Jackson do Pandeiro o paraibano de Alagoa Grande

Vivemos uma crise de valores éticos e culturais. Todavia aqui e ali a indústria cultural lança um produto de qualidade, imagino ser um pedido de perdão por tanta porcaria que colocam no mercado...

Dessa vez chega ao público a caixa Jackson do Pandeiro – O Rei do Ritmo (Universal Music), com 12 CDs duplos e três simples e  já é um dos lançamentos mais importantes do ano na música brasileira.

O jornalista e critico musical José Teles conta que é um projeto que levou dez anos para ser realizado pelo pesquisador e produtor independente Rodrigo Faour, com Alice Soares, gerente do marketing estratégico, e Maysa Chebabi, coordenadora de label copies, estas duas últimas da gravadora.

A trinca enfrentou várias dificuldades, como. por exemplo, conseguir autorização da liberação das composições (alguns autores não foram encontrados), o que fez com que alguns álbuns originais não fossem relançados na íntegra. Outro problema foi a tortuosa carreira fonográfica de Jackson do Pandeiro (1919/1982).  Ela se estende por quase 40 anos, durante os quais o paraibano (de Alagoa Grande) gravou mais de uma centena de compositores, em diversos selos, em LPs, compactos e 78 rotações.

A caixa ficou assim dividida: Os Primeiros Forrós de Jackson do Pandeiro – Volumes. 1  e 2, com fonogramas dos anos 50,  Jackson do Pandeiro nos anos 60 –  com músicas lançadas na segunda metade da década. O início dos anos 60 está registrado em um CDs duplo, sob o título em Na Base da Chinela. Uma quarta compilação, batizada de Balança Moçada engloba gravações realizadas entre 1963 e 1971.
 
E também há dois discos originais, completos, estão sendo reeditados, Aqui Tô Eu (1970), e Isso É Que É Forró (1981) derradeiro LP gravado pelo cantor, ambos na Phillips, atual Universal Music. A caixa traz um encarte com as letras de todas as canções (num total de 235), mais uma síntese biográfica de Jackson do Pandeiro, assinada por Rodrigo Faour.

Portanto, para quem realmente gosta de música boa....o São João tá garantido...

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Xico Bizerra: Mais um São João sem Dominguinhos

Haverá festa? Este será mais um São João sem os acordes e as harmonias de seu Domingos. Não mais se ouvirá a sua voz bonita nem o toque da sanfona agarrada ao seu peito, amigos inseparáveis. Durante muitos são Joões saíram, ele e sua companheira de som, pelo mundo enfeitando a alma e o coração do nosso povo. Sua humildade, sua generosidade, estão em outra dimensão.

Quem conviveu com o Mestre sabe do que estou falando, da falta que ele faz nesse cenário musical tão degradado, tão pouco valorizado. Sua música, enorme como ele, ecoará pela eternidade e as flores por ela regadas continuarão a florescer dando-nos esperança de que a arte verdadeira prevalecerá. Sempre. Mas posso garantir que haverá festa, sim. É isso o que ele mais gostava de fazer. E a festa será bonita, apesar da saudade maior que imensa de sua voz, de sua sanfona, de seu sorriso, de seu abraço e do aconchego de sua presença física. Em nossos corações o Mestre está vivo e assim permanecerá.  Salve Dominguinhos.

Fonte: Xico Bizerra-Facebook- Poeta e Compositor
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Discos vinil. Raridades de Luiz Gonzaga

Discos de Vinil, Rádios, Feira das cidades do interior. Três paixões que tenho. Coloquei aqui dois discos selos originais, raros, estes fazem parte da minha coleção de Música, vida e obra de Luiz Gonzaga. Detalhe: percebam escrita Rosil, data 10-07-1967, ele perteceu a Rosil Cavalcanti, parceiro, compositor de Luiz Gonzaga e de Jackson do Pandeiro. O que impressiona? No dia 10 de julho de 1968 Rosil Cavalcanti morreu. Percebam o valor das datas...a assinatura é exatamente um ano antes dele falecer!

