BIBLIOTECÁRIO: CONSELHO VAI HOMENAGEAR PROFISSIONAIS E UNEB CAMPUS III CONCORRE A INDICAÇÃO

O Conselho Regional de Biblioteconomia, 5ª Região – CRB-5, juntamente com a Associação de Bibliotecários e Documentalistas do Estado da Bahia – ABDEB, promovem a indicação de bibliotecários para serem homenageados durante o evento em comemoração ao dia desse profissional e que será realizado em Salvador no dia 12/03.

O bibliotecário da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus III, Regivaldo José da Silva, mestre em Ciência da Informação (UFBA) está entre os candidatos concorrendo como Bibliotecário Homenageado no evento de comemoração da categoria, cujo tema em 2020 é: “Empreendedorismo e inovação na Biblioteconomia”, encaminhamos abaixo, o link para votação.
https://forms.gle/s17676QpcpmVZef2A
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APAC EMITE ALERTA DE CHUVA E ALERTA REGIÃO DE RECIFE, ZONA DA MATA E AGRESTE

Moradores da Zona da Mata Norte, Sertão do São Francisco e Agreste podem preparar o guarda-chuva. A previsão do tempo desta quinta-feira (20), emitida pela Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), é de alerta de chuva com intensidade forte e moderada, ao longo do dia, nessas regiões.

A orientação é de que as pessoas sigam as orientações da Defesa Civil, a de se abrigarem em locais seguros. A Defesa Civil pode ser acionada.

Nas demais regiões, as chuvas devem acontecer, em intensidade menor. Sertão de Pernambuco: Parcialmente nublado a nublado com pancadas de chuva de forma isolada no período da tarde e noite com intensidade moderada. Temperatura (ºC): Estável Máxima: 34° Mínima: 20°.

Sertão de São Francisco: Parcialmente nublado a nublado com pancadas de chuva de forma isolada no período da tarde e noite com intensidade moderada.. Temperatura (ºC): Estável Máxima: 34° Mínima: 23°. 

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CAMPANHA DE DIREITOS HUMANOS ENTRA NA FOLIA NAS RUAS DE PETROLINA NESTE CARNAVAL

Marcado por festejos populares, onde a liberdade de expressão e a alergia ocupam ruas e praças em torno da folia e da celebração a diversidade cultural, o carnaval pode ser também um momento de superação de preconceitos e diferenças.

Lançada em Petrolina-PE no último sábado (15), durante a prévia de carnaval do Grupo de Maracatu 'Baque Opará', a segunda edição da campanha "Direito humano não é fantasia, carnaval é massa com democracia", aborda temas como racismo, assédio, LGBTfobia, abuso de crianças e adolescentes, acessibilidade, desrespeito aos grupos identitários e inclusão social. Além da Lei Municipal nº 3.276/2019, de autoria do Vereador Professor Gilmar Santos (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal, que obriga a veiculação de mensagens contra as mais diversas formas de violência em eventos públicos patrocinados ou organizados pelo poder público municipal.

Realizada pelo Mandato Coletivo do Vereador Professor Gilmar Santos, a ação é mais iniciativa do parlamentar com a finalidade de fortalecer a luta em defesa dos Direitos Humanos. "Essa campanha tem como objetivo conscientizar a nossa população nesse período muito especial que é o carnaval, período em que a gente espera não só uma cultura da festa, de alegria, mas também uma cultura de paz, uma cultura de respeito; e nada é mais apropriado que promover uma campanha ativa em defesa dos direitos de cada cidadão, de cada cidadã", pontuou Gilmar.

A campanha continuará nas ruas da cidade durante os quatro dias de festa, a partir do próximo sábado (22), seguindo até a terça-feira (25), e levará de forma lúdica, imagens, frases e carimbos com frases e mensagens voltadas para o respeito à diversidade.

Para Gilmar, em razão do número de pessoas que lotam as ruas do centro e dos bairros de Petrolina, torna-se necessário pautar o combate a toda e qualquer forma de violência. "Todos têm o direito de participar da festa e serem protegidos/as. Por isso, esta campanha em defesa da diversidade, da população LGBTQI+, do direito da mulher em ter a sua liberdade e não ser assediada, da segurança das nossas crianças e adolescentes que vão participar da festa, dos nossos idosos, da população negra e indígena e das pessoas com deficiências", concluiu. (Fonte: Mandato Coletivo. Fotos: Lizandra Martins)
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SEM VER A EQUIPE NA TV, TORCEDORES DO FLAMENGO RECORREM AO RÁDIO PARA OUVIR JOGOS

Os jogos do Flamengo no Campeonato Carioca não serão transmitidos ao vivo na TV nem online. O clube até o momento não entrou em acordo com a Globo e seus duelos estão fora da TV aberta (Globo), do SporTV, do Premiere e do Globoesporte.

