Projeto prevê uso das águas do Rio Tocantins para revitalizar o Rio São Francisco

Com a redução de águas em praticamente toda a Bacia do São Francisco, agravada pela seca severa nas nascentes em Minas Gerais, o governo já estuda levar águas do rio Tocantins para ajudar a abastecer o megaprojeto de transposição para o semiárido.

O Ministério da Integração Nacional confirmou ao GLOBO que analisa, no Programa Nacional de Segurança Hídrica, “alternativas para garantir ainda mais segurança hídrica aos moradores do semiárido, entre elas a de integrar a Bacia do Tocantins à Bacia do Rio São Francisco”.

Em setembro passado, começou a tramitar na Câmara dos Deputados como parte do “Plano Nacional de Viação” um projeto do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE). Procurado pelo GLOBO, Patriota afirmou que não tem outra alternativa para concretizar a revitalização das águas do Rio São Francisco senão usando águas do Tocantins e que foi chamado pelo Ministério da Integração para discutir o tema. O objetivo do projeto era fazer uma hidrovia, mas o texto diz que “no caso de escassez de água no rio São Francisco, teremos condições de reserva de parte das águas do rio Tocantins, para o rio São Francisco”.

"A nascente ja secou uma vez e isso fez cair a ficha de todos, mas a Bacia do São Francisco está castigada. É preciso repensar os usos das águas do Rio São Francisco", afirma o vice-presidente do Comitê, Wagner Soares Costa.

A seca tornou urgente a discussão sobre o rio São Francisco. Com os eventos climáticos, a tendência é que o semiárido fique ainda mais seco. O governo federal já iniciou estudos para mapear e acompanhar áreas de desertificação no Nordeste. O rio já perdeu de 30% a 40% de seu caudal.

A Articulação São Francisco Vivo ressalta que “a crise hídrica se deve também e principalmente aos múltiplos, crescentes e conflitantes usos de suas águas, matas, solos e subsolos, decorrentes do modelo econômico predatório; agravou-se de tal forma que os danos e riscos aumentam e assustam”.

Fonte: O Globo
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O Rio São Francisco agoniza e já não corre para o "meio do mar"

A estiagem prolongada tem feito o Rio São Francisco perder força na divisa de Alagoas e Sergipe, permitindo que o mar avance sobre a água doce. O fenômeno é conhecido como salinização e, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está transformando o ecossistema da região e prejudicando a população ribeirinha.

Sem chuvas e com menos água no leito, o rio acaba sendo empurrado pela maré nos pontos onde encontra o mar. É no trecho da Área de Preservação Ambiental (APA) da Foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE), que o fenômeno pode ser percebido com mais intensidade pelos quase 25 mil habitantes da região.

"A gente pescava surubim, piau, dourado e todas as espécies de água doce. Era tanto peixe na rede que a gente não podia nem carregar. Nessa época, a gente também plantava arroz, que dava era muito. Hoje a coisa tá diferente, a água está tão salgada que arde até os olhos", relata o pescador alagoano José Anjo.

O que o pescador percebe no dia a dia também foi apontado pelo oceanógrafo Paulo Peter, pesquisador da Ufal que analisa os impactos ambientais e sociais da salinização do Rio São Francisco. "É possível notar no estuário a morte da vegetação típica de água doce, substituição dos peixes de água doce pelos de água salgada e inviabilização da água para o consumo humano".

Para o pesquisador, a redução da vazão das águas do Rio São Francisco pela hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, agrava o problema. O volume de água liberado pela usina já superou 2.900 m³/s, mas nos últimos anos vem sendo reduzido gradativamente para prolongar a vida útil dos reservatórios.

"Se a vazão do São Francisco permanecer como está, a situação será cada vez pior, tanto do ponto vista humano quanto ambiental", avalia Peter. O CBHRS diz estar em alerta, porque o volume da água do rio para uma vazão de 600m³/s.

"A água do Rio São Francisco é para muitos moradores da região o único recurso hídrico que se tem para cozinhar e beber. Por conta da salinização, a água está provocando doenças. Nos últimos meses, aumentou bastante os casos de hipertensão entre os moradores, inclusive jovens".

Fonte: G1-Alagoas
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Virgilio Siqueira: Zabe da Loca viveu como quem nunca existiu morreu prá tocar no céu

Zabé da Loca viveu
Como quem nunca existiu
Cansou-se daqui; morreu
E pra loca do céu subiu...

