18 Horas! A hora do Angelus

Durante o carnaval entrei no ritmo de buscar mais conhecimento da mística Hora do Angelus.

Cida Golin doutora em Letras, Professora do Departamento de Comunicação da Universidade do Rio Grande do Sul e Bárbara Salvatti, bolsista de iniciação cientifica apontam em artigo para a tela A Hora do Angelus (1858-9 – Museu D’Orsay) de François Millet, com a imagem de um casal na lavoura, mãos cruzadas e a cabeça baixa em sinal de reverência, registra, às vésperas do movimento impressionista, a luz e a dimensão religiosa do calendário.

A cena naturalista e poética, associada a um ritual de base sonora, conquistou o público e foi amplamente difundida em cartões postais e almanaques. A prece alude à passagem bíblica da Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria; oração essa que, paulatinamente, incorporou-se ao culto católico como eixo meditativo quando "bate às seis horas", regulando a disciplina dos corpos e das mentes.

Dentro dessa vivência da religiosidade, o culto à Maria, configurada como uma visão materna protetora, vigilante  e poderosa, capaz de interceder pelos fiéis. Reproduzo aqui um dos momentos mais reflexivos apresentado na Rádio Jornal do Comérccio - Recife-Pernambuco.

"Seis horas, esta é a hora do ângelus Hora da anunciação. A humanidade esquece por um momento a sua luta inglória, deixa de lado os pensamentos pecaminosos, a perseguição desenfreada dos homens contra os próprios homens e contempla a paz da natureza, uma sombra pálida do olhar de Maria.

Nos templos, nas ruas e nos campos, as preces brotam espontâneas de todos os lares. Esta é a hora do ângelusA hora da anunciação! Nós vos suplicamos Maria que olheis por nós, vossos filhos ingratos.

Dai-nos a graça do arrependimento e a vossa benção materna, porém, mais do que nós, Maria, outros necessitam do vosso apoio, nessa hora. Os que morrem de necessidade. Os que blasfemam. Os que não crêem. Iluminai-os Virgem Santíssima Vós que fizestes os homens semelhantes a Deus por que foste Mãe de Jesus.
 
Olhai para os que perderam a fé Protegei-os, vislumbrai-os como um relâmpago aos olhos de Paulo
Lembrai-vos deles nessa hora, Maria e sede, para todo o sempre, louvada e bendita!

Ave Maria Cheia de Graças
O senhor é convosco
Bendita sois vós entre as mulheres
Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus".
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Luiz Gonzaga, carnaval, frevo, samba e sanfona

Luiz Gonzaga. Carnaval 1982
Quando a Dragões da Real entrou na avenida fez  o Nordeste brilhar. A escola de samba homenageou o povo nordestino através de um dos seus maiores ícones - a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Isto foi no carnaval de São Paulo 2017.  

O enredo (Dragões canta Asa Branca) é uma espécie de releitura da música. "De tanto "oiá" o sol "queima" a terra / Feito fogueira de São João / Puxei o fole, embalado me inspirei / Aperreado coração aliviei / De joelhos para o pai, pedi / Com os olhos marejados, senti / Quanta tristeza brota desse chão rachado / Perdi meu gado, "farta" água para danar / "Eta" seca que castiga meu lugar / Vou me embora... seguir meu destino / Sou nordestino arretado, sim "sinhô", diz a letra. 

A Escola Unidos da Tijuca do Rio de Janeiro, ganhou  o título de campeã no Carnaval carioca de 2012, com o samba-enredo O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão. A composição falava da paisagem, solo e vegetação do Sertão. O título fez o nome de Luiz Gonzaga ter destaque  nos meios de comunicação devido os 100 anos de nascimento.

Todavia o tema Luiz Gonzaga deve ser sempre pauta. Na década dos anos 80 Luiz Gonzaga foi homenageado pela Escola de Samba Vermelho e Ouro. No samba-enredo ele participou da gravação cantando e puxando sanfona. Isto tudo chama atenção e lamentamos as porcarias que hoje são produzidas e que as emissoras de Rádio e televisão divulgam colocando-as em primeiro lugar e salientadas como as mais ouvidas, dançadas e cantadas. A maioria possui letras pobres e vazias de arte.

Usando riqueza de ritmo, harmonia e melodia Luiz Gonzaga no início de sua trajetória musical, poucos sabem, divulgou e cantou o ritmo musical Frevo. Em 1946 gravou "Cai no Frevo". Detalhe: usou sua majestosa sanfona. Puxou a sanfona também no Frevo "Quer Ir mais Eu?", este regravado várias vezes até os dias de hoje e executado pelas orquestras de frevos nas ruas e bailes. "Quer ir mais eu vambora, vambora vambora...

