Cajuína é Patrimônio Cultural Brasileiro

"Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina/ Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina"

Com esses versos da canção "Cajuína", o cantor e compositor Caetano Veloso divulga e a imortalizou uma das bebidas típicas do Piauí: Cajuína.

Por sua importância, é considerada símbolo da cultura e da cidade de Teresina, capital piauiense, tendo sido recentemente registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, um órgão colegiado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O objetivo é preservar sua identidade local, valorizar o produto e o modo artesanal de produzi-la, além de atrair maior visibilidade para a bebida e estimular o surgimento de políticas destinadas à qualidade do produto.

O consumo da cajuína, que é rica em vitamina C e ferro, é um ato de degustação, geralmente acompanhado de comentários e comparações sobre as qualidades daquela garrafa da bebida, ressaltando sua cor, doçura, cristalinidade, leveza ou densidade, qualidades que derivam tanto do caju escolhido, quanto das técnicas de cada produtor. Essas referências revelam o sentimento de pertencimento do grupo ou família produtora e reforçam os laços entre os membros das redes familiares por onde a cajuína circula.

Apesar de raro no Brasil, o processo de tombamento de práticas ligadas à feitura de alimentos existe e, a passos lentos, vem engrossando o livro de bens imateriais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que, no Nordeste, já reconheceu como patrimônio imaterial a atividade das acarajezeiras da Bahia. São essas baianas que garantem a perpetuação da receita tradicional do mais famoso acepipe daquele estado.

Há dois anos, o mesmo Iphan - único órgão, junto à Unesco, a ter autoridade para definir patrimonializações oficiais - incluiu no seu Livro de Registro dos Saberes a produção tradicional e as práticas socioculturais associadas à cajuína no Piauí. Isso significa dizer que quem recebeu o tombamento não foi a bebida pronta, mas, sim, a forma como ela é feita, garantindo que sabor, cor e propriedades nutricionais sejam exatamente as mesmas com o passar do tempo, evitando a descaracterização do produto.


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Punições mais severas a motoristas irresponsáveis a partir de novembro

Punições mais severas a motoristas infratores começam a ser aplicadas na próxima terça-feira, 1º de novembro, em todo o Brasil. As multas sofreram reajustes que variam de 52% a 244%. Alguns dos maiores penalizados serão aqueles que forem flagrados usando aparelhos celulares ou dirigindo sob efeito de álcool. As alterações são as maiores desde a criação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em 1997. A multa por falar ou usar aplicativos de celular mais do que triplica: passa de R$ 85,13 para R$ 293,47, reclassificada de média para gravíssima.  “Com certeza vai ajudar, porque o bolso é o que mais pesa na tomada de decisão do motorista”, acredita Paulo Bacaltchuck, consultor e professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Para quem se recusar a fazer o teste do bafômetro a penalização aumenta de R$ 1.915,40 para R$ 2.934,70. Também é criada uma infração específica para a recusa do exame – que, na avaliação de Mauricio Januzzi Santos, presidente da Comissão de Direito Viário da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), abrirá brecha para ainda mais contestações judiciais. “É inconstitucional desde a alteração anterior, porque vai contra o princípio de presunção de inocência.”

Outra mudança é no tempo mínimo de suspensão do direito de dirigir, quando o condutor atinge 20 pontos na CNH, que aumenta de um para seis meses. Além disso, haverá mais rigidez com aqueles que usarem irregularmente vagas destinadas a idosos ou deficientes físicos em estacionamentos, até privados. A multa passa de grave a gravíssima, de R$ 127,69 para R$ 293,47.

Embora os reajustes venham em período de crise econômica, o argumento do governo foi o período de 19 anos sem aumento das multas. A Lei 13.281/2016 foi sancionada por Dilma Rousseff em maio deste ano, dias antes de seu afastamento da Presidência. Alguns itens previstos, como um sistema eletrônico para substituir notificações pelos Correios, ainda devem demorar a ser implementados.

Fonte: O Estado de S. Paulo.
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Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais realiza palestra nesta quarta-feira 26

“Programação Mental Para o Sucesso Financeiro”. este é o tema a ser ministrado pela consultora Jena Agra, nesta quarta-feira (26) em Petrolina. O evento acontecerá na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Rua Clementino Coelho, s/nº, no Centro da cidade, às 19h30. A palestra é gratuita e aberta ao público.