Sem transmissão pela TV em dias de jogos do Flamengo um detalhe vem chamando a atenção: o torcedor retorna ao antigo hábito de assistir os jogos, em sua maioria pelo rádio e ou seguir em tempo real pelas redes

sociais. o Flamengo conquistou mais do que uma nova legião de torcedores. Sendo assim, o Flamengo resgatou um hábito que faz parte da história do brasileiro, o de ouvir as partidas do time do coração pelo rádio.

Em dias de jogos do Flamengo a cena é comum agora o torcedor nas ruas e até nos bares com o rádio no "pé do ouvido". A tradição de ouvir futebol no rádio de pilha nunca morreu, mas ficou restrita aos torcedores mais antigos. 


O radialista Pedro Henrique, coordenador da equipe esportiva da Rádio Cidade Am, diz que um estudo apontou a audiência mídias digitais triplicou durante os jogos de futebo. De acordo com Pedro existe um hábito de também ouvir os jogos dos campeonatos estaduais, no caso o Campeonato de Pernambuco e o Baiano. 


O aposentado Iranildo Moura Leal é destes torcedores que mesmo com os jogos transmitidos ao vivo pela televisão  ainda prefere, segundo ele, "a emoção do rádio". Iranildo afirma que o rádio o acompanha, ou ele acompanha o rádio há mais de seis décadas. 

Agora, é a vez da nova geração redescobrir o veículo: quando as partidas não são transmitidas pela TV, a torcida acompanha os jogos pelo rádio que já está adaptado às novas tecnologias, o meio é transmitido também via celulares, computador e televisão. 


Sem acordo, torcedores do Flamengo espalhados em Juazeiro e Petrolina vão ter que continuar usando o rádio.

Nota oficial do Flamengo:

"O Clube de Regatas do Flamengo informa que, em razão do término de seu contrato com o Grupo Globo de Televisão para a transmissão do Campeonato Carioca de Futebol e a posição da emissora em só renová-lo mantendo exatamente as mesmas condições comerciais acertadas em 2016, não levando em conta a nova fase do Flamengo e nenhum dos pontos sugeridos pelo clube para uma possível renovação, os jogos de nosso time de futebol profissional no Carioca 2020 não serão transmitidos nos canais abertos da Rede Globo de Televisão, no SportTV em TV Paga e no Canal Premiere em sistema pay-per-view.

Apesar da não transmissão televisiva de seus jogos, a diretoria do Flamengo reafirma seu total compromisso em levar a campo todo o elenco de jogadores que foi campeão do Carioca, do Brasileirão e da Libertadores no ano de 2019. Será com este elenco completo e, ainda mais reforçado com as novas contratações, que lutaremos pelo bicampeonato carioca, além de buscar oferecer para nossa torcida e para os amantes do futebol um espetáculo de alto nível esportivo.

Temos certeza que, assim como fizemos em todo o decorrer do ano passado juntos, torcida e time serão mais uma vez protagonistas de momentos especiais para o futebol brasileiro.

Vale aqui o registro da continuidade de nossa parceria com Grupo Globo, através do contrato comercial que temos para as transmissões dos jogos do Campeonato Brasileiro. Uma parceria de mais de uma década, pautada pelo profissionalismo e respeito de ambas as partes."

Nota oficial da Globo:

"Fizemos ao Flamengo uma proposta para o Campeonato Carioca, mas infelizmente não chegamos a um acordo, pois o valor pedido pela diretoria do time rubro-negro está muito acima do acerto já feito com os outros clubes e a Federação do Rio de Janeiro. Por isso, até este momento, os jogos do Flamengo não serão transmitidos em nenhuma plataforma. Temos grande interesse nesses direitos e continuamos sempre abertos ao diálogo, esperando chegar a um acordo satisfatório para todos: clubes, federação, marcas, plataformas e, principalmente, para os torcedores.