Rosil Cavalcanti é o autor de centenas de clássicos da música brasileira. Sebastiana, Aquarela Nordestina, Saudade de Campina Grande, Amigo Velho, Faz Força Zé...Rosil de Assis Cavalcanti nasceu em Macaparana,
PE.  Eu tive a honra de conhecer na década de 90, a viúva de Rosil, Maria das Neves-Dona Nevinha...

A capa desse disco vinil consta no livro biografia do músico pernambucano Rosil Cavalcanti. O livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”, de  Rômulo Nóbrega e José Batista Alves, tem prefácio de Agnello Amorim.
Radialista, humorista, percussionista e compositor, Rosil Cavalcanti era radicado na Paraíba, foi autor de obras clássicas da música  brasileira, na voz de Jackson do Pandeiro, Marinês e Luiz Gonzaga, dentre outros intérpretes nacionais.

A biografia de Rosil Cavalcanti foi lançada em 2015 uma homenagem ao seu centenário de nascimento, 47 anos depois de sua morte, em 1968, aos 53 anos de idade, em Campina Grande, onde viveu a maior parte de sua vida e se projetou no Brasil.

O livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba”, 444 páginas, editado pela gráfica Marcone, é enriquecido com vasta iconografia do biografado, suas fotos desde a infância, juventude, a vida de casado, em programa de rádio no papel do famoso personagem Capitão Zé Lagoa, além de imagens de Rosil com colegas de trabalho, artistas, músicos, suas caçadas e pescarias, capas e selos de discos.



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Projeto Acordes do Campestre em São Raimundo Nonato ensina através da Sanfona os valores da cidadania

Em São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, o som que ecoa da sanfona estimula sonhos e alimenta esperanças. Um projeto cultural criado em 2011 pelo empreendedor musical Salvador Nunes e pelo seu filho Sandro Dias ensina a arte de tocar instrumentos a dezenas de crianças, jovens e adultos. Com poucos recursos e sem apoio de entidades governamentais, o projeto intitulado “Acordes do Campestre” é executado no terreiro da casa onde moram, em um bairro da cidade.

Sandro Dias, conhecido na região como Sandrinho do Acordeom, aprendeu tocar sanfona aos 13 anos, quando ainda morava com os pais na vizinha cidade de Dom Inocêncio, distante 104 km. Apaixonado pela música, ele resolveu, com o incentivo do pai, transmitir o conhecimento aos jovens que tivessem interesse. Hoje Sandro é o coordenador do projeto que ensina música voluntariamente.

Segundo ele, os jovens têm aulas de segunda a sexta-feira e podem aprender a tocar os mais diversos instrumentos. “Nós não cobramos nada para dar aulas, é tudo voluntário. Eles podem aprender a tocar os instrumentos que quiserem”, conta Sandrinho. Além da sanfona, o projeto também ensina flauta, baixo, violão, triângulo, zabumba e bateria. Qualquer jovem da cidade ou da região pode participar e existe apenas uma única exigência.

“A criança tem que ter no mínimo seis anos e precisa estar matriculada em uma escola”, lembra Sandrinho. Recentemente, o projeto passou a ter formalização jurídica e ganhou o nome de Associação Cultural Acordes do Campestre. Os jovens participam de apresentações na região e tocam hinos em corais durante os eventos.

 “Já fizemos apresentações em Teresina, em Bom Jesus e em cidades de Pernambuco como Afrânio e Petrolina”, informou Sandro. Nosso objetivo não é apenas ensinar a tocar, mas também formar cidadãos. Nós usamos a música para fazer deles cidadãos de bem"

Salvador Nunes, pai de Sandro, é o grande entusiasta da iniciativa. Segundo ele, mais que ensinar música, o projeto ensina crianças e jovens a serem cidadãos. “Nosso objetivo não é apenas ensinar a tocar, mas também formar cidadãos. Nós usamos a música para fazer deles cidadãos de bem”, falou.

