Jovens de Juazeiro e Petrolina realizam ato na segunda (25) em busca de emprego, grupo se inspira na atitude de Maryane

Inspirados na atitude de Maryane Nascimento que conseguiu uma vaga de emprego após expor um cartaz no centro de Juazeiro durante a quarta-feira de cinzas e assim garantir uma vaga com carteira assinada na empresa Pará Madeiras, dezenas de jovens farão na segunda-feira (25), um ato semelhante em busca de emprego. 

Em Juazeiro o ato terá concentração na Praça da Catedral a partir das 13hs. No lado esquerdo do rio São Francisco, em Petrolina o grupo fará a ação também às 13hs na Praça da Igreja Catedral.

O ato é denominado "Cartazes Escritos Juazeiro e Petrolina", grupo criado na rede social que já conta com quase 200 participantes. A proposta surgiu com amigas e amigos desempregados que resolveram através da rede social criar um grupo e buscar emprego e trocar idéias.

A proposta de acordo com Itala Nadir, desempregada há 1 ano é sensibilizar o empresariado local e também chamar a atenção das autoridades e políticos que precisam garantir vagas de empregos para os jovens. Itala tem o segundo grau completo e conta que a idéia do ato foi encorajado pela recente atitude de Maryane. 

"Ela nos empoderou mais ainda com a atitude positiva. Antes as pessoas tinham vergonha de mostrar o sentimento de aflição e medo do desemprego e então nosso grupo resolveu ir as ruas e pedir emprego e mostrar a situação que precisa melhorar", diz Itala.

Dados do IBGE revelam o impacto maior do desemprego atinge a população mais jovem. “Hoje em dia não está fácil para ninguém arranjar emprego. Ainda mais para o jovem que não tem experiência nenhuma. Isto tem que mudar", avalia Itala.

O otimismo e a determinação fizeram a diferença para a Maryane e temos certeza que a partir de segunda mudará o rumo da história também para nós", finalizou Itala.

Na sexta-feira (22) o tema desemprego foi um dos assuntos do Programa da TV Globo com Fátima Bernardes. Ela  recebeu a jovem Maryane, nascida em Juazeiro, Bahia que fez muito sucesso na internet com uma imagem em que ela aparece com um cartaz escrito: "Estou precisando de emprego. Você poderia me ajudar?". Cansada de viver sem uma resposta de trabalho, Maryane resolveu ter essa atitude para ver se conseguia ter sua carteira assinada. 

Após contar sua história, Maryane se emocionou no palco do programa, durante a apresentação do cantor Xande de Pilares, que interpretou a música Clareou Gratidão. Maryane foi elogiada pela atitude em busca de dignidade e coragem, determinação. O psicologo Rossandro Klingey avaliou o ato da jovem diante dos desafios impostos com a falta de emprego.

"Nunca trabalhei com carteira assinada. Na verdade, as responsabilidades começaram a cobrar e tive que correr atrás, ainda mais quando se tem um filho. Só os bicos não resolvem."

Foi então que, após ver imagem semelhante na internet, ela foi para um sinal de Juazeiro (BA) e ficou segurando o cartaz por cinco horas. A curiosa atitude deu certo! A jovem foi procurada por empresas, ainda no dia e, segundo ela, apareceu mais de 400 oportunidades.

"Escolhi um lugar bem estratégico. Meus pais e irmãs estavam viajando na hora. Escolhi não falar pra ninguém para dar certo. Acredito que a opinião das pessoas podem influenciar, deixar você fraco e forte ao mesmo tempo. Fiquei no sinal por cinco horas e, ainda no local, meu telefone começou a tocar. Em casa tocou muito mais, peguei um caderno e anotei os nomes das empresas, contei 473 ofertas de emprego".

A jovem não só teve a carteira assinada pela Pará Madeiras, como ainda arrumou emprego para a irmã e a amiga. Maryane está servindo de inspiração para outras pessoas. Por essa razão um grupo de mulheres de Juazeiro vão se reunir numa praça para também pedir emprego com um cartaz.
Nenhum comentário

Maryane participa do programa rede nacional e recebe elogios em busca da dignidade trabalhista

Um dos assuntos abordados pelo Encontro nesta sexta, 22/3, foi o desemprego que afeta milhões de brasileiros. Fátima Bernardes recebeu a jovem Maryane, nascida em Juazeiro, Bahia que fez muito sucesso na internet com uma imagem em que ela aparece com um cartaz escrito: "Estou precisando de emprego. Você poderia me ajudar?". Cansada de viver sem uma resposta de trabalho, Maryane resolveu ter essa atitude para ver se conseguia ter sua carteira assinada.