Nosso objetivo é fazer uma transmissão do tamanho da paixão do carioca pelo futebol, sem abrir mão dos princípios que têm norteado nossas aquisições de direitos no futebol brasileiro. Adotamos cada vez mais modelos com critérios que visam maior equilíbrio e valorizam a meritocracia esportiva e comercial na alocação dos valores, em vez de valores diferenciados que acabam resultando em desigualdade preestabelecida.

É um sinal de respeito pelas equipes e pelos torcedores que defendem todas as cores e bandeiras nas arquibancadas do Rio de Janeiro. Sem distinção. É a forma de a Globo contribuir para um futebol brasileiro mais equilibrado, mais consistente, que seja bom para todos e não apenas para alguns.

Acreditamos que demos passos importantes nessa direção. Como acontece desde o início da temporada, o Flamengo – único clube até aqui ainda sem acordo com a Globo – continuará tendo espaço na cobertura constante dos programas esportivos da Globo, do SporTV e do GloboEsporte.com, além da exibição ao vivo de partidas do clube pela Copa Libertadores da América, Supercopa, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro."
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CHICO BUARQUE DE HOLLANDA. PAI AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE, TANTA FORÇA BRUTA E O ATUAL DESUMANO GOVERNO

No dia 19 de Junho de 1944 nasce na Cidade Maravilhosa um dos maiores cantores e compositores da Música Popular Brasileira, Francisco Buarque de Hollanda. (CHICO Buarque, 2014)

Em 1946, Chico, com apenas 2 anos de idade, vais com a família para São Paulo, após o pai, Sérgio Buarque de Hollanda, sociólogo e historiador, é nomeado Diretor do Museu do Ipiranga. (CHICO Buarque, 2014)

Chico Buarque começa a mostra seu interesse pela música com 5 anos, quando cria um álbum com fotografias recortadas de jornais de cantores do rádio. Quando completa 9 anos sua família se muda para Roma, na Itália, e Chico se despede da avó que fica no Brasil de forma convincente: “Vovó, você está muito velha e quando eu voltar eu não vou ver você mais, mas eu vou ser cantor de rádio e você poderá ligar o rádio do Céu, se sentir saudades”. No mesmo ano já compõe sua primeira marchinha de carnaval. Um dos primeiros incentivadores de Chico foi Vinicius de Morais, amigo de sua família e que se tornaria seu grande amigo e parceiro. (CHICO…, Op Cit.)

Em 1957 a família Buarque Hollanda retorna ao Brasil e 6 anos mais tarde Chico Buarque deu asas ao sonho da avó materna quando entra para a FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, que largou 3 anos depois do ingresso por causa da repressão que as universidades sofriam desde 1964, o inicio da Ditadura Militar no Brasil. (CHICO…, Op Cit.)

Considerado o marco zero de sua carreira, Chico apresentou-se pela primeira vez em um palco em 1964, em um show no Colégio Santa Cruz, com a música “Tem Mais Samba”, feita sob encomenda para o festival Balanço de Orfeu. (CHICO…, Op Cit.)

No inicio de sua carreira, em 1966, a canção “Tamandaré”, do disco Chico Buarque de Hollanda, gravado pela RGE no Rio de Janeiro, foi proibida após seis meses em cartaz no show “Meu Refrão” com Odete Lara e MPB-4, por ter frases ofensivas ao patrono da marinha, Almirante Joaquim Marques Lisboa. (CHICO…, Op Cit.)

“‘Seu Marquês’, ‘Seu’ Almirante/   Do semblante meio contrariado/  Que fazes parado/  No meio dessa nota de um cruzeiro rasgado/   ‘Seu Marquês’, ‘Seu’ Almirante/  Sei que antigamente era bem diferente/  Desculpe a liberdade/   E o samba sem maldade/ Deste Zé qualquer/ Perdão Marquês de Tamandaré” (HOLLANDA, 1966).

Figura 5 – Capa do primeiro LP de Chico Buarque (Fonte: Chico Buarque)

Em 1968 estudantes, artistas e intelectuais param a cidade do Rio de Janeiro para a Passeata dos Cem Mil, onde protestavam contra a Ditadura Militar. (PASSEATA dos Cem Mil, 2014)

Figura 6 – Chico Buarque na Passeata dos Cem Mil (Fonte: Jornalismo Educativo)

Em 1968 foi decretado o AI-5, onde uma de suas determinações era a censura sobre várias formas de cultura, e é então quando Chico Buarque foi exilado na Itália. (AI-5 o que é…, 2014)

