ECOLOGIA: OPARÁ-RIO QUE É MAR (RIO SÃO FRANCISCO) E A INEXPLICÁVEL AÇÃO HUMANA

O plástico, em forma de garrafas, sacos ou tampas, é um dos principais depredadores do Rio São Francisco. A reportagem do BLOG NEY VITAL, flagrou dezenas de formas da poluição nas margens do Rio São Francisco. 

Com a vazão em 1600 metros cúbicos por segundo, o Opará, na linguagem indigena, Rio que é Mar, o Velho Chico, vem dando sinais de aumento do volume de água e com isto, mostra "cada vez mais as cicatrizes provocadas pela ação do homem em suas margens".

Quem tem o privilégio de cruzar a Ponte Presidente Dutra, entre as cidades de Petrolina (em Pernambuco) e Juazeiro (na Bahia) e admirar a beleza do Rio São Francisco, nem imagina o quanto o Velho Chico durante estes últimos 10 anos sofreu e continua sendo depredado. Depois de nascer na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a 1,2 mil metros de altitude, e antes de desaguar no Oceano Atlântico, a quase 3 mil quilômetros de distância, na Praia de Peba, em Alagoas, o velho Chico recebe uma carga imensurável de poluição.

Segundo dados do Conselho Pastoral dos Pescadores, ligado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), somente na região do Submédio, onde estão situados municípios como Juazeiro e Paulo Afonso (BA) e Petrolina, Ouricurí e Serra Talhada (PE) - e Baixo São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe, centenas de pescadores são prejudicados com a redução na quantidade e qualidade do pescado. (Texto e Foto: Ney Vital-jornalista)
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PROFESSOR DE ORATÓRIA LANÇA EBOOK GRATUITO COM TÉCNICAS PARA VENCER MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Já está disponível para ser baixado gratuitamente o ebook "10 passos para vencer o medo de falar  em público". Desenvolvido  pelo professor de Oratória  Paulo Ricardo Moreira, de forma clara e didática, o livro digital mostra o caminho para quem deseja aprimorar a comunicação pessoal e ser bem-sucedido em discursos e apresentações.

Há anos treinando pessoas a desenvolverem suas habilidades na  comunicação, Paulo Ricardo afirma que cada técnica apresentada no ebook já teve sua eficácia testada na prática. "Pessoas que chegavam inseguras ao nosso curso de Oratória e mal conseguiam ficar de pé para discursar, após o uso desse método, venceram o medo de falar em público e hoje fazem apresentações incríveis. Muitos profissionais que antes fugiam de câmeras e microfones. agora concedem entrevistas em rádio e TV". Afirmou.

Quem deseja ter acesso ao ebook basta acessar o site: www.pauloricardomoreira.com.br e baixar gratuitamente. 
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ORAÇÃO PELO RIO SÃO FRANCISCO EM TEMPOS DE POUCOS RIOS

Ás 18 horas, sempre guardo na correria da vida e do trabalho, a oração da Hora do Anjo. Estes dias olhando o Rio São Francisco ouvindo as canções de Padre Zezinho lembrei da Oração do Rio São São Francisco em tempos de poucos Rios. Assim escutei do amigo Aderaldo Luciano. Assim reproduzo:

O Rio São Francisco não nasce na Serra da Canastra. Digo isso porque a correria estressante das ruas do Rio de Janeiro me oprime. Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. Esse Cristo economiza abraços e atende a poucos.

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia: “Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”

Fonte: ( Aderaldo Luciano é doutor e mestre em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor, poeta, escritor e músico )
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MINISTÉRIO PÚBLICO AJUÍZA AÇÃO PARA GARANTIR PRESERVAÇÃO DA CACHOEIRA VÉU DE NOIVA EM JACOBINA

O Ministério Público estadual ajuizou ação civil pública para garantir a preservação e proteção ambiental da Cachoeira do Véu de Noiva, localizada no Distrito de Itaitú, em Jacobina. Segundo a ação, ajuizada pelo promotor de Justiça Pablo Almeida, o local tem sofrido degradação decorrente “de exploração turística predatória”. 

Exames laboratoriais apontaram a presença de coliformes fecais e outros contaminantes na água, que é utilizada por diversos moradores da comunidade. Conforme a ação, o Estado e o Município não têm realizado a devida fiscalização diária da Cachoeira, onde não há qualquer controle de acesso.

