Jorge de Altinho: música, poesia, encantos pelos brejos, sertões e cariris

Juliana Souza, Jorge de Altinho e Ney Vital
Zeneide, Ney Vital, Fábia, Jorge de Altinho, Albacelia e Keila
A gravação do DVD de Flávio Leandro em Petrolina, Pernambuco proporcionou a oportunidade de um grande encontro com o que existe de melhor na Música Universal Brasileira.

Encontramos Jorge Assis Assunção, Jorge de Altinho. Compositor de alma cheia e grandeza humana. É de Jorge de Altinho as primeiras composições gravadas pelo Trio Nordestino (Lindu, Cobrinha e Coroné), destaco "Fole de ouro", "Amor demais", "Forró quentão", "Petrolina Juazeiro",  "A separação".

Em seu início de carreira inspirou-se em Raul Seixas e Jackson do Pandeiro. O seu primeiro disco LP: "Jorge de Altinho - O príncipe do baião", é hoje considerado pelos pesquisadores e colecionadores uma das raridades no mercado dos especialistas e admiradores da vida e obra de Jorge de Altinho.

Ressalto sempre que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência -mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

Jorge de Altinho é uma dessas estrelas! Tem sua luz  propriá até hoje, inspirado no convivio dos sertões, conhecedor dos segredos e nuances da noite estrelada. Humilde e grande na sabedoria de seguir os ensinamentos e conselhos de Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Uma das mais belas interpretações de Jorge de Altinho é Tamanho de Paixão, onde ouvimos Luiz Gonzaga e Dominguinhos fazendo a sanfona roncar feito trovão em dia de chuva.
No livro Forró de Cabo a Rabo, o jornalista e crítico musical Ricardo Anísio, aponta Jorge de Altinho, como uma das vozes mais bonitas do reduto forrozeiro. Timbre de voz de rara beleza. Compositor de maior sensibilidade, construtor da palavra poética.

E foi usando a construção poética que Jorge ao ser apresentado a Albacelia, Fábia, Keila e Zeneide, amantes da boa música e moradoras da região do cariri nos fez lembrar:
Doido de saudades Cariri
Doce paixão Vejo na saudade
 tô aqui Meu coração

OH Cariri  meu Cariri Manda um beijo de recordação
 Eu quero te abraçar nesse meu sonho
Quero te envolver nessa emoção

Quero ver de novo me amor
Teus canaviais e teu luar
Mergulhar na paz do Araripe
E em tuas fontes me banhar
É tanta saudade Cariri

Quero estar pertinho de você
Pra no meu abraço teu sorriso
Nos teus rios meus sonhos correr"

É este  Jorge de Altinho.

 
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Alvaney Pires, um empresário dedicado a Toyama Tec na prestação de serviço de Petrolina e região

O empresário Alvaney Pires afirma que a Toyama-Tec-distribuidor autorizado de peças e serviços, oferece produtos com qualidade e tecnologia que atende e supera as expectativas do mercado, aliados a um excelente custo e benefício, sendo ainda referência em Assistência Técnica, treinamentos, linha de produtos e pós-vendas.

Em Petrolina a empresa atende o comprometimento com clientes. A Toyama Tec está localizada no Bairro Areia Branca, avenida 7 de setembro, fone 87 38673833.

Segundo Alvaney a Toyama-Tec possui uma preocupação contínua em todos os seus produtos. Para isso possui uma equipe que garante esta Qualidade, desde o projeto do produto atuando com rigor na obtenção dos materiais a utilizar na fabricação. Levando assim produtos com a máxima eficiência e qualidade esperada.
      
A missão do atendimento da Toyama-Tec se baseia nos seguintes princípios: Identificar, atender e superar as expectativas do cliente; Estimular e valorizar a qualidade dos colaboradores e  Colocar no mercado produtos que superem a expectativa dos clientes e consumidores.
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Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga participará dos Prêmios de Comunicação da CNBB-Microfone de Prata do Rádio

O Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, produzido pelo jornalista Ney Vital e apresentado aos sábados às 7hs na Rádio Cidade am 870, Juazeiro-Bahia, será um dos participantes do Prêmio Microfone de Prata para o Rádio, promovido pela CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e tem o objetivo de incentivar programas com valores humanos, éticos e espirituais.

