encontros, dos diálogos, da troca com estudantes e colegas. Só não tem saudade das burocracias.

Elba sabe que a liberdade de hoje é justa. “A gente merece um tempo pra ser dono do seu tempo”, resume ela. E por isso as viagens ao sabor da vontade; a dedicação ao piano, que ainda agora a faz tomar aulas, as horas gastas na Internet ou escutando os compositores preferidos: Bach, Mozart e, claro, Luiz Gonzaga - do qual ela não enjoa.

Tanto o mestrado quanto o doutorado de Elba Braga Ramalho resultaram em publicações. O primeiro foi Cantoria Nordestina: Música e Palavra (Terceira Margem, 2000) e o segundo, Luiz Gonzaga: a síntese poética e musical do sertão, cuja segunda edição foi lançada no ano passado por ocasião do centenário do Rei do Baião.

Além dos livros, a professora lançou dois CDs pela Universidade Estadual do Ceará. Carlos Magno em Cantoria, em 2000, e Vanda Ribeiro Costa: Louvação-Missa Breve do Sertão e outras canções, no ano de 2008. Em ambos ela fez a curadoria.

Agora, prepara-se para publicar a tese de seu pós-doutorado, concluído mesmo depois de ter se afastado da Universidade em função da aposentadoria. Uma homenagem à pianista e compositora Esther Sciliar (prima do escritor Moacir Sciliar), com quem Elba conviveu nos tempos de curso de Canto Orfeônico no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, mo Rio de Janeiro.

“Elba é uma amiga sempre presente, mesmo quando está distante. Atenciosa, generosa, discreta, é capaz de grandes gestos sem fazer alarde. Tenho orgulho de ser amigo dela. Defendeu uma das mais belas e consistentes teses sobre Luiz Gonzaga. Está aberta para o mundo. Adora música. Preciso dizer mais?”

"A professora passou a assinar também com o sobrenome Braga para tentar deixar de ser confundida com a cantora Elba Ramalho, sua xará."

Elba é casada com o médico Ary Ramalho há 50 anos. Com ele teve três filhos – César, Cristina e Leonardo – e conta 5 netos. 

*Gilmar de Carvalho, pesquisador de cultura popular e jornalista


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CANTORES ALCYMAR MONTEIRO E ALMIR ROUCHE COBRAM DAS AUTORIDADES POLÍTICAS AÇÃO PARA A CLASSE TRABALHADORA DA CULTURA

Vai completar um ano no próximo mês de março que cultura foi um dos primeiros setores a parar em meio à pandemia do coronavírus. Festejos juninos, sessões de cinema, shows de música, estreia de peças, concertos e exposições de arte foram suspensos logo na chegada do vírus ao país. 

Em função da crise sanitária provocada pela covid-19, eventos culturais, que acabam movimentando a economia foram canceladas e "a preocupação para este ano 2021 começa a afligir a classe artística." 

"Menos política e mais ação. Nós cantores somos geradores de emprego e renda. Tem músicos que precisam voltar a trabalhar para garantir o ganha pão". Foi o desabafo do cantor e compositor Almir Rouche. "Não existe uma política na prática dos governantes com relação em dialogar e buscar uma saída digna para os trabalhadores da cultura no Brasil. Não podemos viver só de promessas", avaliou Alcimar Monteiro.

Todas as atividades, que dependem da aglomeração de gente e da venda de ingressos, foram interrompidas, mas não houve um plano para suprir a renda dos profissionais do setor. Este tema foi debatido na Rádio CBN, Recife, com apresentação de Aldo Vilela e participação do cantor e compositor Alcymar Monteiro e Almir Rouche.

A crise da cadeia que tem no artista sua ponta mais reconhecida, atinge em cheiro quem atua por trás das câmeras ou dos palcos. É o que garante Inti Queiroz, produtora cultural e docente em gestão cultural pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

“Muita gente acha que o setor cultural é basicamente de artistas. Mas além de artistas e produtores, nós temos técnicos, figurinistas, costureiras, maquiadores, montadores de palco, logística, eletricistas... Existem algumas produções onde a gente tem mais de mil pessoas trabalhando, em um espetáculo como o Fantasma da Ópera, por exemplo. É muito difícil dizer de fato quem trabalha com cultura ou não no Brasil, justamente por ser um setor autônomo com muita dificuldade de ser reconhecido como um trabalho”, explica.

A Pesquisa Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil,revelam que os setores da cultura e da economia criativa foram os mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, “porque tendem a voltar à atividade só no fim da crise”.

A Pesquisa Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil,revelam que os setores da cultura e da economia criativa foram os mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, “porque tendem a voltar à atividade só no fim da crise”. 

A análise foi feita pelo sociólogo Rodrigo Amaral, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e um dos idealizadores do estudo.

Como em todos os setores da economia, o impacto da pandemia sobre a cultura e a economia criativa é muito forte, afirmou. 

Os dois setores movimentam R$ 171,5 bilhões por ano, o equivalente a 2,61% de toda a riqueza nacional, empregando 837,2 mil profissionais. Antes da pandemia, esses segmentos culturais e criativos tinham previsão de gerar R$ 43,7 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) até 2021. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país.

O levantamento foi concebido a partir do esforço conjunto de pesquisadores, gestores públicos, universidades e instituições culturais, interessados em registrar a visão de indivíduos e coletivos sobre os impactos da covid-19 nas suas áreas de atuação, nas cadeias de produção e distribuição.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi a relatora do Projeto da Lei Emergencial da Cultura Aldir Blanc. A lei determina o repasse de R$ 3 bilhões para o setor cultural e foi sancionada integralmente para repassse dos recursos a estados e municípios.

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MOVIMENTOS SOCIAIS E CUT REALIZAM PROTESTO CONTRA BOLSONARO NESTE SÁBADO (23

 

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) Pernambuco realiza neste sábado (23), uma carreata contra o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem partido).  A concentração para o ato está marcada para 9h30 na orla 1 de Petrolina. 

A data marca o Dia Nacional de Mobilização, organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, com o apoio da CUT, e contará com atos em várias cidades do Brasil.  Os protestos tem três pautas principais: Vacina Já e mais recursos para o SUS, a volta do auxílio emergencial e o fora Bolsonaro. 

Até o momento, além do Recife e Petrolina, estão previstos atos nas capitais: Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Campo Grande (MS) e Rio Branco (AC).

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