De acordo com o promotor de Justiça, a Cachoeira recebe uma grande quantidade de turistas e no local, frequentemente, há acúmulo de lixo. Fiscalização realizada pelo MP encontrou resto de fogueiras, churrasqueira, garrafas de vidro e outros resíduos de festas. Segundo a ação, a Cachoeira recebeu em 2018 até 200 visitas por dia, conforme livro de registro da Associação de Ação Social e Preservação das Águas (ASPAFF), que contabilizou 800 visitantes em um período de quatro dias, inclusive turistas de outros estados, como Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

O promotor de Justiça pontua que “os impactos têm sido percebidos pelos moradores de Itaitú, a ponto de criarem um Movimento em Defesa da Cachoeira Véu de Noiva”. A degradação e a necessidade da implementação urgente de medidas de proteção da Cachoeira foram discutidas em reunião, realizada em 2018, com os órgãos públicos estadual e municipal e alvos de recomendação expedida pelo MP. Pablo Almeida lembrou que, inclusive, o MP destinou R$ 105 mil provenientes de acordo celebrado com empresas regionais de energia eólica para o início da estruturação de uma Unidade de Conservação no local.

O MP solicita à Justiça que determine, em decisão liminar, a realização pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e pelo Município de trabalhos de proteção, recuperação e preservação da Cachoeira, com a adoção de medidas como a alocação de equipes de guarda-parque; a instalação de guarita, sistema de videomonitoramento,  lixeiras ecológicas e placas de sinalização; o isolamento de áreas de camping não autorizadas, entre outras. 

Foi solicitada também a proibição aos órgãos públicos de construir ou demolir, licenciar ou autorizar a construção de casas, condomínios ou loteamos em um raio de 500 metros da Cachoeira, sem que antes haja parecer do Inema, perícia técnica solicitada pela Justiça e anuência do Conselho Gestor do Parque Sete Passagens. O promotor também solicita à Justiça que estabeleça a contagem dos prazos para adoção das medidas a partir do final da situação de emergência decorrente da pandemia da Covid-19. (Fonte: MPBA)

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CÁTIA DE FRANÇA: HÓSPEDE DA NATUREZA, A FORÇA E ENERGIA DA MÚSICA BRASILEIRA

Catarina Maria de França Carneiro, nasceu na capital da Paraíba, em 1947. Cantora, compositora, instrumentista, escritora. É alfabetizada pela mãe por meio de canções. Estuda piano desde os quatro anos, deixando o instrumento aos 15, quando ingressa num colégio interno em Pernambuco. Passa a tocar violão e envereda pela música popular. Aprende também flauta, sanfona e percussão. Em Recife, faz teatro, leciona música e toca em casas noturnas.

No final dos anos 1960, viaja pela Europa integrando o grupo folclórico da Fundação Artístico-Cultural Manuel Bandeira. De volta ao Brasil, muda-se para o Rio de Janeiro, onde integra as bandas de Zé Ramalho, Amelinha e Sivuca (1930-2006). Em 1970, interpreta a canção “Mariana” (parceria com o poeta e jornalista Diógenes Brayner) em compacto duplo com as quatro canções vencedoras do IV Festival Paraibano de MPB. Trabalha em trilhas sonoras para cinema e teatro, entre as quais o filme Cristais de Sangue (1975), de Luna Alkalay (1947).

Apadrinhada pelo compositor e produtor Zé Ramalho, grava seu primeiro trabalho pela CBS, 20 Palavras ao Redor do Sol (1979), que conta com a participação de Sivuca, Dominguinhos (1941-2013), Sérgio Boré, Chico Batera, Lulu Santos e Bezerra da Silva (1927-2005). O disco inclui composições de sua autoria, como “Coito das Araras” e “Kukukaya”, e poemas de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), musicados por ela. No ano seguinte, lança o álbum Estilhaços. Em 1982, participa do Projeto Pixinguinha, ao lado de Jackson do Pandeiro (1919-1982) e Anastácia (1941), e apresenta-se na série Seis e Meia, com Teca Calazans (1940), ambos promovidos pela Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Em 1985, lança o LP Feliz Demais, pela Continental e, em 1986 grava o LP Olinda, com participação da Banda Azymuth. Em 1990, fixa residência na Paraíba, onde integra a ONG e o Projeto Malagueta, que divulga o acervo cultural da Paraíba. Lança o CD Avatar (1998) pelo selo CPC Umes, do qual participam Chico César, Xangai e Quinteto de Cordas da Paraíba. Publica cordéis e livros infanto-juvenis, entre os quais A Peleja de Lampião Contra a Fibra Ótica, Saga de Zumbi e Falando da Natureza Naturalmente.

