Lula, Dia de São José e o Rio São Francisco

Domingo dia 19 de março de 2017. Dia de São José. No rádio a voz de Luiz Gonzaga entoa "A Triste Partida", autoria do cearense poeta Patativa do Assaré... Ainda madrugada milhares de brasileiros chegam ao município de Monteiro, Paraíba.

Lula emocionado lembra quando viveu no Nordeste. Vestido de vermelho Lula pega um chapeu. Em lágrimas molha as mãos e rosto, faz o simbolismo do banho com as aguas do Rio São Francisco. Com uma voz mais nordestina agradece a presença do Povo!

"A transposição foi alvo de incompreensão e virulentos ataques. Não foram poucos os que a consideraram obra faraônica e inútil. Mas agora, após dez anos e 500 quilômetros de canal, o sonho vira realidade".

A transposição das águas do São Francisco, o rio da integração nacional, com a finalidade de amainar os efeitos da seca, é um projeto que remonta ao Império. Dom Pedro II, após a devastadora estiagem de 1877, prometeu até a última joia da Coroa para que nenhum nordestino morresse mais de fome.
 

Dom Pedro perdeu o trono, a República nasceu, e mais de um século se passou sem que nada fosse feito. Foi a chegada de Lula a presidência do Brasil que retirou o projeto da gaveta e o transformou numa realidade para mais de 12 de milhões de brasileiros em 400 municípios de quatro estados.
 
E mais: "Queiram ou não queiram foi o ex-presidente Lula quem permitiu filho de pobre estudar Medicina; quem multiplicou universidades pelo País afora; quem possibilitou pobre andar de avião; quem aumentou e valorizou o salário mínimo do Brasil; quem pagou a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que vivia aqui dentro dando ordens. Isso só para citar algumas das conquistas do povo brasileiro nos governos do ex-presidente Lula", discursa Silvio Costa.

Então, não adianta tentar apagar nem da História, nem da mente do povo nordestino: a transposição do São Francisco estará eternamente ligada a Lula e a Dilma por terem transformado um sonho secular em realidade...quanto ao atual governo Michel Temer, vi um nome numa placa, que o tempo vai cuidar de ser apagada pela poeira e pelo sol do Sertão, isto é suficiente para dar conta de sua dimensão política.

Foi assim que eu vi e aqui reproduzo...

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Exu vai sediar primeira etapa do Festival Pernambucano de Quadrilhas Juninas

A cidade de Exu, Pernambuco vai sediar a primeira etapa do festival de Quadrilhas. A realização do evento será nos dias 09, 10 e 11 de junho e abrirá a etapa do Festival de Quadrilhas de Pernambucano.

A presidente da Federação de Quadrilhas Juninas (FEQUAJUPE), Michelly Miguel, ressaltou a grande marca que Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaaga possui no mundo junino, sendo a primeira cidade a trazer a FEQUAJUPE para o sertão do Araripe.

“Mais um marco conseguido para a cultura gonzagueana no período junino, estamos felizes em sediar esse grande evento, em especial por se tratar do mundo quadrilheiro”, afirmou o secretário de cultura do município, Rodrigo Honorato. 

Fonte: Site Prefeitura de Exu-Pernambuco
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Eliane Brum: uma jornalista que escreve com arte

"Uma frase só existe quando é a extensão em letras da alma de quem a diz. É a soma das palavras e da tragédia que contém. Se não for assim, é só uma falsidade de vogais e de consoantes, um desperdício de som e de espaço”.

A frase acima é de uma repórter em busca dos acontecimentos que não viram notícia e das pessoas que não são celebridades.  Eliane Brum se propõe a mostrar o jornalismo esquecido. A extraordinária vida ordinária, ou a vida ordinária extraordinária que, ao fim, a gente descobre que também é a de cada um.