Criado há 48 anos, os Prêmios de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) buscam estabelecer diálogo com a cultura e a sociedade.

A edição de 2016 está com inscrições abertas até 31 de dezembro, para as categorias: cinema, rádio, televisão e imprensa. Podem se inscrever profissionais e veículos de comunicação das diferentes áreas, de acordo com as normas previstas no regulamento de cada premiação. Confira www.cnbb.org.br

Nesta edição serão escolhidos os melhores trabalhos produzidos entre 2014 e 2015, cujos objetivos coincidam com valores humanos, cristãos e éticos. A cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, programada para abril de 2016, em Aparecida (SP).

De acordo com a organização, os Prêmios de Comunicação nasceram com a proposta de “reconhecer e valorizar o trabalho dos profissionais que se empenhavam em produzir obras que dignificavam o ser humano como protagonista e sujeito da história na área da Comunicação. Este foi o olhar de esperança da Igreja no Brasil para com os produtores e profissionais da comunicação, durante o longo período de repressão Militar”.
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Luiz Gonzaga, Enem 2015 e a música que faz sonhar, revolucionar e refletir

O Enem 2015 acertou ao eleger a persistência da violência contra a mulher no Brasil como tema da redação. O assunto ganhou as redes sociais com elogios e críticas acaloradas. Também fez com que políticos e machistas de plantão se posicionassem em redes sociais e por meio de notas oficiais.

Na rede social Twitter, meninas comemoram o tema eleito para redação com mensagens do tipo “deixe aqui a sua risada para todos os machistas que precisaram engolir seu próprio veneno ao fazer a redação do Enem”.

Avalio que o Governo Federal acertou em optar por este tema. Louvo também que o  Exame Nacional do Ensino Médio, proporcione aos jovens o conhecimento a respeito da música brasileira a partir do Nordeste.

A música Assun Preto serviu para discutir as marcas da variedade regional registradas pelos compositores resultando na aplicação de um conjunto de princípios  e regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. Mais de 7 milhões de brasileiros jovens vão despertar o interesse para a música interpretada por Luiz Gonzaga.

Ano passado a prova exigiu dos estudantes conhecimento sobre cultura e música brasileira. As questões destacaram o compositor nascido no Maranhão João do Vale, música Sina de Caboclo, que trata da desigualdade social.

Outro destaque o Cordel e Xilogravura resistindo à tecnologia gráfica, a gráfica Lira Nordestina, Juazeiro do Norte- Ceará, e a Academia dos Cordelistas de Crato. Uma outra questão foi estruturada com a letra de Antonio Barros, o xaxado: “Oi eu aqui de novo”, manifestando aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil.

Nas questões estão a presença de Luiz Gonzaga. Nome que mais valorizou a música brasileira, revolucionando o conceito da melodia, ritmo e harmonia. O Enem vem provocando uma nova busca de conhecimentos da mais autêntica manifestação musical brasileira de todos os tempos.

As questões propostas no Enem resumem para o que chamamos a atenção desde a morte do Rei do Baião em 1989: o Brasil tem uma produção musical rica de conteúdo.E porque a TV e o rádio tocam tantas porcarias divulgadas insistentemente, colocando-as em primeiro lugar das paradas como as mais ouvidas, dançadas e cantadas?

Por tudo resta aplaudir a primeira reflexão do Enem: “Há uma doce luz no silêncio”. O Enem cumpre o papel de zelar pelo patrimônio cultural e artístico do Brasil.

*Ney Vital-Jornalista
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Boas Lembranças do meu tempo criança quando a alegria era marcar o gol e vê estrelas

Não tenho fotos do meu tempo criança! No meu baú resta apenas esta, já adolescente no futebol! 

A imaginação é um dos elementos essenciais à vida infantil. Para viver intensamente   a   infância   é   preciso   criar   fantasias   capazes   de   transpor as realidades. Os   brinquedos sem  a imaginação.   Praticamente   são   elementos mortos no mundo das crianças. Muitas vezes, as crianças se utilizam de fatos reais para criarem seus divertimentos.