Numa linguagem simples e aplicando técnicas de coaching e da famosa PNL (Programação Neurolinguística), a consultora vem ensinando como lidar com o dinheiro para ter uma vida próspera.

Jena Agra é graduada em Administração  de Empresas e credenciada do Sebrae, além de ser assessora Financeira, Practitioner em PNL e Coach. Atua como palestrante e consultora financeira empresarial e pessoal, com trabalhos desenvolvidos em vários municípios do Nordeste. (foto/divulgação)
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Ana das Carrancas e Zé dos Barros, saudade na dimensão da sanfona de Luiz Gonzaga

"Ana Leopoldina Santos Lima era o nome dela. Isso muito antes de o barro moldar seu destino lhe dando por amor um homem que não tinha olhos para enxergá-la. Os monstros gerados pelas mãos de Ana eram cegos como o companheiro de sua vida. Com um golpe rápido, certeiro, ela vazava os olhos de suas criaturas com a ponta de um pedaço de pau. Com Ana era assim, a desgraça virava épico". 

O texto acima é da jornalista Eliane Brum. Esta semana visitei o Memorial Ana das Carrancas. Havia dois anos que não ia...o vazio, a amizade de Ana e Zé me deixaram uma solidão! Uma saudade das tardes e noites de café e conversas...

 Ana "partiu para o sertão da eternidade" numa quarta-feira dia primeiro de outubro de 2008, aos 85 anos, a maior
carranqueira do São Francisco voltou ao barro que a fez. E deixou Zé dos Barros, pela primeira vez, na escuridão.

Ela era uma mulher de solenidades. Não falava, entoava. “Minha vida é extensa...”, era a frase com que iniciava a narrativa. Analfabeta, fazia literatura pela boca. E mesmo limitada por uma seqüência de derrames, parte dos dedos com que tocava a lama do mundo paralisados, Ana era grande. Carregava nos gestos uma largura de alma. E o rio era seu espelho em mais de um sentido. A mulher que moldava o barro do chão só pisava o reflexo do céu.

Ana das Carrancas costumava dizer que sua arte era a síntese de seu amor por um cego que via o mundo mas não era visto por ele. Entre ela e Zé dos Barros nunca se soube quem era criador, quem era criatura. 

Ela já veio ao mundo retirante, na cidade pernambucana de Santa Filomena. Mas diferente de quase todos, nunca lamentou a terra estéril sob seus pés. A estirpe de mulheres da qual era continuidade moldava pratos, panelas, vasos. Ana aprendeu com a mãe, e antes dela a avó, que do barro se arranca tudo, até a vida.

Uns poucos anos depois dela, José Vicente de Barros nasceu em Jenipapo, outro canto sertanejo. Desembarcou na vida sem olhos, por culpa do amor incestuoso entre primo-irmãos. Desde cedo a ele ensinaram que “quando Deus faz uma criança sem vista é porque quer que ela sobreviva como pedinte”. Para se localizar na escuridão, desde menino ele balançava a cabeça. E nesse de lá pra cá, de cá pra lá, encontrava equilíbrio mesmo nas trevas.

Ana e Zé só cruzaram seus pés descalços quase trinta anos mais tarde. Ana tornara-se viúva desde que seu marido despencara de um pau-de-arara. Conheceu Zé pedindo esmolas na feira de Picos, Piauí. Ele balançava guizos, cantava cantigas. Mas era um cego desaforado por anos ouvindo os meninos mangando dele, pegando nele. Ana, não. Era resignada, como costumam ser as mulheres com fome e filhos para dar de comer. Ana dava comida a Zé sem que ele precisasse implorar.
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Um dia a vizinha abordou Ana na rua. “Desenteirei açúcar do meu filho para dar esmola a Zé”, queixou-se. O rosto de Ana queimou de vergonha. Tirou uma nota do bolso e retrucou: “Enteire de novo o açúcar do seu filho. Por Zé ele não vai passar fome”. Naquela noite não dormiu. Sua tristeza não coube na rede que dividia com Zé. Quando acordou, chamou o marido e anunciou: “Meu velho, nunca lhe fiz um pedido. Mas hoje lhe peço. De agora em diante, você não vai mais pedir esmola". Assustado, Zé rebateu: “Deus me fez sem vista para que eu pedisse esmola”. Ana fincou pé: “De hoje em diante sua vista é a minha. Você pisa o barro, eu faço a peça. Nós vamos levar para a feira, nós vamos ser felizes”.