Eliane Brum é uma jornalista à procura do extraordinário contido em cada vida anônima. Uma escritora que mergulha no cotidiano para provar que não existem vidas comuns. O mendigo que jamais pediu coisa alguma. O carregador de malas do aeroporto que nunca voou. O macaco que ao fugir da jaula foi ao bar beber uma cerveja. O álbum de fotografias atirado no lixo que começa com uma moça de família e termina com uma corista. O homem que comia vidro, mas só se machucava com a invisibilidade.

Essas fascinantes histórias da vida real fizeram sucesso no final dos anos 90, quando as crônicas-reportagens eram publicadas na edição de sábado do jornal Zero Hora. Reunidas agora em livro, formam uma obra que emociona pela sensibilidade da prosa de Eliane Brum e pela agudeza do olhar que a repórter imprime aos seus personagens – todos eles tão extraordinariamente reais que parecem saídos de um livro de ficção.

A edição, que marcou a estreia da Arquipélago Editorial, reúne as 21 melhores histórias de A Vida Que Ninguém Vê acrescidas de textos que revelam o “dia seguinte” de dois personagens emblemáticos da série de reportagens: Adail realizou seu grande sonho, enquanto Antonio sofreu de uma segunda tristeza. Ao final do volume, um texto inédito de Eliane avalia, com o distanciamento que o tempo oferece, o que há por trás dessa vida que (quase) ninguém viu. É mais uma prova da força do trabalho da autora. E uma demonstração de que a reportagem é uma arte.

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Rádio TransRio FM promove debate sobre cultura e os 70 anos da música Asa Branca

Uma das músicas mais populares do país, a Asa Branca, completou 70 anos de gravação na última sexta-feira (03).  Gravada em 03 de março de 1957, em ritmo de toada, a canção foi feita em parceria com o advogado Humberto Teixeira e retrata o cenário da seca nordestina e o sofrimento do povo sertanejo. Para comentar sobre a data e a letra da música, o programa Geraldo José recebeu nos estúdios da Rádio TransRio Fm 99,9 o Juiz Sanfoneiro, Ednaldo Fonsêca, o jornalista Ney Vital, o Superintendente de Cultura de Juazeiro Maurício Dias (Mauriçola) e o cantor Elisson Castro do Forró Pega Leve.

O jornalista Ney Vital ressaltou a origem da música Asa Branca. “A música Asa Branca surge por causa de uma sanfona de oito baixos. Conta-se que antes de 1928, quem gostava dessa música era Lampião não com essa musicalidade dada por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. São diversas vertentes de pesquisas e nós temos buscado essas histórias. O Luiz Gonzaga puxando a sanfona é inigualável. Eu conversei com os pesquisadores Zé Batista e Zé Nobre e eles me disseram que a música Asa Branca ultrapassa mil gravações. Luiz Gonzaga só gravou 9 vezes Asa Branca”, afirmou.

O cantor Elisson Castro frisou como Luiz Gonzaga influência na sua carreira musical. “Para nós é maravilhoso ter como referência Luiz Gonzaga. Sempre que posso vou a Exu para reencontrar os amigos forrozeiros. Asa Branca é uma música universal, que não deixa de ser atual e que sempre estará mexendo com as emoções das pessoas”, disse.

O Juiz Sanfoneiro, Ednaldo Fonseca, teceu muitos elogios a musicalidade de Luiz Gonzaga. “Hoje é um dia de festa. A música Asa Branca é um hino! Nós temos o compromisso de levar o verdadeiro forró. Não tem um show que eu não cante Asa Branca e peço que todos cantem comigo. Asa Branca é o hino do nordestino. Temos o compromisso de levar adiante nossa cultura musical para mais 70 anos”.

O Superintendente de Cultura da secretaria de Cultura Turismo e Esportes de Juazeiro, Maurício Dias, também participou da entrevista e falou sobre os seus primeiros contatos com a música Asa Branca. "Luiz Gonzaga quando veio a Juazeiro a Bossa Nova já estava acontecendo. Caetano gravou um compacto que tinha Asa Branca, em Londres durante o exilio. Mas Luiz Gonzaga com aquela indumentária do nordeste sofria preconceito na minha geração porque nós gostávamos dos The Beatles", comentou.