”Eu saí do Brasil dia 2 de Janeiro de 69, o AI-5 foi 13 de Dezembro de 68, foi quando fechou tudo, teve a censura, os jornais, a prisão de uma porção de gente. Alguns dias entre o AI-5 e a minha partida, a gente não tinha muita noticia de nada, havia uma boataria solta. A gente se encontrava nos bares e a tal, fulano foi preso, fulano não foi. Eu fui detido de manhã pelos soldados lá pelo dia 20 de Dezembro, passei um dia no quartel e me soltaram, mas me deixaram com a recomendação de não deixar a cidade do Rio de Janeiro sem uma autorização expressa de um coronel, e tinha o telefone do Coronel Atila Moura Sales para consulta-lo para isso, e eu tinha marcado uma viagem para Cannes, um festival, e o lançamento de um Disco em Roma, então pedi essa autorização e ela foi dada. Fui para Cannes e em seguida fui para Roma com a intensão de ficar o tempo que durasse tudo, uma semana, quinze dias, no máximo. Recebendo as noticias de que estava acontecendo cada vez mais coisas esquisitas no Brasil, eu fui aconselhado a não voltar. Em determinado momento eu tive que tomar essa decisão. Eu com Marieta, minha mulher e tal. Como é que faz? Com nossa filha, ou nosso filho? Eu não sabia. ‘Vamos ficar aqui’. Não   havia mais segurança para eu voltar para o Brasil.” (CHICO, 2010).

Escrita por Chico Buarque de Hollanda no fim de 1967, e sob direção de José Celso Martinez Correa, a peça Roda Viva foi ferozmente censurada pelo censor Mario Russomano em 1968. (BIS! …, 2013)

A peça conta a história de um famoso cantor que toca de nome para agradar seus fãs. O personagem principal é uma figura pública manipulada pela indústria fonográfica trazendo uma reflexão sobre o consumo da sociedade. (BIS!…, Op Cit.)

Em carta, o referido censor mostra que, por determinação da Chefe da Censura Federal em São Paulo, foi, no dia 21 de Junho, assistir à peça e a considerou “de fato degradante e de certo modo até subversivo”. Mesmo que de forma impropriada e anti-ética, o censor demonstra sua opinião na carta no momento em que chama Chico Buarque de “seria um débil mental?” informando que este escreveu uma peça que fere a formação moral e a religião do espectador. O censor relata também as as falas dos personagens como “expressões pornográficas” e severas críticas feitas à política do país de modo inteligente a induzir o espectador a concordar com estas. (AÇÃO dos aparecidos…, 2011)

Figura 7 – Carta de censura à peça “Roda Viva” de Chico Buarque de Hollanda (Fonte: Os Aparecidos Políticos)

Em 1970, quando Chico retorna ao Brasil, envia a música “Apesar de Você” para a provação da censura, contando com que fosse vetada, mas para sua surpresa a canção foi liberada e gravada imediatamente. Após a venda de 100 mil cópias e se tornado um grande sucesso, um jornal comentou que a canção referia-se ao presidente Médici. O exercito brasileiro invadiu a fábrica da Philips recolhendo e destruindo todas as cópias do disco, apesar de terem se esquecido da matriz, que permaneceu intacta. (CHICO Buarque, 2014; A MÚSICA brasileira…, 2011)

Após a censura da peça “Calabar, ou o Elogio à Traição”, escrita em parceria com Ruy Guerra, Chico deu o nome “Calabar” ao seu novo disco de 1973, com a imagem do nome pichado em um muro na capa. Os censores acharam que a palavra pichada trazia um significado subversivo, e a censuraram também. (O CASO Calabar, 2014; MARCO da censura…, 2013; A MÚSICA brasileira…, 2011)

Figura 8 – Capa do Disco Calabar de Chico Buarque (Fonte: Por Todo Canto Livros)

Como forma de protesto, Chico Buarque trocou a capa por uma imagem totalmente em branco, sem nenhum escrito. Como o álbum trazia as canções da peça vetada, a grande maioria, escritas com Ruy Guerra, foram proibidas:

>> “Vence na Vida Quem Diz Sim: teve a letra totalmente censurada, e foi gravada apenas com o instrumental”;

>> “Ana de Amsterdam: teve vários trechos vetados”;

>> “Não Existe pecado Ao Sul do Equador: foi vetada, mas fez sucesso na voz de Ney Mato Grosso quando se tornou tema da novela global ‘Pecado Rasgado’, onde o verso ‘Vamos fazer um pecado safado debaixo do meu cobertor’, foi substituído por ‘Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor’“;

>> “Fado Tropical: teve versos declamados por Ruy Guerra proibidos”;

>> “Bárbara: teve a palavra ‘duas’, que se referia às personagens Ana de Amsterdam e Bárbara, cortada por sugerir a homossexualidade”. (A MÚSICA brasileira…, 2011)

Com tanto vetos, proibições e uma capa em branco, o disco “Calabar” foi um fracasso de vendas. A Philips recolheu todas as cópias e as relançou com uma imagem do artista na capa e o título de “Chico Canta”. (A MÚSICA…, Op Cit.)