Do meu tempo de criança minha maior alegria, digo sem dúvidas, foi jogar futebol!

Depois do futebol tive como brinquedos o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras que não se quebravam...e isto eu aprendi no livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego.

Ter o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras é uma descrição que fantasia a ausência dos brinquedos. Diante de tanta privação material, consegui sobreviver, não morri de fome e aind tenho até hoje os elementos   inquebráveis   da   natureza.

E por isto hoje ainda criança/adulto  alimento os sonhos, depositando toda uma carga de sentimentos na tentativa de alcançá-los...sou um sonhador!

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Humberto Gessinger, Rock, Sanfona e Baião

Sanfona Luiz Carlos Borges e Humberto Gessinger
Um dos melhores álbuns do ano, InSULar, de Humberto Gessinger, foi indicado ao Grammy Latino, na categoria melhor álbum de rock.

Vi e escutei o DVD. Fiquei emocionado com a harmonia e parceria de Humberto com o mestre da sanfona Luiz Carlos Borges. Eles interpretam Deserto Freezer, com Borges  na sanfona. Humberto fala que ele faz uns improvisos tão maravilhosos

A letra diz:  "Se é o medo que te move, não se mexa,fique onde está. Se é o ódio que te inspira,não respire o ar viciado deste lugar. Eu tenho medo do medo que as pessoas têm. (...) O mal nasce do medo da escuridão. Nesse deserto freezer,carnaval e solidão andam lado a lado em perfeito estado de conservação. É um navio fantasma, um cemitério de automóveis,é um deserto freezer, zero kelvin, perfeição."

Em seu  blog, Humberto, falou sobre a experiência:  “Compus, ensaiei, gravei, mixei, lancei… e dei um tempo pra esquecer e tentar ouvir o Insular de forma menos cerebral. Quase sempre é necessário; só às vezes é possível. Cada vez mais, tento viver as paixões em vez de falar delas”.

Viver as paixões! Reportei-me a paixão que Luiz Gonzaga tinha pela música. Andou de mãos dadas com vários ritmos: jazz, blues e rock. Gostava o Rei do Baião de música boa, com ritmo, harmonia e melodia.  Luiz Gonzaga nos anos 50 já aplaudia a gravação da pioneira "Baião Rock", gravada por Jair Alves, que recebeu o título de Príncipe do Baião.

Era tamanho o amor paixão tinha pelos ritmos que o instrumentista Zé da Flauta conta que em um dos seus inúmeros contatos com Dominguinhos e Luiz Gonzaga, Zé da Flauta apresentou a famosa balada Starway to heaven, do grupo inglês, para o mestre da sanfona. “Ele prestou bastante atenção e, depois de ouvir a música inteira, elogiou tudo, a melodia"... lembra Zé.

Outro fato aconteceu Durante o tempo em que Zé da Flauta tocou com o Quinteto Violado, a banda fez duas grandes turnês viajando e tocando junto com Luiz Gonzaga. Numa das viagens, feita num ônibus alugado pelo grupo, a rádio tocava uma música de Bob Marley, a qual o Rei do Baião acompanhava o ritmo batendo com o dedo no braço da poltrona. Vendo a cena, Zé da Flauta perguntou: “Curtindo um reggae aí, seu Luiz?”. Ao que o mestre respondeu: “Reggae? Isso é um xote metido a besta, rapaz!”.

Não é por acaso que Raul Seixas disse que havia uma ponte caminho entre o trabalho de Luiz Gonzaga e Elvis Presley.

Enfim...a indicação de Humberto Gessinger já é considerada uma vitória da música brasileira, universal.
Cobrinha, Coroné, Roberto Carlos e Lindu

A 16ª edição do Grammy Latino acontece dia 19 de novembro em Las Vegas e vai homenagear Roberto Carlos. Roberto Carlos que um dia se deixou fotografar com o Trio Nordestino, trio que na época usava sanfona, zabumba e triangulo, uma autêntica orquestra...mas isto é assunto para outro dia de prosa.
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À memória de um garoto morto

Peço emprestado a Edvard Munch O Grito e a expressão de horror, angústia e aflição que desde 1893 impregna, com suas turbulentas cores, a consciência universal.