Muitos ouvintes participaram do programa Geraldo José e também deixaram suas saudações aos 70 anos da música Asa Branca. 

Fonte: blog Geraldo José-www.geraldojose.com.br

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Zé Nobre: fundador do Museu Fonográfico Luiz Gonzaga de Campina Grande

A riqueza da vida cultural de uma cidade, muitas vezes medida apenas pela intensidade de seu show business e pelo sucesso dos seus eventos artísticos, deve ou deveria incluir, também, a sua vida literária, onde, mais que o brilho fugaz, se busca construir a memória e a permanência.

Destaco aqui o professor e pesquisador José Nobre, nascido em Currais Novos, no Rio Grande do Norte, mas com toda a trajetória vivida em Campina Grande, Paraíba. Ele é o criador, fundador do Museu Fonográfico Luiz Gonzaga de Campina Grande. Um espaço que privilegia a arte mais bela, a musical. José Nobre reuniu ao longo dos últimos 30 anos uma produção constante, uma obra musical múltipla, de expressão e riqueza singulares. 


Zé Nobre conta que o Museu reúne mais de 6 mil discos.  Foram publicados 70 livros lançados sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga. São 4 teses de doutorado. Os visitantes tem a visão na entrada do museu de 3 estátuas em granito pesando em média 700kg.

O Museu Fonográfico Luiz Gonzaga de Campina Grande, Paraíba,  está infelizmente fechado, não tem o reconhecimento do poder público e também não tem a proteção de uma Política Cultural que consiga dialogar com a sociedade a riqueza que possui a coleção de recortes de jornal, vinis, sanfonas e instrumentos e roupas usadas por Luiz Gonzaga. Enfim, o poder público não amplia as possibilidades educacionais que o Museu proporciona.

Campina Grande, cidade onde se realiza os maiores festejos juninos do país, o Maior São João do Mundo, sempre dedicou um carinho especial a Luiz Gonzaga, onde também ele era presença constante. Recebeu  inclusive, o Título de Cidadão Campinense em 1972, propositura do então vereador Manoel Joaquim Barbosa.

Mas Infelizmente a Política Cultural Brasileira não sabe retribuir o valor histórico do Museu!

Todos os objetos expostos no local foram adquiridos por José Nobre com recursos próprios. O espaço já foi considerado o maior museu fonográfico a abrigar a obra de Luiz Gonzaga– superando, inclusive, o Museu do Baião instalado em Exu, terra natal do do Rei do Baião – e uma referência nacional na preservação e divulgação do talento dos músicos de origem nordestina da MPB.

Além de discos, CDs, fitas cassetes e até discos de cera de carnaúba (antecessores dos discos de vinil), alguns pertences de Luiz Gonzaga, a exemplo de sanfona, também estão expostos, 250 pôsteres, livros, oito monografias, três dissertações de mestrado e 4 doutorados, mais de 200  entrevistas, 14 filmes e mais de 500 jingles. Enfim, são mais de 25 mil registros da vida e obra de Luiz Gonzaga e da Música Brasileira.
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Carnaval: a lamentável música que torna invisível pobres, negros e crianças

É lamentável ver que os veículos de comunicação ainda se curvam à indústria alienante e exploratória da música. Fingem ignorar a explosão que foi a banda BaianaSystem no Carnaval de Salvador, não só para a cultura baiana, mas também para a arte contemporânea no Brasil.

Com o devido respeito aos adeptos da monocultura (como se diz em Pernambuco, de monocultura basta a da cana-de-açúcar), não se poderia excluir a música INVISÍVEL da lista de melhores músicas do nosso carnaval, aliás muitas outras nem deveriam estar lá.