Também em 1973, Chico lançou a música Cálice, em parceria com Gilberto Gil, onde, de forma metafórica, expressa claramente sua opinião sobre a repressão e os atos da Ditadura Militar, o sofrimento, a indignação e a discordância daquilo tudo. (A MÚSICA…, Op Cit.)

“Pai, afasta de mim esse cálice/ Pai, afasta de mim esse cálice/ Pai, afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue/ Como beber dessa bebida amarga/ Tragar a dor, engolir a labuta/ Mesmo calada a boca, resta o peito/ Silêncio na cidade não se escuta/ De que me vale ser filho da santa/ Melhor seria ser filho da outra/ Outra realidade menos morta/ Tanta mentira, tanta força bruta/ […] Como é difícil acordar calado/ Se na calada da noite eu me dano/ Quero lançar um grito desumano/ Que é uma maneira de ser escutado/ Esse silêncio todo me atordoa/ Atordoado eu permaneço atento/ Na arquibancada pra a qualquer momento/ Ver emergir o monstro da lagoa/ […] De muito gorda a porca já não anda/ De muito usada a faca já não corta/ Como é difícil, pai, abrir a porta/ Essa palavra presa na garganta/ Esse pileque homérico no mundo/ De que adianta ter boa vontade/ Mesmo calado o peito, resta a cuca/ Dos bêbados do centro da cidade/ […] Talvez o mundo não seja pequeno/ Nem seja a vida um fato consumado/ Quero inventar o meu próprio pecado/ Quero morrer do meu próprio veneno/ Quero perder de vez tua cabeça/ Minha cabeça perder teu juízo/ Quero cheirar fumaça de óleo diesel/ Me embriagar até que alguém me esqueça”  (HOLLANDA; GIL, 1973).

Chico Buarque e Gilberto Gil tiveram muito cuidado na hora de escrever Cálice., queriam de qualquer forma levar à população o que passavam dia a dia com a repressão dos militares, todo o sofrimento de ter que fugir para outro país, não poder falar o que queriam e, principalmente, alertar a população do que estava acontecendo no Brasil. Desta forma, por ser uma canção um tanto quanto complexa, “deciframos” cada verso, visando mostrar detalhadamente e de forma clara a ser entendida a mensagem passada pelos maiores compositores da MPB. Uma análise de discurso foi feita segundo o autor José Luíz Fiorin, para explicar as figuras de discurso.

A temática geral da música aborda os assuntos como liberdade, opressão, ditadura; já o plano de leitura é o modo de ler o texto, indicado pela recorrência de traços semânticos, que estabelecem a permanência de um efeito de sentido no discurso. O diálogo estabelecido na música é o interdiscursivo, onde “podemos descrever o acesso, pelo discurso em análise, a outros discursos presentes no contexto e no senso comum, numa espécie de diálogo, que confirma ou contradiz ideologicamente esse outro discurso.” (Fiorin, p. 26-27)

O sentido conotado é uma relação mútua entre duas coisas, um sentido secundário que se soma aos significados das palavras. São valores acrescidos, secundários, periféricos, que vêm implantar novos conteúdos aos signos da denotação.

A metáfora é um recurso conotado, que se apresenta como a substituição de palavra, por analogia, como uma comparação. É a transferência de uma palavra para outro plano de leitura, que não é o mesmo em que ela se encontra.

Por fim, o sentido explícito é de senso comum, de fácil entendimento, não deixa dúvidas. E o sentido implícito é o que fica nas entrelinhas, sendo necessário um conhecimento mais específico. (FIORIN, 2011)

Pai, afasta de mim esse cálice

Cálice, um diálogo interdiscursivo que, implicitamente, significa cale-se, se referindo á censura. Faz analogia, de modo implícito, entre a Paixão de Cristo – a agonia de Jesus (pai) no calvário – e o sofrimento vivido pela população durante o regime autoritário.