Ana pegou a enxada e caminhou até as margens do São Francisco, em Petrolina. Diante da fartura de líquidos, invocou o espírito do rio: “Meu grande Nosso Senhor São Francisco. Pelo poder que ostenta, pelas águas que estão correndo, do próprio barro melhore a nossa vida”. 


Ao terminar, juntou um bolo de lama e fez, sem que até hoje saiba como, a primeira carranca. Começou levando na feira, suportando calada riso e maldades. “É tão feia quanto a dona”, cutucavam. No dia seguinte, em vez de uma, Ana levava duas. Até que caiu nas graças dos turistas e dos ricos da cidade e, de lá, suas obras ganharam o mundo. Ela então deixou de ser Ana do Cego e virou Ana das Carrancas. E ele virou Zé dos Barros.

As carrancas de Ana são diferentes de todas as outras que, desde o final do século XIX, apontaram a face horrenda na proa das barcas do São Francisco. A maioria dos carranqueiros célebres esculpe em madeira, Ana, em barro. Mas a maior singularidade são mesmo os olhos vazados. São eles que dão a expressão melancólica, contendo mais sofrimento do que ameaça, à obra de Ana. É do feminino que Ana tira sua carranca dilacerada diante da dor do mundo.

Os traços deformados das carrancas de Ana expressam, pelo avesso, a perfeição de seu amor. É este sentimento avassalador que tomava conta de Ana, anos atrás, quando ela começou a pressentir que o fio de sua vida atingia seu cumprimento. “O barro é como gente. Tem o barro ruim e o barro bom. E até o barro regular. Conhecendo o barro se conhece o mundo”, sussurrava ela. “O barro é o começo e o fim de tudo. Sem ele não sou ninguém. Foi ele que me deu o direito. Não me separo dele pra coisa nenhuma, porque eu amo aquilo que ama a mim. O barro é um caco de mim. Nas minhas veias corre sangue de barro.

As lágrimas abriam então sulcos em sua face. Por um momento, ela assemelhava-se à sua criação. Movia o rosto em direção a Zé, que não a via com os olhos, mas era o único a abarcá-la por completo. Ana então dizia: “Não estou pedindo a morte. Mas quando eu me for, qualquer pedacinho de orelha, nariz ou olho é lembrança dele. E de mim”. 

Zé Vicente infartou em 2014...ganhou definitivamente Luz...

Fonte: Eliane Brum-Jornalista
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João Guimarães Rosa: Livro Grande Sertão Veredas completa 60 anos

O romance flui como o riacho, limitado por ambos os lados de terra e mato do cerrado (que é pra não perder o curso), numa longa narrativa oral entre os personagens, que são muitos. Riobaldo, um velho fazendeiro, declara sua experiência de vida a um interlocutor que jamais tem a palavra e cuja fala é apenas sugerida. Conta histórias de vingança, seus amores, perseguições, lutas pelo sertão de Minas Gerais, Goiás, e sul da Bahia. Tudo isso entremeado de reflexões um tanto quanto poéticas e filosóficas. Mas a verdade mesmo é que, ao redor de um mito universal, o autor conseguiu edificar uma obra de valor também universal e com elementos indígenas, até. É parida do meio. Autóctone que nem nativo da terra.

Ao se revisitar a obra de Guimarães Rosa, percebe-se a força e atualidade de seus livros. O que faz uma obra de arte ser considerada bela, eterna e sobreviver ao tempo é uma questão com muitas respostas. As hipóteses passam pelas grandes revoluções técnicas como o sfumato de Leonardo da Vinci, a grandeza e a beleza estética de Dante Alighieri ou a espiritualidade de Johann Sebastian Bach.