Após contar sua história, Maryane se emocionou no palco do programa, durante a apresentação do cantor Xande de Pilares, que interpretou a música Clareou Gratidão

"Nunca trabalhei com carteira assinada. Na verdade, as responsabilidades começaram a cobrar e tive que correr atrás, ainda mais quando se tem um filho. Só os bicos não resolvem."

Foi então que, após ver imagem semelhante na internet, ela foi para um sinal de Juazeiro (BA) e ficou segurando o cartaz por cinco horas. A curiosa atitude deu certo! A jovem foi procurada por empresas, ainda no dia e, segundo ela, apareceu mais de 400 oportunidades.

"Escolhi um lugar bem estratégico. Meus pais e irmãs estavam viajando na hora. Escolhi não falar pra ninguém para dar certo. Acredito que a opinião das pessoas podem influenciar, deixar você fraco e forte ao mesmo tempo. Fiquei no sinal por cinco horas e, ainda no local, meu telefone começou a tocar. Em casa tocou muito mais, peguei um caderno e anotei os nomes das empresas, contei 473 ofertas de emprego".

A jovem não só teve a carteira assinada pela Pará Madeiras, como ainda arrumou emprego para a irmã e a amiga. Maryane está servindo de inspiração para outras pessoas. Um grupo de mulheres de Juazeiro vão se reunir numa praça para também pedir emprego com um cartaz.

Nenhum comentário

Laurus: o derramamento de um eu em memórias – passado e presente em diálogo

Diz a sabedoria universal que o homem se faz completo quando dá existência a um filho, planta uma árvore e produz um livro. Coerente a asserção, pois aí está o ideal de semente, e, portanto, de perpetuação. Certamente, o filho, a árvore, o livro sobrevivem ao tempo e seguem suas multiplicações.  
      
Recorri ao Dicionário Latino-Português de Airto Coelin Montagner e Amós Coelho da Silva – meus ex-professores. O primeiro, muito próximo, amigo, e hoje, compadre. Tempos da velha Universidade do Estado do Rio de Janeiro – e lá o verbete está vivo, possante, imponente: Laurus. Loureiro. Louro. Coroa de flores. Triunfo. Vitória. 

Loureiro é árvore forte, vital, milenar, arraigada ao solo, firme, majestosa. Da simplicidade de suas folhagens procede a tradição do coroar atribuído aos gregos. Atletas das mais variegadas modalidades, fortes, vencedores, se deixavam aureolar de louro.

Laurus, “filho” das entranhas poéticas de Clarissa Loureiro, tem sustentação na busca pela origem, pela matriz, no sentido mesmo da investigação do “quem sou”, para a continuidade, a afirmação, o enraizamento dos Loureiro, na ânsia do não se perder. A ascendência, o tronco familiar, o passado lá estão como perguntas não somente para encontrar a resposta, mas para encontrá-la e mantê-la. Mantê-la, e não preservá-la, pois preservar denota o que se estar a perder. Constata-se na narrativa a procura pela perenidade que se confirma no ancestral. Prenhe do simbólico, o romance transita por culturas como a grega, a oriental, a judaico-cristã e a brasileira, com incursões em suas mitologias como representação do buscar e do guardar.  

Mircea Eliade assevera: “Toda história mítica que relata a origem de alguma coisa pressupõe e prolonga a cosmogonia. Do ponto de vista da estrutura, os mitos de origem homologam-se ao mito cosmogônico” (p. 25). A cosmogonia tanto explicita a possível busca do universo, do Cosmo e da nossa origem no mundo, naquele sentido mais abrangente, como de nosso universo particular, de nossa família, de nossa casa. Buscar a origem particular é sair à nossa busca, nosso enraizamento. É nesse enraizamento que estão a estrutura, a sustentação, o profundo reconhecimento de nós mesmos. 