Em 2005, lança o CD Cátia de França Canta Pedro Osmar, interpretando músicas do cantor, compositor e instrumentista paraibano. Em 2012, grava o CD independente No Bagaço da Cana um Brasil Adormecido, com a Camerata Arte Mulher, formada por musicistas eruditas da Paraíba e inspirado em textos de José Lins do Rego (1901-1957).

Criada em um ambiente ilustrado, em que, segundo a compositora, “faltava manteiga, mas tinha livro”, Cátia de França cria a partir de colagens de suas referências literárias e musicais. Estas vão da música clássica ao blues, passando por Luiz Gonzaga (1912-1989), Jackson do Pandeiro, Elvis Presley (1935-1977), Beatles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e o Clube da Esquina. O contato com a gravadora recifense Rozemblit - que lança, em 1975, o disco Paêbirú de Zé Ramalho e Lula Côrtes (1949-2011) -, também influencia seu trabalho, que define como “popular mundial”.

Da leitura de João Cabral de Melo Neto resulta a canção “20 Palavras ao Redor do Sol”, nome de seu primeiro disco. Em outras canções, como “O Bonde”, condensa diferentes personagens de José Lins do Rêgo (1901-1957), que remetem à Recife do início do século XX. Na canção “Itabaiana”, alude ao clima de euforia da feira desta cidade, também recorrente nos romances de Rêgo. Outra composição marcante, “Kukukaya (Jogo da Asa da Bruxa)”, provém do folclore cigano da Bulgária. Inscrita numa estética pós-hippie, dialoga com canções de caráter esotérico de Zé Ramalho e Raul Seixas (1945-1989).

No segundo álbum, Estilhaços, encontra-se uma sonoridade mais eclética, abarcando gêneros musicais do litoral e do interior, como forró, xote, ciranda e cantos de aboio, cujas harmonizações são construídas sob o modo mixolídio1. A intertextualidade com José Lins do Rêgo se faz presente na canção “Meu Boi Surubim”, gravada com a cantora Clementina de Jesus (1902-1987). Apesar de o encarte do disco citar apenas Guimarães Rosa (1908-1967), nela faz referências ao boi javanês, o boi fujão, e aos meninos do pastoreio, personagens que se resgatam o universo literário de Lins do Rego. Já a música “Poço das Pedras” enfatiza a relação do homem com o rio, o que remete à inclusão de temas ecológicos na música popular nos anos 1980.

Ao longo de sua trajetória, o ritmo é aspecto que mais sofre mudanças. Em seus primeiros trabalhos, ele é complexo, quase indefinido, sincopado pelo canto, tanto pelo andamento como pelo acento das frases melódicas. Já o álbum Feliz Demais integra teclado e bateria eletrônica, resultando numa sonoridade menos orgânica, diluída em seus trabalhos posteriores. Em Avatar, retoma as características sonoras dos primeiros trabalhos, tanto na concepção dos arranjos como na forma de cantar.

A compositora ganha projeção no cenário musical nos anos 1970, junto com outros cantores, compositores e instrumentistas nordestinos que, naquele momento, conquistam espaço na indústria fonográfica do eixo Rio-São Paulo. A tendência em mesclar as referências regionais a elementos do rock e da cultura pop perpassa a obra desses músicos. 

Vivenciando os desdobramentos da contracultura do final dos anos 1960, estes artistas sintetizam diversas vertentes, passando pelo folk, o baião e o rock psicodélico. Ela se destaca nesse grupo como única mulher que compõe, toca e interpreta as próprias canções. Além disso, tem papel importante na instrumentação de discos de outros artistas, como a cantora Amelinha, que grava duas de suas composições: “Coito das Araras” e “Ponta do Seixas”.

Comparada a outros nomes de sua geração, como Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Alceu Valença e Fagner, sua discografia não é extensa e a penetração no mundo pop dos grandes centros urbanos é bem menor. Isso se deve ao fato de não se render a mudanças propostas pelas gravadoras para tornar sua música mais comercial, o que torna seu trabalho apreciado por um público mais restrito.
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INSCRIÇÕES PARA O 5º PRÊMIO ARIANO SUASSUNA DA CULTURA POPULAR ENCERRAM-SE NA TERÇA (28)

As inscrições para a quinta edição do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia, promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), encerram na próxima terça-feira (28). 