Suzi Sperber, professora de literatura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que a atemporalidade da obra de Guimarães Rosa se deve "à extraordinária beleza do texto e forma como ele trabalha com as palavras". Segundo ela, a obra dele nos obriga a abordá-la com a emoção e não com a razão. "Ele quer a derrota da razão. O leitor não é obrigado a ter conhecimentos literários para ser envolvido pelo texto", afirma.

O livro Grande sertão: veredas, a obra mais aclamada de João Guimarães Rosa.O livro publicado em 1956, Grande sertão: veredas foi escrito quatro anos depois de uma famosa viagem do autor pelo interior de Minas Gerais, acompanhando a condução de uma boiada. Rosa anotou exaustivamente dados concretos da realidade física e da cultura sertaneja, e esses registros – suas famosas cadernetas de viagem, que atualmente se encontram no Instituto de Estudos Brasileiros da USP – foram utilizados como matéria-prima que o escritor trabalhou esteticamente para compor os livros. As anotações incluíam dados sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja, usos, costumes, crenças, linguagem, superstições, versos, anedotas, canções, casos, estórias, enfim, tudo que lhe despertasse algum interesse.

A união desses dois universos, do homem que falava sete idiomas e possuía uma vasta cultura, com o apreciador da cultura popular, é, talvez, o traço mais característico de Rosa. Pesquisadores afirmam que percebem nas anotações a que teve acesso, que o autor gostava de conversar com as pessoas mais humildes. "As pessoas que não tiveram instrução, procuram palavras para exprimir aquilo que experienciam, criam novas palavras, imagens, ou transformam outras que conhecem, mas não sabem o que significa. Essas pessoas humildes abriram o caminho para que Rosa partisse nessa busca por novas palavras e imagens".
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Aderaldo Luciano: O Bicho do Mazagão, Rosil Cavalcanti e o Cordel

Rosil Cavalcanti, o compositor e radialista, o Zé Lagoa, foi o criador de uma perene tradição de cocos e rojões. Não alcancei o Forró de Zé Lagoa, seja na Rádio Caturité ou na Borborema, mas ouvi ecos de sua fama no Forró de Seu Vavá pela Rádio Cariri, apresentado por Genival Lacerda, cujo título foi claramente inspirado no seu antecessor. 

Por esse tempo, eu já era fã de Zé Bezerra com seu Bom Dia, Nordeste, com a vinheta criada por João Gonçalves. Mas voltando a Rosil Cavalcanti e, ainda pegando carona nas intervenções de seu centenário no ano passado, lembro de duas novidades da época: o disco de Chico Salles Araujo, Rosil do Brasil, e o livro de Rômulo Nóbrega e José Alves Batista, Para Dançar e Xaxar na Paraíba: ­ Andanças de Rosil Cavalcanti. Homenagens elevadas ao terceiro patamar da excelência.

As canções de Rosil transformaram-se em clássicos na primeira voz de Jackson do Pandeiro e nas demais que se seguiram, entre Alceu e Lenine, Elba e Zé Ramalho, o mesmo Genival Lacerda e Luiz Gonzaga e outros camaradas do alto escalão. Ficava-me obscura a face cordelística do personagem nascido em Macaparana, no Pernambuco, em 1915. Todavia, 101 anos depois alcançou-me, finalmente, a prova física definitiva, dependurada na vitrina da Letra Viva, ali no Largo de São Francisco, ao lado do IFCS, da UFRJ. O Bicho do Mazagão é o exemplar caído dos céus, delicadíssimo devido à idade, publicado em maio de 1964, como diz a capa, mais velho do que eu. Em princípio não acreditei, pensei ser propaganda de algum espertalhão, mas ao manusear e ler, está lá a marca indelével da autoria.

O Bicho do Mazagão, de Rosil Cavalcanti, foi impresso na Gráfica Júlio Costa, em Campina Grande. Patrocinado pelo "Açúcar Puro, Fino e Granulado" Marilúz, da companhia de Artur Freire. Co-patrocinado por Familho, da São Braz, de José Carlos, e pela "Aguardente Que Resolve O Problema" Paturí, de F. Aleixo & Filho, todos de Campina Grande. A narrativa se passa na Serra da Catruzama, avizinhada do Pindurão, no Piauí, divisa com Maranhão. As terras do Major Figal eram uma espécie de paraíso, abandonadas pelo dono. No tempo remoto, sem as comunicações, seus moradores sabiam o mundo formado por vastas e misteriosas matas, cavernas profundas, pedreiras e túneis adornadas de lendas. O cordel de Rosil, em setilhas, é mais uma assinatura magistral do inesquecível artista. Agora, repousa em paz em meu baú do tesouro.