Em seu Laurus, Clarissa, esta busca se dá em:
A Casa Grande está começando a acordar com suas vozes e hábitos. E eu e Kanã finalmente nos aproximamos dela num alvorecer suplicado pelos ancestrais Loureiro. Dentro do silêncio de uma terra envelhecida pelo esquecimento, as vozes começam a se misturar dentro de mim. E uma pluma começa a sair vagarosamente de minhas asas, fundindo-se às folhas secas e amareladas que se dispersam ao vento, quando meus pés tocam pela primeira vez o chão sujo daquela varanda da Casa Grande (Laurus, p. 21-22).

Na verdade, com o acordar da casa grande, para a qual se volta não por um caminho, mas por caminhos, há um despertamento das personagens de sono da perda, do esquecimento, que agora se fazem procura em súplica pelos ancestrais. As vozes que se misturam no dentro da personagem são às de outro tempo, àquele de antanho que grita no homem. Voz que é a do passado, mas também do presente. 

Uma voz que grita por e para se guardar memória e outra que grita, apela em nós, para que façamos isto: procurar e guardar, de fato, a memória. Tocar o chão da casa grande é tocar a grande casa que devemos arrastar conosco: nossa ancestralidade que justifica quem somos hoje e até o que seremos. O chão sujo daquela varanda é a marca que não deve apagar. É a impregnação, a marca, a memória.

Kanã, para alguns, bobo, para outros, um alienado, no entanto, tio amado para a personagem que com ele investe na procura, de início representa marcas que não somente remetem à vida quanto ao tempo. Emblemáticas marcas que se dão, a meu ver, por dois vieses, um a reverberar a vida, o outro, o tempo pretérito a que não se deve olvidar:

Atrás dele, o céu desenhava de vermelho e cinza uma coroa de louros, que pousava delicadamente sobre seus cabelos. Baixei os olhos, ainda tonto de tanta cor, e sussurrei: “Por que?”. Ele sorriu com a alegria de uma notícia dada entre crianças: “Sua avó quer” (Laurus, p. 20)

O amálgama vermelho-cinza dá as pistas, com o vermelho a lembrar a vida em seus agoras. O cinza leva ao passado que não apenas o traz, mas referenda a origem. O passado, com apelo na afirmação familiar, traz o tio, (descendência), que se sustenta na avó (ascendência), para a resposta precisa à indagação de quem não continha a gargalhada: Sua avó quer. Neste Sua avó quer está o grito do passado para o presente: guarde. 

O mar, arquétipo de ambientação litorânea, não necessariamente representa a cidade grande, mas quase sempre, a simbologia do moderno, do avanço, do mais contíguo à civilização urbana. O açude, diametralmente oposto, é modelo do interiorano, do afastado, mas pertencente, a uma civilização, a rural. Em carro antigo, partem ao interior, vão para dentro Kanã e o outro.

 O deslocamento do eu de fora (mar) para o eu de dentro (açude), só podia se revelar no paradoxal carro antigo a conduzir os novos ao velho (tradição). A busca por este interior, por este dentro se faz na simbologia do carro antigo e naquela do afastado para o distante: “Entre o mar e o açude, há um universo de cores inusitadas. O carro antigo se deixa levar estrada afora como um barco carregado pela brisa” (p. 21). O carro antigo, moto contínuo, não estagna.

Narrativa bakhtiniana, naquele sentido de que o romance evolui, Laurus pode se enquadrar ainda naquilo a que nos anos de 1970, o francês Serge Doubrovski cunhou de autoficção, lançando mão da estratégia autoficcional baseada na construção polifônica de vozes e nas diferentes perspectivas narrativas (AZEVEDO, 2008, p. 37).

Em Laurus há essa polifonia de vozes, por meio da qual havemos de constatar, tanto o presente da narrativa quanto aquilo que resulta procura do passado por vários ângulos de tempo e espaço: o curral, as botas de Hermes a batucar a cantiga das mulheres com bacias à cabeça, a estrada, pela qual se vai e vem, a casa grande, sua varanda, a figura da avó, (marca de outros tempo e espaço), o velho automóvel, com seus passageiros joviais (outra perspectiva do tempo), como busca por autoconhecimento. 

O contar, no entanto, no romance novo de Clarissa Loureiro, pelo viés do auto-olhar, por mais verdadeiro, é fingimento pessoano, uma vez que aquilo que achamos que somos, não somos, pois nos falta, como nos diz Doubrovski. E nos falta muito. Fingimos a dor, mas esta vai além de nós, fingimos a alegria ou a tristeza, mas estas vão além de nós. 