O espírito do som

O som mais limpo
É o do oco da taboca
O do ranger da pororoca
O que da tribo se desentoca/ O que toca lá na loca, Zabé da Loca

O múltiplo som de Hermeto
O da sanfona de Sivuca
O aboio do rei Luiz

O som do fole de Arlindo
E o de Dominguinhos
(Cada um, por tocar, o mais feliz)

A melodia absoluta
A música do âmago do toco
A tessitura da raiz
O som que enche o mundo e a sala
O som da fala
De quem a verdade diz

O som do coco, do reggae e do baque
Do maracatu – quer seja solto ou virado
Das congas quentes que traduzem e trazem
O reino do congo a reboque
Do ilustre som coroado

Som de batuque de atabaque
No terreiro ou na varanda
O som que imprime o sotaque
E os meneios da ciranda

De Jackson, com seu suingue
E de Suzano com requinte no repique
Num martelo a beira-mar, tic-tac no pandeiro
A batucar samba ou jazz, baião, rock
Com seu toque e seu retoque
No terraço ou no terreiro

O som de quem faz
O som pelo som, nada mais
De quem toca porque toca
E porque gosta do que faz

Aliás, o som mais puro é o som
De quem, primeiro, se toca

Pra depois fazer vibrarem notas ao ar e soar
Deixar fluir a música do espírito
No espírito do som
Tocar

Fonte: Poeta, escritor e músico Virgílio Siqueira
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Zabe da Loca silencia o toque do Pife

A artista pernambucana radicada na Paraíba Zabé da Loca silenciou o seu Pife aos 93 anos de idade. A instrumentista deu seu último sopro neste sábado. Zabé se consagrou como mestra da música no pífano. Enfrentava a doença de Alzheimer. 

A Zabé da Loca, morou durante 25 anos dentro de uma pequena gruta (loca), na Comunidade Santa Catarina, na zona rural de Monteiro. Inclusive, o apelido surgiu por esse motivo. E foi por esse motivo que ela teve que deixar a gruta e ir morar na casa de uma das filhas. Em 2003, aos 79 anos, gravou o seu primeiro CD, Canto do Semi-Árido, com composições próprias e versões de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

O velório está acontecendo no Memorial Zabé da Loca, complexo turístico inaugurado em 2016 para celebrar a trajetória e memória da artista. A despedida final deve ocorrer no cemitério municipal de Monteiro, às 10h deste domingo 6.

Nascida Isabel Marques da Silva, no município de Buíque, no Agreste pernambucano (localizada a 284 km do Recife), a musicista ganhou ou título de Zabé da Loca por morar, durante 25 anos, dentro de uma pequena gruta na mesma região. Descoberta por integrantes do projeto Dom Helder Câmara, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o apelido se tornou nome artístico.

O primeiro registro de sua carreira foi realizado apenas em 2003, aos 79 anos, quando gravou o álbum Canto do Semi-árido, com composições próprias, além de versões de melodias dos criadores do baião, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Aos 85 anos, em 2009, foi eleita Revelação no Prêmio da Música Brasileira
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Poeta Zé Marcolino e uma Saudade Imprudente

A morte gosta de se meter aonde não é chamada! É a expressão do saudoso poeta Manoel Monteiro. Uso a expressão do poeta para revelar a saudade e celebração dos 30 anos de morte do José Marcolino.

Pela sua importância na história da música brasileira, o Poeta Zé Marcolino merecia mais de atenção das entidades culturais do Governo Federal e Estadual. Um disco-tributo, com suas principais composições, um Memorial, um Seminário...são algumas das sugestões de gestos de gratidão e valorização da cultura brasileira.

No dia 20 de setembro de 1987 a voz de José Marcolino Alves silenciava por ocasião da morte causada de acidente de carro próximo a São José do Egito, Pernambuco.

Em Sumé, na Paraíba, Zé Marcolino veio à luz no dia 28 de junho de 1930. Venceu os obstáculos da vida simples e quando teve oportunidade deixou o Rei do Baião...digamos assim:  "bestim com tamanha genialidade. Música, ritmo, harmonia tudo pronto".

Prova de tamanha genialidade é o LP, o disco Ô Véio Macho, de 1962, tem Luiz Gonzaga interpretando as composições que José Marcolino lhe mostrou em Sumé: Sertão de aço, Serrote agudo, Pássaro carão, Matuto aperriado, A Dança do Nicodemos e No Piancó. Estes seriam os  forrós de Zé Marcolino gravados  pelo Rei do Baião. Ele interpretaria várias outras, entre as quais as antológicas Numa Sala de reboco e Quero chá.

Zé Marcolino participou da turnê de divulgação do LP Veio Macho, viajando de Sul a Norte do País com Luiz Gonzaga, no entanto, a saudade da família e suas raízes sertanejas foram mais fortes. Depois de um show no Crato, Ceará,  ele tomou um ônibus até Campina Grande e de lá foi para Sumé, de onde fretou um táxi para a Prata, onde morava.

Com o sucesso de suas canções cantadas por vários artistas (Quinteto Violado, Assisão, Genival Lacerda, Ivan Ferraz, Dominguinhos, Fagner, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Mastruz com Leite e tantos outros nomes da música brasileira), é atualmente Zé Marcolino um dos mais talentosos compositores da música brasileira de todos os tempos.