Salvador conta que boa parte dos instrumentos utilizados no projeto é adquirida através de doações.
O sonho do jovem professor sanfoneiro é expandir a iniciativa e poder oferecer uma melhor estrutura para os alunos (

“Nós começamos com os instrumentos da nossa banda do Sandrinho do Acordeom, mas depois fomos recebendo algumas doações de mais instrumentos para colocar o projeto pra frente”, disse. Salvador explica que não aceitam doações de dinheiro em espécie, mas somente de instrumentos. “Já teve amigos que quiseram dar dinheiro, mas pedimos para que comprassem os instrumentos e nos trouxessem”, falou ele.

Os pais da comunidade dão total apoio e reconhecem a importância do projeto Acordes do Campestre. “Meu filho mudou muito depois que começou a ter aulas com o Sandrinho. Ele era muito danado e não ligava tanto para os estudos”, contou Bento Mota, morador da cidade. O filho dele está há dois anos no projeto e já sai da escola direto para as aulas de música.

O Acordes do Campestre conta atualmente com cerca de 60 alunos, a maioria crianças e adolescentes. Alguns dos jovens já tocam em grupos musicais da região. Em virtude do trabalho voluntário que mantém na cidade, Sandrinho recebeu em 2014 o título de Cidadão Sanraimundense, concedido pela Câmara Municipal de Vereadores. O jovem professor de sanfona também já foi homenageado na Procissão dos Sanfoneiros de Teresina e conquistou três vezes o Festival de Sanfoneiros de Petrolina.
 
Fonte: G1 - Piauí
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Virgilio Siqueira: Um canto de luzes e cores para Celestino Gomes

Pronto!
Agora, não mais incomodas
Agora a falsa ternura que brota das acomodadas e incomodadas faces
Mistura-se, sem nenhum pudor, à sagacidade de tua irreverência

Agora, não és mais um louco
Mas um excêntrico que os normais não conseguem entender e aceitar

(Mesmo sendo, cada um dos que hoje assim te veem
Parte do batalhão impiedoso que te julgava e condenava sumariamente)

Ora, mas agora nada mais importa!
Que fazer, se as mortíferas balas perdidas do mundo não te atingiram
E se o teu perturbativo jeito de ser, jamais se perturbara?

Diante de nós, acomodados sonâmbulos que nunca sonham
Eras um delírio permanente

Ou uma centelha que incandescia a escuridão que somos
E trespassava o breu impenetrável de nossa hipocrisia
Cotidianamente estabelecida
Covardemente aceita

Se eras, perante o mundo
Indiferente aos valores que se impõem a todos
Eras também, para este mesmo mundo, uma proposta de alento
Contida na inquietude de teus dias intensamente vividos
E em tuas noites, das quais não dependias para o sonho

Pronto!
Agora, não és mais uma ilha perdida
Na imensidão de uma cidade vazia, estéril
E hoje, mais que nunca, pálida, triste e pobre

A covardia, a servidão e o medo
Tranquilos, podem pastar na grama dos jardins das praças
Livres que estão dos afogueados ferrões e dos flamejantes chicotes
Que se manifestavam em tuas atitudes e em tua língua de farpas

Teus raros amigos saberão – alguns
Silenciar a dor da perda que não é perda
Outros tecerão e bradarão palavras em teu louvor no momento preciso
E assim, haverão de elevar-te o nome que já é, em si mesmo, celeste

Agora tu és o que sempre foste sem que nunca percebêssemos
Um caudaloso rio submerso a irrigar luzes e cores
A fazer que brotem da sequidão do solo do sertão
Arco-íris tingidos com tonalidades que nos acalentam e libertam

Agora, é como se em tua inquietação
Pairasse uma brandura que não se acomoda
E retinisse, numa candura que insiste em dizer-nos
Que és feito de fogo, de rio, e de sol

Pronto!
Agora dormem, sob o cerro de tuas pálpebras
As mais incandescidas imagens que concebeste
Em comunhão com os encantos dos entardeceres
Revestidos com enigmáticas tramas de tonalidades

Da mesma forma que dormem, em teu corpo inerte
Todas as cores e luzes que explodiram de teus pincéis
De teus anseios e de tuas mãos