Serge Doubrovski, citado por (Laouyen, s. d) afirma que autoficção inscreve-se na fenda aberta pela constatação de que todo contar de si, reminiscência ou não, é ficcionalizante, e que todo desejo de ser sincero é uma fraude: “eu me falto, ao longo de mim”, reforça o romancista francês. O desejo de ser sincero é uma fraude não no sentido daquilo que não é verdadeiro, mas naquilo que não completamos, pois não somos completos ao longo de nossa vida. Há muito de nós do complexo de Dédalo, já que criamos nosso labirinto, nos perdemos nele, mas o desafiamos ao criar asas à fuga, e de novo, nos perder no voo. Não nos completamos, precisamos fingir e havemos de fazê-lo para não enlouquecer. 

Matutemos no eu biográfico para percebermos como temos de fingir: 
A autoficção é entendida, então, como um apagamento do eu biográfico, capaz de se constituir apenas nos deslizamentos de seu próprio esforço por contar-se como um eu, por meio da experiência de produzir-se textualmente. Eu descentralizado, eu em falta que preenche os vazios do semioculto com as sinceridades forjadas que escreve (AZEVEDO, p. 36).

Pensemos ainda com Azevedo, que anota:
Aqui, arriscaríamos a dizer que a instabilidade mesma do desmascaramento já provado pela autobiografia é desdobrada na reconciliação com a figura do autor que superou o paradigma da morte: do sujeito, do autor. Nesse sentido, se a desconstrução da ilusão referencial foi necessária, agora podemos fazer as pazes não para restabelecer qualquer centro orientador, mas para investir no jogo de continuar representando (AZEVEDO, p. 38).

Em seu Laurus Clarissa Loureiro/personagem representa muito bem, porque a representação é própria da arte, pela poesia, pelo romance, pelo conto. O autor se mascara por trás do narrador, que aparentemente nos confunde, mas ao leitor atento cabe separar, perceber, observar as entrelinhas, entrever as malícias do texto, limpar “os óculos”, como aconselha o narrador de Brás Cubas, ele próprio. Nas palavras do narrador de Laurus, a constatação: “A serenidade é a máscara dos sábios para ocultar suas dores mais profundas” (p. 29). 

As vozes de um tempo, “daquele tempo, como escrevera Manuel Bandeira, no seu “Profundamente”, estão no ensurdecido silêncio da terra-mãe, daquela que guarda a origem, a ancestralidade: terra envelhecida pelo esquecimento (Laurus, p. 21) e que se vai resgatar, porque vozes assombram, mas assomam de um dentro, de um eu que se avizinha das memórias para buscá-las. Repare-se no que diz o narrador quanto à memória rediviva: “Vó, [...] Lembre-se que eu não sou eu. Sou eu dentro de você. A minha existência está filtrada na sua. Minhas lembranças estão presentificadas nas suas” (pp. 36-37). 

Para quase encerrar, lembremos Carlos Drummond de Andrade com seus “Mortos de sobrecasaca” que dizem bem de Laurus e suas reminiscência, e mais, da vida que há nisto tudo, apesar do passado, apesar da morte, embora o tempo, pois a vida arde quando as memórias vêm á tona. E vêm. Vamos ao poeta de Itabira:
Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,
alto de muitos metros e velho de infinitos minutos,
em que todos se debruçavam
na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.
Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes
e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.
Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava
que rebentava daquelas páginas (Antologia poética, 268).
Os mitos dos primórdios em Laurus “rebentam” como em Manuel Bandeira no seu “Profundamente”:
[...]

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente (Estrela da vida inteira, p. 111).

E para encerrar, de verdade, ouso afirmar, Clarissa, que Laurus é, em boa e certa medida, todos nós, leitores, no instante mesmo em que há a identificação leitor-obra. Lançada ao mundo a obra passa a ser também o leitor e este a completa em seus vazios, brechas, entrelinhas. Lamento por sua perda-ganho. 

Não estava errado Gustave Flaubert quando diante de seus juízes-algozes, moralistas. – que o acusavam de ofender a moral e a religião, com sua Emma Bovary –, ao responder altaneiro, sem medo, com a inteligência dos sábios e até a fingir sobre quem lhe inspirara o romance: “Emma Bovary sou eu”. Defendeu-se, foi absolvido pelo tribunal puritano da de sua época. Ganhou a liberdade. 