Somente em 1983, produzido pelos integrantes do Quinteto Violado, Zé Marcolino lançou seu primeiro e único, hoje fora de catálogo, LP Sala de Reboco (pela Chantecler). Um disco que está merecendo uma reedição em CD, assim como também seu único livro, necessita uma reedição.

No citado disco Véio Macho, com seis músicas de Marcolino, ele toca gongue. No LP A Triste Partida, Luiz Gonzaga gravou Cacimba Nova, Maribondo, Numa Sala de Reboco e Cantiga de Vem-vem.

Zé Marcolino morou em Juazeiro da Bahia e ficou até 1976, quando foi para Serra Talhada, Pernambuco. Inteligente, bem-humorado, observador,  Zé Marcolino tinha os versos nas veias como a caatinga do Sertão.

 Zé Marcolino casou com Maria do Carmo Alves no dia 30 de janeiro de 1951 com quem teve os filhos Maria de Fátima, José Anastácio, Maria Lúcia, José Ubirajara, José Walter, José Paulo e José Itagiba.

É José Marcolino, um dos nomes mais valiosos da música brasileira. Tenho dito...
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Busca de segurança faz condomínios fechados ser uma opção de moradia em Petrolina e Juazeiro

Os condomínios fechados oferecem um novo modelo residencial. Com garantia de mais seguranças e câmeras estes condomínios  representam uma nova tendência no mercado imobiliário. Petrolina, Juazeiro e região seguem esta tendência.

O Gestor Imobiliário, Aldizio Barbosa diz que em várias regiões do Brasil esse tipo de condomínio já é uma realidade para investidores e para inúmeras famílias e até mesmo para que deseja morar sozinho. A maioria tem sistema próprio de segurança, com acesso restrito.

Aldizio acredita que essa tendência aumenta na região. Segundo ele a segurança é a principal vantagem dos condomínios em relação às casas de rua.

Enquanto as cidades crescem desordenadamente até o esgotamento de seus espaços e de sua infraestrutura, vendemos condomínios configurados para proporcionar conforto a seus moradores, sem distanciá-los de todas as vantagens da vida urbana e de lazer.

"A busca pela qualidade de vida é uma constante. Segurança, privacidade são garantias para todos que optam por comprar e morar nesta nova tendência, os condomínios fechados", finalizou Aldizio Barbosa
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Serrita: Missa do Vaqueiro. Simbolismo de Fé. Rezas de Sol e Gratidão

Enfim, compreendi que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. Daí não ser possível retornar, afinal, a gente nem sabe ao certo se de fato partiu algum dia...

Participei do Seminário Cariri Cangaço e da Missa do Vaqueiro de Serrita, entre os dias 20 a 23 de julho. Encontro de amigos. Encontro de irmãos na Fé. Missão de Resistência, Valorização Cultural: Lá de Jijoca de Jericoacoara-Ceará Padre Fábio Mota. Helena Cancio, Rafael Lima. Zé Nobre, Kydelmir,  Paulo Vanderley. Marlinda Freitas, Maria Oliveira, Ana, amigos de Poço Redondo-Sergipe. Abraçar amigos de dezenas de Estados onde Luiz Gonzaga plantou uma voz de harmonia...e mais um reencontro com o poeta violeiro Pedro Bandeira. Pedro Bandeira, o poeta cantador é o único que ainda vive e participa do evento desde a primeira edição da Missa do Vaqueiro de Serrita.

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem dessa vez foi o destino Serrita, Pernambuco, município próximo a Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaga. Em Serrita, no sítio Lages, um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Logo os amigos abalados pela atrocidade criam a Missa do Vaqueiro. Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira, João Cancio usaram a música para advertir, alertar sobre a natureza subversiva de um crime: desigualdade social, injustiça social...até hoje o simbolismo é de pedir justiça social e igualdade, fraternidade e paz.
 
Com a poesia do compositor Janduhy Finizola ao gosto do estilo e do povo desde 1971 é cantada a Missa do Vaqueiro, ato de Fé na cultuação de Raimundo Jacó.

Serrita durante um final de semana torna-se a Capital do Vaqueiro. Forró e uma gastronomia ao sabor do milho, umbuzada, queijo e carne de sol. Aproveito e saboreio uma lapada de cachaça com caju antes da missa iniciar.

Serrita enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de Viola se faz presente ao evento e o peso dos seus mais de 80 anos ilumina com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência. Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas.

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo, um Jesus Sertanejo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:
“Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos.


A Missa do Vaqueiro serve para alimentar nossa alma e nossa identidade mais brasileira. Aliás ouvi de um vaqueiro história que fiquei emocionado: de acordo com ele o aboio é um canto mágico espiritual.

E aqui um assunto místico: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o sentimento pelo “irmao” morto. O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!


Assim eu escutei e aqui reproduzo...
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