A premiação irá contemplar os vencedores com premiações que somam R$ 150 mil. Os proponentes devem se inscrever através da plataforma Mapa Cultural de Pernambuco (http://www.mapacultural.pe.gov.br/oportunidade/242/). Clique aqui e confira o edital e seus anexos.

Em Cultura Popular, serão premiadas práticas individuais ou coletivas de transmissão de saberes e fazeres, preservação da memória das expressões populares em todas as suas formas e modos próprios, entre outras práticas e demais conhecimentos.

Podem participar pernambucano/a/s nato/a/s residentes no Estado, bem como pessoas físicas naturais de outros Estados e pessoas jurídicas sem fins lucrativos (que deverão comprovar residência ou sede em Pernambuco, há, pelo menos, cinco anos).

Na área de Dramaturgia, os prêmios serão destinados às obras inéditas do gênero dramático. As inscrições podem ser feitas por pessoas físicas nas mesmas condições, porém com residência há, pelo menos, dois anos no estado.

Em Cultura Popular são duas categorias: Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, e Grupos/Comunidades. Para cada uma, haverá até quatro prêmios, sendo, um para cada macrorregião de Pernambuco: Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão.

Para a categoria Cultura Popular, serão distribuídos até oito prêmios, contemplando propostas das quatro macrorregiões. Na categoria Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres, as propostas contempladas receberão premiação no valor de R$ 10 mil. E na Grupos/Comunidades, o valor de R$ 15 mil. Já para Dramaturgia, serão distribuídos até dez prêmios de R$ 5.100,00.

O Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia foi lançado em 2015 pelo Governo do Estado, por meio da Secult-PE/Fundarpe, através do Decreto Nº 41.954 de 27 de julho de 2015. A ação homenageia um importante nome de nossa história cultural: o escritor Ariano Suassuna.

Para outras dúvidas ou esclarecimentos, os e-mails para contato são os arianosuassuna.popular@gmail.com e teatroeopera@secult.pe.gov.br. Além desses e-mails, é possível entrar em contato também com a equipe do Mapa Cultural de Pernambuco, pelo telefone (81) 3184-3018 ou pelo e-mail: mapaculturalpe@gmail.com. (Fonte: Fundarpe)
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ERVA-DE-OVELHA É OPÇÃO PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL NO SEMIÁRIDO

Estudos da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) indicam que a leguminosa forrageira popularmente conhecida como erva-de-ovelha (Stylosanthes humilis) tem potencial para incrementar a produção animal no Semiárido brasileiro. 

Presente em quase todos os estados do Nordeste, além de Amazonas, Pará, Goiás, Mato Grosso e sudeste de Minas Gerais, é uma boa alternativa para a alimentação dos rebanhos caprinos, ovinos, bovinos, equinos e muares porque possui alto valor nutritivo e garante o aporte de proteína de que os animais necessitam, além de auxiliar na fixação de nitrogênio no solo, tornando-o mais fértil.

Na Região Nordeste, a erva-de-ovelha ocorre em quase todos os estados, nos chamados tabuleiros, que são áreas naturalmente abertas dentro da vegetação da Caatinga. Nelas predominam os planossolos, solos que apresentam média e baixa fertilidade e normalmente encharcam com facilidade e apresentam fissuras após secar, em virtude da elevada quantidade de argila. O zootecnista da Embrapa Caprinos e Ovinos Éden Fernandes afirma que a planta tem grande importância para a produção animal, principalmente nos sistemas extensivos. “Ela é um componente-chave dessa atividade em uma região que tem um volume anual de chuvas muito baixo, mesmo para os padrões nordestinos, como é o caso do município de Irauçuba (CE)”, explica. 

EXPERIMENTOS DÉCADA DE 1990:
O engenheiro agrônomo Fabiano Carvalho, professor do curso de Zootecnia da Universidade Vale do Acaraú (UVA), também acredita na importância da espécie para a pecuária na região semiárida. “Claro que existe hoje uma degradação muito grande, são quase 500 anos de exploração principalmente pela pecuária, então as principais forrageiras desapareceram.” Ele conta que, na década de 1990, foram feitos dois experimentos com a erva-de-ovelha. No primeiro, foi feita a exclusão de algumas áreas praticamente desertas, sem nenhuma vegetação, para impedir o acesso dos animais. Nelas foram plantadas outras espécies nativas como jurema-preta, sabiá, catingueira e pau-branco. 