De vinho tinto de sangue

Na bíblia seria o sangue de Cristo; na música refere-se, num recurso metafórico, ao sangue das vítimas torturadas e desaparecidas durante a ditadura. Como beber dessa bebida amarga. Dificuldade de aceitar um quadro social onde a oposição é combatida de modo desumano, numa associação conotada com o gosto de uma bebida amarga.

Tragar a dor, engolir a labuta

Tragar a dor indica a imposição de uma situação de autoritarismo e violência física e moral. Engolir a labuta remete a ter que viver numa condição que não permite o direito de expressão dos trabalhadores.

Mesmo calada a boca, resta o peito

A expressão calada a boca confirma o sentido conotado de cálice (cale-se). Peito: coração, sentimento. Por resta compreende-se o tema da resistência, que indica esperança de mudança, inconformismo.

Silêncio na cidade não se escuta

As pessoas não se expressam, não podem se manifestar.

De que me vale ser filho da santa

Melhor seria ser filho da outra

As frases parecem referir-se, de modo conotado, à oposição boa conduta x má conduta, ou lícito x ilícito, indicando o plano de leitura da revolta.

Outra realidade menos morta

Morta é uma conotação que indica, considerando o contexto da época,  uma realidade onde as condições estão em disjunção com os significados possíveis de “vida”, entre eles a igualdade de direitos, a democracia, a expressão, etc.

Tanta mentira, tanta força bruta

A frase reforça, na repetição de tanta, os temas da desconfiança e da violência.

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Num jogo com as palavras calado/calada, as frases remetem à dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, apresentando, de modo subentendido, o tema do autoritarismo (me dano), que impede a expressão do povo.

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa

As frases tematizam a falta de direito à expressão e criam o sentido de uma voz sufocada, calada à força. Por desumano subentende-se uma crítica à conduta do governo. Atordoa indica a insatisfação com a situação e também pode ser uma referência implícita aos métodos de tortura e repressão usados para extrair a confissão das vítimas.

Atordoado eu permaneço atento

Na arquibancada pra a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa

Num plano de leitura do pessimismo, as frases tematizam a espera por uma situação pior, em que monstro da lagoa alude, implicitamente, ao governo militar.

De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Porca indica a conduta do governo, provavelmente referindo-se, implicitamente, à corrupção (gorda). Faca parece indicar o desgaste de uma conduta que se repete.

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

Em um tom de apelo a Deus, na palavra pai, o discurso tematiza as condições de repressão (porta fechada, palavra presa) e a situação caótica do contexto, associado a um pileque homérico, qualidade que enfatiza a intensidade.

De que adianta ter boa vontade

O discurso indica um plano de leitura da impossibilidade, de “mãos atadas”.

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade

Cuca provavelmente refere-se à parcela mais politizada, não alienada, da população. A comparação com os bêbados repete a referência anterior (pileques homéricos diante do contexto caótico), indicando os temas da repressão (calado) e da resistência (resta a cuca).

Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Num plano de leitura da dúvida, que considera a possibilidade da realidade vir a ser diferente, as frases remetem ao tema do inconformismo com a situação vigente.

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Sentido de autonomia, liberdade.

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

O trecho remete, possivelmente, à saída do governo militar do poder, na metáfora perder a tua cabeça. Mesmo sentido de perder teu juízo, no sentido de se livrar do julgo, do poder.

Quero cheirar fumaça de óleo diesel

Me embriagar até que alguém me esqueça

O final da música apresenta novamente um tom pessimista, tematizando o esquecimento para suportar/esquecer a realidade.

Apesar de todo o cuidado, os censores identificaram a mensagem que Chico e Gil tentavam passar e a canção foi censurada no mesmo ano, sendo proibida de ser gravada e cantada, tanto por Chico, quanto por Gil, “que desafiou a censura e a cantou em um show para estudantes em homenagem ao estudante de geologia da USP, Alexandre Vanucchi Leme, morto pela Ditadura”. (A MÚSICA brasileira…, 2011)

Já em 1974, Chico foi proibido de gravar canções próprias, então lançou o disco “Sinal Fechado” com canções de outros compositores. Após sofrer uma grande perseguição da Ditadura e de ter tantas canções vetadas, Chico Buarque cria os pseudônimos Julinho da Adelaide e Leonel Paiva. É com Julinho que Chico consegue passar pela censura com músicas de críticas inteligentes nas entrelinhas, como em “Jorge Maravilha”, onde no verso “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, Chico se refere ao presidente Geisel, quando sua filha Amália Lucy diz em entrevista que admirava as canções de Chico Buarque. (A MÚSICA brasileira…, 2011)