Luiz Gonzaga ainda gravou "Bia no Frevo" e "Forrobodó Cigano". Homenageou o genial Capiba-Lourenço Fonseca Barbosa, tocando o frevo "Ao mestre com carinho" , este genial pernambucano criador da canção "Maria Betânia".

Luiz Gonzaga em parceria com João Silva, já no final da carreira,  mistura sanfona e instrumentos metais. Grava "Arrasta Frevo". Ainda Na seara do carnaval o Rei do Baião  participou do primeiro forró trioeletrizado junto com Dôdo e Osmar, Instrumento Bom. Viva a Bahia.

Toda esta trajetória faz Luiz Gonzaga atual...basta ouvir a letra de "Eu quero dinheiro, saúde e mulher. É isto mesmo e vice e versa Mulher Saúde e Dinheiro e o resto é conversa. Eu quero ser deputado, senador, vereador. Eu quero ser um troço qualquer para mais fácil arranjar Dinheiro Saúde e Mulher"...Impressionante ele gravou essa façanha em marcha-frevo no ano de 1947.

Viva Luiz Gonzaga, a Bahia, o frevo, o trio elétrico, Pernambuco. Viva o Carnaval

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MST mostra durante o carnaval a alegria que existe na revolução

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) mostra a reforma agrária para o carnaval de Olinda e Recife. A Barraca da Reforma Agrária funcionará no Polo Sítio de "seu Reis", do sábado à terça-feira de Carnaval.

Mao Tsé-Tung dizia que "a revolução não é um convite para um jantar". Mas ela deve ser bonita, ter poesia e alegria, conforme nos ensinou nosso sempre presente companheiro Josias Barros, dirigente do MST de Pernambuco assassinado em 2006, com um tiro pelas costas enquanto defendia a bandeira do MST.

E é com alegria e comprometimento, com espirito de festejo - mas também de luta - que o MST participa do Carnaval, essa que é a mais popular de todas as festas. Seja com nossa escola de samba, a Unidos da Lona Preta, seja com blocos regionais e locais ou com a participação da nossa militância nas ruas, o MST devolve ao carnaval seu sentido popular, contestador e, porque não dizer, revolucionário.

É nesse sentido que esse ano trazemos a Reforma Agrária para o carnaval de Olinda, com a Barraca da Reforma Agrária do MST. Além de um ponto de encontro da militância política que participa do carnaval de Olinda, a barraca trará ainda uma série de programações. No sábado de Zé Pereira o Bloco "Lula e o Polvo" fará o encerramento de seu desfile, e na segunda-feira haverá a "Batucada da Reforma Agrária".

A Barraca da Reforma Agrária funcionará no Polo Sítio de seu Reis, atrás da Praça do Carmo, do sábado à terça-feira de Carnaval.

Afinal, "se aqui estamos, cantando essa canção, viemos defender a nossa tradição, e dizer bem alto, que a injustiça dói, nós somos madeira de lei que cupim não rói".

Fonte: MST
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Campanha da Fraternidade 2017 discutirá defesa do meio ambiente

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lança a Campanha da Fraternidade (CF) de 2017, na próxima quarta-feira 29. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação”, a iniciativa alerta para o cuidado da criação, de modo especial dos biomas brasileiros.

Segundo o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta é dar ênfase a diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam, especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem sejamos conduzidos à vida nova”, afirma.

Ainda de acordo com o bispo, a Campanha deseja, antes de tudo, que o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. “Cultivar e guardar nasce da admiração! A beleza que toma o coração faz com que nos inclinemos com reverência diante da criação. A campanha deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, cultivar e a guardar”, salienta.


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Março: 70 anos da primeira gravação da toada Asa Branca

Este ano o baião Asa Branca, completa 70 anos. São 70 anos da música Asa Branca. Sete décadas! Um marco da música brasileira e universal!

Luiz Gonzaga, nascido em Exu, Pernambuco e Humberto Teixeira, em Iguatu, Ceará interpretaram o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente. Foi por meio de "Asa Branca" que elevaram à condição de epopéia a questão nordestina. Podemos afirmar  que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

No dia 3 de março de 1947, no estúdio da RCA, foi gravado a música, composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira,  Há mais de quinhentas interpretações diferentes no mundo. Uma das gravações é de 1975,  o cantor grego Demis Roussos gravou versão da canção em inglês, também chamada White Wings. Asa Branca ganhou também versão em inglês em 1970, criada pelo roqueiro Raul Seixas.