Eis por que Laurus, em uma de suas ilustrações, é representado com asas, senhora Clarissa Loureiro. Minha senhora Clarissa Loureiro.

Fonte: Professor Simão Pedro dos Santos Petrolina-PE, 16 de março de 2019.

Nenhum comentário

HILDEBERTO BARBOSA FILHO LANÇA LIVRO E REFLETE SOBRE OBRA POÉTICA

Num espaço onde circulam todas as tribos — o Bar Baiano, nos Bancários — o poeta Hildeberto Barbosa Filho lança seu novo livro de poesias, As Palavras Me Escrevem. O jornalista Suenio Campos de Lucena, da Bahia, também estará em cena, lançando seu primeiro romance: Histórias de Júlia. 

“Sempre gostei de lançar meus livros em bares ou livrarias. Não gosto de ambientes solenes e formais. Detesto mesmo toda convenção social. Gosto de beber, da boemia, de andar de sandálias, roupas velhas e folgadas. Sou contra gravata, paletó e outras baboseiras com que muitos se comprazem. Bar, para mi, é sempre ambiente cultural”, anuncia o poeta.

Os vocábulos que vestem o poeta Hildeberto, não nascem do espanto, sequer da agonia, eles o acordam todos os dias. “Poema é perplexidade maturada no corpo da linguagem. Cada palavra, um estilhaço de sangue palpitando por entre as vértebras da vida”.

Não é hoje que signos do bem e do mal permeiam a poesia de Hildeberto Barbosa Filho. Não que os temas traduzam ou denunciem hecatombes, ou o ataque rotineiro à hipocrisia dos salões. A produção atual avança nesse sentido de desnudar concebida no exato momento em que é plasmada.

“Não concebo o bem sem o mal, e vice e versa, numa dialética da qual a poesia se apropria para gerar os cardumes do poema. Tudo que existe, existe porque existe seu avesso dentro dele. Com o poema não é diferente”, reflete.

‘TODO POEMA É ERÓTICO’: A mulher, os prazeres, a morte, pássaros e cavalos estão sempre inseridos nos seus versos. “São motivos recorrentes em minha trajetória poética, desde A Geometria da Paixão (1986)”. Em As Palavras Me Escrevem, Hildeberto apresenta 55 poemas. “Os poemas não têm título. Aliás, penso o livro como um poema só. Um macrotexto, ou seja, uma pequena sinfonia em que os motivos se tocam, ora num compasso ascendente, ora numa cadência em declínio. Seus atores principais são as palavras, a morte e o amor”, avisa.

O abismo do idioma tem feito do poeta um prisioneiro do amor que ata e desata. “Sou poeta de ímpetos. Grosso modo, o poema me chega nas ocasiões mais diversas. Chega como um relâmpago enfurecido e me vejo, de repente, mergulhado no transe mágico da poesia. É assim que eles brotam. No entanto, também experimento o momento racional. Trabalho muito a linguagem depois, em busca da forma estética, o que imprime a verdade e o valor do poema”.

Afinal, qual é a novidade desse novo livro de Hidelberto? “O poema, em sendo bom poema, é novidade que é sempre novidade, dizia Ezra Pound. Penso, no entanto, que, ao longo desses 50 anos de exercício poético, venho como que escrevendo e reescrevendo o mesmo poema, uma espécie de arquipoema em que os temas, tons e timbres circulam na mesma esfera significativa em variações diferentes, porém, disciplinadas pela mesma tensão estética e pela mesma pavimentação estilística”, responde.

Hildeberto também reflete sobre o quanto há dele em seus poemas, o quanto se desnuda neles. “Um desnudar-se enviesado, oblíquo, ambivalente. Acredito que no poema, eu sou eu, sim, mas sobretudo sou o outro, ou os outros que me habitam na luta feroz da sensibilidade e da imaginação. Se o poema, em certo sentido, é autobiografia, é também, num sentido, diria mais agudo, pura fantasia”.

Nunca pensou em escrever poemas eróticos? “Todo poema, para mim, é erótico”, afirma. “Octavio Paz diz que a poesia é a erotização da linguagem. Por outro lado, penso que o ato amoroso é a verbalização poética por excelência”.