Em 1975 Chico Buarque de Hollanda se despede dos palcos, ficando 9 anos sem subir em um, limitando-se a eventos em beneficio de causas sociais. (CHICO Buarque, 2014)

Engana-se quem pensa que vetos e censuras eram apenas para canções, frases ou palavras que feriam os militares da Ditadura. Os censores proibiam até mesmo simples palavras, observando-as apenas no contexto em que aplicadas, se feriam a moral da população ou não. Um exemplo foi a música “Atrás da Porta” de Chico Buarque e Francis Hime, onde no verso “E me agarrei nos teus cabelos, nos teus pelos”, a palavra ‘pêlo’ teve de ser substituída por peito, umas vez que os censores achavam que a palavra era de caráter indecente. (A MÚSICA brasileira…, 2011)

Em 1978, com o fim da AI-5, Chico Buarque usou e abusou de suas canções censuradas pela Ditadura Militar, gravando “Cálice”, regravou “Apesar de Você”, escreveu novas músicas onde dizia tudo o que pensava sobre o governo, a moral imposta na sociedade, e principalmente o preconceito. Exemplo disso foram as canções “’Folhetim’ que descrevia uma prostituta, o ‘Geni e o Zepelim’ que falava de Genivaldo, um travesti da peça ‘A Ópera do Malandro’ e ‘Não Sonho Mais’, que falava de Eloína, também travesti na peça ‘A República dos assassinos’”. (A MÚSICA…, Op Cit.)

Concluindo este artigo que teve como objetivo mostrar como era a censura às músicas e como estas foram utilizadas na época da ditadura militar, foi possível mostrar sua importância na comunicação, já que com toda a censura não era mostrada a verdadeira realidade à população.

O estudo proposto neste artigo teve o intuito de mostrar como Chico Buarque de Hollanda fazia para alertar a população de demonstrar suas opiniões e indignação com assuntos relacionados com a Ditadura, como a repressão, por exemplo, nos fazendo pensar que, apesar de todos esses 50 anos, a música continua sendo forte ferramenta de comunicação, conscientização e expressão de opinião, uma vez que chega a todas as comunidades e grupos sociais.

Foi feita a análise da canção Cálice, uma composição de Chico Buarque e Gilberto Gil, que diz bastante sobre o que os artistas da época passavam com a repressão dos militares e toda a censura. Chico, assim como vários outros compositores, usaram de uma privilegiada inteligência e dom com as palavras nas canções para criar músicas e versos com duplo sentindo, de forma que não fossem vetados pelos censores com as palavras utilizadas mas levavam suas mensagens à população, tentando mostrar-lhes o que vivam diariamente no governo militar da época. (Observatório da Imprensa)
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SECRETÁRIO DA CCR, ALMACKS LUIZ SILVA PARTICIPA DE REUNIÃO SOBRE SEGURANÇA DE BARRAGENS, EM BRASÍLIA

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) fez a estreia como membro titular de Câmara Técnica de Segurança de Barragens do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) em reunião realizada dias 13 e 14 de fevereiro, em Brasília (DF). O CBHSF foi representado pelo secretário da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Submédio São Francisco, Almacks Luiz Silva.

Na pauta do encontro, a apresentação da nova estrutura e atributos do CNRH, além dos aspectos e das competências da Câmara Técnica de Segurança de Barragens, recém-criada. Houve ainda a eleição para a presidência da nova Câmara, com a escolha da funcionária do Ministério do Desenvolvimento Regional, Cristiane ColletBattiston.

Durante o encontro também foi apresentado o Relatório de Segurança de Barragens 2018 (RSB 2018), elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA). Houve ainda a formação do Grupo de Trabalho de Análise do RSB 2018, com a definição da coordenação, relatoria e prazos.

Por sugestão de Almacks, representante do CBHSF, a Câmara Técnica de Segurança de Barragens solicitou aos representantes da Agência Nacional das Águas (ANA) presentes à reunião que fosse modificado o modelo de divulgação do RSB 2018 para um formato mais legível, que facilite a leitura.