Convoco Pablo Picasso, com todos os seus pincéis, para lançar tintas em uma nova Guernica e denunciar o mar de corpos a boiar num líquido cemitério em águas do Mar Mediterrâneo.

Clamo por Castro Alves, para que pegue novamente a pena para escrever sobre esses infaustos navios de desesperados imigrantes, frágeis e superlotadas embarcações que empilham escravos de um tempo de novas infâmias e violências, 500 anos depois daqueles navios negreiros chorados em versos que nos parecem tão atuais: “Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura… se é verdade / Tanto horror perante os céus?! / Ó mar, por que não apagas / Co’a esponja de tuas vagas / De teu manto este borrão?… / Astros! noites! tempestades! / Varrei os mares, tufão!”

Que se levante Candido Portinari e sua Criança Morta nos braços maternos de uma família de retirantes. Quem vai consolar e pintar a dor de Abdullah Kurdi, o pai que chora a morte da esposa Rehan e dos filhos Galip e Aylan, o pequeno, que não pôde sequer segurar nos braços e que veio terminar a sua jornada de esperança no embalo das ondas, na beira do mar?

Diria Fernando Pessoa, quem sabe, como um insuficiente réquiem: “A morte chega cedo, / Pois breve é toda vida / O instante é o arremedo / De uma coisa perdida.”

Seria Dante Alighieri capaz de descrever este outro inferno, da infância de Galip, Aylan e tantos meninos e meninas, vivida sob um céu de aviões a despejar bombas sobre a terra? Medo e terror no pátio de casa, o pão de cada dia servido em meio à fúria e ódio, que deixam um rastro de escombros e ruas amontoadas de cadáveres. “Oh, quão insuficiente é a palavra e quão ineficaz.”

Teria chegado a hora de Pieter Bruegel pintar novamente O Triunfo da Morte? “A indesejada das gentes”, como a designou Manuel Bandeira, já computou mais de 2.500 imigrantes mortos por afogamento ou sufocados em porões de barcos, exército de esqueletos a atormentar a opulência de um mundo tão cruel e desigual.

Até quando o homem será o lobo do homem, como assinalou o dramaturgo romano Plauto? Até quando as lutas sem tréguas pelo poder irão renovar o mito grego de Cronos, que come os filhos após o nascimento por temer que eles lhe tomem o trono? Francisco Goya deu sombrios traços a essa lenda em Saturno Devorando um Filho.

Quantos filhos a máquina de guerra das grandes potências ainda haverá de devorar, no conturbado xadrez geopolítico das primaveras que prometem democracias que nunca florescem e que terminam por irrigar com muito sangue o solo de tantas pátrias mais madrastas do que mães gentis?

“Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho”, profetizou Alighieri antes das desastradas intervenções militares na Líbia, Iraque, Afeganistão, Mali, Iêmen, Síria…

Não, não é uma “crise migratória”, como noticiou um jornal. É uma crise humanitária, da falta de solidariedade, da omissão, da desigualdade social, da disputa pelo petróleo (canhões e ogivas a serviço dos interesses do capital), da interferência de religiões na vida política, dos embates tribais e étnicos.

Não, isto também não é uma fatalidade. É o resultado de relações desiguais entre seres humanos, países, ideologias, em que afloram a opressão, a discriminação, o preconceito, a ganância e o ódio ao semelhante.

Rehan, Galip e sobretudo você, pequeno Aylan, perpetuado em milhares de pixels no abandono de uma praia onde não poderá brincar, como tantas outras crianças. Carlos Drummond de Andrade teria que refazer o poema: “É só um retrato, mas como dói!”

Convido, por fim, outro poeta, John Donne, e encerro. “A morte de cada homem diminui-me porque eu faço parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim.”

*Celso Vicenzi é jornalista-Observatório da Imprensa
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