Julia. Suênio Campos de Lucena, que também lança livro hoje, no Bar do Baiano, pela mesma Mondrongo, é jornalista e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A história de seu romance é centrada em uma menina de 17 anos apaixonada por livros, mas que tem um choque de realidade quando flagra o prefeito de sua cidadezinha comtevendo assédio contra a própria filha, que é sua amiga.

A trama se passa nos anos 1980 e faz muitas referências a livros e filmes. Ela tenta ajudar a amiga através de uma carta que segue um modelo que está em A Cor Púpura, por exemplo. Mas as coisas não saem como o esperado.

Fonte: Kubitschek Pinheiro Correio da Paraiba
Nenhum comentário

22 de Março dia Mundial da Água. Preservar é urgente e preciso

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado à discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

Declaração Universal dos Direitos da Água:
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. 

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem. 

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia. 

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam. 

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras. 

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

 Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída e nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado. 

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social. 

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra. 


Nenhum comentário

Usina Solar Fotovoltaica é instalada no Lago de Sobradinho e reforça necessidade de pesquisa sobre energia limpa

Começando o ano com uma realidade bem diferente de 2018, o reservatório de Sobradinho, no Norte da Bahia, deixa a região em uma situação mais confortável. No início do ano passado contava com 13,59% do seu volume útil, e em janeiro de 2019 o lago armazena 35,76% da sua capacidade. 

Não é muito, mas já muda o cenário dos últimos tempos e essa não é a única novidade que é possível notar em um dos maiores lagos artificiais do mundo: é na sua superfície que está instalada a Planta Solar Fotovoltaica criada a partir do Projeto de Pesquisa & Desenvolvimento para implantação do Centro de Referência em Energia Solar de Petrolina (CRESP).

A usina flutuante consiste na implantação de diversos sistemas e componentes que além de subsidiar pesquisas do potencial energético da região visa também agregar energia às atuais fontes de geração. O projeto, no âmbito do P&D+I (Pesquisa e Desenvolvimento + Inovação), objetiva resultados mediante estudos técnicos, simulações e análises operacionais. 

Segundo o Diretor de Operação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), João Henrique de Araújo Franklin Neto, no projeto para o Lago de Sobradinho estão previstas uma planta de 1MWp (Megawatt-pico) e, na sequência, uma planta de 4MWp, com investimento total da ordem de R$ 56 milhões. O recurso é oriundo da carteira Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de P&D+I da Chesf, empresa responsável pela instalação, fiscalização e operação.

Na fase de medições, etapas de 1MWp e 4MWp, estão contemplados os campos de avaliação respectivos ao Meio Ambiente; Irradiação Solar; Produção de Energia; Estudos Comparativos; Operação e Manutenção; Perdas Elétricas; entre outros. Na primeira etapa do projeto a capacidade de geração anual da usina flutuante 1MWp é da ordem de 1.752.000kWh (Quilowatt-hora), equivalente ao consumo anual de 1.460 residências, com consumo anual de energia de 1.200kWh. 

Já a usina flutuante de 4MWp tem a capacidade de geração de 7.008.000kWh (equivalente ao consumo de 5.840 residências, também com consumo anual de energia de 1.200kWh). Ao final do projeto a capacidade de geração anual pretendida é da ordem de 8.760.000kWh.

O sistema tem as placas (painéis fotovoltaicos) instaladas sobre flutuadores semi-submersos e é composto por ancoragem, por meio de portas de concreto, cabos e boias; flutuadores primários (para fixação dos painéis fotovoltaicos); flutuadores secundários (para circulação); caixas de conexão; cabos de força e controle; eletrocentro; rede de média tensão; e interligação. 

Ainda de acordo com o Diretor de Operações, a escolha da região do Lago de Sobradinho para sediar o projeto considerou as condições climáticas. “A escolha se deu após análises das condições de instalação da usina flutuante, dados meteorológicos, conexão, escoamento da energia gerada e proximidade com outros projetos e centro de pesquisa”, explicou.

Os resultados do projeto serão divulgados e têm a função de, entre outros aspectos, contribuir com estudos científicos e projetos em desenvolvimento para geração de energia por fonte solar. O estudo também irá avaliar os impactos ambientais desses equipamentos.

“Assim como a bacia do São Francisco estamos em uma região privilegiada por sua capacidade de geração de riquezas seja pela sua produção, seja pelos nossos recursos. Recursos esses que devem ser protegidos e esse é o papel do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco que vem acompanhando sempre de perto novas iniciativas que podem contribuir com a sua preservação, como o estudo que vem sendo desenvolvido através da geração de energia solar”, afirmou o Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Julianeli Lima.