Almacks comenta que houve um consenso entre os integrantes da Câmara Técnica de que não é possível apresentar o Relatório de Barragens de 2018 neste ano de 2020. “Precisamos avançar para que encontremos um modelo no qual, no mínimo, as barragens problemáticas identificadas e cadastradas no Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) sejam informadas à sociedade com dados relacionados a 2019. Não é cabível apresentar dados de dois anos atrás. A atualização desses dados é difícil, porém urgente e necessária”, destaca.

Outro item da pauta foi a apresentação das atividades de Grupo de Trabalho sobre Segurança de Barragens instituído no âmbito do CNRH. Além da apresentação do processo de elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) para o período de 2021 a 2040 e a apresentação da agenda de trabalho e temas a serem debatidos pela Câmara Técnica. (Fonte: CHBSF *Texto e fotos: Iara Vidal )

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ARTESÃ ANA DAS CARRANCAS COMPLETARIA NESTA TERÇA-FEIRA 97 ANOS

Ana Leopoldina Santos, conhecida como Ana das Carrancas, filha de artesã e agricultor, nasceu no dia 18 de fevereiro de 1923, em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, Pernambuco. Completaria nesta terça feira 18, o seus 97 anos de vida.

O professor, jornalista e biógrafo da artesa, escreveu em sua página de Facebook que "Ana das Carrancas e Zé Vicente festejando no céu com muito baião o aniversário da Dama do Barro. Hoje seriam 97 anos de vida de Ana Leopoldina. Sua arte segue em vida mundo a fora. A mulher sertaneja mais guerreira que conheci na arte, na garra e fé. Daquelas que Milton Nascimento  disse ser das Marias que merecem viver e amar como outra qualquer do planeta. O centenário vem aí com muitas novidades que serão antecipadas dois anos antes".

Na sua infância tinha o barro como atrativo para suas brincadeiras. Aos sete anos de idade começou a fazer panelas, potes, brinquedos, boi-zebus, cavalinhos e santos para a lapinha, para ajudar a sua mãe, que há muito tempo confeccionava utensílios de barro e vendia na feira, para garantir o sustento da família.

Ana casou-se aos 22 anos com um pedreiro, mas ficou viúva muito cedo. Desta união restaram duas filhas. Passando-se pouco mais de um ano, ela casou-se novamente com José Vicente de Barros, o seu atual marido. Ana contava que devido às dificuldades financeiras em que vivia, mudou-se para a cidade de Petrolina, em busca de melhoria de vida. Por ser devota de São Francisco das Chagas e Padre Cícero, pediu a esses Santos que lhes mostrassem uma forma de ganhar dinheiro.

No dia seguinte, foi até o rio São Francisco buscar barro para fazer panelas. Diante da imensidão das águas, sentiu uma forte inspiração, ao ver as carrancas de madeira multicoloridas das barcaças que aportavam às margens do rio São Francisco. Ainda no rio confeccionou sua primeira carranca de pequeno tamanho. Levou-a para casa, onde todos gostaram e aprovaram a idéia. Daí em diante, além dos potes, das panelas e jarras que já fazia, passou a confeccionar carrancas de barro em grande quantidade.

Diante da grande demanda tentou formar um grupo de mulheres ceramistas, mas não deu certo. Então, limitou-se a trabalhar apenas com a família, as irmãs, Maria José e Antonia dos Santos, as sobrinhas Maria dos Anjos e Dulcinéia, a filha Maria da Cruz, o marido José Vicente e a sua mãe e mestra Maria Leopoldina.

Segundo Ana das Carrancas o processo para a confeccão das peças de barro era muito trabalhoso, indo desde a retirada do barro no leito do rio, a meio metro de profundidade, passando pelo cozimento, a curtição que dura três dias, o amassamento e por fim a modelagem. É um trabalho que exige muito amor e dedicação do artesão.

As obras de arte de Ana das Carrancas são peças criadas no estilo próprio da artesã, com formas simples, primitivas e com um detalhe: possuem os olhos vazados, em homenagem ao marido, José Vicente, que é cego, e sempre participou ativamente de seus trabalhos, fazendo os bolos de barro para a confeccão das peças.

Em toda sua história de carranqueira teve oportunidade de participar de feiras e exposições em vários estados brasileiros, e suas peças são reconhecidas internacionalmente, principalmente na Europa.

A família mantem o legado de Anas das Carracas e Zé Vicente. As artesãs Maria da Cruz e Angela são guardiães da arte.

Ana das Carrancas faleceu em 1º de outubro de 2008, na cidade de Petrolina, Pernambuco.
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