Que teceram com raios de estrelas, de lua e de sol
Todos os encantos e desencantos, reais e fictícios
Que te faziam viver como sonhar

Como dormem, ainda
Acalentadas pela perpetuação do teu último suspiro
Repousadas na fartura do teu emblemático bigode
Todas as imagens
Minuciosamente capturadas pela agudeza de tuas retinas

Pronto!
Agora, tudo está definitivamente vivo
Quando cintilam as luzes que se manifestam nas cores de tuas telas
E nas formas das marcantes figuras esculpidas pelas tuas mãos
Concebidas pela humanidade que explodia em teu peito
E pela fecundidade dos teus argutos olhos azuis

Pronto!
Agora és o que sempre foste e o que sempre serás
Um homem liberto das amarras dos conceitos e dos preconceitos

A anti-razão do sonho, enfim realizado
Expresso no desejo maior de sentir-se, um dia, misturado
Às ternas e acolhedoras águas do amado
Velho Chico.

Fonte: Virgilio Siqueira-músico e poeta

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Geraldo Azevedo e se o amanhã não fosse tão distante

O cantor compositor Geraldo Azevedo recebeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido por quatro instituições de ensino - Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Universidade de Pernambuco (UPE) e Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape).

Geraldo Azevedo, disse: “O que eu sonhei, ser um doutor, foi a música que me deu hoje”. A revelação emociou e emociona até hoje. Geraldo Azevedo, é uma das principais referências da cena musical brasileira.

Ele falou da época que viveu em Petrolina, sua cidade natal, e despretensiosamente exaltou a importância para a população local, da presença de universidades no sertão, região da qual saiu quando ainda era adolescente e foi morar no Recife e posteriormente no Rio de Janeiro. “Eu poderia ter estudado em qualquer uma destas instituições que hoje estão aqui”, comentou.

Geraldo Azevedo é personagem-tema do livro, quase homônimo, registrado com o criativo título, “Um Geral-do Brasil: Histórias de Um Menino Ribeirinho”, do professor da Uneb, Juracy Marques com contribuição dos jornalistas Jota Menezes, Emanuel Andrade, Edilane Ferreira, e dos educadores Ricardo Bitencourt e Joelma Conceição.

“Para mim é uma glória na minha carreira. O meu sonho quando eu era adolescente era me formar, era ser um doutor, eu não tinha sonho de ser artista, a arte, a música não era intenção de desenvolver como profissão, mas a própria música me solicitou e terminou ela mesma me dando o título que eu gostaria de ter na minha vida, de ser doutor, de ser formado. Para mim, hoje é uma realização de alcançar este título que eu estou ganhando”, disse Geraldo Azevedo em entrevista.

Juracy, coordenador do livro conta que em 2012, iníciou à orientação da dissertação de mestrado, em Ecologia Humana, de Edilane Ferreira, cujo título era: “As relações humano-ecológicas em ecocanções de Geraldo Azevedo: um estudo ecocrítico”.

“Quanto mais mergulhávamos nas canções de Geraldo Azeveo, a partir de métodos científicos, mais sentíamos a necessidade de irmos além da sua obra, conhecendo esse artista a partir da perspectiva histórico-memorialística, afetiva e ecológico-espiritual”, complementa Edilane.

Para a elaboração do livro, foram entrevistados familiares e amigos do artista, residentes em Petrolina e em outras regiões, do mesmo modo que realizadas pesquisas documentais.

A obra traz desde momentos vivenciados, pelo garoto Geraldo Azevedo, no Jatobá, até os encontros e as experiências em lugares como Recife e Rio de Janeiro.

“Ao narrar histórias sobre Geraldo, estamos tratando, igualmente, da história social e cultural da sua terra natal e do nosso país. Estamos, na verdade, apresentando um ‘Geral-do Brasil’”, disse Juracy.
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É junho. Acenda a fogueira gonzagueana no seu coração

O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de Baião.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

O  peito de Luiz Gonzaga abrigava o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade.
 Viva Luiz Gonzaga do Nascimento!

Fonte: Aderaldo Luciano-Confraria-Facebook

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