A corda que esconde a identidade do cordeiro; a caixa de isopor, do vendedor de cerveja; as latas, do catador. Escolhem justamente as músicas daqueles que mais exploram essas atividades e esses seres humanos. Escolhem aqueles que utilizam o povo para formar a barreira humana que separa o público do privado nas ruas de Salvador. Utilizam os próprios segregados para segregar, para servir, para limpar. São eles que lutam com o povo “pipoca” para garantir a segurança dos “blocos”. Os Invisíveis.

No domingo de carnaval o cordeiro Luiz Roberto de Araújo, de 59 anos, foi atropelado por um trio no Campo Grande e teve a perna esquerda dilacerada, mas o cantor, de cima, preferiu continuar cantando o que, segundo ele, seria “a melhor música do carnaval” e seguiu feliz, enquanto Luiz saiu do Campo Grande com uma perna a menos e sem os R$ 54,00 de sua diária.

No rio, um carro alegórico da Paraíso do Tuiuti atropelou e prensou 20 pessoas e em outro acidente, também na Sapucaí, um carro da Unidos da Tijuca despencou com 12 pessoas. As imagens que chegam pelos grupos de WhatsApp são chocantes e mostram como essa imprensa é insensível aos seres humanos.
O que eles têm em comum? São Invisíveis.

O jornalista André Trigueiro chegou a dizer ao vivo, na Globo News, que as vítimas da Unidos da Tijuca atrapalharam o desfile. É esse tipo de pessoa que a imprensa fomenta. Não é por menos que esse rapaz tem tantos prêmios de “jornalismo”.

Este ano no Carnaval de Salvador foram 25 mil cordeiros sem nome e sem rosto.
Tem mais Invisível. Quantas crianças e adolescentes estavam em cima de Isopor com seus pais e tios e dormiram nos passeios desse carnaval? Ninguém viu.

Como o pai a a mãe precisam vender no carnaval, as crianças são levadas para o trabalho.

No ano passado o prefeito de Salvador resolveu instituir o monopólio e dar exclusividade a uma única marca de cerveja e os fiscais da prefeitura fizeram várias apreensões de mercadorias de ambulantes e de supermercados enchendo vários caminhões.

Cada invisível (e eram mais de 10 mil ambulantes invisíveis no carnaval 2016) pagou à Prefeitura R$124,00 de licença e R$300,00 de um kit para ganhar R$1,00 em cada cerveja vendida.

Este invisíveis precisariam vender 424 latas de cerveja somente para pagar à prefeitura. Para piorar, os fiscais da Sucom com apoio da Guarda Municipal confiscaram tudo que não era da marca do prefeito. Em 3 dias de carnaval a Sucom apreende 119.141 latas de cerveja.

São tão Invisíveis que quando Ivete Sangalo chama um vendedor de algodão-doce como “convidado” para cima do trio o bloco enlouquece por achar inacreditável. Inacreditável porque eles não fariam isso com quem, até aquele momento, era Invisível. Um homem com um pau de 2 metros cheio de algodão-doce rosa-choque e balões prateados de gás hélio era Invisível no maior carnaval da terra.

Estão fazendo isso justamente com a banda que, por meio da música INVISÍVEL, criticou esse modo de (não) enxergar. A única banda que tocou praticamente todos os dias do carnaval e também no furdunço passou invisível pelos camarotes das grandes emissoras. Esses camarotes onde o negro serviçal também é Invisível e sua cabeça substituída por uma bandeja de drinques do Open Bar ou de canapés do All Inclusive.

De sorte que a BaianaSystem e seu navio pirata navegam por fora com seu mar de gente. Esse público que querem manter Invisível, mas não conseguem mais, pois a banda já nasceu maior que isso, já nasceu grande, sem corda que sufoque, sem mente que se aperte, com um público maduro e do bem, que cultiva “só amor” como nos diz Russo com seu grito de alerta.

Ignoram o fato da banda ter roubado a cena no Campo Grande no histórico dia 24 de fevereiro de 2017 puxando o maior coro “Fora Temer” que o país já ouviu. Foi, de longe, a cena mais importante desse carnaval e que a Prefeitura do Salvador tentou punir com veto.