Fonte: Aderald Luciano-professor Doutor em Ciência da Literatura
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Agricultores armazenam água para conviver com seca

Família de agricultores armazenam água em cisternas
Sertão do Araripe, Sertão do Moxotó, Agreste, Sertão do São Francisco. É para estes territórios do semiárido pernambucano castigados pelas estiagens prolongadas que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) está levando a água retirada de poços artesianos que vêm dando alívio a uma população de quase 20 mil pessoas.

São 1.186 poços perfurados e instalados em 49 municípios. Os poços perfurados e instalados pela Codevasf no semiárido de Pernambuco são uma tecnologia de convivência com a seca que se divide em dois tipos: poços sedimentares ou cristalinos. Os sedimentares são perfurados nos locais que possuem manchas de sedimentos (arenito, calcário), escavados a profundidades que podem variar de 100 a 200 metros, e fornecem grandes volumes de água oriunda do lençol freático. A captação da água é feita por meio de motobombas de alta potência.

A água captada do poço, segundo explica Elijalma Augusto, engenheiro civil da Codevasf em Petrolina (PE), é direcionada através de uma boia para um reservatório – que funciona como um chafariz de onde a comunidade recolhe a água usando diversos tipos de recipientes –, e para um bebedouro, onde é consumida por animais. Há poços desse tipo instalados também nas imediações de escolas rurais.

Elijalma Augusto informa que, na região de Pernambuco atendida pela 3ª Superintendência Regional da Codevasf, existem diversas bacias sedimentares, sendo as maiores as de Jatobá, de Araripe e de São José de Belmonte; e outras menores, como as de Cedro, Tupã-Nancy, Araras e Fátima.

O outro tipo de poço, o cristalino, é perfurado e instalado em regiões de subsolo rochoso, entre 50 a 70 metros de profundidade, e a água é captada das fendas nas rochas, onde se acumula. O volume é menor, e a captação é feita por catavento ou por bomba submersa.

Em 37 municípios do sertão de Pernambuco, 38,5 mil famílias contam, em meio à estiagem, com o abastecimento de água via carros-pipa graças a uma outra tecnologia de convivência com a seca que também teve instalação feita pela Codevasf: as cisternas, reservatórios de polietileno com capacidade de armazenar 16 mil litros de água.

A agricultora Joseilza Souza Ferreira, que vive no Assentamento Cacimba dos Sonhos, atesta que a vida da família melhorou. “Os filhos e netos têm uma vida melhor. Podemos tomar banho e fazer comida com a água do reservatório”, diz Joseilza. No Assentamento Mandacaru, também localizado na área rural de Petrolina, o agricultor Benedito do Nascimento afirma que vai começar usar a água da cisterna para cultivar uma pequena horta.

O coordenador da ação na 3ª Superintendência Regional da Codevasf, Ivolnaldo Lacerda, destaca que as cisternas de consumo humano de água abastecem uma família de cinco pessoas por até seis meses no período da estiagem com água de qualidade para beber, fazer comida e para a higiene da rotina doméstica.

Monitor de Secas
O relatório mais recente do Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas (ANA) informa que as poucas chuvas ocorridas no mês de agosto colaboraram para o agravamento da seca em Pernambuco. De acordo com o sistema, houve expansão da área com seca excepcional nas mesorregiões do Sertão e Agreste, e segue predominando no estado a seca com intensidade extrema.

Os impactos da estiagem no estado, segundo o monitor, permanecem de curto e longo prazo em todo Sertão e Agreste, mas também tiveram um pequeno avanço pela Zona da Mata. Apenas numa estreita faixa ao longo litoral pernambucano, abrangendo a mesorregião Metropolita do Recife e parte da Zona da Mata, os impactos permaneceram de curto prazo.

Ouça a Rádio Codevasf:
https://soundcloud.com/codevasf
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