Humberto Teixeira contou em depoimento para o Museu da Imagem e Som (Nirez) que “No dia em que gravaram, com o conjunto de Canhoto, ele disse: puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja, de cantador que pede esmola. Que troço horrível!’ Aí então, eles com um pires na mão, saíam pedindo, brincando, uma esmola pro Luiz e pra mim, dentro do estúdio. Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira”.

A gravação de Asa Branca foi tão importante que nos anos 60 saiu uma "conversa" que os Beatles iam gravar “Asa Branca". Foi uma das mentiras de Carlos Imperial que entrou para a história e virou filme: “Eu Sou Carlos Imperial". Cínico, mulherengo e grande marqueteiro, Carlos Eduardo da Corte Imperial ficou conhecido como o apresentador de TV que fecundou a Jovem Guarda e lançou nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Tim Maia e Wilson Simonal.

O próprio Gonzagão e seu parceiro Humberto Teixeira na autoria do lamento contra a desgraça da seca na vida dos caboclos do norte se surpreenderam. O velho Lua, que não se cansava de destilar ressentimento contra o iê-iê-iê que coroou outro rei, Roberto Carlos, em um trono que fora seu, mostrava um autêntico orgulho de tamanha honraria.

"Os meninos ingleses têm muito sentimento e não avacalham a música. A toada deles parece bastante com as coisas do Nordeste. Até as gaitas de fole lembram a nossa sanfona", publicou a revista Veja numa reportagem sobre a volta ao sucesso do sanfoneiro por causa da gravação de sua canção pelos artistas mais famosos do planeta.

Carlos Imperial tinha uma tese de que havia semelhanças musicais entre o rock e o baião.
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Clarissa Loureiro: o filme " A chegada" cria uma situação metafórica relevante para refletir sobre o devorar do tempo

O filme “ A chegada” se destaca por colocar a linguagem numa posição protagonista além da comunicação. Somos a nossa linguagem. Ela determina nosso olhar sobre o mundo e do mundo sobre nós mesmos. O filme dá uma passo à frente quando leva-nos a discutir sobre a relevância da nossa linguagem como uma ferramenta para se compreender o Tempo. Sabe-se que o Tempo é uma “persona” incontrolável na história da humanidade, destruindo e construindo civilizações. 

E que cada civilização constrói suas linguagens para sobreviver dentro do Tempo, tal qual os titãs dentro de Chronos. Mas o filme cria uma situação metafórica relevante para se refletir sobre o próprio “devorar” do Tempo. Se houvesse uma civilização tão evoluída que conseguisse criar uma linguagem que desvendasse o Tempo? O que seria dela ao descobrir a não-linearidade do tempo dentro da gente e a nossa capacidade de atravessá-lo como os filhos de Chronos, rasgando as suas entranhas? E se uma mulher aprendesse essa linguagem como sobreviveria ao prever a perda de sua própria filha? São reflexões inquietantes. Somos capazes a sobreviver a nossas memórias futuras? Que alguns já estão a um passo, isso é certo. Mas o difícil é ter a tolerância da lucidez completa.

Fonte: Clarissa Loureiro-Professora da UPE. Doutora em Teoria da Literatura
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IV Edição do Festival Viva Dominguinhos acontecerá em Garanhuns entre os dias 20 a 22 de abril

Paulo Vanderley e Ney Vital
A quarta edição do Viva Dominguinhos 2017, será realizado entre os dias 20 a 22 de abril, em Garanhuns. A Secretaria de Turismo e Cultura de Garanhuns lançou a  convocatória para a seleção de propostas que poderão compor a programação do evento. As inscrições devem ser realizadas até o dia 8 de março presencialmente ou via Correios.

Para a inscrição presencial, o proponente deve se dirigir, de segunda à sexta-feira, no horário das 9h às 13h, até a sede da Secretaria de Turismo e Cultura de Garanhuns, situada no Centro Administrativo Municipal Arlinda da Mota Valença, à Rua Joaquim Távora, S/N, Heliópolis. Para envio via Correios, basta encaminhar a documentação para este mesmo endereço, com postagem até às 17h do dia 08 de março. Não serão aceitas inscrições via fax, internet ou qualquer outra forma de encaminhamento.

 O Viva Dominguinhos foi criado para homenagear José Domingos de Moraes, músico natural de Garanhuns. Dominguinhos nasceu em 12 de fevereiro de 1941 e faleceu aos 72 anos, em 23 de julho de 2013. Para celebrar a vida e a obra do músico, a Prefeitura formatou o evento, já consolidado no Nordeste.

Fonte: Secretaria Turismo Garanhuns





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