O que tentam fazer com a BaianaSystem é o que fazem com nosso povo: esquecem, ignoram, sabotam, quando não esculacham com os cassetetes e tapas na cara, e quando convidam para cima do trio é para puxar aplausos, abraçar e se debruçar na virtude alheia por falta de uma, nada mais.

Mesmo que as mídias (ainda) hegemônicas finjam ignorar a existência do Invisível e que seus jornalistas se abaixem para o coito da concupiscência mercadológica das “máquinas de lucro”, a BaianaSystem não se submeterá aos caprichos e dengos da indústria baiana da exploração musical porque “cada palavra que tu guarda na boca vira baba”…

Fonte: Jailton Andrade
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Música Asa Branca: uma análise na visão da semiótica

Estudar, pesquisar as composições interpretadas por Luiz Gonzaga é algo que apaixona! Asa Branca composta por Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga é fascinante e ninguém consegue sair impune ao ler os versos ou escutar a música!

O  estudo  da  semiótica  nos  dá  suporte  para  compreender  os  sentidos  do texto, seja verbal, não verbal ou sincrético. Com análise da música Asa Branca é possível delinear o tempo, a pessoa e o espaço no enunciado; a trajetória do enunciador, seu sofrimento em  meio  à  seca  do  sertão;  o  afastamento,  solidão,  ao  sair  de  perto  de  tudo  que  ama;  e  a esperança de um dia voltar.
 
O  uso  de  elementos  do  discurso  é  mais  um  mecanismo na  apropriação  de sentidos e o professor pode usá-los como mais uma ferramenta de ensino em sala de aula.

A semiótica francesa ou da Escola de Paris foi criada nos anos de 1960 para ser uma teoria da significação, para descrever os sentidos do texto. É um ramo das ciências da linguagem  que  se  ocupa  dos  conjuntos significantes; seu  objeto  de  análise  sempre  será  um signo, enfim, tudo  que  carreia  um  sentido.  É  uma  teoria,  portanto,  da significação, sob produção do sentido.

"Quando olhei a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu,  
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas léguas
Nessa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração".

Com  base  na  semiótica  greimasiana,  é  possível  identificar,  na  segunda estrofe, o sentido das figuras presentes no texto: Que braseiro, que fornalha Nenhum pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão"... A seca que assolou aquelas terras justifica a migração do enunciador, já que esse  perdeu  tudo  o  que  tinha.  

Essa  ave  chamada  asa  branca  foi  escolhida  justamente  por  ser  um  animal muito  resistente  às  severas  secas. O  enunciador  faz  uma comparação  entre  a  força  da  ave  em  relação  à  sua  própria  força,  pois  se  “até  mesmo  a  asa branca  bateu  asas  e  voou”  ele  também  precisa  buscar um  lugar  que  possa  lhe  proporcionar sustento,  mesmo  que  esse  lugar  não  o  agrade  e  ele  tenha  que  deixar  para  trás  alguém  muito especial  em  sua  vida:  “adeus  Rosinha”.

O  modo  como o  sujeito  enunciador  fala  com  a Rosinha deixa claro que ela é sua companheira e amada, o último verso dessa estrofe acentua ainda mais essa afirmação, pois a figura de linguagem inserida nele demonstra a reciprocidade no  ato  de  amar.

Uma das análises mais emocionantes é quando se faz a alusão a “Deus” – “Eu perguntei a Deus do céu, ai/ por que tamanha judiação” -  abrindo a possibilidade  da  leitura  na  dimensão  religiosa.

As  marcas  do  calor  intenso inseridas  nos  lexemas  “ardendo”,  “fogueira”,  “fornalha”  remetem  ao  inferno, que  devasta  e  destrói  a  vida.  

Asa Branca gravada em 03 de março de 1947 continua atual e é por isto que Luiz Gonzaga vive!

Fonte: Luiz Tatit. Análise semiótica através das letras. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.



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