Na segunda experiência, houve apenas a separação sem a introdução de outras plantas. Após dois anos, o primeiro experimento resultou na recomposição da vegetação dessas áreas que estavam praticamente limpas; no segundo, observou-se elevado crescimento apenas da erva-de-ovelha nas áreas separadas, atingindo de 20 cm a 30 cm de altura. Carvalho conclui que o superpastejo, elevado número de animais por hectare, é um dos maiores problemas da pecuária na região. 

Mas, apesar de seu valor para a pecuária da região, a herbácea nem sempre é reconhecida pelos agricultores e alguns até ignoram sua existência. Francisco das Chagas de Souza, 45, é agricultor da comunidade Pé de Serra Cedro, em Sobral (CE). Ele mora na comunidade desde que nasceu e afirma que somente há cerca de seis anos observou a existência da erva-de-ovelha. “Ela se alastrou no nosso campo de futebol e os animais gostaram muito. Quando o gado começou a comer foi que começamos a reparar nela. Oito dias depois das primeiras chuvas, o campo já vira um tapete verde. Se deixarmos, chega a 30 cm. Dependendo das chuvas, em 15 dias já está no ponto de o animal pegar. A gente acredita que o animal come e faz bem porque mesmo os bezerros novos comem e nunca tiveram nenhum problema, como tosse ou diarreia”, complementa. O zootecnista Éden Fernandes explica que não existem relatos na literatura científica sobre danos aos animais causados pela erva-de-ovelha. “Por isso, podemos afirmar que a planta não é tóxica”, garante. 

A erva-de-ovelha é resistente ao pisoteio, à seca, a solos encharcados e a solos ácidos. Não tolera fogo e frio e precisa de um índice pluviométrico variando de 400mm a 1.500 mm para completar seu ciclo, dependendo da localização e tipo de solo. O crescimento e o desenvolvimento dessa espécie estão associados ao regime de chuvas. Ela floresce com as águas e no período de estiagem fecha seu ciclo lançando as sementes no solo como uma forma de se perpetuar de um ano para o outro. 

Os pesquisadores comprovaram que é uma forrageira muito produtiva, especialmente para a pecuária leiteira. Não apresenta uma produção elevada de biomassa porque ocorre em pequenas manchas de solo. Segundo Carvalho, é diferente das cultivadas, como Mineirão e Campo Grande, que preferem solos de textura média, um pouco mais arenosos, e têm produção muito elevada, chegando a seis toneladas por hectare. “Em Irauçuba, quantificamos que o total de matéria seca por hectare fica em torno de 1.600 kg, no máximo, nos tabuleiros. Existe essa limitação porque normalmente são áreas de pastejo extensivo”, explica. 

Manejada com adubação correta, a erva-de-ovelha responde bem, melhora a produção, índices proteicos e a digestibilidade. Ela atende à necessidade de proteína dos animais, fornecendo de 20% a 22% do necessário, dependendo do estágio em que se encontra (à medida que vai secando, o teor de proteína diminui), assim é considerada uma boa leguminosa para a produção de leite. O professor acrescenta que o importante é que a herbácea produza sementes, caso contrário, no ano seguinte a produção será menor. Por isso, o agricultor deve evitar “limpar” o terreno por meio da queima da vegetação, o que causa a diminuição do banco de sementes. 

A produção de matéria seca da erva-de-ovelha é pequena, segundo o professor, em virtude da degradação do solo causada pelo pastejo intensivo, queima das áreas e erosão. Esses fatores resultam na diminuição da fertilidade do solo, que já é baixa nas áreas onde a espécie ocorre. Mas, se manejada com adubação correta, responde bem, melhora a produção, índices proteicos e digestibilidade. 

O produtor pode fazer a adubação orgânica, usando o esterco do gado, cabra e ovelha. O processo deve ser feito no período chuvoso para que a matéria orgânica possa se degradar e liberar os nutrientes no solo. A recomendação geral é de duas a quatro toneladas de esterco anuais por hectare, dependendo das áreas. A orientação deve ser dada por um técnico que conheça a região, uma vez que cada propriedade é única, com características próprias. Outra indicação é a rotação de animais de diferentes espécies na mesma área, porque cada uma apresenta hábitos de pastejo diferentes. (Fonte: Embrapa)
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