Fonte: CHBSF
Nenhum comentário

Perda de status de país livre de sarampo é retrocesso, diz pediatra

A perda do status de país livre do sarampo representa um retrocesso para o Brasil e as Américas, segundo avaliação da vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai. O anúncio de que o país vai perder o certificado de eliminação da doença foi feito pelo próprio Ministério da Saúde esta semana, após a confirmação de um caso no Pará, no fim de fevereiro.

“É triste ver voltar uma doença que já foi uma das principais causas de mortalidade infantil. A vacinação contra o sarampo mudou a mortalidade infantil, fez cair a mortalidade infantil. Conversando com um grupo de médicos como eu, que vi o sarampo, assinei muito atestado de óbito de criança que morreu por sarampo, ver a doença voltar é, sem dúvida alguma, um retrocesso que não precisava existir”, disse.

Em entrevista à Agência Brasil, a pediatra, que atua há mais de 30 anos na área de imunização, defendeu estratégias com foco na comunicação com a população e na capacitação de profissionais. Ela lembrou que, apesar das baixas taxas de cobertura, a dose contra o sarampo sempre esteve disponível nos postos de saúde.

“Todos os anos, a gente tem a campanha de atualização da caderneta de vacinação. Antigamente, era uma campanha só para o sarampo. Agora, passou a ser um dia para atualizar todas as doses em atraso.”

A especialista afirmou que é necessário resgatar a memória sobre a importância da vacina na imunização e a compreensão de que, mesmo não tendo a doença, se parar de vacinar, o mal pode voltar.

“Parece que as pessoas hoje prestam mais atenção em fake news, numa informação que não é verdadeira, e não valorizam a doença. Antigamente, quando o ministério fazia uma campanha contra o sarampo, as famílias iam correndo porque viam os amiguinhos dos filhos morrerem ou adoecerem por sarampo. Hoje em dia, ninguém mais vê sarampo.”

Para Isabella Ballalai, o Brasil tem chance de reverter o quadro de surto de sarampo e reconquistar a condição de país livre da doença. Segundo ela, o brasileiro, em geral, acredita nas vacinas, mas precisa ser mais bem informado e ter maior facilidade no momento de acessar a dose.

A pediatra destacou que o país conta atualmente com cerca de 36 mil salas de vacinação na rede pública, mas o funcionamento desses locais precisa ser revisto.

“Os postos ainda funcionam em horário comercial e param para almoço. Precisamos rever isso porque as famílias trabalham. Na realidade, o que a gente precisa é parar o que está sendo feito e rever como fazer. Vacina a gente tem. Sala de vacinação a gente tem. Brasileiros que acreditam em vacinação são maioria. O antivacinismo não é um problema grande no Brasil, é muito pequeno e não é esse o motivo que faz com que as pessoas não se vacinem.”

A vice-presidente da SBIm reforçou que a vacinação contra o sarampo, em particular, não é prevista apenas para crianças – adultos até 49 anos também precisam ser imunizados. No Amazonas, segundo ela, a maior parte dos casos foi identificado em adultos, não em crianças. Esse, na avaliação da especialista, é outro grande desafio na busca pelo certificado de eliminação da doença.

“A gente precisa ter a população adulta vacinada. O ministério oferece a vacina gratuitamente para eles. Essa comunicação é a mais difícil de ser entendida – fazer essas pessoas irem tomar vacina. Não é vacina de criança, é vacina de todos nós. O sarampo é mais grave em adultos do que em crianças, e o adulto ainda transmite para a criança que não está vacinada. A gente precisa vacinar, pelo menos, todos até os 49 anos de idade”, afirmou.

De 1º de janeiro a 19 de março deste ano, foram confirmados laboratorialmente 28 casos de sarampo em dois estados do Brasil, sendo 23 no Pará e cinco no Amazonas. Os casos, de acordo com o Ministério da Saúde, estão relacionados à cadeia de transmissão iniciada no país em 19 de fevereiro do ano passado.

Durante todo o ano de 2018, foram confirmados 10.326 casos de sarampo, sendo 9.803 no Amazonas, 361 em Roraima e 79 no Pará. O pico da doença foi registrado em julho passado, quando 3.950 casos foram contabilizados.

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial